Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 40

     🚨AVISO: O CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES FORTES, QUE PODEM SER PERTURBADORAS PARA ALGUNS LEITORES.🚨


Mileide acordara assustada naquela madrugada. Enxotou as muitas galinhas que dormiam sobre ela, retirando as penas que ficaram presas em seus cabelos. Atentou-se aos barulhos de choro e gemidos que vinham além da porta de madeira do galinheiro.

Acendeu a lâmpada a óleo e saiu do galinheiro. Passou um dos braços ao redor do abdômen, tremendo pelo frio da madrugada que a camisola de tecido desgasto não conseguia protegê-la.

— Há alguém aqui? — o coração espremendo-se em medo.

Coragem, Mileide. Uma voz ecoava dentro dela. Já enfrestaste a fiera, não há mais nada a temer.

Levantou a lamparina e retornou a questionar.

Rodeou o velho celeiro, e encontrou, atrás dos barris com cevada, o atalaia, de torso desnudo com a testa encostada na parede externa de madeira do celeiro. Vincent soluçava. Mileide aproximou-se em silêncio. Era a primeira vez que contemplava o jovem a demonstrar alguma emoção. Sempre o vira tão rígido e estoico, que vê-lo chorando, daquela forma, doía seu coração.

— Vincent... — chamou, carinhosamente. — Está tudo bem?

Mileide ajoelhou-se diante do rapaz, e na luz da lamparina, vislumbrou as mãos dele.A moça muito preocupou-se. Apanhou ambas as mãos do rapaz, notando os cortes brotando o líquido rubro. Jogada na grama, perto dos joelhos de Vincent, uma adaga ensanguentada. Parecia que estava castigar-se. Ele ferira suas mãos. Apresentara o estranho comportamento de novo. Antes, jogou-se do alto daquela cachoeira, e agora, apresentava cortes nas mãos. 

— Por que te flagelastes deste jeito?

— Porque há um monstro em mim — arquejou. — E esse monstro precisa ser domado.

— Pares de falar bobagem — apoiou-o nos ombros. — Vamos entrar. Temos de cuidar destas feridas. Chamarei Dracone e...

— Não! — Vincent impediu-a de terminar a frase. — Não chame ninguém.

— Não chamarei Dracone, mas tem que permitir que eu cuide de ti.

Vincent assentiu. Uma sombra cobrindo o rosto pálido.

Entraram no velho celeiro, e Mileide repousou o rapaz na cama. Apanhou uma vasilha de barro e encheu com água pura. Lavou os cortes na mão de Vincent e em seguida, enfaixou-os com cuidado. Enquanto enfaixava a mão direita do jovem, Mileide não pode deixar de perceber que Vincent a olhava. Um olhar tão abatido que machucava. Fora isso, o rapaz estava com o tórax exposto e naquela perfeição de músculos do peitoral, Mileide viu uma cicatriz enorme. Desviou os olhos, corando muito.

— Sou um monstro... — Vincent falara, baixinho.

A garota parou de enrolar a faixa na mão de Vincent, olhando-o com piedade. Não entendia, céus, por que Vincent estava martirizando-se daquela maneira. Ele havia saído para um jantar e voltado daquela maneira tão anormal. Mileide somente conseguia pensar que o rapaz fora abordado por ladrões no meio do caminho, e pressionado a defender-se, matara os malfeitores.

— Não és um monstro, Vincent — dissera, compassiva.

— Por que tu achas que não sou? Nem mesmo me conheces.

— Não creio que sejas mau.

— Como pode ter tanta certeza?

— Não és mau — afirmou, quase em um grito sufocado. — Não poderás mexer as mãos durante algum tempo. Pode contar que o houve?

A face de Vincent era uma máscara inexpressiva. O corpo estava ali, mas a mente e a alma dele estavam distantes. Era como um vaso vazio perante Mileide.

— Tudo bem, não fales — dissera Mileide. — Não vou obrigar-te. Mas por favor, se estiveres passando algum problema, procure-me para desabafar.

Vincent mirou-a com seus olhos sem vida.

— Ele olhava para mim... era tão pequenino — a voz de Vincent era quebrada como o vidro. — Tão... destruído. — uma lágrima correu pela face. — Mereço a morte.

— Por favor, não fales sobre a morte — Mileide agarrou-lhe os ombros. — Não fales esse tipo de coisa, eu imploro a ti. Não desejes a morte. Eu mesma já a desejei, Vincent. Mas aprendi a ser forte. Vós me ensinastes. Seja forte, por favor.

Mileide sentia os olhos arderem. Ver Vincent daquela maneira, estava afetando-a.

— Deves descansar — Mileide afirmou. — Se tiveres uma noite boa de sono, garanto que acordarás mais disposto.

Instigou-o para deitar-se no colchão de palha.

— Acho que meu trabalho terminou — Mileide aprontou-se para retirar-se do celeiro.

— Fique comigo. — Vincent segurou em sua mão — Por favor, Mileide.

  Chamou-a de Mileide. O Vincent que a jovem conhecia, nunca a teria chamado pelo seu nome verdadeiro, mas sim pela alcunha de Flor Selvagem. Claramente havia algo errado com ele.  

Mileide sentou-se na beira da cama.

— Continues a falar comigo. — Vincent dissera, tristonho.

— Queres me ouvir?

— Gosto de ouvir a tua voz.

— Ah, Vincent, também estou cansada e...

— Não quero ficar sozinho. — confessou.

Mileide suspirou, compadecendo-se por ele. Prendeu uma mecha atrás da orelha, repousando as mãos sobre as pernas.

— Eu nunca vi o mar — a mocinha exprimiu em um sorriso doce. — Acho que o mais perto que cheguei ver a imensidão azul do oceano, foi em pinturas. Sempre desejei contemplá-lo de perto, sentir a areia quentinha sob os meus pés, e a maresia.

Contou sobre a infância, sobre o pai, Nero, e sobre como gostava de tocar piano.

— Quando eu era menina, avistei um garotinho de rua — observou os olhos de Vincent ficarem sonolentos. — Mas nunca conseguir ajudá-lo. Até mesmo cheguei a cogitar se meu pai pudesse adotá-lo, para morar conosco. Acho que teria um irmão.

Os olhos de Vincent aos poucos fechavam-se, rendendo-se ao sono.

— Sabe, antes eu era muito medrosa, e facilmente temia a duquesa — disse, talvez, com a esperança de que Vincent falasse. — Quando vi a Srta. Isidora, almejei ter a coragem dela. Acho que depois que você me ensinou, passei a ter menos medo. Sinto do fundo do meu coração que posso fazer qualquer coisa. Sou muito grata a você por ter tido paciência em me ensinar.

Vincent fechou os olhos. A respiração serena. Adormecera.

— Enfim, dormiu. — sorriu para o rapaz que dormia profundamente.

Admirou-o por um longo tempo, percorreu os dedos pelas mechas castanhas de Vincent. Ele era, de fato, um homem bonito. E adormecido daquela maneira, parecia tão indefeso. Quando pediu para que ela ficasse, Mileide achou-o frágil. O presunçoso mentore estava chorando. Seu coração, afinal, não era de pedra.

— Não é um homem mau.

Cobriu seu torso desnudo com a manta. Inclinou-se um pouco para frente, de encontro aos lábios dele, depositando-lhe um beijo casto.

Mileide sentiu um imenso peso nos ombros. O beijara! Aquele que havia lhe forçado um beijo. O seu primeiro beijo. Era a terceira vez que seus lábios tocavam os dele. E por mais incrível e contraditório que parecesse, ela gostara. As pálpebras tornaram-se pesadas, estava demasiado cansada por todo o trabalho corriqueiro na mansão. Deitou-se ao lado do atalaia, aproveitando o espaço na cama.

— Durma bem, Vincent. 

(...)

Vincent seguiu um rastro de vermelho na neblina, e encontrou Alesso, morto, nos braços de Zeno.

— Matou o meu papai! — Zeno chorava copiosamente.

— Por favor, perdoe-me! — Vincent implorava.

— Por que matou o meu papai?

Vincent corria daquela imagem. Fugia, mas seus pés não saíam do lugar. Escorregara, caindo em um buraco negro, que tragava-o. Tentava sair do buraco, mas mãos com unhas afiadas o puxavam de volta, afundando-o...

Agitado, Vincent despertou, suando frio. A mão erguida, tentando agarrar o inalcançável. Arfava, percebendo que não estava mais na presença do garotinho triste ou das mãos diabólicas que o puxavam, mas em sua cama. Olhou para as palmas da mão, com faixas brancas manchadas de escarlate. Sim, ele havia se marcado com a adaga. Castigando-se, mergulhando na dor, somente para não ser um Assassino fraco. Olhou para o lado, e contemplou uma jovem adormecida.

— Flor Selvagem? — Vincent sussurrou. — O que ela fazes aqui?

Mileide dormia ao seu lado. Imóvel. Tão ingênua.

Não havia nenhuma recordação dela. Não lembrava-se de que foi ele quem havia pedido para ela ficar. Não lembrava-se de que a garota lhe contara histórias para adormecê-lo. Nada vinha à sua mente.

Com cuidado, afastou uma mecha que caía sobre o rosto da garota. O canto dos lábios elevou-se um pouco. Ela era a única coisa normal em seu mundo estranhamente louco.

Olhou por um tempo, e na serenidade da moça adormecida, retornou à deitar-se na cama e dormiu.

Tarsila trajou seu vestido de noiva. Maquiou-se como se fosse à um baile. Os lábios carnudos muito rubros e os olhos azuis ofuscados por uma pesada sombra escura. Parecia uma noiva. Uma noiva cadavérica. Penteou os longos cabelos e perfumou-se com uma agradável água-de-colônia. Seus olhos insistiam em derramar lágrimas, desfazendo sua maquiagem, transformando-a em rastros negros trilhando as bochechas pálidas.

Sorriu para o reflexo rachado no grande espelho, que multiplicou sua triste imagem infinitas vezes. Tocou a barriga, deslizando a mão sobre o ventre vazio. Ele se fora para sempre. Seu pequeno ser. Chorou mais uma vez, por Jeremias, seu amor agora falecido, morto a mando da duquesa.

Não seria desonesta com o príncipe Lorenzo, assim como sua mãe era desonesta e infiel com seu pai, o duque. Tarsila não amava o príncipe e não era digna de seu amor. Nunca olharia com ternura para Lorenzo, da mesma forma que olhava para aquele que roubou seu coração.

Cruel, pensou. Sua história não deveria acabar feliz?

Pôs a mantilha de renda branca e suave sobre a cabeça. Apanhou o buquê com os lírios e chuva-de-prata. Com a porta do quarto trancada, dirigiu-se para a ampla sacada que ali havia em seus aposentos. Subiu na balaustrada de gesso, o coração afundando em receio. Mais uma gota caiu de seus olhos, pingando no buquê. Iria ver o nascer do Sol. Uma última vez, antes de ser abraçada pelo infortúnio.

Quando o dia amanheceu, os criados depararam-se com o corpo de uma noiva jogado contra os paralelepípedos de concreto, agora manchados com seu sangue. Sob o olhar ofuscado da defunta que fitava o nada, um sorriso permanecia estampado em sua face pálida.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro