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Capítulo 38

🚨AVISO: O CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES FORTES, QUE PODEM SER PERTURBADORAS PARA ALGUNS LEITORES🚨


      Ao longe, além dos muros da mansão, podia-se ver o resplendor do nascer do sol, juntamente ao canto dos bem-te-vis. O céu, cromatizado com tons entre um pálido azul e um enérgico rosa misturado com laranja, dava uma certa sensação de paz. Era um panorama lindo de admirar-se. Exceto por algo que impedia Mileide de contemplar o nascer do sol: os gritos de sua prima Tarsila. Mileide tampouco conseguia compreender. A jovem deveria estar mais calma depois de ter bebido todos aqueles chás de ervas. No entanto, Tarsila estava eufórica, agitada. Seus gritos rasgados ecoavam pela mansão, preocupando a todos os criados. Diziam pelos cantos da mansão que a jovem noiva fora possuída por um espírito maligno e que ela precisava da presença de um exorcista. Mileide resolvera não dá atenção aos criados de língua afiada.

Havia uma outra razão pela qual Tarsila chorava e gritava tanto, desconhecida por todos, exceto pela duquesa, que desde o dilúculo estava trancafiada com a filha no quarto.

— Não tinha o direito! — Tarsila gritava.

A pele de pêssego da garota achava-se maltratada como uma flor que não recebe água há anos. Os lábios, arroxeados e trêmulos. Os olhos, estes encontravam-se inchados por tanto chorar, e abaixo deles uma sombra arroxeada muito visível, um óbvio sinal de que não dormira naqueles dias que seguiam-se para o casamento. Apertava o travesseiro de plumas contra a barriga, enlouquecida. Nas pernas da moça corriam grossas linhas de sangue vivo, a manchar sua cama e suas vestes. Era aquele o vestígio final do delito que a duquesa obrigou a filha a fazer.

— Ele era meu — soluçou, a voz falhando. — Eu o queria, mamãe!

— Iria trazer ao mundo o filho de um maldito camponês? — Brígida indagou entre dentes, sibilando baixo para que os criados não a ouvisse. — De forma alguma, Tarsila, deixaria que uma tola como tu, atirasse o nome da família Amadeo na lama, com o erro que cometeu.

— Ele não era um erro! Era meu! — depositou a mão sobre a barriga, estranhando o tamanho recuado dela. — Tu o tiraste de mim, mamãe! — Tarsila gritou. — Eu o queria tanto... — desabou a chorar. — Por que obrigou-me a beber aquelas ervas? Por quê?

— Vai aprender a lidar com isso. Vais casar com o príncipe e terás muitos filhos com ele.

— Nunca terei filhos de alguém que não amo.

Brígida respirou profundamente, decidida a fazer Tarsila esquecer o que ocorrera.

— Faltam dois dias para tu se casares. Ponha isto na cabeça. Enquanto não chega o dia de teu casório com o príncipe, permanecerás trancada.

— Vais me maltratar, assim como maltratava minha prima Mileide? — Tarsila olhou cruelmente para a mãe.

— Nunca pensei que a minha filha, fosse se comportar como uma vadia! Esperava esse tipo de comportamento asqueroso vindo de tua prima, não de uma Amadeo sangue-puro como tu.

— Poupe-me, mamãe — Tarsila sorriu, os olhos mortos contribuindo para um semblante insano. — Queres que eu acredite que és uma mulher direita e fiel? Quando na verdade deita-te com o primeiro sentinela que vê, porque o meu pai, meu amado pai não pode mais satisfazê-la. Achas que eu não sei, que detrás dessa posse de duquesa respeitada existe uma vagabunda?

Tarsila gritou com o tapa feroz que recebeu. Caiu da cama, desequilibrada e com a face em chamas.

— Nunca mais ouse falar isso. E reze para que o príncipe nunca descubra o tinha em teu ventre.

Tarsila esfregava a palma da mão na bochecha ardida, detestando aquela que tinha por mãe.

— Deus nunca a perdoará pela barbaridade que fez à mim!

— Posso conviver bem sem o perdão de Deus. — dissera, amarga.

— Jeremias... — Tarsila dissera de repente, os olhos arregalados. — Onde está ele?

— Falas do maldito plebeu que colocou essa semente imunda em teu ventre?

— Não se faça de tola, mãe! — Tarsila rastejou-se, fraca, agarrando-se à perna da duquesa. — O que fez a ele?

Brígida sorriu, maléfica, de cabeça erguida, fitando a filha que implorando pela vida de um reles camponês.

— Garanti que ele nunca mais tentará tocará na filha de um nobre. Pensas que eu não sabia? Irias fugir com aquele maldito! Eu descobrir as tuas cartas, Tarsila. Achas que Jeremias te darias a vida luxuosa que o príncipe Lorenzo oferece?

— Lorenzo é um bom homem, mas eu não o amo — Tarsila colou o rosto no chão, soluçando alto. — O que fizestes a Jeremias, mamãe?

— Lhe prometo, minha amada filha, que ele não sentiu dor.

O semblante de Tarsila empalideceu. Soltou a perna de Brígida, rastejando-se para longe da mãe, somente parando quando sentiu o baú de vestidos tocar-lhe as costas. Aquela mulher diante de sua face, que sorria com júbilo pela morte de inocentes era a sua mãe. O lado cruel de Brígida que Tarsila que não almejava descobrir.

— M-matastes... Jeremias? — pôs as mãos sobre a boca, por pouco regurgitando com o que lhe fora revelado.

— Foi para o teu bem, minha filha.

— Eu te odeio — Tarsila atirou o castiçal na direção de Brígida, louca de ódio e tristeza. — Odeio! Deus nunca a perdoará! Nunca!

Assim que Brígida saíra dos aposentos de Tarsila, trancara a porta e escondera a chave. Fora abordada pelo príncipe, que muito parecia assombrado.

— O que há com a minha noiva, duquesa? — Lorenzo perguntara, tristemente. — Há algo que eu possa fazer para ajudá-la?

— Tarsila só está com febre, Vossa Alteza — passou o braço na curva do braço do príncipe, guiando-o para o claustro da mansão. — Não há nada com que se preocupar.

— Achas que devo adiar o casamento?

— De forma alguma — Brígida respondera, sobressaltada. Logo depois recompondo-se. — Creio que este casório deve ser realizado o quanto antes. Ora, estão noivos desde crianças. Para quê adiar?

— Tens razão, duquesa. Mas e quanto a febre de Tarsila?

— Toda a noiva, antes de se casar, adoece de febre. A ansiedade faz isto conosco, Majestade.

Brígida sorriu deliciosamente, quando avistou passeando pelo corredor aberto ao ar livre que dava para o claustro, o atalaia de olhos rubros. Todavia, sua face encheu-se de trevas quando avistou a jovem de cabelos pretos junto a ele a conversar. Amaldiçoou a menina que parecia enfeitiçar a todos com sua graça e beleza.

— Quando vais me ensinar a atirar com arco e flecha? — Mileide saltitava ao lado do atalaia.

— Nunca. — Vincent respondeu, sisudo.

— Ah, que malvado. — Mileide cruzara os braços. — Eu quero aprender a atirar com arco e flecha e tu, como mentore, tens de ensinar-me! — dissera, autoritária.

— Sequer estou sendo pago. Deixaremos os treinos como estão. — Vincent falara.

— Mas, eu desejo aprender a atirar com arco e flecha. Me dê uma boa razão para não ir adiante?

— Tens os braços flácidos e muito curtos, não respeitaria a postura que diria, o arco ricochetearia e machucaria vossa face e se irritaria com as flechas que ficassem mal posicionadas e fincassem no chão. — Vincent concluiu, mordaz.

— És cruel, atalaia — Mileide dissera em um muxoxo. — Não é à toa que teus olhos são vermelhos.

Mileide deteve-se, quando viu, no claustro da mansão, a duquesa junto ao príncipe. A face da garota enrubescera e constrangida pelo olhar implacável de Brígida, disparou pelo corredor, deixando o atalaia para trás.

— Mandou-me chamar-me, duquesa? — Mileide perguntara, timidamente.

O que teria feito daquela vez? Mileide remoía-se. Não havia feito nada de errado, apenas cruzado o caminho da duquesa em uma hora impropriamente errada e ter contemplado o príncipe de forma nada sutil. Respirou pesadamente quando os pés ultrapassaram os limites do corredor para dentro do quarto da duquesa.

— Feche a porta — exigira Brígida, friamente.

Brígida encontrava-se deitada no divã de confortáveis almofadas, a saborear o vinho da taça de cristal. A jovem criada nunca estivera naquela parte da mansão, nem mesmo quando crianças, quando Tarsila e ela brincavam de pique-esconde e a prima inventavam de adentrar os aposentos da duquesa e fingir que eram madames da alta sociedade, quando calçavam os sapatos de salto e enrolavam os colares de pérolas e usavam os vestidos largos demais para a idade das pequenas meninas. Mas isto fora há muitos invernos, antes do aparecimento da fiera, antes de Mileide tornar-se apenas uma sombra.

— Duquesa, antes de questionar-me por qualquer erro que cometi, quero muito saber como está a minha prima. Tarsila gritou a manhã inteira. Ela está bem?

— A saúde de Tarsila não é assunto teu, Mileide — falou o nome da garota, de jeito ácido. — Vejam só. Uma criada tentando intrometer-se nos assuntos de família.

Mileide rebaixou a cabeça.

— O que queres de mim, duquesa? — perguntou, sentindo um bolor na garganta.

Brígida depositou a taça na mesinha, perto da garrafa de vinho tinto, e andejou de encontro a garota. Seus movimentos poderiam ser comparados ao de uma cobra prestes a atacar. Mileide, no passado, sentia uma profunda admiração pela duquesa. Porém no presente, tudo que sentia era medo. Temia que aquela mulher de olhar tão gélido lhe castigasse ferozmente.

— De ti, minha cara, não desejo nada — um sorriso maldoso contornando o rosto. — O atalaia já partiu?

— Que atalaia, minha senhora?

— Não te faças de tonta — Brígida falara alto, fazendo Mileide encolher-se. Adorava quando a pequena ingrata tremia-se em sua presença. — Estou referindo-me ao atalaia de olhos vermelhos. Aquele a quem vives a andar para cima e para baixo. Ele já partiu para o jantar com Alesso?

— Vincent ainda não partiu, minha senhora — Mileide mordeu o lábio inferior, repreendendo-se por ter dito o nome do atalaia.

— Ah, Vincent... Este é o nome deste jovem tão viril. — sorriu, excitada. — Vincent... — saboreava o nome do rapaz. Derretia em sua boca como o mel. — Chame-o para mim, menina. Diga que a duquesa quer vê-lo de imediato.

Mileide avistou a duquesa jogar-se na cama como uma adolescente apaixonada. Brígida estava deveras embriagada com o vinho, e Mileide tinha conhecimento do que a duquesa desejava. Notou isso nas pupilas dilatadas da mulher, no rosto corado de excitação e nas vestes vulgares. Ela iria consumar o ato proibido com o atalaia. Cometer adultério. Fazê-lo seu amante. Mileide cerrou os punhos. Tarsila claramente estava com problemas e o duque muito adoentado e aquela mulher, a duquesa de Florença, somente importava-se com prazeres carnais e imorais.

— Não — Mileide respondeu, impetuosa.

— O que disseste, sua pequena miserável?

— Eu disse que não o chamarei. Não farás a Vincent o mesmo que fazes aos outros. Ele não será teu amásio!

— Proteges um mero serviçal do duque. Estás apaixonada por ele, Mileide?

O coração de Mileide disparou de forma nada solene. Não era amor que sentia pelo atalaia rude, apenas não almejava vê-lo transformado em capataz da duquesa, em uma marionete que apenas serviria para satisfazer a megera de cerne bruto.

— N-não... — gaguejara. — Não amo o atalaia. Somente estou a protegê-lo de ti. — dissera, corajosa.

  — Queres o príncipe, desejas o atalaia. Almejas todos os homens aos teus pés, Mileide? És tão vadia quanto a mãe.

— Não ouse tocar no nome de minha falecida mãe! 

— Que grande erro em enfrentar-me, Mileide. Esqueceu do que eu sou capaz? Esquecestes das marcas que fiz em teu dorso?

— Levarei estas marcas para sempre, para lembrar-me de nunca mais deixar alguém dominar minha vida. Nem mesmo vosmecê!

— Que atrevimento!

Levantou a mão para estapear Mileide, mas para a sua surpresa, a jovem lhe segurou o braço.

— Não tenho mais medo de ti, duquesa — Mileide dissera com cenho franzido. — E nunca mais deixarei que me flagele!

Soltou o braço da duquesa, e retirou-se do quarto, aliviada por enfim ter enfrentado a fiera.

Porém a duquesa não deixaria aquele embate terminar daquele jeito. A jovenzinha criara coragem. E tiraria aquele espírito de valentia daquela estúpida garota. Amargurada por permitir Mileide em desaforá-la, a duquesa apanhou a faca de cima do prato com pedaços de queijo e feriu-se, cortando a palma de sua mão.


O restante daquela noite, para Mileide, foi como estar em um sonho ruim. Brígida acusara a sobrinha do marido de agredi-la, incitando o marido a castigá-la. Mostrou a mão cortada para o marido, e entre soluços sufocados e deturpas lágrimas, gritara que Mileide estava a ter treinos nada convencionais para uma donzela com o atalaia, e exigiu ao duque para que a mocinha nunca mais tivesse contato com o rapaz.

— Eu não a feri, tio — Mileide tentava defender-se. — A duquesa mente! — as lágrimas lavando o rosto.

— Basta, Mileide! — Benito tossia, a mão fechada posicionada frente à boca. — Não admito que chames minha esposa de mentirosa. — dissera, irritado.

— Mas, tio Benito...

— Coloquei-te debaixo do mesmo teto que eu, quando teu pai faleceu e és assim que trata-me depois de anos? Agredindo a tua tia?

— Ela não é a minha tia — Mileide enxugava as lágrimas. — Não sabes o que ela fez a mim...

— Chega disto! Mande o atalaia entrar.

— Por quê? — Mileide ficara nervosa — E-ele não fez nada.

— Não complique a tua situação, Mileide. Chame-o agora mesmo.

A garota saíra do quarto, cabisbaixa. Ficara de frente para o atalaia.

— O duque quer falar com sua pessoa — Mileide dissera, fungando.

Vincent deu um passo à frente, tocando na maçaneta da porta. Mileide lhe segurou o braço, muito desolada.

— D-desculpe-me por fazê-lo passar por essa situação, Vincent.

— Não há com o quê se preocupar. — acalmara-a e entrou nos aposentos do duque.

(...)

Mileide permanecera estática, perante a imensa porta de madeira dos aposentos de seu tio. A moça coloca os ouvidos no madeiro, tentando insistentemente ouvir o que se passava do outro lado. Seu tio estava a negociar com o atalaia. Somente conseguia escutar a voz rouca e falha de Benito.

Estava preocupada com o quê seu tio Benito segredava com Vincent. Certamente o culparia por tudo, afinal ele a instruía para que manejasse espadas e facas. Benito passara longos minutos esclarecendo por que o atalaia deveria parar de ensinar Mileide a manusear espadas.

— Mileide não está em seu estado de saúde mental, normal — Benito dissera, compassivo. — Vistes o que aconteceu. Atacou a tia, repentinamente.

— Creio que o ocorreu seja reflexo do que ela passou.

— O que insinuas?

Vincent não replicou. Escutou toda a divagação do duque sobre o comportamento violento de Mileide.

— Meu caro, sei que foi nobre de sua parte, oferecer sua amizade a Mileide, logo ela que não teve amigos... Mas exijo que pares com estas aulas antes que uma tragédia ocorra.

"Nunca se importou em conhecer a sobrinha. Agora ele a considera louca." Pensara o atalaia.

Quando enfim o duque encerrara seu sermão, para que Vincent não continuasse mais treinando Mileide, o jovem somente conseguia pensar se Hórus voara para a fortaleza do Clã e entregara o recado para Ícaro.

Abriu o caderno de Dimitri, e folheou até a penúltima página. O borrão no rodapé da folha amassada, manchara de tinta preta o polegar do jovem. Vincent limpou rapidamente o dedo, passando-o na lateral do casaco, virando a página do caderno de couro preto. Estava chegando ao fim, as poucas páginas já lidas não lhe reservavam grandes mistérios. Faltava uma página para acabar com aquela leitura consternada. Tudo que descobrira acerca de Dimitri Blackheart era o quão perturbado, sofrido e solitário era o seu pai.

"Se eu pudesse pagar pelos erros que cometi, encontrar-me-ia morto. Malquior decepcionou-me muito nestes últimos meses. Pensei que talvez, pudesse mudá-lo, moldá-lo, fazer ser parte de nós. Sinto que ele sabe de tudo, sobre meus pecados, e esconde os segredos descobertos, esperando o momento certo para encarar-me. Ontem, tivemos uma horrível discussão. Ele é só uma criança, mas quando fala, tem o rancor de mil homens resguardado na alma. Ontem, ele fez dez anos de vida. Questionou-me acidamente por que seus pais não estão vivos. Gritou, dizendo-me que preferia a minha morte. Esse garoto não é a redenção do meu erro..."

Vincent muito atormentou-se ao descobrir que as duas páginas finais foram arrancadas.

Maldição! O que ali estava escrito, ficara perdido para sempre. Guardou o caderno, entre as brechas da ripa do celeiro.

Silenciosamente, Mileide adentrou o celeiro. Oculta na mão fechada, escondia um broche em formato de flor.

— Perdoe-me pelo o que ocorreu hoje — Mileide desculpava-se outra vez. — Só quero que saibas que não machuquei a duquesa.

— Acredito em você.

— Ficarei conhecida como a donzela de caráter violento.

— Como eu já havia lhe dito, és uma flor. Mas não uma flor qualquer.

Mileide riu.

Adentrou mais um pouco o celeiro, observando o atalaia finalizando o nó na gravata branca e arrumar os punhos em renda da camisa. A moça deitou-se no feno, ficando à vontade na presença dele. Parecia um cavalheiro trajando aquelas vestes. Estava bonito de certa forma.

— Deve ser maravilhoso participar de um jantar com pessoas tão importantes.

— Não creio que será um jantar fabuloso, sequer mereço a honra de estar lá. Foi você quem encontrou o filho de Alesso, não eu.

— Vincent — Mileide chamara-o de repente, deitando-se no feno, — já se apaixonou por alguém alguma vez na vida?

— Que raios é isto, Flor Selvagem? Alguma declaração de amor?

— N-não! Nunca! — corou.

— Estais muito estranha.

— Só responda-me.

— Sim, eu já amei alguém um dia, mas...

Mileide esperou ele completar a frase. O que não ocorreu. Vincent silenciou-se. Percebendo que ele calou-se de forma gélida, Mileide retornara a falar.

— Gosta de algo, Vincent? Não me digas que tua vida se resume ao manejo de espadas e treinar donzelas.

— Gosto de ler.

— Tens algum livro preferido?

— Li um quando era menino. As crônicas...

— ... De um coração partido — completou por ele. — Meu pai sempre lia esse livro para mim. É uma das minhas histórias favoritas.

— Ficastes tão animada por conta de um livro. Se eu a convidasse para fugir...

— Sim! — Mileide respondeu rapidamente. — Eu iria para qualquer lugar, que fosse longe o suficiente dessa mansão.

Vincent olhou para ela, deitada no feno, brincando com o broche nas mãos. Era tão jovem e amargurada.

— Ah, Vincent... quero perguntar-te outra coisa.

— O que é? Decidiu encher-me de perguntas.

— É a última, prometo. Disse-me certa vez, naquele treino em que quase venci, que teu coração não era daquele lado do peito, quando apontei a espada em teu peito — Mileide sentiu o rosto abrasar. — O que quis dizer com isto?

— Meu coração, Flor Selvagem — Vincent dissera, calmamente, — está posicionado do lado errado do meu peito.

Mileide o encarou, confusa.

— Nasci com um problema congênito, Flor Selvagem. Meu coração bate do lado direito do peito. Isso muitas vezes salvou-me da morte.

— Como uma benção... — dissera, distante.

— Tu achas isso? É uma maldição para mim.

Mileide percorrera os dedos pelas pétalas douradas do broche.

— Nunca mais iremos treinar, não é?

— Pensei que estarias feliz por livrar-se de mim.

— Ainda faltava tanta coisa para aprender — Mileide cerrou os punhos.

— Creio que já aprendestes o suficiente. Fostes uma boa discípula.

Mileide sorriu com ternura. Levantou-se e tratou de espetar o broche de flor na lapela do casaco de veludo do rapaz.

— Era de meu pai... — dissera após colocar o broche. — Aceite como um presente de gratidão.

Vincent assentiu, grato com a joia recebida. Ficou parada perante o rapaz, durante alguns minutos, fitando-o profundamente em seus olhos rubros, enxergando até mesmo as falhas na íris avermelhada.

— Tenha uma ótima boa noite, Vincent — sorriu para ele.

— Terei, Flor Selvagem.

  Aquela seria a sua noite do acerto de contas com Alesso. O peito apertava-se em um nó de amargura. Por todos os santos, Vincent estava deveras nervoso. Recordou-se da última linha que lera do caderno de Dimitri, enquanto ia de encontro ao Cavaleiro Branco, e tais palavras lhe gelavam a alma.

"Se eu perder o resto de sanidade que me restou, estarei deixando de ser humano?"



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Vou usar esse espaço aqui abaixo para compartilhar umas imagens fofas. Duas foram entregues pela PrettyDevilHunter  e a outra eu roubei da CarlianneVinuto, desculpa amor, mas eu achei tão lindoooo!!

Foram todas produzidas pelo app Gacha Studio (tá certo, produção?!)

Só acho que essa imagem anterior completa essa de baixo? kkk

Amo vcs ❤

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