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Capítulo 19


      Sons de passos. Os sons de seus passos era a única coisa que a jovem ouvia. E talvez, as batidas de seu agitado coração.

Caminhava apressada sobre a ampla esplanada de mármore que era o chão do palazzo. Sua postura permanecia firme, com os braços colados ao corpo e a cabeça erguida, resoluta, tendo o rosto coberto pelo tricórnio azul em cuja aba existia uma pluma branca.

Aquela era Isidora DiFerrazo. Tão nova e portando uma importante e arriscada função. Em tão pouca idade, era major da Guarda Real de Roma, e por conta disto, tinha o dever, a difícil obrigação, de pôr sua vida em risco para proteger a vida do herdeiro do trono.

Isidora caminhava de cabeça erguida nos corredores do palazzo, rumo à sala do trono. O coração não parecia caber dentro de sua caixa torácica, martelando impulsivo. Culpou até mesmo o apertado espartilho, cujos cadarços passados firmemente nas barbatanas metálicas poderiam estar contribuindo para a sua falta de ar.

Não. Era culpa de seu agitado coração mesmo.

Passou pelos sentinelas, que em sinal de respeito à major, inclinavam a cabeça descruzando o "xis", na entrada da sala, feito com as lanças. Sabiam quem era Isidora DiFerrazo, mesmo que seu rosto estivesse quase escondido pelo tricórnio.

— Major! — os guardas a saudaram.

Isidora sentia uma flama de poder quando tais sentinelas, incluindo os civis, tratavam-na com tamanha cortesia. Tudo isto, por conta de sua posição. Levava tal título com grande orgulho, e assim como todos os soldados da Guarda Real, que serviam à Coroa.

Como entrara naquela vida? Era uma longa história. Tudo começou com o general Gerânio DiFerrazo...

Óbvio que o general não era seu pai biológico. Gerânio DiFerrazo achara Isidora, ainda bebê, em uma cesta de vime perto dos bastiões do palazzo. "Seu pequeno milagre", era como sempre chamava-a. Isidora não chegara a ser acalentada pela mãe adotiva, pois esta morrera, acometida de tuberculose. Para a desgraça maior do general, Hortênsia estava grávida. Duas vidas inocentes encerradas pela maldita doença. Criar Isidora, segundo Gerânio, fora seu maior prêmio. Saíra do fundo do poço ao contemplar o sorriso terno da bebê na cesta.

Nunca culpe tua mãe biológica, era o que Gerânio costumava dizer. A vida é dura para todos, talvez ela seja jovem ou tola demais para cuidar de ti, Isidora.

Todavia, nunca mais escutaria a voz do pai a contar tal história. Seu pai fora atingindo por uma flecha envenenada, e morrera antes do socorro chegar. Isidora era bem pequena quando tudo ocorreu.

Por conta deste triste acontecimento, Isidora quis tornar-se parte da Guarda Real e honrar a memória de Gerânio. Não ficara desamparada com a morte do pai. As criadas do palazzo cuidavam bem da menina, que crescia com os modos de um garoto, muito rebelde e cheia de energia.

Em umas de suas aventuras, quando subira na macieira para apanhar maçãs para seu cavalo, acabou caindo e machucando os joelhos. Fora quando um menino, que por ali passava, se voluntariou para tratar de seus machucados. Naquele dia, ela conheceu Lorenzo, e mesmo o príncipe sendo uma criança na época, Isidora encontrou calor em seu sorriso. Naquele dia, jurou protegê-lo e sempre estar ao seu lado.

A major adentrou a sala do trono, sem tirar os olhos do rapaz que estava a pintar em uma tela com respingos em amarelo sobre um tripé. O cheiro de tinta emanava pelo cômodo, tornando todo o lugar como se fizesse parte de um sonho distante e feliz. Assim que vira a jovem de semblante sério, o príncipe Lorenzo abriu um sorriso largo para Isidora.

— Ah, major Isidora. — limpou as mãos sujas de tinta nas vestes.

Quando não havia uma coroa de ouro em sua cabeça, Lorenzo mais parecia um jovem normal. Um camponês. O que era impossível de imaginar-se. Lorenzo era bom em tudo que fazia. Pintava como um artista experiente, tocava alaúde, lira e harpa como um anjo e dançava com uma leveza invejável.

Lorenzo Sorentino. Seu grande amigo. Até seu nome remetia à honestidade e pureza. Era um serafim em beleza e personalidade e somente lhe faltavam asas para completar seu estado etéreo.

As mechas ruivas desalinhadas adornavam as maçãs do rosto, elevadas em um sorriso e coradas. Nariz clássico, sem ser empinado como o do restante dos regentes. Seus lábios... Deus, foram esculpidos delicadamente para serem belos e sensuais. Muitas mulheres matariam e morreriam para contemplar a beleza divina do príncipe, e Isidora o via todos os dias. Considerava-se uma mulher de sorte.

— Vossa Alteza! — sua voz soara mais alta do que devia, despertando de seu devaneio.

A major curvou-se, tocando um dos joelhos no chão, e retirando o tricórnio, pondo-o sobre o peito, revelando o cabelo castanho, bem alinhado, preso em um coque envolto de uma trança.

— Majestade, está tudo pronto para a vossa viagem — a voz de Isidora era firme e rouquenha.

Faria a escolta do príncipe até Florença, onde o jovem herdeiro do trono, estaria de casamento marcado com a filha do duque.

— Major, não precisas de toda esta reverência — Lorenzo falava amigavelmente. — Levante-se, sim?!

Isidora ergueu-se, contemplando o príncipe, fitando dentro de seus olhos castanhos, da cor da terra molhada, e Lorenzo retribuía o demorado olhar da major, com um sorriso meigo. A jovem pigarreou, pondo o tricórnio sobre a cabeça, levando o braço esquerdo para atrás do corpo, enquanto o braço direito ficara dobrado com a mão cerrada frente ao tórax.

— Majestade, a Guarda Real está preparada para escoltá-lo até Florença — desviou o olhar do príncipe, focando-se no lustre de cristal no teto. — Falo em nome destes valentes homens, que daremos a nossa vida para protegê-lo.

— Não precisas escoltar-me com um exército, major — Lorenzo abriu um sorriso capaz de acelerar corações. — Creio que será tranquila a minha viagem à Florença.

— Vossa Alteza, o futuro à nós não pertence, por isto é melhor nos precavermos a reparar erros passados.

— Sábias palavras, major.

Isidora era toda felicidade por dentro. Mas por fora, adotava uma inquebrável máscara de mulher rígida.

— Estou feliz porque o Sr. Lucius estará conosco nesta viagem — Lorenzo suspirou. — Ele sempre foi um bom homem, a zelar por nós quando éramos crianças e travessas.

O que, obviamente, Isidora e Lorenzo não sabiam era o que tão amado Lucius faziam, assim que as cortinas da noite caíam. Achavam que o homem de idade avançada era apenas um amado professor que guiava pessoas desesperadas em sua jornada, mas nada sabiam a respeito da devassidão que ocorria no véu do silêncio.

— Sim, Majestade — Isidora aprumou o peito, ainda em sua posição de sentinela. — O Sr. Lucius guiou-nos com seus conselhos. E é por isso, que creio que essa não será uma viagem fácil. Não faz parte da minha missão, falhar!

— Ah, major... — Lorenzo caminhou até a varanda, repousando as mãos sujas na balaustrada de mármore branco. — Lembra-te que salvava-me de levar uma surra de outros garotos maiores. És minha defensora. Uma irmã para mim. O que seria de mim, sem ti?

Isidora murchou por dentro, como uma rosa que não recebe água há séculos. Tratava-a como uma parente, uma irmã. Lorenzo não conseguia ver que ela crescera... e que tornou-se uma mulher?

— Está ansioso para se casar? — Isidora escondeu as mãos trêmulas atrás do corpo.

— Não sei lhe dizer — o príncipe abriu outra vez seu doce sorriso. — Nunca vi a minha noiva. É estranho saber que logo estarei envolvido em um matrimônio com alguém que jamais vi o rosto, que não sei os seus gostos, ou se vai amar-me. Como te sentirias, major?

— Eu? — Isidora passou os olhos pelos quadros na enorme parede. — Ficaria um pouco desorientada. Mas se fosse para cumprir um dever, como é no vosso caso, o faria com muito orgulho.

— É uma resposta maravilhosa — inclinou-se sobre a balaustrada. — Às vezes, fico tão nervoso, que mal consigo dormir.

— Sei que te saíras muito bem, Vossa Alteza. Afinal, carregas em tuas veias o sangue real. O sangue de reis e imperadores corajosos e leais ao seu povo.

— Isidora? — fitou-a como seus límpidos olhos castanhos.

— Sim, Majestade?! — alegrou-se por ele chamar pelo seu nome.

— Obrigado.

Mesmo que existissem sentimentos opostos ali, o que o príncipe não sabia, é que por ele, Isidora não era apenas capaz de proteger...

Por ele, era capaz também de matar.

Conversar com o príncipe antes de sua partida, acabara por fazer as mariposas no estômago de Isidora parar de voar. Antes de entrar na sala do trono, ficara nervosa por vê-lo. Depois, ficara ansiosa para saber o que o príncipe lhe diria. E logo após, decepcionou-se amargamente. Amiga. Irmã. Lorenzo jamais a veria de outra forma. Tantos anos convivendo juntos, o rapaz acostumara-se com a figura da major. E para piorar sua nada favorável situação, guiaria o jovem amável para uma prisão chamada "casamento", com uma mulher que estava destinada a ser sua noiva, antes mesmo de nascer.

Casamento arranjado. Conflitos internos. Príncipes de sorrisos arrebatadores. Mariposas que nunca acalmavam-se. Isidora gostaria de, apenas um dia, viver sem tal agonia.

Guardou a rapieira no cinto de couro, e tratou de vestir a túnica azul com o símbolo de um Pégaso branco, cavalo alado símbolo da imortalidade, emblema de seu reino. Calçou as luvas alvas e pôs o tricórnio azul com a pluma branca sobre a cabeça e dos seus aposentos, rumo a longa viagem que faria à Florença.

Ao descer as escadarias da entrada do palazzo, tratou de informar-se com o soldado que ali jazia a vigiar.

— Major Di Ferrazo. — o soldado a saudou com a mão fechada sobre o peito.

— Descansar, soldado — Isidora levantara a mão aberta, com os dedos juntos a testa. — Diga-me o relatório da viagem.

— Vossa Alteza e o Sr. Lucius já fazem-se presentes na carruagem — o soldado sequer parecia respirar. — E ao que parece, teremos mais de uma carruagem.

— E por que tudo isto? Só iremos escoltar o príncipe ao seu matrimônio e não nos mudarmos de Roma! — ralhou. — Quanto menos carruagens e guardas, menos chamamos atenção na estrada!

— Mas, o Sr. Lucius disse-nos que desejava que seus devotos fossem junto.

Isidora revirou os olhos. Tinha certa implicância com aquele grupo de homens de vestes escarlate, que viviam a seguir o Grande Mestre. Contudo, se era o desejo do homem santo levar os religiosos, assim o faria. Somente irritava-se por ter trabalho em dobro agora.

— Perfeito! — a major soltara uma arfada. — Fique de olhos e ouvidos atentos à estrada do bosque que dá acesso à Florença. Ouvir dizer que existem ladrões e facínoras que por aquelas bandas. É de suma importância, proteger a vida do príncipe Lorenzo.

— Sim, major!

— Preparastes o meu cavalo?

— Sim, major — assoviou para um outro soldado, que guiava o cavalo da major pelas rédeas.

— Temo que todos estes guardas poderão chamar a atenção. Além do mais — levou os dedos ao cabo da rapieira no flanco esquerdo, — esteja preparado para qualquer peleja.

— Sim, major Isidora — o soldado fizera o sinal de continência.

— Vamos iniciar a jornada. — ordenou e logo em seguida, montou no cavalo.

O vento açoitava a face da jovem, aguçou os olhos na névoa matinal que ofuscava o bosque.

Névoa. Era tudo que ela não almejava naquele instante. Os inimigos poderiam usar tal bruma para esconder sua presença e atacar o príncipe e o Grande Mestre.

— Fiquem alerta. — a major elevou a voz. — Todo cuidado é pouco.

Os soldados continuaram a andar, e a major à frente das carruagens montada em seu alazão, sempre vigilante. Observava da janela da carruagem a face pálida do Grande Mestre, que de olhos fechados, rezava algo em voz baixa.

  — Não há o que temer, nobre Lucius — dissera Isidora. — Nada passará por mim.     

  — Ah, minha jovem. Há coisas inexplicáveis entre o céu e o inferno que acabam por deixar minha alma em aflição.

  — O que queres dizer com isso?  

  — Inimigos, minha cara. Mas não inimigos comuns da qual possa derrotar com a tua espada. Não são humanos. Estão sempre a espreita. Não comem, não dormem, não possuem piedade. Matam sem piedade e sem misericórdia. Suas almas já não estão mais em seus corpos e seus olhos são órbitas negras carregadas de ódio. Cobrem-se com o manto escuro da injustiça e na carnificina constroem suas próprias covas.

— E quem são?

— Ah, minha jovem, eles são o mal reencarnado. A destruição, a peste, a fome. Filhos das trevas, ceifadores de alma. Escória do mundo.

— Diga-me, Sr. Lucius.

O velho volveu os olhos azulados, arregalados e assustados como de uma criança. Seus lábios custaram a abrir para pronunciar uma palavra odiada por ele. Palavra repugnante.

— São Assassinos!

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