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Capítulo 16

" A vida é a perda lenta de tudo o que amamos." 

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— Acordai, minha prima.

Os trapos que cobriam a janela foram afastados e Mileide sentiu a luz quente que emanava da janela, irromper sobre sua face desprotegida. Automaticamente, repousou o travesseiro muito esfarrapado sobre o rosto, a continuar com a sonolência. Desejava dormir mais um pouco, só por mais dois minutos, mesmo com a cama sendo dura como uma pedra ou com a manta que lhe causava coceira na pele. Os raios de sol iluminavam cada canto do quarto pequeno de parede de pedras.

— Minha prima, acorde!

As cobertas foram puxadas e Mileide por pouco não ralhou com a prima.

— Tarsila... — dissera em um tom de voz sussurrante. — Deixe-me dormir.

— Só porque hoje és um dia de sábado, Mileide, não significa que te deixarei dormindo até às doze horas! — Tarsila depositou as mãos na cintura, autoritária. — Andiamo! Mamãe desejas ver-te desperta.

Somente poderia ser obra da duquesa caprichosa, em mandar a própria filha para dar ordenanças à Mileide.

Não bastava arrancar suas joias, seus vestidos e fazê-la dormir nos fundos da cozinha, em um quarto que mais parecia um quarto de vassouras. Não, a duquesa gostava de vê-la sofrer.

— Piedade, Tarsila. Estou tão cansada. Passei a noite toda separando lentilha.

— Sei que está cansada, mas faça este esforço por mim. — acenava com a cabeça com um desconfortante sorriso nos lábios. — Por favor, não quero que a mamãe brigue contigo outra vez.

Mileide fitou Tarsila da cabeça até os sapatos de salto. Mileide considerava a garota, que tinha dois anos a mais que ela, como uma verdadeira irmã.

E também, Mileide sempre achou a pele da prima muito linda, um tom semelhante ao leite. A cor dos cisnes. Seu cabelo era tão longo quanto o de Mileide e sempre encontrava-se trançado, com fios prateados amarrados à ele, e no alto de cabeça, jazia uma tiara de pérolas. Até seu vestido de seda deixava-a com aparência de uma filha de um rei.

Mileide sentou na cama, coçando os olhos, notando os nós em seus cabelos que pareciam ondas negras.

Os olhos de Tarsila eram azuis, como se o próprio céu tivesse concedido tal cor à ela. Mileide queria ter uma cor de olhos assim, mas nascera com a má sorte de ter olhos escuros, coisa que a fiera vivia a depreciando, dizendo o quanto seus olhos eram feios. A garota tremeu-se, abraçando a si mesma. Tudo o que pensava resumia-se à figura da fiera castigando seu corpo.

— Algo errado, Mileide? — voltou a atenção para a garota pasma.

— Somente um calafrio bobo, minha prima. Nada demais.

A fiera estava em Florença, estava naquela mansão. Estava perto. Demasiado perto, e Mileide rezava todos os dias para que a fiera fosse piedosa, que a fiera compadecesse dela e cessasse os castigos. 

— Sabes que dia é hoje? — Tarsila bateu palminhas. — Hoje é o glorioso primeiro sábado, do mês de agosto. Ou seja...

— Ou seja? — Mileide estava deveras pensativa para acompanhar a prima tagarela.

— Significa que amanhã será o magnífico dia da Festa da Lua Nova. Lembre-te que faremos nossos próprios vestidos, e devemos ser as mais belas moças do festival! — rodopiou e as muitas saias acompanhavam seu movimento.

A Festa da Lua Nova era uma celebração feita pelos camponeses de Florença, em agradecimento à boa colheita. Usavam máscaras de animais, coroas de flores na cabeça e faziam pratos deliciosos com as verduras e frutas que colhiam. Mileide adorava dançar perto da fogueira e degustar das amoras fresquinhas, e no fim da noite, deitar na campina, a olhar para o céu estrelado.

— Teu cabelo está enorme, Mileide. — deslizava os dedos nas mechas longas da prima. — E admito que estais muito bela. — Tarsila completou, para desespero de Mileide.

Mileide não considerava-se bela. Era um espelho rachado cuja imagem refletida era fragmentada e feia. Sua face era oleosa e seus olhos eram rodeadas por uma penumbra escura, que muito parecia com uma maquiagem borrada sobre as pálpebras, e acima de tudo, achava seus lábios carnudos em demasia.

— Já lhe contei a novidade? Irei me casar! — Tarsila por pouco não gritou. — Papai não me disses, apenas fiquei a ouvir atrás da porta, e digo-te que estou no céu. Não será realizado agora, apenas sei que meu noivo e eu estamos destinados a casar antes mesmo de nascermos.

— Casar? — Mileide não compreendia.

— Sim! — Tarsila era toda alegria. — Com um príncipe.

— Por Deus, Tarsila, és tão jovem.

— Mas, sabes o que dizem de uma mulher que não se casa até os vinte anos... — Penteava ligeiramente o cabelo de Mileide, trançando-o e amarrando-o com uma fita. — E eu serei noiva de um príncipe. De um príncipe!

— As mulheres que não se casam, são consideradas velhas solteironas. — dissera em uma voz inexpressiva.

— Falas como se isto não fosse relevante.

— Tarsila, tu sabes qual é o meu maior sonho. Tu sabes... — a voz de Mileide ficara distante. — sabes que desejo ir embora dessa cidade e aventurar-me longe daqui. — longe dos olhares da fiera.   

— Pronto! — Tarsila bateu as mãos na coxa. — Terminei e ficastes linda. — beijou a bochecha da prima. — Apressa-te e te arrumes. — saiu do quarto.

E eis que na cabeça da jovem dama, havia o sonho de ser livre, ver outros horizontes. E nunca mais ter a alma machucada pela dama de olhar gélido.

Assim que terminou de aprontar-se — e arrumar-se, nesse caso, era trajar as vestes simples de uma criada — Mileide caminhou para os aposentos do tio, o duque Benito, a fim de saber como ele estava.

Há exatos três anos, o duque caíra do cavalo, e sua coluna sofrera com a queda. Ficara paraplégico, sempre a depender de Mileide para tudo. Era ela quem o alimentava, lhe dava banho e o vestia, enquanto a esposa e a filha viviam em seus mundinhos fantasiosos, sem importar-se com o duque enfermo.

Mileide abriu a porta, devagarinho, impedindo-a que rangesse, e o tio jazia na escuridão do quarto, arfando como se fizesse um grande esforço, segurando-se no dossel da cama, tentando mover as pernas inertes.

— Tio Benito! Não! — Mileide correu até o homem, segurando-o para que não caísse da cama. — Tio, o que pensas que está fazendo? — ajeitava-o sobre os travesseiros.

— Oh, minha sobrinha, não quero ser tido como inválido para sempre. — resmungou. — A imbecil da criada deixou meu chá longe. Somente queria trazê-lo até mim.

— Mas é para isso que estou aqui, para cuidar de ti, meu tio. — Mileide franzira o cenho. — Desejas machucar-te, caindo da cama?

A garota abriu as janelas, sob o olhar interrogativo do tio. A luz do sol banhou o quarto. Mileide andou até a bandeja de madeira que a criada havia depositado sobre a distante mesinha de cedro, e colocou-a sobre a cama do duque. Despejou o líquido quente do bule na xícara de porcelana, colocando-a sobre o pírex e repassando-a ao tio.

— Aqui está, tio Benito. — a voz da garota era suave, como o voo de uma borboleta.

— Quem me dera se tua tia fosse tão paciente como tu és, minha menina. Tenho sorte por tu cuidar de mim — ingeriu o chá. — Tens quantos anos, Mileide?

— Quinze anos, meu tio. — respondeu em um meio sorriso.

Quinze anos e um fardo de meio século nas costas.

O duque permaneceu em silencio, arqueando ligeiramente de modo insolente as sobrancelhas, sem parecer-se arrogante.

— Algo lhe perturba, minha menina?

— Tio, tive um sonho esquisito ontem à noite... — Mileide sentou-se na beira da cama, alisando a trança com as mãos.

— Conte-me, minha sobrinha.

— Sonhei que... — Mileide permanecera com os lábios entreabertos e os olhos vidrados para o nada.

Uma breve pausa seguida de um suspiro e meio minuto para ganhar coragem, se deveria falar ou não, sobre o sonho com o menino de olhos rubros. Decidiu por fim, não falar. Seria tolice contar.

— Não foi nada, tio Benito. Até mesmo já esqueci. — abanara as mãos.

— Sabes és livre para contar-me qualquer coisa.

Não, ela não poderia lhe falar sobre as ameaças da duquesa ou sobre a fiera que tornara sua infância, um pesadelo cruciante.

— Descanses, meu tio — recolheu a bandeja de madeira com as xícaras, pondo-a novamente sobre a mesa de cabeceira. — Respeite a ordem do médico, e por favor, não hesite em chamar-me quando quiseres algo.

— Médicos! — Benito pôs a língua para fora. Uma pequenina carne cor de rosa em meio à barba branca. — Querem mandar em nossas vidas!

Mileide abriu um doce sorriso, andando até a porta. Após fechá-la deparou-se com o semblante severo da duquesa, tão afiado quanto um punhal. O olhar daquela mulher era carregado de rancor. Venenoso, como de uma víbora. Fitava Mileide de cima a baixo, e uma curva de desprezo surgiu em seus lábios. O coração da pobre Mileide agitava-se temeroso pelo que se passava na mente perversa da duquesa.

— E como está o duque? — perguntou à jovenzinha de ombros encolhidos.

Mileide reparou nas joias familiares da duquesa. Não era um engano. Aquelas joias pertenceram à marquesa Mariella. Brígida aos poucos apossava-se de todos os bens da falecida mãe de Mileide. Gritava aos quatro cantos o quanto odiava a mulher do falecido cunhado, porém Mileide não conseguia compreender por que aquela mulher copiava o mesmo estilo de vida da rival.

— Meu tio tentou levantar-se da cama, duquesa — Mileide escondeu as mãos atrás do corpo —, mas eu o impedi antes dele cair ao chão.

Duquesa ou senhora. Nunca a tratava por "tia Brígida" e jamais a olhava diretamente em seus olhos acinzentados, tão frios quanto uma pedra de gelo. No fundo, bem lá no fundo, Mileide sentia uma grande admiração pela duquesa, em uma tentativa miserável em agradá-la e enfim ter sua aprovação e o seu carinho. Aquela mulher era o mais perto que tinha por uma mãe, e tudo que saía de sua boca eram pragas e maldições para com Mileide.

— Achas que eu sou tola, Mileide? — Brígida continuou a cercá-la, fuzilando-a com os olhos. — Eu pareço-me com uma tola?

— O quê? — a garota ficara extremamente confusa. — Não, senhora!

— Pensas que eu não vejo o quanto bajulas o teu tio? — deu um riso de escárnio. — Queres ver teu nome no testamento de Benito e ter uma parte da herança?

— Não, senhora. — Mileide meneou a cabeça, exasperada, quase a ofegar. — Eu apenas cuido do meu tio sem interesse algum em sua herança.

— E como confiarei em alguém que em, cujas veias, corre o sangue de Mariella? — Brígida cercava a sobrinha do marido, como uma cascavel. — Nunca irei aceitar o fato de Nero, um marquês respeitado, ter se casado com uma mera criada! Não duvido nada que ela tenha o seduzido tal como uma mulher imoral!

— Mi-minha mãe não era uma mulher imoral! — Mileide baixou a vista, fitando o chão.

— Tens razão. Mariella era pior que uma imoral! Era uma meretriz!

Mileide apertou os olhos abruptamente, impedindo as lágrimas de rolarem. Brígida sabia o quanto ridicularizar a imagem da falecida Mariella, machucava Mileide e era com este propósito infame que a duquesa prosseguia com os insultos. Abria as feridas da jovem e as cutucava com suas palavras malditas, tão perfurantes quanto ponta de facas.

— Cuide de teus afazeres, Mileide, e lembre-se que apenas moras de favor nesta casa. — abriu um sorriso cruel, enquanto passava pela jovem, em uma posição arrogante com ares de superior.

— Sim, senhora. — Mileide concordara em um tom de voz derrotado.

— É bom quando reconheces o teu lugar nesta casa. Mas — olhou a jovem de cima a baixo, rindo de sua vestimenta esfarrapada —, o que se esperar da filha de uma criada?

As lágrimas surgiam devagar na face de Mileide. Após, tornaram-se densas como um rio. Eram uma cortina áquea refletindo a sua miséria interior.

Durante o restante da manhã, a duquesa ajudou a filha e a sobrinha a pintar máscaras e a fazer bordado nos vestidos para o festival. Na verdade, ajudava apenas à Tarsila, gabava a maneira de como a filha pincelava com perfeição as máscaras e enaltecia seus pontos no bordado e a costura precisa de Tarsila, enquanto cobria de ofensas a pobre Mileide.

— Mileide, Mileide, Mileide. — repetia o nome da garota com desdém, meneando a cabeça. — Se fosses costureira, morrerias de fome. Olhe este bordado! Completamente torto e feio. Transformastes um bom pedaço de pano em trapos!

Tarsila bufou, aborrecendo-se com as atitudes da mãe para com a prima. 

— Não terias tanto trabalho contigo, se eu não a mandasse direito para trabalhar em plantações, e tu passasse o resto da vida vivendo como uma maldita camponesa!

  — Mamãe! — Tarsila a repreendeu.

— Estou falando mentiras, minha filha? — riu descaradamente. — Mileide não é uma dama e nunca será. Nasceu para ser reduzida, uma "nada", uma medíocre. Uma pobre coitada, tão tola que faz-me sentir ânsia de vômito. Se ela acabasse com a própria vida, me farias um grandessíssimo favor.    

Ao ouvir todos os desaforos da duquesa sem protestar, Mileide descuidadosamente espetou o dedo em uma agulha deixando uma gota de sangue rubro cair sobre o pano alvo do bordado, arquejando de dor, por fim correndo para fora da saleta.

— Onde vais, menina tola?! — Brígida indagou, por fim desistindo de chamá-la outra vez.

A garota correra para fora da mansão, em amargura e aflição, lembrando-se das risadas da fiera, do seu rosto cruel e de seus castigos excruciantes. Seu corpo estava tão flagelado, que haviam somente marcas e cicatrizes sobre toda a extensão de sua pele. Mileide acabara por cair perante o velho poço, de joelhos, e continuou a chorar, entregando-se ao desespero. Por mais que desejasse, a duquesa nunca a deixaria em paz. Estava presa à ela, com grossas e impiedosas, correntes infernais.

Mileide ergueu-se, com as mãos apoiadas na borda de pedra do poço, olhando para as águas que permaneciam lá no fundo. Permanecera paralisada. Imaginou se talvez, jogar-se em um poço não fosse uma alternativa tão ruim. Mas não se jogaria. Não abriria mão de sua própria vida por causa da fiera

Agora, insistia em mandá-la para as plantações e vê-la reduzir-se a sofrimentos e dores.

Por que a duquesa insistia em persegui-la e sentia tanto prazer em lhe fazer mal? Um sabor azedo subiu à boca, instigando-a ao vômito.

Ela confiava em Brígida, Mileide amava-a como uma mãe, e agora, odiava-a como um demônio.

Queria correr. Mas não tinha coragem. Não com a fiera com uma das mãos segurando seus cabelos, enquanto a outra mão arrastava para o quarto escuro, onde a prendia por dias e mais dias. Em momentos como aqueles, Mileide fechava os olhos e gritava em sua mente para que a fiera parasse com aqueles malditos tormentos que afetavam seu psicológico.

Todavia, era como um pássaro preso em uma gaiola. Preso à própria sorte, enlouquecendo aos poucos, enquanto servia de objeto do divertimento sádico da duquesa de Florença. Aquela mulher monstruosa ria dela, maltratava-a, enquanto machucava o seu corpo e a sua alma.

Só restava a dor. Tudo que estava relacionado à bondade, se fora.

Limpou as lágrimas de sua face, tentando encontrar forças para prosseguir. Céus, não poderia mais ficar naquela mansão. Não suportaria mais os castigos cruéis da fiera.

Fugir de casa era a sua única escolha. E do quê viveria se jamais saíra da mansão? Oh, céus, tinha apenas quinze anos. Enfrentar a vida não era um dever tão árduo quanto ter que aguentar as palavras depreciativas da fiera ou seus atos medonhos.

(...)

Com a tesoura em mãos, frente ao espelho da penteadeira antiga, Mileide cortava as grandes mechas negras, trilhando um caminho desconhecido pelo cabelo que nunca fora tocado por nada cortante.

— Ninguém me reconhecerá! Se eu fugir com os cabelos curtos, não serei apanhada pelos sentinelas do meu tio.

Em poucos minutos, mirava no espelho uma outra imagem, uma jovem de cabelos curtos, na linha do queixo, que prensava os lábios para não chorar pelas madeixas recém tosadas.

  — Eu serei a minha própria força — sussurrou entre lágrimas.    

Estava deixando para trás seus antigos vestígios. Seria tudo diferente dali por diante.

Bateu os fios de cabelos presos no saiote do vestido, e saiu dos aposentos, rumo a encarar o destino, na calada da noite. Aproveitaria que todos na mansão estavam ocupados com os preparativos para a festa da Lua Nova, e como uma névoa, desapareceria.

Foi até os aposentos do tio, onde deixou sobre a mesa de cabeceira do tio, uma fita azul de cetim.

Mileide correu, noite adentro, até cansar-se, até os pés doerem e o coração acelerar. Escapuliu dos sentinelas do duque, graças ao cavalariço magricelo. O manto com capuz que lhe servira de grande ajuda, escondendo a sua identidade. Aquelas ruas de Florença... andara por elas com seu pai quando criança. Conhecia a tal viela de casarões cinzentos. Costumava haver uma casa onde vendia doces naquela rua.

Um homem ébrio foi lançado de uma taverna ali perto, por uma mulher robusta de pele azeitonada.

— E nunca mais volte aqui, seu maldito bêbado! — gritara a taberneira.

O ébrio cambaleou, acabando por tropeçar e esbarrar no poste com lamparina. A taberneira, também conhecida como Frieda, limpou as mãos no avental. Antes de retornar ao estabelecimento, Mileide agilizou as passadas, pondo-se frente à taberneira.

— Espere, senhora! — Mileide segurou no braço da taberneira.

— O que uma menina como tu, fazes na rua a esta hora? Não me digas que te enganastes com o dia do festival?

— Não, senhora... eu... — e o estômago de Mileide roncou, constrangendo-a.

— Por Deus, menina, venha comigo. Necessitas de uma sopa. — puxou-a pelo pulso, fazendo-a entrar na taberna.

Por sorte, a taberna estava vazia. Silenciosa. Frieda pôs uma tigela de barro com um cheiro saboroso na frente de Mileide.

— Coma sem medo. É por conta da casa. — Frieda deu uma piscada. — Coloquei pedacinhos de carne entre os pedaços de abóbora.

Mileide sorveu a sopa, o cheirinho gostoso atiçava ainda mais a sua fome. Pensou em comer tudo e lamber a tigela. A consistência aveludada da sopa e o sabor dos pedacinhos de carne pareciam derreter na língua.

— Tu comes com tanta educação. — Frieda retorceu os lábios, limpando a mesa. — Pareces uma madame. Diga-me, menina, estais fugindo de alguém?

Mileide abaixou o capuz do manto, revelando os cabelos curtos e os olhos negros marejados.

— Por favor, senhora — Mileide agarrou ambas as mãos da taberneira —, dê-me um trabalho!

— Ah, menina, como irei pagá-la?

— Não precisa me dá dinheiro, senhora, posso trabalhar de graça. Sei cozinhar, posso servi-la sendo cozinheira. Basta que me dê um lugar para dormir! — Mileide agarrou-se no avental da taberneira. — Lhe suplico!

— Está bem! Está bem, menina! Agora pare de choramingar!

— Obrigada.

— Teu nome, menina, diga-me teu nome. — falou impacientemente. — Meu nome é Frieda. 

— Chamo-me Mileide, senhora.

Frieda sorriu para a jovenzinha de futuro incerto. Sentou-se à mesa, sobrepondo a mão sobre a dela, e Mileide experimentou um sentimento reconfortante pela primeira vez, desde que decidira fugir da mansão dos Amadeo.

Embora, ela estivesse com medo do que estaria por vir.


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