13 de agosto (parte 2)
Ao invés das vinte quatro horas comuns aquele dia parecia ter durado quarenta e oito para Harry. O cacheado sentia-se exausto. Tudo o que queria era poder tomar um banho e deitar na sua cama e dormir todas as horas que fossem possíveis.
Mas aquilo não era algo possível quando se tinha dois filhos.
Pelo menos agora Freddie tinha adormecido entre o caminho do hospital para a casa. Porém o fato de ter que conversar com a sua filha sobre lembranças que eram dolorosas para si estava deixando-o em um estado de ansiedade que ele não lembrava de ter tido nem mesmo quando assinou o contrato para fazer a coleção de verão da Yves Saint Laurent.
Quando olhava em retrospectiva, o homem se sentia orgulhoso de tudo que havia conquistado ao lado de Louis. Juntos.
Só o fato de ter conhecido a melhor pessoa da sua vida já era o suficiente para fazer Harry sorrir como um idiota mesmo depois de tantos anos. Entrar em casa, sentir o cheiro de pipoca e cookies misturados, fazia o coração do cacheado ficar aquecido. Assim como ver o amor da sua vida usando apenas uma calça de moletom com uma de suas camisetas antigas do Snoopy fazia com que as antigas borboletas voassem novamente em seu estômago.
Algum dia ele seria menos apaixonado por Louis? se questionava as vezes. Bom, ele não tinha pretensões em descobrir isso.
─ Ele dormiu? perguntou o marido se aproximando.
Harry só concordou com a cabeça tentando não fazer nenhum movimento brusco que acordasse o caçula. Freddie estava crescendo e ficando cada dia mais pesado.
─ O que vocês fizeram hoje? perguntou enquanto passava a criança para o colo de Louis.
─ Assistimos Brooklyn Nine-Nine, Olívia adormeceu na metade da terceira temporada, acordou a pouco tempo. Eu estava tentando arrumar as coisas antes de você chegar, respondeu Louis enquanto embalava o sono do caçula em seu colo.
─ Vocês viram Brooklyn Nine-Nine sem mim? falou um tanto magoado fazendo um biquinho.
Era sua série favorita.
─ Eu mando as crianças para Inglaterra e a gente assiste as sete temporadas juntos de novo, o que acha? Louis propos.
─ Não vamos mandar nossos filhos para outro continente só para ver série Louis, Harry respondeu.
Apesar de ser uma proposta tentadora. Só ele, o marido e tempo sozinhos para fazerem o que quiserem.
─ Tá bom, mandamos eles pra casa do Niall e do Shawn. Eles conseguem lidar com os pestinhas, o marido falou.
Harry não pode deixar de sorrir. Sabia exatamente o que Louis estava fazendo: tentando deixar ele menos tenso.
─ Não chame nossos filhos de pestinhas, reclamou baixinho dando um selinho nos lábios do marido.
─ Sobe logo para falar com ela. Eu cuido do Freddie se ele acordar. Por sinal, o que a pediatra disse?
─ Ela fez alguns exames mas não deu nada. Ele fez um escândalo na hora do exame de sangue inclusive. A grande probabilidade é que o que ele teve foi febre emocional, respondeu.
─ Certo, é só não colocar a Olívia de castigo na frente dele que dá tudo certo.
Harry não pode deixar de rir.
─ As coisas não são tão simples assim Louis...
─ Nem tão complicadas como você pensa Hazz, o marido respondeu dando uma piscadinha para si.
─ Me deseje sorte, vou falar com ela.
Louis colocou o caçula deitado no sofá protegido por almofadas. Se aproximou de Harry o envolvendo num abraço carinhoso que o cacheado passou o dia inteiro desejando.
─ Você não precisa de sorte baby, você precisa ser só o pai amoroso que ama a sua filha que sempre foi e tudo vai dar certo, Louis disse o beijando logo em seguida de forma carinhosa.
─ Eu te amo, Harry falou baixinho contra os lábios do marido.
─ Eu te amo também vida, Louis respondeu.
De maneira geral Harry costumava ser uma pessoa estabanada que tropeçava nos próprios pés com facilidade. Mas naquele dia conseguiu subir as escadas sendo o mais silencioso possível. Tanto que devia estar a pelo menos uns cinco minutos observando a filha desenhando algo numa página em branco.
─ Eu queria ter colocado o seu nome de Alice quando te adotamos. Você sabe o porque? começou.
O susto que Olívia tomou ao ouvir a voz do pai quase a fez cair da cama. Em outra situação Harry teria soltado uma gargalhada da cena.
─ Você sempre foi uma coisinha curiosa, desde quando era uma tampinha, como o seu pai Louis fala.
Olívia se sentou na cama e se encolheu como se fosse uma bolinha. Louis realmente não tinha exagerado, ela havia ficado realmente assustada.
─ Desculpa pai, eu não quis invadir sua privacidade ou coisa do tipo, eu pensei que era só um livro e...
─ Ei, princesa! Calma, Harry falou sentando-se ao lado dela.
A garota logo o abraçou e começou a chorar novamente. Aquilo partiu o coração de Harry como nem mesmo as separações que ele e Louis tiveram no passado fizeram antes.
─ Olívia, olha pro papai, falou de maneira suave.
O rosto da filha realmente parecia mais inchado. O quanto ela havia se machucado lendo tudo aquilo?
─ Eu e seu pai sempre concordamos que contar mentiras para proteger você e seu irmão nunca funcionariam bem. Primeiro porque a livros, filmes e séries que provam o quão isso dá errrado. Segundo, porque não mentimos pra quem amamos, e Olívia, você, seu pai e seu irmão são o centro do meu mundo. Se o meu coração bate é para poder amar vocês três todos os dias, Harry falou de maneira suave.
─ Só que eu e seu pai nos conhecemos em circunstâncias muito dolorosas, tanto para mim quanto para ele. Nós carregamos conosco as marcas e dores dessa época por que elas fazem parte de quem somos. Mas escolhemos guardar aquilo que nos trouxe luz quando não tínhamos esperança alguma. O meu primeiro beijo foi com o seu pai, eu fui a primeira pessoa que deu flores a ele, nós compartilhamos segredos entre nós e mesmo com quase quinze anos juntos é para ele quem eu quero contar as novidades e as minhas frustrações quando elas acontecem. E eu ia falar algo importante mas acho que me perdi, confessou Harry no final.
Isso fez a filha soltar uma gargalhada. Ok, missão cumprida, Harry pensou.
─ Se você quiser, nós podemos conversar sobre o que você leu. Eu não estou chateado com você, saiba disso. E o mais importante: eu e seu pai te amamos, ter você e o Freddie na nossa vida faz tudo o que vivemos valer a pena.
─ Eu te amo pai, Olívia disse meio chorosa.
─ Eu te amo também princesa, Harry respondeu apertando a filha entre seus braços.
─ Eu não queria interromper nada, eu juro, mas o Freddie acordou querendo ver a Olívia, Louis falou da porta do quarto.
Aquilo foi o suficiente para uma luz diferente aparecer nos olhos de Olívia. Um dos medos dos Tomlinson era que a garota se sentisse trocada ou menos amada quando adotaram Freddie. Mas a preocupação se mostrou infudada, já que a garota era apaixonada pelo irmão.
─ Oli triste? Freddie perguntou notando algo de diferente na irmã. O filho deles era realmente a pessoa mais sensível daquela casa.
─ Oli com saudades do príncipe, a garota falou enquanto abraçava o caçula fazendo cócegas de leve na barriga dele.
Enquanto observava aquela cena bonita o celular de Harry apitou indicando que havia recebido uma mensagem:
Nós podíamos ter uma história linda, igual uma música da Taylor Swift, mas a vida real com você me faz amar cada vez mais tudo o que temos.
Os olhos de Harry se encheram de lágrimas lendo a mensagem de Louis. Encarou o marido sorrindo para ele e disse "eu te amo" em linguagem de sinais. Ele tinha ali, com aquelas três pessoas, mais amor do que muito gente encontra na vida inteira. E todos os dias ele era grato por tudo aquilo. Por eles.
Okay, acho que esse foi o maior capítulo de Brave love até agora. O que acharam?
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