Capítulo XXV
N/A:. No amor e na guerra vale tudo, no entanto, sacrifícios extremos carregam consigo consequências dolorosas.
A Protectora
🔫
Três meses antes
OKSANA olhou janela afora. Sentada num dos bancos estufados que ficavam alinhados abaixo da janela, suas mãos envolta dos pés e seu novo livro de ficção esquecido na mão. Era doloroso não lembrar dos detalhes exactos do que havia acontecido aos seus pais.
Olhos azuis como gelo espesso.
Oksana encolheu ainda mais seu corpo, ela respirou profundamente quando a mão quente que sentia-se como casa pouso em seu ombro.
—Eu sinto muito — disse ela ainda sem deixar seu olhar para encontrar os olhos do seu noivo recém banhado. —Eu achei que eles haviam ido embora, mas eu estava enganada.
Eu sinto muito, não me rejeite por favor. Ela engoliu.
—Eles não são sua culpa Dogoroya, você não os escolheu e não é justo que se sinta assim.
Ele realmente pensava assim? Oksana não estava muito certa. Talvez fosse apenas para deixa-lá mais calma.
Hunter sentou-se ao seu lado, o Pakhan virou delicadamente o rosto de Oksana para encontrar o dele e sorriu. —Eu tenho você sempre, com ou sem os demónios que perturbam o seu sono.
Mesmo que eu seja o único culpado. Ele quis atirar em próprio pé. Seria essa a definição perfeita das palavras morder e soprar?
—Eu sei —disse a loira. —Humm... Eu acho que já sei o que eu quero como presente de casamento.
Hunter havia prometido realizar qualquer um dos seus desejos.
—Bem, desde que não seja a lua. —Hunter mordeu o lábio inferior. — Tenho a sensação de que se eu roubasse à lua e a colocasse em uma caixa para dar-te, bem... Eu seria alvo de vários processos. Você sabe, há vários homens por aí que já barganharam com a fada dos relacionamentos para dar aquela coisa luminosa para às suas garotas.
Oksana revirou os olhos não querendo deixar escapar um sorriso. —Eu não acho que exista algo como fada dos relacionamentos.
Bem, o cupido estava um tanto quanto longe de ser uma fada, Oksana sempre pensara nele como um pequeno e travesso anjo.
—Talvez seja porque você não sabe o quanto eu tive que encher o saco daquela coisa pequena e voadora para que ela finalmente fizesse você me notar.
Oksana piscou surpresa ao mesmo tempo que perdida. Ela tinha certeza que não conhecia Hunter, não antes do primeiro choque de olhares no palco do Devil's. No entanto ele era tolo se achava que precisava olhar duas vezes para qualquer mulher gostar do que via nele.
Oksana beijou levemente os lábios do seu noivo antes de respirar profundamente e fitá-lo intensamente —Não sejas assim.
Ele lambeu os lábios como se quizesse mais do sabor dela. —Assim como? Encantador?
A loira gargalhou, Hunter suspirou. Aquela visão perfeita da sua Dogoroya feliz e despreocupada aquecia seu coração. Ele gostava de como os olhos azuis dela brilhavam quando estava genuinamente feliz, como seus lábios pareciam chamativos e como ela engolia quando percebia que ele a fitava com admiração e amor.
—Peça e será seu. —disse ele, simples assim.
—O Devil's.
Hunter queria dizer-lhe que não era uma boa ideia.
Demónios adormecidos durante o inverno não deviam ser despertados quando a primavera chegasse, o risco do caos destruir tudo que florecia era maior que qualquer laço que podia ser construído durante o verão e o que iria tornar-se mais sólido no Outono.
—Feito.
Dias actuais
Katrina esbugalhou os olhos. Bem, ela sabia que mais dia ou menos dia veria sua sobrinha novamente, no entanto, pensar que ela estaria reivindicando o clube passou tão longe de sua mente que a opção encontrava-se na caixinha do impossível.
Não era nenhuma mentira que ela não fora a melhor tia de todos os tempos, porém ela não achava que era tão vil para que Oksana quizesse vingar-se dela agora que era a rainha da Bratva. Ela sentiu aqueles olhos azuis e gelados como dois cubos de gelo que eram uma cópia dos seus. A diferença entre os seus olhos e os de Oksana era que os da mulher que olhava intensamente para ela transmitia calor, brilho, amor e força, e ela sabia que os seus estavam profundamente vazios.
A dor da perda se encarregara de esvaziar sua caixa de boas lembranças e drenar todos os bons sentimentos que ela uma vez carregou.
Ela caminhou um passo mais perto e parou.
Katrina sabia que o homem dos olhos bicolores, que a fitava como um predador esperava seu próximo passo para atacar. No entanto, Hunter Mikhailkov, mesmo carregando uma carranca e olhos mais vazios e frios que os dela, ainda assim possuía um brilho sempre que olhava para a mulher cujo seu braço serpentiava sua cintura.
—Você não pode —Katrina murmurou. Ela sentia-se assustada.
Depois de tanto tempo.
Oksana sorriu de lado, um sorriso feio, mesmo que seus olhos contrariassem tal acção. —Eu posso e nós duas sabemos disso.
Você finalmente consegue ver além dos seus medos e dúvidas, pensou Katrina.
—Eu construí Devil's, eu coloquei minha vida aqui e você não pode, você não tem esse direito Oksana, meu sangue, suor e lágrima estão aqui —ela quis acrescentar felicidade, mas não adiantava de nada, ela sabia que se dissesse passaria por mentirosa.
—Você deve tudo a mim, o dinheiro, Devils, suas roupas estravagantes, sua felicidade e até os seus homens, que nunca ficaram o suficiente para mostrar-lhe o que é realmente sentir-se amada.
A loira mais velha não vacilou, deu um passo para trás como se tivesse sido brutalmente atingida e sorriu. Oksana franziu o cenho, sua tia parecia aliviada, talvez mais do que devia. Era como se ela estivesse prestes a desistir e as palavras de Katrina a atirigarm como uma bomba.
—Eu sabia que um dia isso aconteceria, é seu Oksana —as feições de Katrina aparentavam cansaço extremo, e mesmo que coberta pela maquiagem excessiva, os círculos em volta dos seus olhos eram visíveis o suficiente para que Oksana percebesse que sua tia mal havia dormido.
Alguma coisa a perturbava.
—Os advogados estarão aqui amanhã — anunciou Hunter calmamente, sua voz mais fria e polida que o normal.
O ar não era denso o suficiente para que pudesse ser cortado com uma faca, mas todos estavam tensos. Hunter assim como Katrina parecia tenso.
—Eu posso ter uma palavra em particular com o Pakhan? —indagou Katrina, seu olhar não deixando o de Hunter. Oksana não gostou, ela pigareou.
Não por insegurança, mas por não saber o que os dois guardavam dela.
—Lamento, mas não vai acontecer.
—Oksana!
—Não Hunter, seja lá o que a minha tia queira dizer, pode ser dito e tratado na minha presença.
Katrina balançou a cabeça. —Tenham uma boa noite e aproveitem a estadia. Siren está a um toque.
Oksana franziu o cenho e olhou para o pequeno controle em cima da mesinha de vidro e assentiu, ao memo tempo que parecia tão surpresa quanto a atitude da sua tia que sempre fora exigente e não dava o braço a torcer.
Havia sido fácil demais, fácil o suficiente para sentir-se vitoriosa, no entanto a sensação de vingança parecia azeda em seu paladar, e nem um pouco agradável em sua mente. Não era suposto que ela sentisse que não foi o suficiente, Katrina parecia diferente e prestando mais atenção, Oksana notou que sua tia parecia abatida.
Ela a conhecia o suficiente para saber que algo estava acontecendo com Katrina. Porra, ela havia cedido tão fácil que Oksana não sentia-se satisfeita.
Você precisa parar, você não é assim, você nunca foi assim, a loira murmurou para si mesma.
Ela sentiu-se aliviada quando Hunter chamou sua atenção beijando o canto esquerdo da sua boca e abraçando-a por trás, sentia-se como casa e não havia maneira nenhuma de alguém dizer-lhe o contrário.
Na manhã seguinte, Oksana acordou quando vozes soaram porta afora do quarto, o lado de Hunter vazio e nenhum sinal do homem no banheiro. Ela arqueou a sombracelha, sentou na cama e sorriu quando apercebeu-se da sua nudez, porém o sorriso foi rapidamente coberto pelo mal estar que deixou-a tonta assim que ela se levantara.
Oksana repreendeu a si mesma pela rapidez, as tonturas se estavam a tornar regulares. Ela esperou as vozes atrás da grande porta branca cessarem e apressou-se a tomar seu banho, a água quente livrou-a dos resquícios do sono assim como da vontade de permanecer na cama, sentia-se cansada e indisposta.
Com a toalha cobrindo seu corpo, Oksana dirigiu-se ao quarto em busca da sua bolsa amarela favorita, tirou de lá sua caixa de pílulas, tomando-as com a água que Hunter fazia questão de levar para ela todas as manhãs. Depois de vestida ela desceu escadas abaixo em busca do seu marido, a voz de Andrew rindo chamou sua atenção para a sala de refeições e seguiu até quando às vozes tornaram-se cada vez mais altas.
Ela respirou fundo reprimido um grunhido quando notou a presença da sua sogra, que estava sentada do lado direito do seu marido que ocupava a cabeceira da grande mesa recheada de grandes guloseimas. Cassie estava sentada logo depois da sua mãe e Andrew estava na cadeira que seguia a sua. Omar e Slinder estavam concentrados em algo que a Cassie dizia enquanto Hunter falava aos sussurros com sua mãe.
—Oh! Você não pode estar falando sério.
Seu melhor amigo disse, ele olhou para Slinder que sorriu de lado antes de acenar com a cabeça em confirmação.
—Eu juro que foi exactamente assim, foi tão assustador que acho que alguém borrou as calças —foi a vez de Cassie comentar antes de dar uma mordida generosa no seu sanduíche.
—Você não vai chegar até mim —murmurou Omar.
Nenhum deles havia notado a sua presença e o que chamou sua atenção fora a maneira que Hunter parecia ter uma conversa agradável com sua mãe. Alexandra sorriu de algo que seu filho lhe disse, tomou um gole do seu chá disse algo de volta para Hunter, que o fez arquear as sobrancelhas e sorrir levemente beijando a testa dela. Uma parte de si sentiu-se mal, ela não gostava de ser um problema na relação entre mãe e filho, uma grande parte de si queria entender o motivo pelo qual mulher não gostava dela, mesmo quando ela parecia amar tanto seus filhos e lutar pela felicidade se cada um.
—Oksana!
Ela pulou quando a voz de Andrew tirou-a dos pensamentos que a afastaram da realidade por alguns segundos. Ela caminhou até a mesa sentado-se ao lado do seu marido após depositar um beijo casto em seus lábios. A loira podia sentir o olhar de Alexandra em cada movimento.
Oksana odiava pensar que a mãe do homem que amava não a achava boa o suficiente para ele. —Bom dia —murmurou.
—Chá ou café hoje? —Amélia perguntou segurando o bule de chá que era o preferido de Oksana.
—Pode ser limonada?
Oksana viu o olhar de desaprovação de Alexandra pelo canto do olho, mas decidiu ignorar. Seu estômago, suas manias e suas escolhas.
—Claro.
Amélia saiu do cómodo em busca daquilo que lhe fora pedido.
—Eu sinto muito por deixar a cama cedo.
Os olhos de Hunter transbordavam calor.
—Tudo bem, eu ando mais cansada do que devia, eu acho que os últimos acontecimentos exigiram demais de mim.
—Eu fico feliz que você esteja cuidando do sorriso do meu filho —a voz de Katrina não era rude como das outras vezes, o que fez com que Oksana engolisse e fitasse a matriarca Mikhailkov.
—Eu o amo, eu acho que isso diz muito.
—Talvez —murmurou a morena de olhos profundamente verdes, as esmeraldas claras eram a versão original do olho direito do seu marido.
—Mat'! — alertou Hunter.
—Podemos pelo menos ter uma refeição em família que seja calma e pacífica por favor mamãe? Eu prometo que eu toco para a senhora depois, e talvez eu a leve para aquele restaurante que tem a melhor sobremesa.
Oksana sorriu em agradecimento a sua cunhada por tirar a atenção da sogra da loira para a morena.
—Bem, eu gosto de como você é astuta menina, mas se esqueça de quem herdou isso. Você pode levar a mulher do seu irmão também e talvez um dia de meninas seja bem-vindo.
Hurgh. A loira engasgou com o pedaço de bolo de limão que estava em pleno processo de mastigação. —Er-eu? —Seus grande a olhos azuis esbugalhados procuraram os do homem ao seu lado que sorriu e acenou positivamente.
Era tudo sobre tentar e fazer dar certo. Aquela mulher não era sua maior fã, mas também não era sua inimiga declarada, assim ela pensava, uma vez que ela não havia comparecido ao casamento do seu filho, o que fez Oksana pensar que talvez o facto de Hunter ter afastado sua protegida mudou algo na mulher mais velha. Talvez ela estivesse em processo de aceitação.
—Ok.
Cassie aplaudiu antes de pedir seu telemóvel que lhe foi entregue por uma das suas assistentes, clicou algumas vezes na tela e devolveu o telemóvel para a mulher à sua trás.
Preparada? Oksana não sentia-se assim, porém às vezes tratava-se de arriscar e dar a mão a palmatória, não poderia ser terrível, talvez fosse até incrível, mesmo que o olhar da matriarca não fosse tão quente com ela, como era quando falava com um dos seus filhos e os restantes homens na mesa.
Bem, que graça teria a felicidade sem um pouco de sangue, suor e lágrimas.
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Glossário
• Mat' — mãe em russo.
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Com amor, O. E. Darare
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