Capítulo XXIV
N/A:. Shakespeare disse, que o facto de alguém não amá-lo como você quer ou espera, não significa que essa pessoa não o ama com tudo que o tem, então apenas valorize.
Certezas Vs Dúvidas
🔫
—BEM... Poderia ter sido mais entediante.
—Isso soou como um obrigado —retrucou o Pakhan.
O ex Barão da Cosa Nostra, máfia siciliana gargalhou do outro lado da linha, momentos como aqueles tornavam-se cada vez mais frequentes, Hunter lembrou de uma época que era mais fácil arrancar uma perna à fazer Light sorrir.
Malditos demónios.
—Dá. Não acredito que você barganhou com ele —os sussurros de Light do outro lado da linha fez com que Hunter sorrisse.
—Brincando as escondidas novamente? —indagou ele.
Até algum tempo atrás ele nunca havia se quer cogitado em ter filhos, ou até mesmo ter uma família. Oksana estava longe demais para ser alcançada, até que sua mente decidiu que ele estava claramente enganando a si mesmo. Não havia longe o suficiente que o deixaria longe dela e à aliança em seu dedo anelar provava isso claramente.
—Sí. Eles sentiram falta e cazzo, eu achava que não conseguiria mais respirar se ficasse fora por um tempo mais longo.
Hunter engoliu com a resposta de Light. A dor na voz do outro não passou desapercebido.
Eu não preciso de uma esposa rabugenta ou de piralhos barulhentos. Ele lembrou-se da definição casamento que o seu irmão havia descrito uma vez. Uma esposa rabugenta e filhos barulhentos o suficiente para fazê-lo querer arrancar os tímpanos.
—Eu aprecio sua ajuda, de verdade irmão. Eu sei que isso lhe custou muito, acredite que eu sei, isso custou o orgulho de Vincenzo também e eu aprecio isso —Hunter sabia que Kalahari Bonnatero era realmente uma mulher maravilhosa, ele a queria agradecer por ser paciente o suficiente para ajudar seu irmão nessa grande mudança. Light estava mais feliz, mais sereno. —Eu preciso ir agora, acho que não fui bom em apagar meus rastros.
—Se cuida caderno de desenho. Somos família, independentemente do que todo o mundo acha que sabe. Eu te amo.
—Você também irmão. Também amo você.
E a linha tornou-se muda.
Hunter olhou seu reflexo e arqueou uma das suas sombracelhas bem desenhadas, Oksana havia aparado sua barba e diminuído a extensão do seu cabelo. Algo que ela insistia em fazer. Os círculos em seus olhos haviam desaparecido, nada que uma boa e serena noite de sono não ajudasse e também era tudo graças a sua esposa, que o havia embalado a noite toda, ele já desconfiava que Oksana notara que suas noites de sono estavam cada vez mais túrbidas, e que seus sonhos eram o motivo, no entanto por algum motivo ele sentia-se como novo hoje.
Ele sentia-se amado.
A figura de Oksana refletida no grande espelho apenas de toalha, chamou sua atenção, ele virou-se para pescar mais das partes não cobertas do corpo da sua esposa e respirou fundo quando descobriu-se caminhando até ela em passos rápidos. Hunter não se preocupou muito em esconder o desejo estampado em seus olhos, passou a língua por seus lábios preguiçosamente antes de colar nos dela pedindo entrada para sua língua.
Oksana gemeu rouca quando a língua do seu marido invadiu e dominou a sua, como se ele fosse o único a quem pertencia. E realmente o fazia. Na ponta dos pés, ela passou a mão pelo pescoço de Hunter puxando-o para mais perto, afundou seus dedos no cabelo húmido e sedoso dele. Seu corpo vibrou quando Hunter grunhiu e mordiscou seu lábio inferior e passou a língua num gesto erótico que a fez sentir sufocada de luxúria. Ele agarrou um dos montes de sua bunda sob a toalha preta antes de descer para sentir a pele quente e recém lavada.
—Você alguma vez pensou em ter filhos? —indagou ele, pegando-a de surpresa, depois de quebrar o beijo e a mágica em torno deles.
Se bem que seus pulmões precisavam de ar.
—Filhos? —perguntou ela. —Bem... Eu nunca havia pensado neles, você sabe eu sempre fui filha única e... — ela engasgou. —Não sei se seria uma boa mãe, eu sempre tive a Tia Katrina e ela não foi o melhor exemplo de mãe para uma menina de 7 anos, mas eu adoro crianças. Tinha essa mulher no Devil's, ela tinha um pequeno ninja de 4 anos e ele era como uma metradalhora quando falava. Não parava quieto.
Hunter sentiu o seu peito de encher de alegria, Oksana parecia envolvida em nostalgia feliz, bem diferente dos momentos que ele estava ciente que sua esposa havia passado enquanto estava sob o mesmo teto que sua tia.
Ele franziu o cenho quando alguns pensamentos invadiram sua mente e piscou rapidamente afastando-os.
—Hum... —gemeu o Pakhan. —Eu acredito que nos sairemos bem o suficiente como pais.—disse Hunter, ele beijou de leve os lábios macios e levemente pegajosos de Oksana. Cheirava a Cereja. —E bem, talvez nós devessemos começar a praticar agora.
Oksana bufou um sorriso rápido antes de engolir, vestiu-se rapidamente e segurou a mão de Hunter porta afora. Era incrível o quão em paz ela sentia-se sempre que estava ao lado do seu marido, o quão agridoce era poder chamá-lo de seu. Claro que ela também sabia que havia tudo acontecido de tal maneira que parecia um maldito conto de fadas, o que Katrina havia dito várias vezes que não acontecia.
Não com mulheres como ela. Cujo futuro estava nas mãos de outras pessoas.
Mulheres que nasciam em famílias pobres deviam colocar em suas cabeças que os homens apenas interessavam-se o tempo suficiente para desaparecer após tomar o que lhes interessava. Olhando para seu marido, bonito, de uma família poderosa e muitas vezes era como se ele comandasse o mundo, ele não se importava com o quão pobre ela era, e principalmente ele a quis e tomou-a para si, não para uma noite fria de prazer, mas para toda vida.
Ela lembrava-se da sua mãe contar-lhe sobre isso. O quão mágico o amor podia ser e principalmente, que não importava o quão longe o coração podia estar, o amor sempre a alcançaria, porque quando valia à pena, nenhuma distância podia quebrar a mágica que a linha do destino desenhara.
Katrina diria que ela era estúpida, fraca e iludida, assim como sua mãe.
A mente de Oksana voltou para o presente quando Hunter segurou sua mão um pouco mais firme, ele cuspiu algumas ordens sobre a escolta para os homens que os acompanhariam. O que a fez pensar se a decisão que havia tomado era a mais conveniente naquele momento.
Não era sobre vingança.
Eu quero realmente acreditar que é apenas porque é a coisa certa a fazer. Mas também é sobre vingança, poder e talvez a guerra do ego.
Um animal ferido ou encurralado tinha a tendência de atacar para se defender ou a suas crias. Mas ela não era nem um e nem outro. Oksana estava certa de que havia deixado as dores e o ressentimento no momento em que decidiu tornar-se na Senhora Mikhailkova e ela estava bem com isso.
Ou assim ela achava.
O carro esportivo na cor escura que Hunter dirigia não era como nada que ela já tinha visto, mesmo estando à quase um ano com Hunter, Oksana acreditava que jamais se iria acostumar a tanto luxo e principalmente, olhando pelo espelho retrovisor, os soldados do seu marido assim como os dela própria. Havia mais de duas SUVs correndo atrás deles, a proteção havia sido redobrada como se algo ruim pudesse surgir a qualquer momento.
Oksana respirou profundamente quando a mão de Hunter alcançou sua coxa acariciando-a levemente.
—Você parece longe Dogoroya. —o olhar do seu marido correu entre a estrada e a procura dos seus olhos.
Ela sorriu antes de cobrir a mão de Hunter com a sua e passou o polegar num gesto tranquilizador. —Está tudo bem, apenas um pouco nervosa.
Hunter assentiu, no entanto sua mão não se moveu até entrar numa das partes mais agitadas de Moscovo, seu destino era uma das ruas obscuras no subúrbio, uma área pouco frequentada pelas pessoas que não procurassem por produtos ilegais e desejos da carne.
No final da rua revelou-se a fachada que não havia mudado nos últimos meses, o falso silêncio que a rua apresentava também não. As paredes eram tão bem projectadas que não havia como ouvir qualquer som vindo de dentro do lugar para onde eles se dirigiam.
Devil's.
Oksana respirou fundo quando o motorista estacionou no meio fio, a porta do lado de Hunter abriu e ele desceu. As chaves ainda na ignição. Segundos depois à porta do seu lado abriu revelando seu marido que estendeu a mão para que ela o pegasse.
—Tudo limpo —a voz de Omar soou pelo aparelho intercomunicador. —Eu tenho suas costas.
Hunter bufou. Em momento nenhum ele duvidara do seu actual comandante e dos seus soldados. E por mais que ele soubesse que não havia risco algum, todo cuidado era pouco.
Ele não arriscaria sua esposa e seus homens. Todos tinham uma pessoa pra quem voltar.
—Você tem certeza disso? —indagou Hunter com os olhos colados nos de Oksana que aparentemente estava nervosa.
—Eu tenho, eu preciso ter certo?
Ele segurou o queixo dela, seu polegar subindo até a bochecha da loira e acariciando-a. —Você sabe que não é necessário, você não precisa fazer isso, mas ao mesmo tempo que eu não a quero aqui, eu também respeito cada decisão que você tomar e farei isso do seu lado. Afinal eu pertenço a você agora Oksana e o amor também é apoio.
Ela sorriu. —Dá.
Foi a vez dele sorrir. —Dá! —murmurou ele. —Regra número um, — alertou-a. — Nunca mostre o quão nervosa você está. Respire o máximo que puder, você precisa acalmar sua mente ou você entrará em pânico e garanto que isso não é algo que queiras que aconteça quando entrarmos lá dentro.
—Respirar, certo.
—Você é a dona do meu mundo então personifique isso Dogoroya.
—Eu amo você —disse Oksana, sua cabeça inclinou ainda mais para o toque do seu marido.
—E você mantem a minha mente sã.
E aquilo dizia tudo. Ela sabia e Hunter também sabia. Oksana era seu ponto de equilíbrio e ele amava aquilo ao mesmo tempo que sentia-se assustado por depender tanto dela.
Dois soldados que estavam na frente deles puxaram às duas portas de madeira polida e vernizada, afastaram-se logo abrindo caminho para que o casal entrasse clube adentro. Haviam mais dois homens a sua trás e alguns que haviam ficado na porta do lugar.
As lembranças bateram Oksana como um soco. Às vezes que ela fora humilhada naquele lugar, as incontáveis noites que ela expusera seu corpo para homens que com certeza gastavam mais do que possuíam e outros que eram adúlteros. Às várias vezes que ela havia sido maltratada por àquela cuja responsabilidade era amá-la e protegê-la.
As coisas haviam dado uma volta de trezentos e sessenta graus na certa. Havia saído do clube como uma mercadoria e naquele momento ela entrara nele como uma mulher poderosa e casada com o homem mais poderoso do submundo na Rússia.
Com certeza era um pulo bem alto. Quanto mais alto o voo, mais dolorosa seria à queda, a voz maliciosa tamborilou irritantemente em sua mente.
Preparada para a queda com certeza ela não estava, mas Oksana estava certa de que haviam pessoas que segurar-lhe-iam independentemente do quão alto ela caísse.
—Senhor!
A atenção de Oksana voltou-se para o homem sentado na recepção do lugar. As cores em néon davam um ar mais descontraído a recepção, que antes era mais polida e simples.
—Sejam bem-vindos ao Devil's — disse o homem tocando num dos botões do telefone fixo na mesa. —Não contávamos com a sua presença hoje à noite.
Os olhos do homem seguiram a mão de Hunter que estava instalada nas costas de Oksana e um breve arregalar dos olhos foi seguido por um sorriso nervoso.
Duas mulheres bem vestidas entraram na recepção portando grandes sorrisos e bandejas com o whisky que Oksana sabia que era o que Hunter bebia com frequência e champagne para ela.
—Para isso existe a palavra surpresa não é? —brincou Hunter, seus lábios esticando-se num sorriso fácil.
Ele era fodidamente sexy. No termo cinza feito sob medida, a camisa branca com os primeiros três botões abertos e sem gravata. Era mesmo por isso que o nomearam o demônio rei. Os olhos de Hunter completavam sua beleza rústica, porém delicada.
—Oh, claro senhor. A senhora Katrina está reunida com alguns sócios, mas a sala Vip está pronta para o senhor.
—Obrigado... — Hunter olhou-o.
O homem moreno de olhos intensamente azuis sorriu meio perdido no olhar do outro homem. A maquiagem e o gloss caiam perfeitamente nele.
—Siren. —Murmurou Oksana. —Seu nome é Siren.
O moreno engoliu antes de balançar a cabeça positivamente. Oksana o conhecia pouco, Andrew falara que Siren havia sido vendido aos cinco anos pelo pai, o homem descobriu que seu único filho gostava de vestir roupas femininas. Aparentemente alguns dólares valiam mais que seu único filho. Único filho que para seu azar era gay.
—Obrigado Siren. —agradeceu Hunter. Ele pegou a mão de Oksana e juntos seguiram pelo largo corredor.
Depois do primeiro desvio haviam escadas que levavam para o andar superior onde ficava a sala Vip e que para a surpresa de Oksana, estava vazia.
—Você os havia informado? —indagou ela.
Hunter negou com a cabeça, levou-a para seu colo quando sentou no sofá vermelho que estava posicionado de maneira que o Pakhan pudesse ver todo o movimento do andar inferior.
—Não —murnurou ele, olhando para à porta, Omar passou pelo batente seguido por mais dois soldados. —Eles o mantêm para mim, ou o esvazia quando algum informante de Katrina vê os carros se aproximarem.
Claro que era isso.
Ela nunca havia se questionado sobre as salas privadas, e muito menos daquela em específico, cuja chave ficava apenas com Katrina ou na época, Andrew. Seu pensamento foi interrompido quando a
mulher loira vestindo um terno negro, com camisa rosa e logos saltos a combinar com camisa entrou no cómodo sorrindo, mas seu sorriso morreu quando seus olhos caíram em Oksana.
Oksana viu a mistura de pânico e mais alguma coisa que ela não conseguia desvendar rapidamente o que era, mesmo após vários anos ela não conseguia descobrir o porquê daquele olhar por fezes quente demais.
—Oh! —disse a mulhet surpresa. —Oksana, a que devo a visita repentina.
—Olá tia Katrina! — ela sentiu-se grata por sua voz não ter vacilado, por seus olhos não terem deixado os da mulher do outro lado do cómodo e principalmente pelo choro que ela segurava ter se transformado em força. —Não esteja tão surpresa, você sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Eu estou aqui para tomar o que você construiu com o dinheiro que arrancou do meu fundo fiduciário. —Oksana levantou-se, caminhou até sua tia, olho no olho. —Eu estou tomando o Devil's de você, tia Katrina.
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Glossário
• Dá — palavra russa que traduzida significa sim;
• Sí — palavra italiana que significa sim em tradução literal;
• Cazzo— Palavra italiana cuja tradução literal significa merda.
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Com amor, O. E. Darare
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