※ Capítulo 40 ※
Capítulo 40
As nossas acções são como uma semente em um campo. Dependendo da fertilidade do campo, das condições climáticas e da época do ano, existem grandes probabilidades de a mesma acabar por secar e não ter a oportunidade de dar lugar àquilo que deveria ser. Entretanto, nem sempre a semente encontra uma situação adversa àquela que é propícia para o seu desenvolvimento e, com os cuidados apropriados e um pouco de paciência, a mesma pode tornar-se em uma grande e robusta planta, que trar-nos-á muitos benefícios como pagamento pelo tempo e esforço nela, investidos.
Seria ideal que essa semente desse somente plantas boas para a nossa vida, pois quanto maiores forem os sentimentos positivos cultivados em nós, mais sentimentos positivos teremos em retorno; afinal, é assim que o universo funciona: tudo aquilo que ao mundo entregas, recebes de volta... Infelizmente, o nosso mundo não é o ideal.
O preconceito é como uma semente que, por alguma aberração da natureza, ao invés de transformar-se em uma planta benéfica, torna-se em uma erva daninha, que quanto mais o tempo passa sem que lutemos contra ela, mais forte a mesma irá ficar e mais longe irá, ultrapassando os limites por nós estabelecidos e indo além daquilo que se possa medir. Essa erva daninha pode de princípio, ter uma aparência inocente, frágil e fácil de se lidar, pode ainda aparentar ser fraca e descartável, necessária somente para situações específicas, mas tal concepção é apenas uma fachada de algo que não tem outra natureza a não ser vil e corrosiva. O preconceito é como um barril de ácido deixado à plena vista de todos, sob o disfarce de um barril de água que, assim que for aberto, contaminará e destruirá tudo ao seu redor.
Preconceito é um lobo em pele de cordeiro, é “somente uma brincadeira inocente, não há necessidade de ficar ofendido”, é o primeiro degrau para um sótão escuro, frio e húmido, onde somente os mais impulsionados pela aparência enganosa da erva daninha se atrevem a ir.
Preconceito é o primeiro passo em direcção da decadência humana.
Ξ
Alguns semanas mais tarde…
Dizem que os momentos de felicidade são fugazes, razão pela qual devemos aprender a vivê-los e aproveitá-los da melhor forma possível, porque infelizmente a vida pode ser demasiado cruel, para permear tais momentos de felicidade por tanto tempo. Contudo há ainda uma outra teoria que defende que pelo facto dos momentos felizes serem fugazes, devemos vivê-los a saber que momentos maus virão e que quando estes últimos vierem, devemos fazer deles uma lição de vida… Um lembrete que recorde-nos sempre que por mais felizes ou tristes que possamos ser ou estar… Tais momentos não irão durar para sempre.
E bem…
Fora exactamente isso que se passara, algumas semanas após o regresso de Haeri a Seul. Tudo parecia estar perfeito, seu trabalho estava bem, sua vida pessoal, família e amigos, estava bem. Seu namoro com Yoongi andava lindamente, mesmo que ele estivesse no Japão, depois de ter feito algumas paragens nos Estados Unidos e em Seul, sua relação parecia não ser abalada por nada, por mais que os rumores a respeito deles continuassem, nada parecia forte o suficiente para abalá-los. Mas é como dizem uma desgraça nunca vem só e quando vem a primeira, esta é o presságio de que muitas mais virão.
Novamente, um artigo a respeito do seu relacionamento com Yoongi saíra, entretanto, este não era um artigo como vários outros que haviam saído nos últimos tempos, esse colocava em causa o facto de o rapaz estar a namorar uma mestiça, filha de um sul coreano e uma africana. O artigo havia sido escrito de maneira tão depreciativa, que Haeri questionara-se sobre que mal havia nela ser negra e namorar o mais velho.
E então sua mente trouxera a tona aquela que era a ideia da sociedade quando a temática concernente ao preconceito, era colocada de frente a si. Sua justificativa era sempre a mesma: “É somente uma brincadeira inocente, não há necessidade de ficar ofendido.”
O que eles não sabiam era quão destrutiva, essa “brincadeira inocente” podia ser e quão nociva a auto-estima, ao psicológico e/ou emocional de uma de pessoa essa brincadeira podia ser.
A sociedade está em volta a um manto que julga que acções dessas são normais, ela fala tudo o que a convém sem preocupar-se com o impacto que a outrem pode trazer e quando é questionada a respeito, novamente torna a dizer: “É somente uma brincadeira inocente, não há necessidade de ficar ofendido.”
Mas esse é que é o ponto: NÃO É UMA BRINCADEIRA INOCENTE!
NÃO É ALGO QUE SE DEVA LEVAR NA ESPORTIVA!
E NEM É ALGO QUE SE DEVA CONSIDERAR NORMAL!
É algo que magoa, que fere e que destrói.
O Preconceito é um lobo em pele de cordeiro; É como um barril de ácido deixado à plena vista de todos, sob o disfarce de um barril de água que, assim que for aberto, contaminará e destruirá tudo ao seu redor.
Ele é a erva daninha pela sociedade alimentada e que a mesma finge não ver.
Em um acto de raiva e frustração, Haeri mordeu seu lábio inferior, na fraca tentativa de conter as lágrimas de frustração que seus olhos marejavam. A jovem de fios platinados puxou oxigénio para seus pulmões, com tanta força quanto lhe era possível e sem pensar duas vezes, com apenas seu telemóvel em mãos saiu do vestiário do aeroporto designado para as aeromoças da companhia, como um furacão.
A passos rápidos e firmes, Haeri caminhava pelo hall onde o check-in era realizado, com o intuito de deixar o aeroporto. Sua mente estava uma confusão, seus pensamentos e sentimentos estavam todos em meio a uma tormenta causada pelo facto de a sociedade insistir em rotular e definir o certo e o errado ao seu bel-prazer, mesmo que isso constituísse o perecimento de outrem, a mesma em momento algum parecia preocupar-se com tais consequências.
- Haeri, não! – Dissera uma voz pela mais nova bem conhecida, colocando a mão em seu ombro e puxando-a para dentro antes que ela pudesse deixar o espaço. De uma forma um tanto brusca, Haeri sacudiu o ombro de maneira a que tal pessoa a soltasse e virou-se para ela. – Haeri, não!
- Larga-me. – Ordenou a mais nova entredentes.
- Haeri, por favor! Ouve-me. – Pediu. – Lá fora estão inúmeros repórteres, paparazzi, e fãs a tua espera. Por favor não saias agora.
- E o que é que tu sugeres que eu faça? – Questionou Haeri elevando o tom de voz e chamando a atenção de quem por ali passava. – Que eu fique aqui escondida até que todos eles se vão embora? Como se a errada aqui fosse eu?
- Haeri…
- O quê? – Questionou Haeri.
- Por favor… Só não saias.
- Eu vou arranjar um modo de tirar esta história a limpo e cessar com esses comentários depreciativos e cruéis. – Afirmou a de fios platinados, porém no momento em que saíra, uma chuva de flashes e perguntas, vindas de tudo quanto era canto surgiram.
- Senhorita Ahn…
- Senhorita Ahn, então é mesmo verdade que a senhorita está a namorar com o ídolo Min Yoongi do grupo Bangtan Sonyeondan? – Indagou um dos repórteres.
A primeira reacção de Haeri ao ouvir tal questionamento, fora arregalar os olhos, mas logo em seguida, um suspiro deixou seus lábios. Desde que o primeiro rumor a respeito do seu relacionamento com Yoongi, ela estivera ciente de que em algum momento seria abordada por paparazzi, repórteres, e até mesmo jornalistas. Ah! E não podemos esquecer dos fãs. No entanto, ela nunca pensara que seria daquele modo, ou com aquele tanto de pessoas a abordá-la por algo que dizia respeito somente a ela e ao seu namorado, porém as coisas não eram assim tão lineares; principalmente pelo facto de seu namorado ser um cantor de um grupo em ascensão, e que estava cada vez mais a ganhar reconhecimento pelo mundo a fora.
- A senhorita não acha que a diferença racial pode constituir um percalço para o vosso relacionamento?
Sim, aquela era outra das tantas perguntas pelas quais ela estava a espera. Contudo, isso não a impedia de ficar abalada, ou de sentir sua respiração falhar.
- Senhorita Ahn… Na última entrevista do Min Yoongi-Ssi, o mesmo afirmara que as fotos que naquela altura foram reveladas eram, segundo aquelas que foram suas palavras: “Claramente uma montagem”, porém novas fotos saíram depois da entrevista, a senhorita continuará a afirmar que é tudo apenas uma montagem? Ou há algo mais entre a Haeri-Yang e o Yoongi-Ssi?
A cada pergunta feita pelos repórteres, o corpo de Haeri tremia como se fosse em algum momento implodir e/ou desabar do tanto que as mesmas pareciam fazer com que a mais diversificada gama de sentimentos por seu interior percorressem e ela tentasse, principalmente, conter a raiva que a afligia. No entanto nenhuma dessas a quebrara interiormente, como a pergunta que seria feita a seguir o fizera.
- A senhorita acha que merece namorar alguém do nível do Yoongi-Ssi, sendo uma mestiça? – Indagou uma repórter olhando nos olhos de Haeri, e tal pergunta a abalara tanto, que a mais nova dera alguns passos para trás, tendo sido amparada por Jiyoon.
- É isso mesmo! – Gritaram algumas raparigas que ali estavam. – Deixa o Yoongi Oppa!
- Ye… Ele merece alguém melhor que uma mestiça.
Nesse momento, algo quebrara-se dentro da rapariga de fios platinados e olhos da cor de jabuticaba. Ela mordera o lábio inferior, e lentamente, soltou o ar que prendia. Sua mão fechara-se em punho, enquanto tentava conter a onda de sentimentos turbulentos que pelo seu corpo passavam.
- E que para piorar se acha uma coreana pura.
- Vocês não têm nada mais para fazer a não ser coscuvilhar a vida alheia? – Indagou a loira e puxou Haeri consigo para dentro.
Sua respiração estava pesada e seus batimentos cardíacos acelerados, os gritos dos repórteres e paparazzi que insistiam em fazer perguntas, mesmo que ela já não estivesse diante deles, ecoavam em sua mente, juntamente com as perguntas que foram anteriormente feitas. Seu peito subia e descia de forma lenta, enquanto ela tentava manter sua respiração e seus batimentos cardíacos controlados, Haeri sentia como se todo o controle que tinha e que lutara tanto para ter sobre a sua vida lhe escorria por entre seus dedos.
- Unnie. – Chamou-a Haeri quase num sussurro. – Jiyoon Unnie. Que mal eu fiz, hãm? – Indagou. Tornava-se cada vez mais conter as lágrimas. – Que mal eu e o Yoongi fizemos ao decidir relacionar-nos ou em gostar um do outro? Que mal existe em eu ser negra? Que mal? Diz-me, por que tenho de ser eu a sofrer e a esconder-me como um animal assustado? Diz-me Jiyoon Unnie! Eu preciso entender o que há de errado no meu relacionamento.
- Haeri… – Sussurrou Jiyoon com a voz baixa e olhar carregado de compaixão para com a mais nova. Ela percebia a tormenta pela qual sua amiga passava naquele momento, ou pelo menos julgava perceber, mas sentia-se impotente, pois não havia nada que ela pudesse fazer para melhorar as coisas, ou então, para ao menos minimizar o impacto que as ditas dos repórteres e das raparigas que ali estavam tiveram sobre si.
- Que mal eu fiz? Que mal nós fizemos? – Perguntou e uma lágrima solitária deixou sua face, mas que Haeri a limpara rapidamente. – Eu… Eu só quero entender a razão de tudo isto. Eu quero entender a razão pela qual parece ser tão errado que namoremos.
- Talvez devêssemos ligar para o Yoon… – Dizia Jiyoon enquanto pegava no telemóvel.
- Não ouses! – Interrompeu-a Haeri com a voz firme, o olhar sério, e a mão em seu pulso. – Não ouses dizer para o Yoongi o que se está aqui a passar.
- Mas Haeri, ele…
- Não! Já disse! – Asseverou. – O Yoongi não precisa saber disso.
- Sequer sou capaz de contar com todos os dedos das mãos, porque não é possível fazê-lo… O número de vezes que lidaste com algo, sozinha, para poder tirar o peso das costas do Yoongi.
- Ele não precisa de mais peso em suas costas.
- E tu? Quem vai tirar o peso em tuas costas? – Indagou Jiyoon sem conter sua irritação. – Desde que começaste a namorar com o Yoongi, tudo o que tens feito é carregar sozinha, o peso do mundo em tuas costas.
- Não é como se fosse algo acima da minha capacidade.
- Mas o é. – Afirmou Jiyoon. – É algo acima da tua capacidade, que te tem destruído emocionalmente, mesmo que tu te recuses a aceitá-lo e com o qual não te podes continuar a martirizar como se fosse totalmente culpa tua.
- Jiyoon! Pára! – Ordenou Haeri, porém a mais velha continuara.
- O Yoongi é teu namorado a o quê? – Indagou a mais velha. – Dois? Três meses?
- Três, quase quatro.
- Óptimo! Vocês estão juntos a praticamente quarto meses e ainda assim tu insistes em manter as coisas só para ti como se não confiasses na capacidade do Yoongi para lidar com todos esses rumores e abusos pelos quais tens insistido em passar por eles sozinha. – Acusou-a Jiyoon. – Tu achas mesmo que o Yoongi não irá tomar conhecimento do que se está aqui a passar?
- Jiyoon…
- O Yoongi não está incomunicável ou sem acesso as fontes de comunicação, ele está somente a leste da Coreia, e caso não saibas a internet no Japão é tão rápida quanto a que temos aqui. Então achas mesmo que ele não será capaz de ver o que se está a passar? – Questionou Jiyoon. – Aliás, ele pode até não ver, mas o fandom e a Big Hit irão encarregar-se de que ele o faça. Então o que é que pretendes fazer? Até quando achas que serás capaz de esconder essa notícia?
- Até quando me for possível fazê-lo. Nenhum de nós tem culpa de a sociedade ser o que é e não saber lidar com as diferentes raças que nela existem e que as mesmas se podem relacionar sem que haja nenhum impedimento entre elas.
- Tu insistes tanto em proteger o Yoongi, que esqueces que tu também precisas dessa mesma protecção.
- De momento, tudo o que eu preciso, é de um abraço do meu namorado. – Disse Haeri e passou a mão pelos fios que do seu coque haviam escapado. – Vou terminar de preparar-me para o meu voo. – Acrescentou e ela ia começar a caminhar quando sentiu a mão de Jiyoon em seu pulso.
- Se tu não o contares o que se está a passar, eu o farei. – Declarou Jiyoon com a expressão séria.
- O quê?
- Se tu não o contares o que se está a passar, eu o farei. – Repetiu. – Portanto reza Haeri, reza para que em hipótese alguma o Yoongi me ligue a perguntar como estás, porque se ele o fizer, não irei mentir e fingir que está tudo bem quando não o está.
- Jiyoon!
- Tu reza, Haeri.
- Tu não tens esse direito!
- Não, eu não tenho. – Concordou Jiyoon. – No entanto, também não sou obrigada a ver-te sofrer por algo que podias muito bem evitar, ou no mínimo ter o apoio de mais alguém para ajudar-te a carregar o fardo pesado que tens nas costas.
- Jiyoon…
- Essa é a última vez que o digo e que vejo-te sofrer por algo, sozinha. – Disse Jiyoon. – Ou falas com o Yoongi, ou então com o teu pai. Mas não te faças de Super Mulher e carregues o peso do mundo, sozinha. – Acrescentou. – Ou falas com um deles… Ou eu faço-o por ti.
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ANNYEONG JAGIYAS DO MEU KOKORO!
Tiveram saudades minhas?
Desta vez não demorei assim tanto, verdade, não é?
Bem, voltei com imensa treta, não é mesmo? Mas em minha defesa eu avisei no capítulo passado, então não me censurem.
Mas e então?
O que é que acharam do capítulo?
E a Jiyoon? Ela finalmente disse para a Haeri tudo aquilo que todas nós queríamos dizer, não? Até porque já não era sem tempo que alguém lhe lavasse a cabeça e a fizesse perceber que de nada adianta esconder as coisas, pois de uma ou de outra forma o Yoongi sempre irá descobrir, não é mesmo?
A música que aparece na mídia é Without You da Lee Michelle, e é uma música que pessoalmente, penso que encaixa perfeitamente neste capítulo e no que irá acontecer no decorrer da história do Yoongi e da Haeri.
A história por trás desse MV e da letra em si, é extremamente linda e em minha opinião, vocês deviam pesquisar a respeito para melhor entender o que a mesma está a tentar transmitir-nos. Resumindamente, a mensagem que o MV e a letra tentam transmitir gira em torno de uma menina negra, porém coreana que tem dificuldades para aceitar-se em uma sociedade onde ela é diferente de todos ao seu redor. E em sua mente tão frágil, começa a pensar que para ser aceita ela deverá mudar, ou seja, ficar mais branca e então pintar seu rosto. A letra, a melodia da música e a voz da Lee Michelle todas elas combinadas, formam uma combinação tão harmoniosa que toca-nos o coração de tal forma, que coloca-nos a refletir e a fazer um exame de consciência sobre a sociedade em que estamos inseridos e seus preconceitos para com as diferenças, pois naquele momento a criança que no vídeo aparece estava a substituir todo tipo de pessoa que sofre qualquer tipo de opressão, por não estar no padrão de determinada localidade.
Então a sério, vão ouvir a essa obra de arte e dar imensos views a essa cantora fantástica que é a Lee Michelle.
Por hoje é tudo.
Ah!
E FELIZ ANIVERSÁRIO MINHA CUPCAKE!!! +21 CupcakeeyV
És oficialmente e legalmente uma adulta, por outras palestras já podes ser presa. Então juízo. E claro, tudo de bom e do melhor, pois tu mereces.
Até breve.
XoXo 😘💋
क SeokNai क
29.10.2018
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