001
Depois de noites em claro vagando pelas ilhas e mares mais próximos, finalmente voltei para casa com algumas cabeças e ansiosa para receber as minhas recompensas pelas mesmas.
Não que seja muita coisa, pois comecei minhas caçadas a pouco tempo e não arriscaria ir atrás dos piratas mais caros e perigosos já que não tinha total segurança disso.
Eu entrei pelas portas do bar daquela pequena cidade depois de passar na Marinha e pegar a recompensa de minhas buscas, me sento em uma das cadeiras ajeitando o arco e flecha em minhas costas e estendi a mão.
── Quero a bebida mais forte. - Pedi e logo a garçonete foi pegar uma garrafa e arrastou pelo balcão até a minha frente, mesma coisa que eu bebo toda vez que estou no local
Eventualmente ouvi o sino da porta de entrada mas não dei muita atenção, ─ deve ser mais um velho chato, idiota e nojento vindo beber. ─ pensei, logo não tinha interesse em olhar.
── Uma garrafa para mim, e outra para o meu amigo. Ele teve um dia difícil. - Ouvi uma voz grave, e a garçonete faz oque foi pedido, pegou duas garrafas e colocou no balcão. Segui a mão do homem que pegou uma das garrafas e paro em seu rosto, este que tem seus cabelos verdes escuros e três espadas em seu suporte, sentado ao lado de um cadáver dentro de um saco.
Abaixei o meu olhar sem surpresa, eu sabia quem era o homem. Boa parte dos piratas, marinhas e até simples moradores sabiam quem é Roronoa Zoro, um espadachim, mais conhecido como o demônio caçador de piratas.
No entanto, um outro cara que estava sentado na cadeira ao lado dele, saiu olhando com medo.
── Uau, que bonito. - A menina passou para fora do balcão, olhando para o asiático
Ela ficou ao lado encarando-o e balancei minha cabeça soltando um ar pelo nariz, voltando a dar atenção apenas para a minha bebida tão forte que ardia a cada gole que eu dava.
── Garota, não fale com estranhos. - Murmurei, fazendo o asiático olha-la curioso
Mas não fiquei tempo demais o encarando, logo desvio o meu olhar dele.
Pelo tempo em que frequentei o local, não é muito recomendável manter contato visual com os homens que vem a este ambiente, se não eles perdem o controle e se tentarem qualquer coisa, ninguém iria intervir.
── E quem é você? - O cabelo verde me perguntou sem me olhar
── Quem quer saber? - Questionei
── Eu.
── Um dia você vai saber o meu nome, todo mundo vai. - Falei com orgulho, meu ego lá em cima para afirmar isso e tomei mais um gole
── Porque? Você vai se tornar uma pirata, porque se for isso, posso te matar agora. - Ouço sua voz com um tom de diversão
Olhei para o homem com o canto de olho apenas para ver que ele não me olhava, todo o tempo mantendo sua atenção nos cartazes grudados na parede atrás do balcão procurando pela sua próxima vítima a ser caçada.
── Homens são tão idiotas e com o ego altamente desnecessário. - Implico em voz alta no intuito de que ele ouça
── Os outros não são tão bons quanto eu, mas seria o melhor até se fosse uma mulher. - Disse e o olhei incrédula com sua autoestima gigante
Quando levantei meu olhar outra vez, vi a menina parar em frente ao mais velho, oferecendo um prato com bolinhos preparados por ela mesma, pois estavam desleixados para ter sido feito por alguém que sabia, mas o homem não parece nenhum pouco interessado em pegar por gentileza ou muito menos em comer o que lhe foi oferecido.
No instante que a mais nova deu meia volta, ela acidentalmente bateu seu corpo contra o filho do chefe da base da Marinha, derrubando a bandeja de doces no chão.
─ Esse cara acha que é dono do mundo só porque é filho daquele filho da puta, assim pode fazer oque bem entender. ─ pensei
── Sua garota estúpida. Sua animal. - Proferiu, pisando no doce, enquanto a garota o olhava com medo em seus olhos
No mesmo instante todos param o que faziam para espiar a cena. Um silêncio toma conta do bar e a atenção de quase todos ali foi para eles, rindo e comentando sobre
── Olha por onde anda, tá cega ? - O homem continua, finalmente se virando para o balcão
── Filha, pede desculpas pro cliente.
── Me desculpa. - A menina o olhou, e pediu com sua voz trêmula ── Eu sinto muito.
── Eu sinto muito. - Ele zombou, imitando o tom de voz que a garota tinha ── Não vou ser tão legal na próxima!
── Você derrubou a minha comida. - O Samurai de três espadas disse, se abaixando
Me inclino vendo-o pegar na mão e levar até a boca, oque me fez franzir a testa com sua ação. Em seguida o homem colocou o outro pedaço no prato e deixou em cima do balcão.
── Agora você come um, e pede desculpas pra garota. - Disse
── Você sabe quem sou eu? - O loiro inquiriu, com um sorriso convencido
── Um marinheiro imbecil com o cabelo ridículo. - Respondeu voltando a se sentar, no mesmo instante o homem sacou sua espada apontando para ele
── Vem aqui. - A garçonete chamou a garota para trás do balcão novamente
── Vai brigar por território, barbie? Isso é ridículo até pra você. - Comentei, trazendo a atenção do loiro para mim
── E você? É aquela atiradora de arco que pensa ser algo de importância? - Helmeppo riu zombando, mas não me importei com suas palavras, pois ao menos me incomodo em olha-lo nos olhos, e isso parece irrita-lo ── Acha que é uma caçadora porque leva cabeças de piratas falidos? Você não é nada.
── Como se você fizesse algo de útil. - Roronoa soltou um riso, e o loiro olhou-o novamente
── Faço, sou muito bom com as espadas e é por isso que ninguém ousaria me desafiar. Você quer tirar suas dúvidas? - Apontou a espada em direção do espadachim
── Eu não faria isso. - Murmurou sem lhe dar atenção
── Ah, vamos lá seu durão, três espadas? - helmeppo deu risada ── Eu só preciso de uma.
── Mas isso tem um preço.
Na hora que suas palavras saíram do boca, o loiro avançou mas o asiático foi mais rápido e se virou se desviando do golpe.
Ergui o meu rosto levantando o meu olhar para a multidão e enquanto alguns observavam, outros corriam para fora da confusão e poucos apenas ignoram. Eu estava bebendo meu drink enquanto assistia a cena entediada, com um sorriso em meu rosto.
── A melhor parte são as brigas - Comentei comigo mesma
O Samurai de três espadas nem ao menos precisa fazer esforço para lutar contra todos aqueles marinheiros, e ele fazia isso sem em nenhum momento sacar as espadas dele.
Um pequeno sorriso se formou em meus lábios enquanto o admirava lutar, com serenidade, como se aquilo tudo fosse algo muito simples e fácil.
Quando percebeu todos os homens estavam no chão e o cabelo verde prendeu o loiro contra o balcão, o mesmo parecia estar chorando.
── Por favor não me mata. - Suplicou, com sua voz trêmula ── Meu papai pode te dar dinheiro, oque você quiser.
── Quem é seu pai? - Perguntou
── Morgan, ele é responsável pela base da Marinha. - Respondeu, e o cabelo verde parecia pensativo agora
── Hum, vamos até lá. - Soltou o colarinho do loiro que suspirou aliviado ── Ele está me devendo um dinheiro mesmo.
Os dois se viraram para ir embora, enquanto alguns que ainda estavam no bar o olhavam curiosos e outros com medo.
Mas o espadachim parou, ele ficou paralisado por questão de segundos, pensativo e em seguida olhou para trás, pela primeira vez ele olhou diretamente nos meus olhos, então o encarei de volta com curiosidade
Até o instante que ele deu passos para a frente mantendo os olhos fixos nos meus, e automaticamente recuei franzindo o cenho em confusão com sua ação repentina.
── Já te vi em algum lugar. - Roronoa falou tendo a minha reação mais perdida ainda, não posso afirmar que nunca o viu pessoalmente então aquilo seria confuso
── Mas eu nunca o vi. - Afirmei com minha voz firme e eu estava realmente certa disso
Notei que o homem se aproximou mais, o espadachim me encara atentamente, o que me fez apertar as mãos em meu canivete pendurado no sinto da calça sentindo o meu coração bater fortemente contra o peito.
── Ela está noiva de uma marinheiro chamado Dorian Rashaad. - Helmeppo revelou como se aquilo fosse importante no momento
Mas para a minha surpresa, o espadachim parecia conhecer aquele nome também. Bom, não seria nenhuma surpresa se conhecesse pois todos na ilha e em outras também conheciam o filho menos frouxo e cagão do mão de Machado, Morgan.
── Ele é o meu irmão, e bem melhor do que eu com as espadas. - O loiro acrescentou
── Todos são melhores que você em qualquer tipo de arma. - Rebati fazendo seu sorriso desaparecer na mesma hora
── Eu não te perguntei nada. - Roronoa finalmente tirou seu olhar de mim e se virou de costas ── Isso não é da minha conta.
Antes que eu podesse dizer mais alguma coisa, Roronoa saiu do bar sendo seguido por Helmeppo que quase corria para alcança-lo.
── Que cara maluco. - Cochicho comigo mesma o observando ir
Ainda estava confusa encarando a porta que batia repetidamente e lentamente pelo vento e agora mais nenhum sinal dos dois.
Para mim aquele homem também não me era nenhum pouco estranho, mas além de apenas ouvir todos falarem sobre o demônio caçador de piratas, eu nunca o vi pessoalmente e nem ao menos tinha uma noção exata de sua aparência, além de comentários de homens curiosos e mulheres apaixonadas.
E agora ele estava dizendo que me viu em algum lugar antes, mas balançando a cabeça para afastar os pensamentos me convenci de que aquilo poderia ser apenas um engano.
Deixei o pagamento pela bebida em cima do balcão e ajeito meu arco nas costas, levantando do banco e caminhando apressada em direção da saída deixando o local. Fui para minha casa depois de passar dias longe, e ao chegar não pensei em fazer outra coisa a não ser ir para o meu quarto tomar um banho.
Joguei as coisas no tapete preto em frente a cama e segui para o banheiro enquanto tirava minhas peças de roupa e as largava no chão do banheiro, fui para baixo do chuveiro ligando-o e suspiro sentindo a água morna em contato com minha pele e meus músculos cansados.
Tudo que acabou de acontecer no bar me fez repensar mais, mais e mais, sem conseguir afastar as cenas e falas de meus pensamentos.
Quando terminei, não pensei em sair do quarto para ver se meus pais estavam em casa e o silêncio na casa me faz pensar que não, eu só queria me deitar na cama e foi isso que eu fiz quando coloquei uma roupa confortável, acabei pegando no sono mais rápido do que pensei que aconteceria.
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