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Margaridas


Meu amor é como uma flor cortada.
Belo, perfumado, puro, até que apodrece.

Vale a pena apodrecer por amor?

Desde a dose mortal de flechas que recebi, tenho flores crescendo pelo meu corpo. Margaridas. Milhares de pétalas e caules e folhas saindo pelos meus poros, pela minha boca, crescendo dentro de mim como borboletas outrora faziam.

Mas as margaridas machucam muito mais.

Primeiro porque suas raízes estão em minhas veias e órgãos, eu não posso puxá-las sem sentir uma dor insuportável e ter uma hemorragia facilmente.

Segundo, porque elas não conversam comigo, só usam o meu sangue para crescer. Atraem insetos, abelhas, que me picam constantemente quando eu me mexo.

Terceiro, porque, como elas estão crescendo nos meus órgãos vitais, estou cada vez mais doente. Meu último raio-X indicou que quase metade dos meus pulmões estava repleto de margaridas, que crescem cada vez mais e me causam uma tosse horrível e constante. Estou sufocando aos poucos.

Quarto, e, principalmente: as flores cresceram por conta de um amor intenso, mas não correspondido.

Ainda estou com todas as flechas em meu peito e costas, não as retirei, em partes porque, quando tento, as flores ganham movimento e puxam meus membros para longe das flechas, em outras partes, porque sentir a dor crescendo e a morte se aproximando a cada segundo é melhor do que não sentir nada. Por mais que seja horrível, me faz perceber que ainda respiro, meu coração ainda bate e meu corpo ainda está vivo.

Minhas opções são morrer de amor ou passar por cirurgias constantes para retirar as flores mais superficiais, que logo crescem de novo.
Todos os meus órgãos estão recheados de flores e meu coração também está começando a florescer, talvez, quando isso acontecer, morrerei  se as flores dos pulmões não me matarem antes.

Uma vez me disseram que as margaridas sempre tem significados belos e positivos.
Quando eu era criança, quando conheci meu Amor, aprendi a colher margaridas e passava as tardes retirando suas pétalas alegremente.

Bem-me-quer.
Mal-me-quer.
Bem-me-quer.
Mal-me-quer.

Eu fazia isso com todas as margaridas brancas que encontrava, as flores do amor, meu cestinho se enchia de pétalas perfumadas que confirmavam meus sentimentos, enquanto as que diziam o oposto do que eu queria eram jogadas no chão, fazendo uma trilha de avisos que eu ignorava.

Hoje, as flores estão se vingando de mim, arrancando meus pedaços, me espalhando nas suas raízes e crescendo graças à minha vida que roubam.

Me encarei no espelho, vendo os brotinhos espalhados pelo meu rosto, roubando meu sangue para crescerem como as parasitas que são.

Tudo que eu queria era receber o mesmo amor que dava. Um amor que sobrevivia à borboletas, flechas e margaridas.

Mas tudo o que eu recebi foi um coração partido e uma morte certa.

Por que Eros é tão cruel comigo?

Solto um longo suspiro, passando os dedos por uma flor que crescia nas costas da minha mão, com vergonha demais para me encarar novamente.

Talvez, se eu não tivesse me entregado, nada disso teria acontecido.
Se eu calasse as borboletas quando eram pequeninas e poucas, poderia ter me salvado.
Se eu não fosse atrás do meu amor com as flechas...

Talvez se eu só não tivesse amado tanto...

Fechei os olhos, aspirando o cheiro suave das flores, em um segundo, estava de volta aos céus, abraçando as nuvens e voando sem esforço com tudo aquilo que me fazia feliz, quando meu coração era tolo e iludido, minutos antes de tudo ficar muito pior do que simples cócegas no estômago.

Sorri ao lembrar com saudades do quanto eu era feliz sentindo o amor puro, simples e intenso, sem as demais dores que eram fardadas a segui-lo, e nós, fardados a senti-las ao aceitá-lo.

Meu sorriso morreu ao lembrar do meu amor flutuando de amores por outro alguém, morreu ao lembrar de suas borboletas e morreu quando percebi que haviam borboletas brilhantes naquela pessoa também.

Eu queria um amor recíproco, mas meu amor não me queria de volta. O que deveria ser feito? Quem eu deveria ter sido?

Como eu me mudaria para me adequar àquilo?

Uma pontada de tristeza percorreu meu coração que aos poucos se tornava um jardim. Uma voz ressoou na minha mente... Uma voz familiar...

Mesmo se soubesse como, você não gostaria de mudar.

Tentei negar, mas percebi que a voz era minha.

Ela voltou a sussurrar.

Vale a pena apodrecer por amor?

Neguei com a cabeça levemente, sentindo os olhos lacrimejarem. Levei uma mão à haste de uma das flechas cravadas em meu peito, uma margarida cresceu e se enrolou no meu pulso. Prendendo-o.

Eu era alguém que voava somente com o poder de seus sentimentos, capaz de correr de flechas e me entregar a milhares delas, de sobreviver com milhares de plantas sugando minha essência vital e ainda assim ter a capacidade de me levantar da cama.

Eu tenho sido forte por todo esse tempo, tenho dado tudo de mim por alguém que não sentia e nem queria sentir o mesmo. E eu não lhe culpo por isso. Ninguém escolhe amar, mas, talvez, todos podem escolher se esse amor vale a pena.

Eu escolho não receber menos do que o amor que eu dou.

Apertando os olhos, eu puxo a flecha rapidamente, sentindo o caule da margarida se arrebentar em um estalo, pouco sangue jorra do ferimento. Minhas lágrimas escorrem e eu as encaro no espelho.

— Eu quero viver. — sussurrei para meu reflexo, agarrando uma nova flecha.

E, uma a uma, minhas flechas foram me deixando.

— Eu quero me amar. — sussurrei, puxando outra e levando um buquê de flores com ela.

As flores eram parte de mim, mas uma parte que me feria tanto quanto minhas flechas, eu queria me reconhecer de novo. Eu precisava me reconhecer. Apesar de todas as decepções, eu ainda precisava ser eu.

O trabalho foi doloroso, como se fosse uma limpeza profunda em um jardim gigante e abandonado, só que com a minha alma sendo podada juntamente com as ervas daninhas.
Era uma dor pior do que todas as que eu já havia sentido, tanto que, quando agarrei mais uma flecha com as minhas mãos trêmulas, meu corpo expulsou tudo o que havia no meu estômago na intenção de me parar.

Quando a ânsia acabou, eu olhei para a pia. Só havia flores, folhas e sangue. Arquejando, eu olhei no espelho, a boca ainda suja de sangue, os olhos ainda repletos de lágrimas, as olheiras ainda presentes.

Mas o meu rosto voltava a ter cor e, pouco a pouco, minhas flores estavam morrendo, pouco a pouco, eu voltava a pertencer a mim.

Talvez eu tenha passado dias, semanas até, retirando minhas flechas, quando a última se foi, eu pensei que perdi minhas forças, me arrastei no chão até o chuveiro e me lavei debilmente para tirar o sangue e folhas ainda grudadas no meu corpo, finalmente eu sentia — e muita — fome e estava finalmente vendo cores vibrantes de novo. Sonhava com uma boa noite de sono como não fazia há muito tempo.

Quando saí do banho, olhei para o chão que deveria estar repleto de flores, flechas e sangue, mas estava tão limpo como se nada nunca o tivesse tocado.

Suspirei, vendo meus pés literalmente flutuarem centímetros acima do chão, mais leve do que jamais me senti antes.

Passei novamente pelo espelho, mas, dessa vez, não havia nada que eu gostaria de mudar naquele reflexo.

Nada que eu simplesmente não amasse com todas as forças.

Eu sorri.

Fim

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