Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Presente e exércitos vermelhos


                      Pela manhã, quando acordou, uma mocinha magricela, de cabelos presos em dois coques de tranças sobre as orelhas, tinha o dedo atrevido mergulhado dentro de sua tigela de mel. Ela tomou o maior susto quando viu que tinha sido notada, mas parecia não ter muito medo dele, porque chupou o indicador e riu.

                     –Desculpe– Ela disse.

                       Devia ter quase a mesma idade de Felps, qualquer que fosse esta, mas a tal parecia muito mais falante e enérgica, e se apresentou rápido e falou rápido e fazia tudo como se tivesse sempre muita pressa. Entre as suas idas e vindas pelo pequeno aposento, nas quais abriu as cortinas e a janela estreita de madeira, tirou a poeira de sobre a mesa de pentear e dobrou todas as mantas, a moça disse que chamava-se Ivela, que tinha nascido em Ningrads, e morara muitos anos no leste, casara-se e enviuvara cedo por causa das apostas mirabolantes do seu marido irresponsável com o qual ela quase tivera um filho mas que o perdera numa febre, acrescentando que tudo ia bem mesmo assim, porque não queria mesmo ter filhos e ia servi-lo.

                     –Me servir?

                      –Pois é, não é maravilhoso? Eu pertenço á Dom Ictar, mas ele quase nunca está aqui, então me mandou servi-la porque acha que você vai ficar aqui sozinha tempo demais e vai precisar de alguém para conversar. Eu gosto de conversar, mas Ictar acha que eu converso coisas que nem sempre precisam ser conversadas, o que é uma bobagem é claro, afinal, todas as coisas precisam ser conversadas, você não acha? – Disse Ivela indo até uma caixa de madeira que não estava ali antes. Arrastou-a com dificuldade até perto de Felps, abriu-a. – Olha todas as coisas que Dom Caçador lhe trouxe desde Bir. Eu falei que queria ver antes, mas você sabe como ele é, ele não me deixa ver as coisas porque sabe como eu sou – E riu.

                    Felps piscou porque ainda estava tentando entender a parte que ela ia servi-lo, depois achou que ela tinha dito algo sobre "pertencer a Ictar" e teve medo de perguntar mais sobre o assunto.

                   Além disso, diante de si estava o brilho da seda e das joias que Ivela começou a puxar de dentro do baú e havia grampos de ouro e brocados de todas as cores. Pentes de osso e pulseiras de pérolas avermelhadas que jamais tinha visto antes.

                    Devagar, Felps estendeu uma mão para tocar uma renda rósea que cobria os demais tesouros, mas logo a recolheu porque com um gemido longo a porta se abriu e Ictar voltou trazendo com ele seu forte cheiro de suor e folhas. Ao vê-lo Ivela o aplaudiu como se ele fosse um bardo num palco, de fato a criada só faltou gritar seu nome tamanho o entusiasmo que demonstrou, ficando de pé e estalando as mãos como se fosse uma máquina de aplausos.

                      –Gosta dessas coisas? – Perguntou o homem para Felps, e deu um sorriso para a criada, como se tivesse acostumado a aquele tipo de recepção.–Eu as ganhei de um mercador em troca de passagens para o norte. Se não as quiser, pode dá-las para Ivela e me dizer qual outro tipo de coisas prefere. Eu...

                      –Ela gostou, está adorando! Vê? – Falou Ivela absurdamente rápido e Felps desejou que ela pudesse se calar um instante. Mas o tal Caçador transmitia-lhe paz, de certa forma, e os grampos de flores de seda e madrepérola que lhe dera eram belíssimos. E Felps descobriu que queria experimentar alguns deles.

                     O Dom pigarreou.

                  – Se se vestir antes que eu parta, eu poderia te mostrar o jardim anão.

                   –E você já vai voltar para o meio do mato? – Falou Ivela abruptamente. O Caçador lhe sorriu como quem responde à uma criança.

                 –"O meio do mato"...Você não tem jeito...– Alisou as tranças da barba com uma mão imunda de terra – Ainda tem darfs na floresta, sempre tem. Quero enviá-los todos para a reserva antes do inverno ou vão morrer lá.

                –Então eu prometo que ela vai estar pronta – Falou Ivela – Em uma hora estará totalmente alimentada e vestida eu a levarei pelo corredor do chafariz. Eu juro.

               Felps odiou-a por isso, odiou-a mais por estar sendo tratado como "ela", mas depois que Dom Caçador se foi, o rapaz comeu pão e bebeu chá e se vestiu com as sedas douradas que a criada escolheu e usou os grampos de madrepérola que desejara experimentar. 

Eles ficaram realmente encantadores ao longo de sua trança vermelha.


                      Ora, ao ar livre Ictar, parecia mais desgrenhado do que nunca. De costas assemelhava-se a qualquer lenhador de Vila do Morto. Com as roupas puídas e as botas desparelhadas. Mas seus ouvidos pareciam muito mais capazes do que os ouvidos dos homens comuns, porque Felps ainda estava longe quando Ictar ouviu os seus passos e lhe lançou um olhar sobre o ombro. Então se virou inteiramente para Felps olhando-o com atenção.

              Na claridade da manhã que despontava, dava para ver que as peles que vestia estavam frouxas e  desafiveladas, de modo que uma barriga protuberante e muito branca escapava desleixada por sobre a borda das calças.

                – Você está tão linda... – Ele sorriu – Bem como eu achei que ficaria. É como ver uma borboleta deixar o casulo pela primeira vez. É como... Deus...Eu sabia que seria linda, eu a vi e simplesmente sabia, eu não lhe disse, Ivela?

               A criada sorriu.

            –O senhor disse.

              O caçador deu uma dúzia de passos para poder se aproximar deles e antes de deixá-los Ivela se curvou numa saudação risonho. Mas o Dom ainda o analisava com o olhar e era estranho ser avaliado com tamanha atenção. De fato os olhos castanhos do caçador percorreram cada laço do vestido e Felps ficou sem jeito por causa disso.

               –Os vestidos são muito bonitos, senhor. – Disse – Mas eu não entendo.

                –O que você não entende, Borboleta?

              –Porque está fazendo isso, senhor.

             –Ah é só que... – O caçador estendeu uma das suas mãos e segurou mais uma vez a trança avermelhada de Felps – É que as suas cores são tão bonitas...Percebe? E também porque nem é humano, nem é um puro, sim, eu sei que não é, nem mesmo é um darf. Então como deveria se vestir uma criatura assim? Com mantas que a cubram? Pele de pantera híbrida e couro escuro de córnego? Não há ninguém como você, Borboleta, nem roupas foram feitas para vestir alguém como você.– Ele fez uma pausa na qual segurou uma das mãos enluvadas de Felps e a prendeu entre as suas. –Mas você já sabia disso, é claro. Veja, a seda é tão macia quanto a sua própria pele. Tão pura e tão...Como eu poderia não vesti-la de seda,Borboleta?

                 Felps recolheu a mão devagar.

             –O senhor é um homem estranho.

              O Caçador riu e era bom ver sua barba castanha chacoalhando com bom humor.

           –Eu sou, não sou? –Ele fez um esforço para conseguir parar de rir e então acrescentou – Quer ver uma coisa, Borboleta?

              Felps fez que sim, mas não tinha certeza.

           Ictar ofereceu-lhe o braço e o conduziu a passos calmos, para além das sebes floridas, através do caminho estreito de pedra marçall. E as pessoas olhavam para Felps como se nunca tivessem visto um rapaz em seu vestido de seda.

               – Todos ficam olhando pra mim... –Comentou, as bochechas queimando.

                –Aposto como não acreditam no quanto somo doidos de sair aqui fora nesse frio, e sim, eu tenho consciência de que minha pança vai congelar se eu não cobri-la rápido.

                   Felps riu e se deixou conduzir por ele até o tal jardim anão, onde centenas de pequenas árvores formavam uma graciosa floresta de frutas miúdas e pequeninos animais que saltavam rápido em seus galhos.

                –Este lugar foi plantado pessoalmente por Eleon Macnamara, o primeiro de nós. Dizem que ele foi um Belvereth expulso de casa por não ser suficientemente cruel.

                  Ao ouvir aquilo o rapaz arregalou os olhos, porque era estranho que alguém não pudesse ser aceito por falta de crueldade, talvez fosse só uma piada no fim das contas, porque o Ictar logo encerrou o assunto para apontar mais adiante, para uma pequena cascata que chiavam ao cair num lago do tamanho de um prato, onde nadavam minúsculos peixes coloridos como pétalas.

                    Ali, na pequena clareira que mal chegava à altura dos joelhos, flores menores que gostas d'água formavam um tapete rosa claro em frente à uma casinha. Felps achou que gostaria de ser pequeno o suficiente para morar ali.

                –Me sinto muito alto – Confessou.

               –Você enjoa depois de um tempo. – Brincou o Caçador e Felps riu porque ele realmente se tratava de um homem enorme.

                  –Só uma pessoa realmente boa poderia criar algo assim. – Disse vendo a pequena construção de madeira perto do laguinho. O chalé de teto de palha tinha duas quedas como uma casa comum.

                 –Venha ver – Disse o Caçador e se abaixou quase até encostar o nariz no chão. Felps imitou-o, cobrindo as árvores com o dourado do vestido,para ver através da pequena porta aberta um emaranhado de galhos secos enroscados como uma bolinha, onde descansava um ovo do tamanho da ponta de um dedo mindinho.

                –É tão delicado...

               – Vai ser uma daquelas irritantes patacas de inverno – Riu Ictar – E já vai estar gritando assim que o lago congelar.

               –Deve ser a menor pataca do mundo.

               –Venha ver outra coisa. – Disse o Caçador subitamente encorajado pelo interesse de Felps, e dessa vez com os passos mais acelerados, quase como uma criança empolgada com um brinquedo, levou-o pela pequena estrada marçall até um formigueiro em forma de pirâmide onde guerreiras vermelhas do tamanho de bolotas entravam e saiam levando galhos e folhas.

           –Até parece um exercito – Felps riu.

           –Não é incrível?

             Era mesmo. E ao redor do forte havia um fosso. Na verdade uma poça de água se acumulava ali, de modo que a única forma de entrar no palácio-formigueiro era através de uma ponte de galho seco posta por alguém.

                 –Fui eu quem cavou o córrego – Falou Ictar orgulhoso e Felps sorriu para seus olhos de castanhas. E conversaram sobre como um jardim podia se parecer tanto com o bosque Balta e caminharam até o outro lado, desembocando no que seria o final da Marçall, e o Caçador falava das coisas e dava instruções sobre como cuidar de patacas de inverno, e mostrava como um pequeno riacho conseguia espalhar depressa as folhas e sementes que navegavam por suas águas, era quase como se Ictar estivesse se despedindo de tudo aquilo para sempre e não como se estivesse simplesmente se preparando para encontrar darfs no bosque. E Felps pensou no que faria se de fato ele se fosse, e em como seria sua vida ali ou se ainda poderia estar ali,mesmo depois de sua partida. De modo que teve de perguntar:

                 –O senhor vai embora para sempre?

                  Diante da pergunta, Ictar abandonou o pequeno galho que usava para reforçara trilha que cortava a pequena floresta e se voltou para o rapaz para dizer:

                   –Só talvez, mas não se preocupe. Estará segura aqui, Borboleta. Ivela é uma boa amiga e vai cuidar de você.

               –Mas o senhor sempre volta, não é? Digo...Não é como se partisse para sempre.

– Bem,eu não sou o tipo de homem que os Belvereth procuram pro serviço,sabe? Então não partirei para sempre, eu acho. Mas no começo do inverno um de nós será chamado para servir nas Marcellas, você sabe. O Dom do norte já é crescido e precisará de um Macnamara ao seu lado, como sempre foi.

                 –E o senhor quer isso? Quer ir para aquele lugar?

                  Ictar não parecia o tipo de pessoa que se daria bem nas Marcellas. O lugar era o lar de todos os comedores de humanos desde sempre e...Bem, ele era um humano, não era? Mas o Caçador de darfs suspirou e pela primeira vez, desde que Felps o conhecera, seu rosto pareceu mostrara idade que tinha e sua resposta saiu dentre os lábios de um velho quando disse:

                 –Servir em Belvereth é o que todo Macnamara quer fazer, não é? Marion parece mais capacitado do que eu, e é mais jovem também, mas...Eu não pertenço a esse lugar.

                  –Ele é assustador.

                   –Marion?– Ictar riu – Ele é sim e é irresponsável também, mas todas essas coisas o qualificam para o norte, eu acho.

                  – E senhor não é mesmo como ele. – Felps quis que suas palavras soassem como um elogio, mas por algum motivo, Ictar não pareceu se animar com elas.

                   –Eu não sou.  –Disse ele apenas.

                   –Mas isso é bom, não é?

                   –Ah,Borboleta... Eu não sei mais. – Ictar estendeu a mão para tomar outra vez a trança de Felps. Ele deslizava os dedos devagar sobre cada um dos grampos de madrepérola.

                  –Eu sei que eu estaria morto se não fosse pelo senhor. Marion e Lolá falaram sobre me queimar a ferros e depois me transformar em algum tipo de servo ou...Eu não sei bem, só sei que o senhor não me ameaçou nem um pouco e ainda me deu uma criada!

                   – Achei que você precisaria de alguém para conversar – Disse Ictar para a trança – E Ivela...Você viu, ela fala um bocado.

                  Felps sorriu, depois ficou sério.

                   –O senhor gostaria mesmo de ir para o norte, não é?

                  Ictar experimentou o toque da seda no ombro do rapaz.

                –No passado os seus ancestrais lutaram para que não houvesse mais homens como você ou como eu, Borboleta. Só que eles não lutaram porque queriam. Eles foram criados para fazer isso, entende? Então a guerra estava dentro deles, entranhada em seus ossos, como...Como garras em suas almas, e no final das contas, é difícil lutar contra o que somos.

                      –Mas o senhor não precisa, não é? Digo, o senhor pode ser como é. Não precisa fingir que é como Marion ou qualquer outra coisa...

                    –Nem você, precisa.

                    A mão de Ictar o trouxe para si com gentileza, talvez para não amassar suas sedas ou talvez para não assustá-lo mais e Felps percebeu que cabia perfeitamente na curva do braço de seu braço. Ainda assim estremeceu quando a aspereza da pele do homem tocou-o no rosto quando ele o segurou entre os dedos.

             –Eu não...

                –Está com medo? – Falou o Caçador, mas ele não assustava. Seus olhos eram redondos e brilhantes e Felps ficou na ponta dos pés para vê-los mais de perto.

                –Fica ainda mais bonita quando sorri, Borboleta.

               Não sabia que estava sorrindo, mas sim, estava. Tentou se conter e Ictar sorriu também, aproximando o rosto devagar, centímetro por centímetro. Então Felps fechou os olhos para receber o toque que era mais suave do que poderia ter imaginado.

           Porque a carne robusta da boca de Ictar abraçou seu lábio inferior e sua força era macia e não havia nenhuma pressa na sua língua quando afagou a dele. A mão de Ictar ainda segurava-lhe o rosto, mas quase não havia pressão, exceto a da sua vontade, de modo que quando ele se afastou,Felps desceu da ponta dos pés e passou alguns instantes tocando os próprios lábios com a renda das luvas.

            –O senhor...

             Tremia.

               –Está com frio?

            Felps fez que não e Caçador sorriu-lhe com doçura se despindo da manta negra outra vez, fazendo a própria pele tiritar por um instante sob o vento.

          –Seu vestido foi feito para deixá-la bonita, Borboleta. Não confortável. Vamos voltar para dentro onde há chás e lareiras.



Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro