Capítulo 03 - Maria
Maria acreditava no amor.
Ela acreditava em amores à primeira vista, em almas gêmeas, acreditava nos enredos bobos das novelas mexicanas com um par romântico bonitinho, acreditava nas letras das músicas que constantemente louvavam o amor como algo a ser intensamente vivido.
Ela acreditava no Felizes para Sempre dos contos de fadas.
Mas a vida de Maria nunca foi um conto, muito menos de fadas. Ela sempre esteve bem longe de ser uma princesa, muito pelo contrário, estava mais para Gata Borralheira do que para Cinderela.
Se vida de Maria fosse um conto, seria um de terror, onde tudo dá errado, onde seu príncipe encantado na verdade é o vilão. Ele a engana, fazendo juras de amor onde cada gracejo que sai de seus lábios são na verdade apenas palavras vazias e mentirosas. E depois, ele a deixa sozinha em um lugar inóspito e desconhecido.
Seria engraçado se não fosse verdade.
Como será que esse conto terminaria? Seria como em uma daquelas tragédias gregas onde todo mundo morre?
Maria esperava que não.
♔♕♔
"Querida Maria,
Estou com tantas saudades, não vejo a hora de poder te ver.
Minha vida sem você é uma total solidão, me sinto em uma escuridão sem fim.
Ainda bem que está tudo pronto para próxima semana! Não vejo a hora de irmos para Rússia. Vamos viver juntos sem que ninguém possa nos atrapalhar.
Espero que esteja tão empolgada quanto eu.
Com amor,
Nick."
Maria já tinha relido várias vezes este pequeno bilhete, e em todas elas as lágrimas ainda vinham aos seus olhos. Aquele bilhete que, em algum lugar de um passado não tão distante, já tinha significado tanto para ela, hoje só significava dor.
Ela era tão burra, burra, burra.
O que a fez tomar uma atitude tão louca como essa? Fugir por amor nunca poderia dar certo, ainda mais para um país desconhecido. Como ela não tinha percebido isso antes?
Fugir do conforto de seu lar e de sua pacata cidade natal nunca esteve em seus planos, pelo menos não até antes de conhecê-lo. E foi então que eles tiveram aquela ideia louca. Dois jovens apaixonados querendo viver altas desventuras nas cidades frias da Rússia. Dois cegos de paixão que não se importavam com as consequências, e com o que estavam deixando para trás.
Mas Rússia? Logo a Rússia? Um lugar tão esquisito quanto esse? O que eles estavam pensando?
Antes fosse a França, bem mais romântico, Maria pensou alto.
♔♕♔
Maria lembra-se bem da última conversa entre eles, algo digno de um capítulo de novela, daqueles bem dramáticos onde o casal briga e termina.
Foi algo bem rápido e indolor, como levar um tiro de misericórdia na cabeça pelo inimigo. Mas apesar disso Maria ainda não entendia, ela não entendia nada.
"— Sinto muito, mas eu desisti. - disse Nick depois dos cinco meses aos quais permaneceram juntos na Rússia – Não posso mais fazer isso.
— O que está dizendo Nick? - Maria balbuciou, quase anestesiada – Porque está dizendo isso?
— Eu odeio esse lugar. Eu odeio essa neve, eu odeio a comida, as bebidas, as pessoas. Eu sinto falta de casa Maria! - ele disse exasperado.
— Mas você disse que sua casa seria onde eu estivesse.
— Por favor Maria! Não é momento para esse seu sentimentalismo barato. Está na hora de cairmos na real. Nós fizemos besteira! E quer você queira ou não, eu estou voltando!
— Nick! - Maria começou a choramingar, as lágrimas rolando pelo seu rosto rechonchudo – Nick, e todos os planos que nós fizemos? Você disse que viveríamos juntos como um casal!
— Olha Maria, - ele então se voltou para ela, olhando bem em seu olhos – Esse tempo que passamos juntos foi legal. Foi bom darmos uns beijinhos. Foi bom cometermos umas loucuras juntos. Mas acho que no fim das contas, eu nem gostava tanto assim de você."
♔♕♔
Nicolau se mostrou ser um bastardo nojento, ele voltou para casa e deixou Maria a ver navios na Rússia. Isso aconteceu principalmente pelo fato de que, diferentemente dela, ele havia levado algumas economias caso as coisas não dessem certo, tendo assim dinheiro para a passagem de volta.
Pra que ela iria levar dinheiro? Era pra tudo dar certo, como nos livros da Jane Austen.
Maria idealizou em Nicolau o Mr.Darcy.
Recebera um Frankenstein.
♔♕♔
Uma velha hospedaria. Essa passou a ser a casa temporária de Maria desde que Nicolau a tinha deixado sozinha na Rússia. Não era algo muito luxuoso – muito menos confortável – mas era o que conseguia pagar com o salário de garçonete que arranjara num pequeno bar localizado ali pelas redondezas. Era tudo bem humilde, mas Maria, sonhadora como era, imaginava dias melhores para ela. Quem sabe fazendo da Rússia sua nova casa, longe da vergonha que sentia por ter sido tão tola, longe de pessoas como Nicolau, longe de seu antigo eu, bobo e imaturo.
♔♕♔
Maria sempre tinha sido uma pessoa amável e carismática, e mesmo após a série de infortúnios aos quais tinha passado, ela ainda continuava encantando as pessoas a sua volta, aquecendo seus corações em meio aquele gélido país.
Agora, embora vivendo forçadamente na Rússia, Maria conquistou coisas que achava que nunca mais iria conseguir. Fez tantos novos amigos, arranjou algumas novas paixonites, conheceu tantas pessoas boas.
Maria, entretanto, esquecera de que o mundo não é feito apenas de pessoas boas. Em meio as frutas boas sempre existem as podres: as pessoas más e cruéis. E dentre estes, estava ele. Aquele que a olhava fixamente, sentado em uma das mesas no canto do bar, analisando sua nova vítima.
♔♕♔
"O homem de bom senso percebe os perigos que tem pela frente e se defende; as pessoas ingênuas avançam às cegas e sofrem as consequências."
Este era algum tipo de provérbio bíblico o qual a mãe de Maria vivia repetindo, quase como se estive dando um alerta a filha. Como se profetizasse que algo aconteceria a ela por causa de sua tamanha ingenuidade.
Seria estranho dizer que ela estava certa?
As últimas horas tinham sido uma completa confusão na cabeça de Maria. Ela não se lembrava de muita coisa. Em um momento estava no bar, trabalhando; e agora, se encontrava nesse pequeno quarto escuro, o qual ela não fazia a miníma ideia de como tinha chegado. Maria estava estirada no chão, seu corpo todo doía, a impossibilitando de levantar. Ela se sentia doente. Queria vomitar.
Como ela tinha chegado lá afinal?
♔♕♔
Maria continuou deitada, olhando em direção ao teto. Seu estômago revirava como se ela tivesse comido algo estragado. Sua visão estava turva. A pele, pegajosa com o suor.
Ela definitivamente estava doente.
Uma chave abriu a porta do quarto, tirando Maria de seus pensamentos, e de lá surgiu o homem mais amedrontador que ela tinha visto na vida.
Um flash veio a sua cabeça, e Maria parcialmente se lembrou o que havia acontecido. Ela conhecia aquele rosto.
Aquele homem estava no bar!
Poucos minutos antes de ir embora de seu expediente, Maria foi a porta do fundos do bar, jogar alguns sacos de lixo na grande caçamba que ficava ali fora, em um beco. Foi quando ela o viu, encostado na parede, de costas para ela. Ele estava ligeiramente trêmulo e ofegante, coisa que fez com que Maria se preocupasse, achando que o homem estava passando mal.
— Sente-se bem senhor? - perguntou Maria, pousando sua mão suavemente sobre o ombro do homem desconhecido.
Ele então virou-se em sua direção, a face sendo sutilmente escondida em meio as sombras do beco. Ele a fitou com os olhos brilhantes, e num sorriso maldoso disse:
— Sim, mas estou muito melhor agora minha boneca.
O resto é uma mistura de borrões e imagens distorcidas na mente de Maria. Ela apenas se lembra de um mão tampando sua boca, abafando seus gritos, e uma sensação esquisita de algo sendo injetado em seu braço.
Tudo então ficou preto.
♔♕♔
— Porque me trouxe pra cá? - perguntou Maria olhando o seu futuro algoz – Eu só estava tentando ajudá-lo.
Ele continuou a observá-la, sem dizer uma palavra.
— Por favor, me deixe ir. - as lágrimas de Maria começaram a rolar pelas suas bochechas rosadas – Deixe eu ir embora.
Maria sentiu uma forte onda de náuseas e tontura, fazendo com que ela interrompesse seus apelos pela metade.
— O que você fez comigo? Porque estou me sentindo tão mal assim?
O homem gargalhou e então falou.
— Ó querida, você é mais bonita delas, não poderia estragá-la de nenhum jeito. - ele se agachou perto de Maria e acariciou seu rosto agora banhado em lágrimas – Deu bastante trabalho achar uma substância potente o suficiente para o abate, porém que não causasse nenhum dano físico. Mas eu faria qualquer coisa pra manter a sua beleza e deixar cada pequeno pedaço de seu corpo intocado.
Maria continuou se contorcendo, agonizando, seu corpo sendo consumido por diversos espasmos, o veneno que ele lhe tinha administrado percorrendo suas veias, corroendo seu órgãos, a matando de dentro para fora.
E depois de longos minutos de tortura, finalmente o último suspiro de Maria reverberou pelo quarto escuro.
♔♕♔
O homem enrolou o corpo da jovem num grande pedaço de plástico, colocando-o no armário do sótão juntamente com os corpos putrefatos de Olga e Tatiana. Olhou para as jovens garotas mortas, admirando-as, e num sorriso disse:
— Só falta mais uma.
♔♕♔
Hey!
Ufa gente, acho que esse foi o maior conto que escrevi até agora! Porém o mais cansativo disso tudo foi transferi-lo do Word pro Wattpad. Haja paciência, Wattpad sempre desconfigura meus textos, e tenho que arrumá-los tudo outra vez. É super chato! /mimimi :(
Bem, mas depois de muito brigar com essa plataforma que nós todos amamos, consegui publicar o conto. Então façam valer o meu esforço e COMENTEM, VOTEM e COMPARTILHEM pra quem quiser!
Nos vemos na semana que vem! (ou será que não?)
BYE BYE CICLE!
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