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29

Aline acordou às 5 da manhã e deparou-se com Cícero sentado no chão, junto da porta de vidro que dava para a varanda. Segurando a cortina,  ele observava o lado de fora, com ar melancólico.

— Cícero — chamou ela, sonolenta.

— Ainda é cedo — respondeu, se virando. — Volte a dormir.

— E você? Dormiu?

— Um pouco.

Ele respirou pesadamente.

Os momentos em que estivera acordado sozinho não foram nada fáceis. Cícero pensava não haver mais lágrimas em suas glândulas, mas ainda sentia os efeitos do choro.

Aline sentou-se na cama, afastou as cobertas e se espreguiçou.

— Eu te acordei? — indagou, preocupado.

Aline negou com a cabeça, bocejando. Ela não queria deixá-lo sozinho, então se esforçou para despertar.

— É sério, Aline, volte a dormir. O corpo só será velado a partir das 7:00.

— E nós estaremos lá assim que ele chegar — assegurou. — Quer vir comigo para preparar o café?

Cícero acompanhou-a até a cozinha e observou-a fazer o café da manhã. Dali a pouco, sentados juntos à mesa, Aline incentivava que Cícero comesse.

Ele relutava.

— Vai precisar de forças para se manter de pé — observou ela.

O argumento fez com que Cícero comesse um pão de queijo, mas estava inconformado:

— Por que ele não me contou que estava doente? Por que não me permitiu estar presente...?

Aline pousou sua xícara sobre a mesa, os olhos atentos a ele.

— O ser humano é muito complexo. Certas ações certamente parecem incompreensíveis quando vistas de fora. Vai saber o que se passava com ele... — Ela cruzou os braços sobre a mesa. — Como ele escolheu enfrentar o que lhe sobreveio é algo que me deixa pensativa.

Cícero fitou a própria xícara.

— Estou pensando em nem ir ao funeral.  Não sei se consigo fazer isso.

— Pode se arrepender eternamente se não for — refutou Aline, comprimindo os lábios ao vê-lo se encolher. — Eu estarei lá com você.

— Vai mesmo?

— Com certeza. — Ela pousou a mão sobre a sua. — Não sairei do seu lado.

Cícero abriu um sorriso que não lhe chegou aos olhos, segurando a mão dela.

— Não consigo acreditar que ele se foi — confessou num sussurro.

A resposta de Aline foi afagar sua mão com o polegar.

— Não consigo deixar de pensar que eu devia ter feito mais, que eu poderia ter sido melhor...

— Não fique se torturando — contestou ela, exalando pelo nariz. — Escute, algumas coisas são assim... Alguns muros são para nunca ser derrubados.

— E qual é o sentido disso? - inquiriu, revoltado.

— Quisera eu ter as respostas que aliviassem a sua dor... — Aline abriu um sorriso acolhedor. — Você fez o que pôde.

— Será que fiz?

Com toda a paciência, Aline o acolhia em meio ao sofrimento. Cícero encontrava certo conforto em sua companhia, em seus atos e palavras, em sua voz.

Moacir apareceu na cozinha e percebeu que o clima estava pesado. Assim que Aline explicou o acontecido, seu pai juntou-se a ela na missão de consolar o rapaz.

                                   ✨

Significou muito para Cícero a família de Aline ter comparecido ao funeral.

Conforme havia prometido, a moça não o deixou um só instante, estando de braços dados com ele ou segurando sua mão.

O corpo de Mauro foi velado desde às 7 da manhã, até às 16 da tarde, horário em que foi sepultado.

Por vezes, Cícero sentiu que não aguentaria; o chão parecia lhe faltar. Mas o aperto da mão de Aline estava ali, suave e aconchegante junto à sua, sem deixar de ser firme; um lembrete de que não estava sozinho, ajudando-lhe a ter forças.

                                  ✨

Após o enterro, no veículo, o clima sufocava.

Cícero estava sentado, cabisbaixo, refletindo sobre a vida. Aline apertou sua mão e mostrou-lhe um sorriso amistoso, sem se importar com os olhares de sua família.

Uma vez em casa, os convidados se dispersaram, dando espaço aos dois.

Antes de soltar sua mão, Aline disse a Cícero:

— Continua valendo, viu? Estou aqui para ouvi-lo.

Cícero assentiu, distraído.

— Obrigado.

Como se estivesse anestesiado, ele foi para o quarto, onde tomou um banho e trocou suas roupas de luto por bermuda e camiseta. Depois passou pela cozinha, onde pegou uma garrafa de cerveja, e seguiu para a beira da piscina.

Sentou-se e colocou os pés na água. Seu olhar estava perdido, lembranças de uma vida assomavam em sua mente.

Não havia muita gente no funeral de seu pai, fato que mexeu profundamente com ele; o fez pensar sobre legado, a fragilidade da vida humana e sua efemeridade. E então se viu diante do abismo das motivações do ser humano, que nasce sem trazer nada ao mundo e morre sem levar nada do que aqui conquistou, mas que por vezes passa a vida correndo desenfreadamente atrás de bens materiais, adquirindo conhecimentos que se acabarão na sepultura...

E para quê?

Para quê trabalhar, tentar fazer um nome que ficará depois de sua morte, mas que muitos não valorizarão, como os descendentes que maculam a herança de seus ancestrais?

Cícero virou um grande gole da bebida, desgostoso.

Ivete e alguns dos demais observaram-no ali, sensibilizados. A professora foi ajudar sua filha a preparar um lanche na cozinha e comentou:

— Você precisa ver, Aline, que judiação. Ele está lá fora, tão amuadinho...

Aline suspirou. Ela passava maionese em fatias de pão de fôrma e as entregava para sua mãe.

— Creio que vá ficar assim por uns dias.

Ivete assumiu um ar cúmplice:

— Escute, seu pai e eu conversamos. Resolvemos ir embora.

Aline quase deixou a faca que segurava cair.

— O quê? Assim?

— É, já ficamos um tempinho juntos, matamos a saudade de você... - Ela sorriu, inclinando a cabeça. - Achamos que vocês precisam de um tempo, depois do que aconteceu.

— Mas, mãe... - Aline desesperou-se, pois contava com o apoio deles para se manter firme e, assim, ajudar Cícero a se fortalecer naquele momento delicado. - Ainda faltam alguns dias... Vocês iam ficar mais. - Ela estava quase implorando.

— Não vai ter graça, querida. - Ela balançou a cabeça. - Não com o seu marido daquele jeito. Não queremos ser um incômodo para vocês, quando as coisas já não estão indo bem entre os dois.

Aline abriu a boca, mas não contestou. Um turbilhão de explicações que queria dar à mãe borbulharam por sua língua, afoitas por sair, e ela precisou se conter.

A decisão deles estava tomada.

— Não era assim que eu planejava o fim da visita de vocês... - lamentou, afinal, derrotada..

— Eu sei, filha. - Ela abriu um sorriso dócil. - A vida é assim mesmo, imprevisível. Seu marido precisa muito de você e não queremos atrapalhar.

Aline aquiesceu, em silêncio. Conseguia enxergar a razão de sua mãe, embora um nó se formasse em seu peito.

— Sairemos logo antes do amanhecer - informou Ivete, deixando a cozinha e sua filha reflexiva terminar os mistos-quentes. - Não se incomode em preparar café para nós.

                                ✨

Lá fora, Cícero tinha o olhar perdido na água, pesaroso. Seu celular vibrou, chamando, e ele atendeu à ligação com uma voz fraca e débil.

— Oh, querido... Eu só fiquei sabendo agora... — lamentou a voz familiar de sua mãe. — Como você está?

Cícero desabou. Seu choro foi resposta o suficiente.

— Desculpe por eu não ter estado aí com você, meu filho.

— Teria sido um grande apoio, mãe - respondeu em meio aos soluços.

— Queria ter estado perto de você nesse momento... — Ela fez uma pausa, aflita. — Eu quero te dar um abraço. Por que não vêm jantar comigo, você e a Aline?

— Hoje eu não sei se consigo ir para lugar nenhum — afirmou. — Não quero fazer nada, não...

— Entendo... — A preocupação era evidente em sua voz.

— A família dela está aqui.

— Ô, filho... Assim que puder, venha visitar a mamãe, está bem? Venha passar um tempo comigo.

Cícero ficou em silêncio.

— Quando essas coisas acontecem, a gente enxerga o que é realmente importante, não é? — Sua voz soava como um pedido de desculpas. — Quero que fique na minha casa, quero estar mais perto de você... Você é meu único filho, Cicinho, o meu tesouro. Eu te amo!

O coração de Cícero se aqueceu, embora sua mente o deixasse em alerta. Ouvir aquelas palavras sempre fora sua principal busca na infância. A atenção de seus pais era tudo o que sempre desejou, mas... Será que ainda havia como consertar as coisas?

Temia ser tarde demais.

Temia criar expectativas e se frustrar, como sempre acontecia. Ele tentou lembrar-se de que não era mais um garotinho, e sim um homem feito, não mais vulnerável, alguém que poderia falar quando algo o incomodava.

Contendo um suspiro, ele forçou sua atenção a retornar à voz de sua mãe, que foi um consolo inesperado, porém muito bem-vindo, em meio à turbulência que o afligia.

Ao finalizar a chamada, ele se sentia melhor. Sua mãe estava ali para ele, no final das contas!

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