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21

Cícero vagou sem rumo pela casa e foi se sentar no sofá da sala de estar. A TV estava ligada em um jogo de futebol.

Moacir apareceu alguns minutos depois e Cícero compreendeu que ele estivera ali assistindo. Sua vontade era de ficar sozinho, mas achou que seria grosseiro de sua parte se saísse naquele momento.

- O Timão não fez nem um gol ainda - resmungou Moacir. - Você também torce para o Corinthians, rapaz?

- Eu? Não, eu não.

- Então por que essa cara de cachorro abandonado?

- Estou com uns problemas aí...

- Algo que você não pode me dizer - concluiu.

Um silêncio desconfortável pairou entre os dois. Apenas a TV emitia sons.

- Espero que esses problemas a que se refere não tenham a ver com a minha filha - disse Moacir depois de um tempo.

Cícero captou uma sutil ameaça em sua voz.

- Não. Está tudo bem entre nós... Vixe, a gente se dá muito bem.

Moacir arqueou as sobrancelhas diante de seu tom forçado, como se dissesse: "A mim você não engana". Cícero ficou sem graça e se atrapalhou com as palavras.

- Tem certeza? - inquiriu Moacir com certa ironia. - É difícil manter um casamento, mesmo que seja de fachada.

A expressão de Cícero se iluminou.

- É mesmo! A Aline tinha falado que o senhor sabia desse plano maluco!

- E só concordei porque ela já havia tomado a decisão dela.

Silêncio, desta vez mais leve.

- Mas não pense que por isso você está bem aos meus olhos. - Cícero, então, gelou. - Eu soube da sua história com a secretária e fique você sabendo que isso não me agradou! Não é porque não tem sentimentos envolvidos entre você e minha filha, que eu vou deixar você se safar; a Aline foi tachada de corna por sua causa, e eu sou a única pessoa da minha família que sabe que isso não é verdade! Você tem noção da repercussão que teve? A nível de Brasil!

- Pois é. Sinto-me envergonhado por isso. - E foi sincero.

Cícero afundou no sofá, deixando o corpo pesar bastante enquanto afundava em seus pensamentos.

- Sabe, Seu Moacir... O senhor pode ficar tranquilo. Ela terminou comigo, a... A secretária.

Moacir voltou-se para ele.

- Está explicado, então. Foi muito recente?

Ele meneou a cabeça.

- Fazia dias que ela não me respondia, mas eu ainda tinha esperança... Tive a confirmação agorinha.

Moacir não soube o que dizer.

- Secretária, que trabalha o dia inteiro comigo - cantou Cícero, se afogando na amargura. - É o que ela nunca devia ter deixado de ser. E aí quando esse "casamento" acabasse, eu ainda poderia ter uma chance, mas agora...

Moacir deu alguns tapinhas em seu ombro, na tentativa de confortá-lo. Cícero se levantou de súbito, como se tivesse levado um choque.

- Seu Moacir, eu vou tomar uma. O senhor me acompanha?

Moacir ficou sem jeito.

- Eu... aceito um golinho.

Cícero foi até a cozinha buscar duas garrafas e as destampou. Moacir bebericou de sua garrafa, enquanto via Cícero entornar a sua de um longo gole, na esperança de que o amargor da bebida compensasse a dor que estava sentindo.

- Eu gostava dela, Seu Moacir. - Ele limpou a boca com as costas da mão. - Ela ria das minhas piadas. Sabe o quanto é difícil fazer uma mulher rir das minhas piadas?

Moacir tentou não rir da confissão, em solidariedade ao rapaz. Cícero virou mais um grande gole e, quando deu por si, estava chorando.

Ao terminar aquela garrafa, Cícero buscou mais uma. Ele ofereceu outra a Moacir, que ainda estava na metade da primeira e, por isso, rejeitou. E então, garrafas e mais garrafas iam sendo amontoadas perto deles. Moacir tinha a intenção de consolá-lo, mas Cícero o fazia beber mais do que era seu costume.

- Como pode ela ter achado outro tão depressa? - lamentava ele, com a voz arrastada.

- Já viu falar que há males que vêm para bem? Talvez não fosse para ser.

- Eu já tive outros términos, vai ser sempre assim?

- Você ainda é novo. Pode encontrar uma moça que faça valer a pena não ter dado certo com todas as outras.

- Foi assim com o senhor?

Moacir bebeu mais um gole, considerando suas palavras.

- Não, eu nunca tive nenhum término. Engravidei minha primeira namorada e a gente casou.

Cícero quase cuspiu.

- Como é que é?

- Faltava pouco para eu completar dezoito anos. Foi um escândalo na época, nossos pais ficaram bravos.

- E o senhor não se arrepende?

Ele ficou pensativo.

- Olha, eu não vou mentir. Houve vezes em que eu desesperei, tudo estava difícil demais. Mas eu fiz o que um homem tem que fazer; eu me levantei e fui trabalhar para sustentar a minha família.

Cícero o observava com admiração.

- Mas eu não me arrependo - prosseguiu Moacir. - A cada vez que eu quis olhar para trás, a vida me mostrou tudo que eu tinha: minha esposa, minhas filhas. Depois chegou esse moço, o Fernando, que me ajuda demais, e então ele e a Tina me deram o meu neto. Aí vejo que não tenho motivos para arrependimento. É claro, já quis poder ter estudado, dar uma vida melhor para minha família. - Ele bebeu mais um gole. - Mas veja só, uma das minhas filhas é arquiteta, e a outra é casada com um senador... - Ele riu. - Então, pra mim, está bom.

- O senhor é um exemplo, cara. - Cícero chorou, fazendo com que Moacir o fitasse, confuso. - Quisera eu poder fazer alguma coisa com a minha vida.

Moacir observou, enquanto o pranto de Cícero se intensificava. Sentados no chão e escorados no sofá, os dois estavam alheios ao jogo que passava; não houve mais gols para despertar sua atenção.

- O que há de errado com a sua vida, meu rapaz?

- Está tudo desabando... E a culpa deve ser minha, como sempre!

- Ouça, rapaz, tudo vai se ajeitar... - Mas Cícero meneava a cabeça veementemente enquanto chorava. - Você tem um cargo importante, tem dinheiro...

- Nada disso basta - disse com dificuldade -, se o problema sou eu! Eu sou um fracassado!

- Ouça... - Moacir sacou seu celular e começou a procurar uma foto, enquanto se arrastava pelo chão para se aproximar de Cícero. - Olhe para cá.

Mas Cícero cobria os olhos com as mãos, tendo espasmos por causa do choro.

- Olhe aqui, Cícero - Ele puxou seu braço. - Está vendo este garotinho?

Cícero obedeceu, mas não conseguia dizer nada. A foto lhe aparecia borrada por entre as lágrimas.

- Se ele está vivo hoje, é com a ajuda de Deus e do seu dinheiro - prosseguiu Moacir. -  Imagine quantos casos como o dele você pode ajudar, tudo o que pode fazer com os seus recursos!

- É o seu neto? Como assim?

E enquanto Cícero soluçava, buscando se acalmar, Moacir explicou:

- O Bernardo teve leucemia e não podíamos pagar o tratamento. - Cícero ficou boquiaberto. - Foi por isso que a Aline se casou com você.

O silêncio recaiu sobre eles. O choque de Cícero era quase palpável. Ele enxugou as lágrimas por fim e se levantou para buscar mais cerveja.

- Ô, Seu Moacir, eu preciso ouvir modão. O senhor me acompanha?

Moacir topou, então Cícero colocou as músicas para tocar na televisão e começou a cantar junto. Osvaldo juntou-se aos dois após Cícero enviar-lhe uma mensagem, e não demorou para que Fernando assomasse ao grupo.

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