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19

Aline acordou atordoada e sentou-se na cama. Seu cabelo caía sobre os olhos e ela sentia como se tivesse sido atropelada por um caminhão. Aline arrastou-se pela cama, desnorteada, apoiou os pés sobre o tapete... Mal deu três passos e foi parar no chão.

Cícero acordou assustado.

- O que aconteceu, o que foi? - Ele levou a mão à perna. - Ai...

Aline gemeu de dor e forçou-se a sentar.

- Pensei que fosse só um pesadelo... - resmungou. - Você está mesmo aqui...

- Bom dia para você também. Vai precisar de ajuda?

Aline não respondeu, mas se levantou apressada para usar o banheiro.

- Você tropeçou em mim! - gritou ele, indignado.

- Sorte a sua eu não ter te chutado - rebateu ela, com a voz abafada pelas paredes do banheiro.

Aline se vestiu e saiu para se exercitar.

Depois de um banho, Aline foi até a cozinha para preparar o café da manhã. Como sua cabeça latejava, ela tratou de fazer um café forte. Enquanto colocava à mesa os pães, bolos, frutas e queijos, seu pai apareceu na cozinha.

- Ainda faz café no coador, filha? - Ele se deteve por um momento, deliciando-se com o aroma que preenchia o ambiente.

- Estou fazendo, por vocês. - Ela sorriu. - Sei que o senhor não é um grande adepto das tecnologias, senão nossa cafeteira daria pro gasto.

- Ah, pra mim, não tem café melhor do que esse. - Ele se acomodou junto ao balcão. - Você está melhor? Ontem você parecia...

- Estou, sim - respondeu, corando. - Só estou cansada.

Ela soltou um suspiro e decidiu confessar a ele:

- Sabe, eu não me conformo com a necessidade da mamãe de se intrometer em tudo... A propósito, agradeço se o senhor puder desentupir a privada.

- O que tem a ver uma coisa com a outra?

- O senhor não soube o motivo de ter ido dormir na biblioteca?

- Está me dizendo que sua mãe tem algo a ver com isso?

- Foi tudo uma tentativa de "salvar meu casamento", nos forçando a dormir no mesmo quarto, porque supostamente nós não estamos bem e...

- Não me fala uma coisa dessas, Aline... - Ele levou a mão à cabeça, perplexo.

- Ela quis ajudar. É uma pena ela não saber que não há nada aqui a ser salvo, a não ser o segredo do Cícero. Estou colocando em risco meu trabalho, eu... Gostaria de ter pensado nas possibilidades.

- Se arrependeu de ter nos convidado?

Ela se sentiu derrotada, fraca e vulnerável.

- Você já conseguiu, por dois anos - afirmou seu pai. -  E vai continuar assim.

Ela o abraçou.

- Ah, papai... Não sei o que eu faria sem o senhor.

Aline se acomodou perto dele e tomou sua mão.

- Gostaria de lhe agradecer por ter cuidado de tudo, pai. Sem a ajuda do senhor, não teria sido possível.

- Era o mínimo que eu podia fazer - Ele apertou sua mão. Emoções invadiram sua voz e ele se manteve calado a fim de retomar o controle.

- Foi  muito difícil?

- Ah, a prioridade era o tratamento do nosso menino - respondeu afinal. - Mas eu consegui investir uma quantia, com a ajuda do Fernando. Estou guardando para você.

- Eu já tenho muito mais do que preciso, papai. - Ela baixou os olhos para a mão que acariciava, pensativa. - Então quer dizer que o senhor "ganhou na loteria", não é?

- Foi a maneira que eu encontrei... Quero dizer, você foi incisiva em dizer que a Tina não podia saber, então...

- E preciso, encarecidamente, que continue assim. Por favor, papai, não quero que ela pense que tem alguma dívida comigo, eu só... Tudo que eu fiz foi pelo Bernardo.

Moacir baixou a cabeça, reflexivo. Quando falou, sua voz estava repleta das emoções que ele já não podia mais conter.

- Aline... - Ela o encarou, preocupada. - Filha, eu não consigo deixar de pensar que você tenha feito isso por causa do que eu te falei naquele dia...

- Ô, papai...

- Que foi por minha causa que você entrou nessa fria... Eles... Eles te obrigam a fazer coisas, Aline? Digo...

- Pai... - Ela beijou sua mão e depois a acariciou. - Não foi culpa do senhor... E posso garantir que há muito respeito envolvido nesse contrato.

- Mas eu despejei algumas coisas em você, e então naquela mesma noite, quando eu fui te buscar na rodoviária, você me apareceu com essa "solução"... Queria que soubesse que eu só disse aquilo porque estava nervoso...

- O estresse estava matando todos nós, pai, eu entendo...

- E você achou que era sua obrigação nos salvar, eu... Eu me sinto mal por isso. Todo esse tempo...

- O que está feito, está feito. Não há como voltar atrás. Eu venho lidando com isso. - Ela fez uma pausa. -  A ligação que o senhor fez contribuiu para o meu desespero, não vou negar. Mas naquela manhã eu havia saído de casa decidida a conquistar um papel, e eu consegui. No final, recebi mais do que o esperado.

- Mas essas pessoas te tratam bem? - Ele estava inconformado. - Esse moço, ele é... Decente?

Aline se endireitou na cadeira, ruborizando.

- É, sim, pai. Não se preocupe. Eles me tratam bem e o Cícero é legal, só... Um tanto imaturo.

- Sua mãe me contou umas coisas que ela viu a respeito dele, que me deixaram com pé atrás.

- Mas ele me respeita. Ao menos pessoalmente. - Ela se levantou para passar o café. - Foi ele quem me deu permissão para convidar vocês, porque isso não fazia parte do acordo.

- É, eu estranhei. Foi por isso então, porque era tudo tão sigiloso...

- Pois é. Pela equipe dele, a gente não ia se ver pelos próximos milênios, mas Cícero deu essa brecha. Isso nós temos que reconhecer.

- E você gosta dele?

- Gostar, gostar, não... Quero dizer, a gente mal se conhece.

- Que pena que sua mãe não pode saber desse detalhe, porque te pouparia de muita coisa. - Ele apoiou o rosto na mão, pensativo.

- Nem me fale...

Ela soltou um suspiro e serviu uma xícara de café para seu pai. Eles conversaram até que o restante da família aparecesse para o café da manhã.

Naquela manhã, mais tarde, Moacir encontrou-se com Aline após concluir o reparo e explicou:

- Você tinha razão. Tirei uma quantidade considerável de papel higiênico da privada, tinha até o rolinho. Sua mãe fez de propósito. Lamento, querida.

- Eu já sabia, mas, poxa vida... - Ela meneou a cabeça, desapontada. - Obrigada, papai.
Aline evitou o resto da família o quanto pôde, mas ainda tinha que ajudar no preparo do almoço.

Após o almoço, Aline ainda não se sentia pronta para enfrentar Ivete e estava ansiosa para que Cícero fosse embora. Assim, logo que terminou de lavar a louça - e depois de certificar-se de que seus pais haviam levado seus pertences de volta ao quarto -, ela tratou de se isolar em sua biblioteca.

Para seu desgosto, porém, foi Cícero quem mais uma vez foi perturbá-la no cômodo.

- O pessoal tá indo pra piscina e sua mãe pediu pra eu vir te chamar.

Pela primeira vez ele observou o lugar com maior atenção: Duas enormes estantes ocupavam uma parede, cada. Na parede oposta, próximo à janela, havia um sofá confortável, onde Aline estava acomodada, ladeado por duas poltronas, além de uma mesinha de centro, que continha um vaso de planta e uma garrafa de suco. Havia uma mesa de apoio na lateral. Sobre ela, na parede, pendia um grande mapa, próximo à porta do banheiro. Havia ainda algumas telas penduradas, que remetiam ao estilo Impressionista.

Aline mantinha dois dedos sobre a boca, imersa na leitura de um livro que Cícero identificou como Assassinato no Expresso do Oriente. Sua expressão denotava certa tensão.

Cícero achou por bem anunciar sua presença batendo à porta aberta. Aline levantou o olhar do livro para ele.

- Ah, oi.

- Posso dar uma olhada?

- Pode, é claro. - Ela fechou o livro após marcar a página. - A casa é sua. Fique à vontade.

Cícero caminhou próximo às estantes, passando os olhos pelos diferentes volumes.

- Mas não fique muito à vontade - concluiu Aline. - Espero que suas mãos estejam limpas, caso pretenda tocar nos livros.

Cícero abriu um sorriso, mas não lhe deu atenção.

- Édipo Rei... Noite de Reis... Você gosta mesmo de teatro.

Aline apenas assentiu.

- Odisseia, Ilíada, A Letra Escarlate, Os Lusíadas... - Ele correu os olhos pelos nichos da estante, lendo todas as lombadas que conseguia. - Memórias de um Sargento de Milícias, Cem Anos de Solidão... Você não tem nada, assim, atual?

- É claro que tenho! - Ela apontou para um pequeno nicho, quase invisível.

Cícero se aproximou e leu:

- O Auto da Compadecida, O Santo e a Porca, O Quinze... Está brincando? Eu quis dizer algo atual mesmo!

- Clássicos nunca deixam de ser atuais, senhor Cícero, pelo contrário, eles são indestrutíveis pelo fator tempo, jamais obsoletos... Clássicos são essenciais. - Ela se levantou e caminhou para perto dele. - Mas se quer saber se eu leio autores contemporâneos, sim, tenho aqui Torto Arado, O Tempo entre Costuras...

- E já leu tudo isso?

- Eu não li nem um terço! - Ela riu. - Infelizmente, comprei bem mais livros do que era capaz de ler. Mas gosto de vê-los aqui, todos juntinhos. - Ela se voltou com orgulho para a estante, como uma mãe olha para seu filho. - Organizá-los e reorganizá-los é uma espécie de terapia para mim. A dona Carla e eu nos divertimos nos dias de arrumação. Sempre dá algo errado com algum título, que acaba indo parar em algum nicho bem distante de seus companheiros.

- Ah, bom saber que meu dinheiro está sendo bem investido.

- É o mínimo que eu mereço, por ficar aqui trancada.

Cícero não respondeu.

Ele se afastou para analisar a estante maior e depois se voltou para o cômodo.

- É... Você criou um lugar bem bacana aqui, realmente. - Ele enfiou as mãos nos bolsos de sua calça. - Espera, você tem Os Três Mosqueteiros! - exclamou, animado.

- E tenho também a continuação. - Ela sorriu.

- Eu sempre quis ler esse livro! Eu posso...?

- Pode pegar.

Cícero não alcançava a prateleira em que estava o livro, ainda que se esticasse.

- Creio que vai precisar da escadinha. - Ela riu. - Eu a deixei em outro cômodo, quando troquei as cortinas. - Ela ia saindo, porém se deteve na soleira da porta. - Não toque em mais nada durante a minha ausência, hein?! - Ela apontou-lhe um dedo, de forma ameaçadora.

Cícero mostrou suas palmas, em sinal de rendição.

- Não vou mexer em nada.

Aline logo retornou, empurrando a escada.

- Aqui está.

Ela deixou a escada ao pé da estante e foi saindo.

- Aonde você vai?

- Vou me trocar para ir para a piscina.

- Pensei que não tinha me escutado. Posso levar o livro para ler lá fora?

Ela se deteve, pesando na balança enquanto o encarava.

- Juízo, hein, cuide bem do meu livro!

- Sim, senhora! - Ele bateu continência.

E assim, os dois deixaram a biblioteca e se separaram no corredor.

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