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09

            No dia seguinte, sem mais delongas, Cícero foi embora, levando consigo o segundo bolo que Carla fizera.

            Antes que os preparativos para receber sua família pudessem ser iniciados, Aline deveria reunir coragem para entrar em contato com eles depois de tanto tempo. Ela precisou de quase uma manhã inteira para refletir sobre como abordaria o convite. Com um frio na barriga e os dedos trêmulos, ela fez a ligação.

            – Alô? – Por um momento, Aline considerou que pudesse ter ligado errado. - Alô? – insistiu a voz infantil, conforme ela não respondia, inundando o coração de Aline e fazendo-o parar, para em seguida, acelerar, cheio de emoção.

            – Bernardo? – indagou, incerta. – É você, meu amor? Que saudade!

            – Quem é?

            Aline fechou os olhos, contendo a respiração. Sentia seu coração se partindo naquele instante.

            – A vovó... – recomeçou, a voz vacilando. – A vovó está aí?

            – Ela tá lá fora.

            – Entendo... E você? Como está? Já está indo para a escolinha?

            Aline ouviu uma voz ao fundo, que interrompeu a conversa:

            – Com quem está falando, Bê?

            A voz foi se tornando mais alta conforme se aproximava.

            – Não pode ficar brincando com o celular da vovó, Bernardo. – Seguiu-se o ruído da mulher tomando o aparelho da criança. – Alô?

            Aline estremeceu.

            – Tina?! Tina, que saudade!

            – Aline? – rebateu, sem esconder a surpresa. – Finalmente se lembrou da ralé? O que foi? Ficou cansada da sua vida chique?

            Ofendida, Aline engoliu em seco.

            – Você pode passar para a mamãe?

            – Será que eu devo mesmo?

            – Não seja infantil, Betina. Eu não quero discutir. Passe para a mamãe, por favor.

            O suspiro de Betina ressoou, intensificado pelos ruídos do telefone. Aline aguardava, com certo nervosismo, ouvindo a respiração distante da irmã enquanto ela saía à procura da mãe.

            – Quem é?

            – A sua filha pródiga – retorquiu Betina, com desdém.

            A mulher atendeu. A voz familiar de sua mãe invadiu Aline como um alento, levando embora seus temores.

            – Oi, mãe! Estava com tanta saudade... – Ela fez uma pausa, temendo desabar no choro que tentava reprimir. – Eu queria tanto falar com a senhora, queria te dar um abraço... – Sua voz cedeu por fim.

            – Oh, minha querida...

            – Me desculpe por ter ficado tanto tempo sem falar, sem ligar, é que...

            –Tudo bem! Imagino que estivesse ocupada. Não sabe o orgulho que eu tenho de você! Todas as minhas amigas têm inveja porque não têm uma filha casada com alguém tão importante! – Seu tom mudou de repente. – A Betina está fazendo cara feia para mim. – Ela tapou o telefone com a mão, na tentativa de impedir que Aline ouvisse. – Chega de malcriação! Ela é sua irmã! – Então ela retomou a conversa. – Ouça, Aline, eu preciso ir para a escola agora, mas foi ótimo falar com você!

            Aline ficou tensa de repente, à espera de uma oportunidade, porém sua mãe seguiu tagarelando.

            – Ligue mais vezes! Tenho tantas coisas pra te contar! Você sabia que seu pai ganhou na loteria?

            – É mesmo? – Ela apertou os olhos fechados, não podendo mais conter as lágrimas.

            – É, ele sempre foi uma pessoa sensata, nunca gastava dinheiro com essas coisas; mas na primeira oportunidade em que jogou, ele teve sorte, quem diria?! E que sorte! Mas vou desligar agora, meu anjo, se cuide!

            – Espere, mãe! – Ela falou depressa, ciente de que não teria outra brecha. – O que acha de vir me visitar?

            – Sério? Quando?

            – Quando a senhora entra de férias? Vai ter folga em julho, não vai?

            – Sim. Sim, daqui a duas semanas.

            – Perfeito! Converse com os outros e veja o que eles acham. Estou com muita saudade! Depois nos falamos para acertar tudo, certo? Beijo, te amo!

            – Eu também te amo. Esse é o seu número?

            – É, sim, pode salvá-lo.

            Aline desligou o celular e o deixou de lado, contemplando a sala de visitas enquanto recuperava o compasso da respiração. Reflexiva, ela deslizou as mãos por sua calça, permitindo-se chorar. Por fim ela se levantou de um ímpeto ansioso e foi procurar Carla, informando-a de que precisavam colocar as mãos na massa urgentemente.

             A faxina iniciou pelos quartos de hóspedes, com o uso do aspirador de pó, vassouras, flanelas, produtos para limpeza e esfregões.

            Ao arrastarem uma mesa de cabeceira, Carla e Aline viram a luz do sol refletir um pequeno ponto de brilho no chão. Deixando a vassoura, Carla abaixou-se para apanhar o objeto.

            – Não acredito que o Cícero perdeu de novo!

            – O que é isso? – Aline apoiou-se em sua vassoura.

            – Um prendedor de gravata. – Ela o esfregou no avental para tirar a poeira. – Pertenceu ao avô do Cícero, e é muito importante para o pai dele. Ele o usa em ocasiões importantes, ou quando vai visitar o velho. – Ela estalou a língua.

            – É bonito. – Ela sorriu.

            – É... – Ela o revolveu nas mãos. – Folheado a ouro. Esta conta aqui é um diamante de verdade.

            – Nossa! – exclamou, retomando a tarefa.

            Satisfeita com a limpeza do objeto, Carla o guardou no bolso.

            – E então? A família da senhora confirmou que vem?

            – Ainda não.

            – Quantos anos disse que tem o seu sobrinho, mesmo? – indagou a cozinheira, esticando-se para apanhar a cortina empoeirada.

            – Deve estar com quatro anos agora – respondeu Aline, engolindo em seco. Pensar em Bernardo sempre mexia com ela.

            – É a idade do meu netinho mais velho – replicou Carla, sorrindo. Seus olhos brilharam, cheios de afeto.

            – É, eu me senti... Estranha ao ser atendida por ele. Quando eu o deixei, ele mal sabia formular uma palavra. E agora parece que fala direitinho.

            – A senhora parece bem afetada com isso.

            – Acho que nunca lhe contei a natureza da situação, dona Carla. – Ela encarou-a, apoiando-se na vassoura. – Bernardo teve leucemia. O mais doloroso é que eu não pude acompanhar de perto o tratamento. Desde que me casei, não fui um apoio para a minha família. – Ela sentiu lágrimas borbotando. – Estava sendo bem sofrido.

            – A senhora não manteve contato?

            – O mínimo possível. – Ela suspirou. – E isso machuca demais. Ao que parece, ele nem se lembra de mim, enquanto antigamente estávamos grudados o tempo todo... Eu não sei como está a saúde dele, não sei como vai ser esse reencontro, e é isso que me deixa ansiosa, apreensiva... Eu não sei bem expressar esse misto de emoções, essa coisa estranha que se seguiu depois da empolgação inicial, mas isso tem roubado meu fôlego.

            – Quer que eu prepare um chazinho? – Ela estudou seu rosto, atenciosa.

            – Creio que seria de muita ajuda, principalmente se for gelado. Mas vamos deixar para mais tarde. – Aline soltou o ar pelo nariz e ajeitou o lenço em seu cabelo, procurando mudar de assunto. – Quando nasce o outro bebê?

             – Deve ser ainda esse mês, mas falta um pouquinho. – Ela sorriu de orelha a orelha, orgulhosa. – É uma menina.

            – Entendo. – Ela sorriu de volta, não tão animada. – Avise-me quando precisar sair.

            – Estou vendo uma pessoa para me substituir, então não vou deixar a senhora na mão.

            Aline sentiu-se mais tranquila com isso. Ambas seguiram trabalhando.

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