Olhos azuis, cabelo azul
Por Kara
Rápido, se abaixa!
Assim fez Kara puxando o capuz negro da capa, desviando o rosto de qualquer guarda prateado pelo caminho delas por entre as ruas da grande cidade de pedra cinzenta. Lena a conduzia no maior passeio em semanas desde que o tornozelo melhorara. Cobertas de capaz negras e capuz sombrios à primeira vista, mas apenas o covil de duas bobonas perambulando entre tanta gente num lugar só.
Não eram lobos pelo que pode chutar Kara, ao certo não saberia dizer, pois lá não tinha cara de vila lupina, e se fosse, talvez elas não tivessem de se esconder em capas escuras, então na verdade todos lá deveriam estar de certa forma burlando uma regra, pois muitos andavam com o rosto coberto por capas, chapéus, maquiagem, cachecol ou máscara de pano. Quanto movimento, quanta vida, de varais cores e brilhos, tochas e archotes de luz dourada, arandelas de luz de entardecer, prédios claros, outros escuros, tigrados da azulada lua entrecortada de revoltas e gordas nuvens. Burburinhos por todos os lados, portas abrindo e batendo, janelas escancarando com bêbados caindo da Bohemia noite, outros dormindo nas poças de, era melhor não saberem, apenas desviarem.
Mais à frente dobraram a esquina na avenida principal, prédios de até cinco andares se erguiam em pedras brancas e pretas, habitados de lojas cheias de bugigangas brilhantes, as calçadas lotadas de banquinhas de especiarias coloridas, e a rua abarrotada de carroças e carruagens, animais urrando e grasnando dentro de jaulas comerciais sobre rodas indo e vindo nesse grande mercado em movimento.
Pararam elas numa banca de temperos, o vendedor de farto bigode grisalho com uma voltinha nas pontas, túnica e turbante amarelo mostarda, bamboleante entre os sacos de açafrão, páprica e pimenta do reino, que aqui deveriam se chamados por outros nomes, pois a língua era outra. Kara se maravilhava com o colorido movimento daquelas ruas, logo atrás de Lena trocando a pequena fortuna que ganhara vendendo a galha do alce na loja de bugigangas na travessa da periferia da cidade. Um pouco de sal de especiarias, uns panos para remendar as roupas, agulha e linha, e porque não um pouco de pimenta para apimentar a carne, não era a única coisa que queria apimentada com a morena, mas isso era assunto para outra hora, pois no momento a loira se encontrava encantada com os donuts da banca de doces vizinha a que estavam comprando uma pasta de soja.
O aroma da massa doce frita, coberta de chocolate rosa, eles tinham chocolate, ah céus, farejava quase flutuando até levar um tapa do doceiro, que berrou alguma coisa, que facilmente se podia entender como: se não vai comprar, não pode babar.
Algumas linguagens são mesmo universais, tais quais como a língua dos muquiranas, e a do olhar de cachorro pidão também, pois o irmão do doceiro ficou com dó da expressão canina da loira, e deu-lhe uma rosquinha de açúcar. Não deu dois segundos e a rosquinha virou saudade retribuída num largo sorriso.
Eram noites comuns essas, ao menos quando Lena voltava da caça, as escapadelas para a cidade do outro lado do vale. O mais engraçado era que em hipótese os lobos eram proibidos de deixar a vila pelos três anciões, e a cidade não aceitava não humanos, essa era a lei, que fingiam obedecer, pois na calada da noite vários dos lobos menores se escafediam para as vielas das cidades e vilas vizinhas, não só, toda e qualquer criatura que desejasse sair, fosse humana ou não.
Lena seguiu na frente carregando a mochila com as compras, e Kara logo atrás com mais duas sacolas e uma ânfora de azeite. Por elas passava de tudo, compradores, mais mercadores, gente rica, gente não tão rica, escravos e seus senhores, senhores de escravo nenhum. Essa era outra parte fácil deenxergar, pois havia aqueles com os as roupas mais finas, e os acorrentados atrás. E por um segundo a loira sentiu o peito pesar, não tinha correntes em seus punhos, mas será que ela não era só isso para Lena, quer dizer, Sea?
Afinal fora capturada como todos os outros, era só mais uma, só mais uma para Sea, que dela nada sabia. Foi quando algo grande e duro a empurrou e duma vez a ânfora foi para o alto junto do pé direito da bota. Kara fora jogada violentamente por, acreditem se quiser, o traseiro de um enorme hipopótamo roxo, destruindo quatro bancas na queda.
Lena ficou furiosa brigando com o mercador dono do bicho, o problema foi que cobraram de Kara o estrago das bancas de repolhos, e para piorar viram os caninos da morena, e ai a coisa virou um AUEH!!! Mercadores bravos com o prejuízo querendo um pedaço da loira, o dono do hipopótamo cobrando o comprador que não queria pagar, e geral apavorado com a loba.
Um grito de desespero, e tão logo estavam três guardas do mercado cercando Lena. Brutamontes com túnicas amarelas, botas escuras, chapéu triangular com bordas de coelho, jaqueta de couro fervido, timbradas das torres vermelhas da cidade.
Merda.
Mas ai surgiram os guardas prateados com emblema de águia negra no peitoral ao lado dos donos do prejuízo em legumes puxando Kara.
Merda!
Mas aí apareceram os guardas prateados com o falcão branco no peitoral ao lado do dono do hipopótamo, discutindo com os guardas da águia preta, segurando o caloteiro da capa verde, que gritava com os guardas do mercado, que também apontavam para Lena, que tentava chegar em Kara.
É mole ou querem mais?
Foi um salve-se quem puder na madrugada, gente correndo, caindo, gritando com medo, com raiva, com dor de barriga. O hipopótamo se assustou e em mais uma bundada empurrou um dos guardas do mercado que caiu sobre uma arandela que ateou fogo no azeite da ânfora quebrada, as chamas acenderam um saco de açafrão rosa que explodiu em fagulhas pink, assustando os cavalos e jumentos nas carroças que arrancaram sem direção, levando os carrinhos das bancas, as bancas, o telhado de um banheiro móvel ocupado, derrubando tudo e todos no caminho.
Kara sentiu uma mão enroscar na sua e a puxar para uma viela fora do mercado, Lena. Ambas tomaram folego sorrindo de um jeito muito bobo para a outra, que confusão. Porém durou pouco pois os guardas do mercado as encontraram e se deu a perseguição por entre as estreitas passagens entre os tortos edifícios. Lena sorriu e a puxou para dentro duma taverna com a mais animada música de gaitas de fole e sanfonas com flauta bêbada. Uma caneca voo e elas correram por baixo da mesa de disputa de queda de braço. Deixando os guardas darem a volta na multidão berrenta com as apostas.
Saíram por uma janela e haviam conseguido se livrar deles, mas como uma praga agorenta vieram os guardas da águia negra apontando para Kara, e novamente tocaram a fugir deles pelo fim da rua, que deu num palco numa praça, onde artistas encenavam uma peça de teatro, e todos se atentaram para as duas invasoras, que foram aplaudidas acreditando ser parte do show. Elas correram pulando a guilhotina, revelando cabeça falsa cheia de papel vermelho dentro que foi vaiada pelo público, mais ainda quando desembocaram os guardas da águia negra, que foram alvejados de tomates, ovos e outras leguminosas de um público insatisfeito.
Uma menos, e se não falhava a conta, faltava mais uma guarda atrás da loba, bingo, lá estavam os guardas do falcão branco, elas fugiram por uma das mais estreitas ruas, até que numa olhada para trás Kara perdeu Lena de vista, ela havia sumido, e um puxão levou a loira para os braços da morena num vão da parede enquanto os guardas passavam reto.
Lena a abraçava espiando a beira da parede, de olho nos perseguidores. Ah céus, a respiração tão quente e forte, a pele ardendo, a luz que falha luzia somente as curvas suadas da fuga. Os olhos sem par nos dela, hipnotizada, tomada do que fluía entre elas duma forma totalmente inexplicável, mesmo aqui, mesmo sem se lembrar, se atraíam.
- Lena. - Sussurrou, e de imediato a terna expressão mudou. - Não, desculpa, Sea. - Tentou consertar puxando o rosto dela, porém o olhar se entristecera, mesmo com o nome correto. - Sea. - Uma pontada daquelas veio no tornozelo não tão bem curado ainda. - Droga.
Na hora Lena ajoelhou-se e farejou o sangue no pé da bota. O jeito que tão gentilmente segurava a perna da loira, mostravam o quanto havia, o quanto sem palavras ditas existia, e que de algum jeito queria alcançar nela. A morena levantou-se, tirou o capuz e a encarou agarrando seus ombros, a direcionando até colar suas costas na parede.
Fica.
Era o que pode entender.
- Não, não vai. - Pediu em vão, pois Lena já se mostrava para os guardas rosnando e desafiando-os, e os levou para longe de Kara, desaparecendo na noite. - Lena. - Chamou para si.
Era Lena, e não era, era Sea, e era sua Lena.
- Merda. Como eu vou falar com você? - Murmurou aos céus manca apoiada na parede, quando de trás dela pulou um:
- Oh caralho! - Seguido de uma queda. Kara se abaixou, escondida atrás de uma pilha de feno e lixo, somente com os olhos para fora da cobertura, observando de onde viera o som. Era uma janela de banheiro cuspindo roupas de alguém, e o alguém era um moreno cheio de marcas de batom, cabelo curto, tentando vestir uma camisa, procurando as calças no chão com a cueca enroscada no pescoço, e a jaqueta cinza com o emblema da águia branca quase caindo. - Ai porra!
Amaldiçoou ele ao despencar dum segundo homem da janela do banheiro, mas esse muito bem-vestido, meia calça, salto, zangado e com uma espada na mão. Em poucas palavras a linguagem universal do fodeu de vez e chifre, engraçado como essas linguagens são entendíveis em qualquer lugar.
Ele saiu correndo, e o engomado de vermelho logo atrás, e Kara toda manca e maltrapilha também tentando ver aonde ia o falante de palavrão que ela entendia, mas não era seu dia, tão pouco poderia alcançar o doido que saltou num cavalo branco bundudo, que certamente não era seu, sumindo a galope na avenida.
Largando um corno furioso, e uma jornalista perdida para trás.
E lá se ia a chance, alguém que falava a língua dela, ou pelo menos xingava na língua dela. Guardas prateados se juntaram ao nobre chifrado, e Kara tratou de puxar o capuz se recolhendo para uma viela antes que a vissem.
***
A chance havia passado, que merda, fora a primeira vez desde o começo de tudo isso que ouvira seu idioma por essas bandas. Céus o que podia fazer? Com o tornozelo assim e o sem seus poderes, nada que não fosse retornar a vila das cinzas, último assentamento humano antes da vila dos lobos, fazer o que?
Que tal receber uma ajudinha do universo?
Sabia, já tinha entendido isso, havia feito merda com Lena escondendo a verdade por tanto tempo, pagando o preço desse jeito estranho, sem poder falar com ela agora que tomara coragem. Se quer saber duma coisa, o universo tem um jeito bem esquisito de cobrar as coisas, ou um jeito bem merda.
A lua tão iluminada e azul como sempre, flutuado no céu negro e revolto de nuvens entrecortando a luz. A loira seguiu lentamente pela trilha fora da estrada por entre as arvores, melhor não encontrar ninguém no caminho de casa. Mas o universo tem seus caminhos e coincidências, foi então que avistou na estrada um cavaleiro de jaqueta cinza e águia branca nas costas num cavalo branco bundudo, dobrando a encruzilhada ao lado oposto da vila das cinzas. Era ele, não era, não dava tempo de pensar, pois os pés da loira a levaram na mesma direção para um acampamento de soldados prateados com o estandarte da águia branca com fundo prata.
Kara se aproximou com cuidado para não chamar atenção, engatinhando por trás das muretas de feno de uma antiga plantação, esticou o nariz sobre o feno e buscou pelo fugitivo sanitário. O cavalo branco e bundudo estava lá abandonado junto ao bebedouro dos outros animais, mas e o...
Lá estava ele saindo duma tenda girando uma frigideira entre os dedos, passou por outra tenda e saiu com a frigideira cheia de soba e pão, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém, dançando a cada fogueira num ritmo diferente, até as mais afastadas. Ele entrou numa tenda e Kara deu um jeito de chegar na mesma sem ser vista, o que não foi difícil, já que do lado de fora os soldados cantavam e dançavam bêbados demais para prestarem atenção no pontinho preto que era ela.
Era a tenda dos feridos, duas fileiras de macas dispostas opostamente, e o moreno foi para o fundo da tentada, sentando-se na maca mais distante da entrada, junto do moribundo com o rosto enfaixado, ajudando-o a se sentar para comer.
- Come enquanto tá quente. - Disse ele tirando duas colheres do bolso e pondo a frigideira no colo da paciente.
Paciente que tira os curativos?
Pois a própria puxou as faixas no rosto revelando cabelo azul e olhos azul marinho, e fome monstra devorando os dois pães labuzados de sopa. Algo de errado não estava certo, e aquele cabelo azul com uma trancinha do lado esquerdo do rosto bolacha traquinas, aquela era a guarda-costas dos arqueiros no telhado que Lena havia matado.
- Sorte não ter queimado. - Disse ela, que ao contrário dele não puxava tanto a fala. - Guiridull?
- Anteão. - Respondeu ele com uma risada, e mais umas palavras do outro idioma.
Dali Kara pode perceber o vocabulário, o sotaque, ele não falava tão bem quanto ela. Então Kara tinha um novo alvo, mas como?
- Não reparam que estamos aqui né? -Apontou ela para o remendo da águia caindo da jaqueta dele.
- Não repararam a Mover do cabelo azul, não é uma galinha descosturada nas minhas costas que vão ver, além do mais eles tão bêbados e ocupados demais com as oferendas pra Luror. Tão lá pelados dançando pra lua. Acho que exagerei no pó de cogumelo na cerveja. - Engoliu ele mais uma colher de ensopado antes que acabasse. - Mas acho melhor você ficar longe do médico, não vi ele beber.
Os dois falavam do plano de embebedar o acampamento inteiro, enquanto a azulada lambia o fundo da frigideira.
- Esfomeada. - Puxou ele a frigideira dela que olhou com carinha de cachorrinho pidão. - Ai tá bom, eu pego mais. - Resmungou ele saindo da tenda em busca de mais ensopado para a faminta "paciente".
Era agora!
Ou não, pois entrou o médico na tenda, furioso jogando a caneca de cerveja fora. A azulada percebeu e rolou caindo da maca se arrastando por baixo da lona para fora. Kara a seguiu fora da vista do médico, e dando de fuço com os soldados pelados dançando e uivando para a lua encoberta.
Droga, onde estava aquela garota? Foi que uma nádega voadora levou o olhar da loira para a floresta onde a garota do cabelo azul se ia.
Sabia que não seria fácil falar com a guerreira que havia feito frente aos lobos, mas o que a frigideira em suas mãos poderia fazer? A jornalista investigativa nela a fez ir de arvore em arvore, podendo perceber que o alvo não estava nos melhores dias, claudicante e respirando com dificuldade. Até que ela parou e falou:
- Ah Berlim me ajude. Eu sei que está ai, sai logo e me enfrenta. - Disse ela sacando uma faca, e assim que se virou caiu dura ao levar uma frigiderada no fuço. Era a mesma guerreira do telhado?
***
Horas depois a desmaiada acordou.
- Ai graças a Deus, achei que tinha te matado. - Disse Kara, quando a azulada gemeu ao acordar. - Desculpa as correntes, mas eu precisava falar com você.
Foi ai que a criatura azul se deu conta de ter sido feita de burrito enrolada num lençol e amarrada por tudo o que a loira pode encontrar.
- Me solta sua loka! - Berrou ela brava, mas Kara não podia soltá-la, precisava dela, e assim que percebeu que a cara zangada de nada servia começou a implorar. - Olha eu sei que eu to devendo um contrato, aliás vários, mas me da um tempo que eu dou um jeito, não me entrega pros guardas do pato preto ou da galinha branca. Ou, eu sei que to devendo pro dono da taverna, mas se esse é o problema eu juro que arrumo a grana até o fim da semana. - Choramingava.
- Uou uou uou, calma, eu não quero te entregar pra ninguém, eu quero falar com você. - Disse Kara.
- Só falar? Esquisito, mas você fala.
- Igual você, como você fala a minha língua? - A loira tentava acalmar a minhoquinha azul no chão. - Eu me chamo Kara, e eu preciso de ajuda, da sua ajuda.
- Olha um monte de gente meio que procura a minha ajuda, e eu já to cheia de problemas por causa disso, então entra na fila. E me solta.
- Eu não posso te soltar, eu tenho que te levar comigo, pra vila dos lobos.
- É o que, não! Tá maluca, vão me comer viva lá.
- Não vão, eu não vou deixar. - O que diabos estava prometendo, se Lena não era ninguém lá, que dirá ela, uma escrava. A minhoca azul não parecia muito interessada na proposta. - Olha por favor, ao menos me escuta. - Ajoelhou-se diante dela. - Eu não sei como vim parar nesse lugar, mas eu cai aqui nesse mundo tá, eu não sei explicar, eu tava na minha cidade, no meu mundo, e de repente num clarão de uma máquina de lavar eu cai aqui. E tudo aqui é diferente, até a língua que eu não falo, mas você fala, você é a primeira pessoa que eu encontro aqui que fala igual eu. Por isso por favor, me ajuda, eu não sei o que fazer mais, eu preciso salvar uma pessoa muito importante, e...por favor, me ajuda, você é a única com quem eu posso falar.
- Verdade, você fala a minha língua. - Reconheceu o burrito azul.
- Por favor. - Suplicou Kara, os olhos azul marinho e olhos azul claro, iluminados pelo azul luar liberto das nuvens passando pleno pelos buracos daquele casebre abandonado. Duas mulheres, uma língua, e um rosnado.
GRRR!!!
Veio do lado de fora, uma sombra enorme passeava ao lado das finas paredes. Patas imensas passaram pelas frestas, garras e dentes enormes atrás dos buracos, peludo e gigantesco. Um lobo cinzento de mais de quatro metros as farejava.
- Puta merda Berlim. - Disse a azulada.
Ele avançou e Kara pulou sobre a garota amarrada a protegendo do telhado e parede caindo. Chutando os escombros tentando tirá-la de lá, mas como com o tornozelo ferido e um burrito de 60 quilos mais correntes?
- Some daqui garota, vai! - Berrou para Kara.
- Não! Eu preciso de você! - Gritou a loira encarando os olhos azul marinho, puxando o burrito dos escombros, mas as correntes arrebentaram com a dentada do peludo que vou o bolinho, o sacodindo feito um brinquedo de trapos.
CLAAACK!!!
Fez a coluna da minhoquinha azul atirada para longe por entre as arvores quase partida ao meio, espirrando o sangue na loira.
Kara tentou ir atrás, mas o lobo a cercou e para que correria atrás dum cadáver dobrado em mais de 90 graus? Mas não podia abandoná-la, mas se não o fizesse seria ela o próximo cadáver. Tentou alcançá-la, porém teve de desviar do peludo pulando na primeira arvore que viu, o lobo pulou atrás sacodindo o tronco na batida, e Kara caiu por sobre ele rolando até o chão pela calda felpuda, novamente correu, e correu até onde o tornozelo permitiu, porém não adiantaria um pé e meio contra quatro patas, e mais uma vez escalou outra arvore, o peludo bateu no tronco como na primeira, e quase caiu a loira, mas agarrou-se firme nos galhos mais altos. Firmou os pés, porém o tornozelo cedeu a dor, e num escorregão estava ela dependurada para cair na boca do lobo.
Não!
Não!
Lenaaa!
Precisava salvá-la!
Antes tinha de acertar as coisas com ela!
O galho se partiu e lá se foi a loira na boca do lobo faminto, quando uma corrente se enrolou na sua cintura e a puxou no ar, desviando-a da dentada certeira, mas não do chão que veio com a força da gravidade. E com metade do rosto cheio de terra e sangue, avistou a azulada girando as correntes sobre o peludo, acertando as presas e rodeado a cabeçorra dele. Ele avançou e ela desviou se puxando para o alto, saltando e se balançando nas correntes que usava como gancho nos galhos. Foi ai que Kara que captou a ideia, e correu para ajudá-la com as correntes, junto da azulada elas puxaram e o nó amarrou a boca dele fechada para o alto, erguendo a criatura nas patas de trás. Era pesado demais, e as correntes não tinham travas, mas a azulada fincou a pequena faca de antes na cruzada das correntes numa arvore, o que prendeu o bicho, por hora.
Não ia durar, elas sabiam e saíram correndo, porém o tornozelo na loira não aguentava mais, então a azulada a levou nas costas.
- Eu me chamo Kara, você não me falou seu nome. - Disse nas costas dela.
- Frankie. - Respondeu correndo o que podia até cair desacordada, tão exausta quanto a loira.
O sol surgia por sobre as montanhas, e Kara agora tinha um novo problema.
***
Da autora: Hey Supercorps como fomos hoje, me contem. E agora o que a Kara vai fazer? Achar achou, mas e ai? Ah Supercorps, confesso estar me divertindo horrores com essa desventura em série da Kara por um mundo q estamos descobrindo com ela.
E junto da Sea, Lena, tadinha, ela fica triste quando a Kara chama pelo nome que ela não lembra, nyaaaaa Supercorps bora me dar um oi pelos confins do Xuwitter?
@Yukyytto
Juro que sou legal...em alguma medida🐾
Um grande abraço de lobo em vcs lindas, e até o próximo Blue Moon
Aaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuhhhhhh!!!
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