Quem era Nicholas Hayes? Há quanto tempo ele estava com Aimée Blanchett? Ele se relacionava comigo e com ela? Ele percebeu que eu era só um passatempo e que ela era mulher de verdade? Percebeu que com ela daria certo? Era por isso que ele terminara comigo? Era por minha causa que ele se aproximara dela? Ela sabia da nossa relação? Tantas perguntas, nenhuma com resposta.
Eu passava noites em claro com essas perguntas me perturbando. Já era mais fácil esconder as olheiras agora com a prática. Quando estava entre as outras pessoas fingia ser a mesma Blue de antes, mas quando ficava sozinha sentia uma dor insuportável e desabava a chorar no travesseiro.
Marceline não falava comigo e isso me doía ainda mais. Apenas ela sabia sobre toda a situação e nem um cretino "eu te avisei" recebi dela. Talvez achasse que assim fosse melhor, não se meter na minha vida, mas ela estava redondamente enganada. Eu precisava das broncas dela, porém era muito orgulhosa para assumir o meu erro.
Pensei por um momento na vida que minha mãe levava, o que mais ela escondia. Como Nicholas e Aimée conseguiram esconder esse relacionamento. Eu sentia nojo de mim mesma por ter traído minha mãe desse jeito mesmo que sem intenção.
Desejei que fôssemos mais próximas para que eu não tivesse mais nenhuma surpresa em relação à ela, mas sabia que essa relação distante com a minha mãe já estava construída com muros sólidos e se antes eu já temia me aproximar, hoje eu tinha náuseas só de pensa em olhá-la.
Noah me convidou para ir à sua casa diversas vezes para que planejássemos nossos aniversários. Fazíamos bem próximo: eu uma semana depois dele. A dele seria em sua própria casa, com a garantia de que seu pai estaria fora com Aimée e não sabia se era pior que eu soubesse que eles transariam ou que ele estivesse no mesmo ambiente que eu. Pelo menos eu poderia beber à vontade sem correr o risco de cair nas garras daquele... Homem!
Não conseguia nem falar mal dele. Sentia raiva de mim mesma por isso.
Fomos até a casa de Bianca. Seu quarto era tão feminino quanto o meu, com coisas sobre líderes de torcida e qualquer coisa boba pela qual ela se importava.
Olhei as fotos que ela tinha em seu mural e toquei nossos rostos. Uma minha, dela e Noah, outra só de nós duas e outra apenas dos dois. Todas da minha polaroid que ela guardava com carinho. A foto que tirei dos dois era linda: estavam vendo algo no celular da ruiva enquanto esta estava ajeitada entre as pernas do nosso amigo. Parecia um casal e seria lindo se assumissem que se gostavam. Afinal, por que tinham interesse em provocar um ao outro?
Sentei-me na cama com eles, olhando o convite eletrônico que Bianca havia feito e sorrindo satisfeita.
- Uma festa na piscina? - Questionei.
- É. Noah estava confuso sobre o que fazer, mas eu disse que a glow party vai ser sua porque a piscina dele é melhor. Desculpa. - Piscou pra mim e deu de ombros.
- Tudo bem. - Eu ri com a sinceridade da minha amiga. - Bom, eu acho que vai ser ótimo. Consultaram a previsão?
- Sim, mamãe! - Noah reclamou.
Engoli em seco com o "mamãe". Mal sabia ele o quanto essa expressão era verdadeira.
- Desculpa, Blue. Só estou enchendo o saco. - Apertou minha bochecha e eu corei.
- Tudo bem. - Toquei sua mão e acariciei os nós de seus dedos.
Fixei o olhar naquele gesto e sorri. Era bom ter meu amigo por perto, não sabia se a semelhança entre ele e o pai me faria mal, mas parece que eu precisava daquilo para uma melhor recuperação.
- Vou cuidar das confirmações. Blue, você cuida da arrumação com Noah. OK?
- Já estou cuidando. - Sorri para ela.
Era bom que minha amiga me desse algumas funções para serem executadas, pelo menos eu mantinha minha cabeça longe de Nicholas e apenas na minha festa e do meu melhor amigo.
- Wow, Noah! Quantas confirmações só nos últimos minutos! - Bianca exclamou em excitação.
- Quantas mulheres? - Perguntou animado, o rosto contorcido em uma expressão maliciosa, as mãos esfregando uma na outra.
Eu e Bianca nos entreolhamos e jogamos almofadas nele.
- Não seja ridículo! - Trovejou Bianca.
- Seu porco!
E então caímos na gargalhada.
Quando o dia da festa chegou, acordei suada pelo calor que fazia. Vesti um biquíni com a parte de baixo de cintura alta listrada em preto e branco enquanto a parte de cima era apenas branca. Coloquei um vestido solto e peguei meus pertences para ficar na casa do meu amigo naquela noite. A casa era nossa por um fim de semana como ele havia prometido.
Fui até a sua casa, não sem antes deixar um bilhete para Marceline avisando que estaria fora. Chegando lá pude notar que o carro de Nicholas já não estava lá, o que foi um alívio. Eu sabia que não estaria, ouvi minha mãe saindo pela manhã, mas de algum modo quis ignorar toda aquela situação.
Noah me recebeu com um abraço forte, vestindo apenas de bermuda e chinelos.
- Feliz aniversário, meu amor! - Gritei assim que ele me soltou.
- Obrigado, minha loirinha.
Meu amigo pegou minhas coisas e foi guardar em seu quarto enquanto eu já começava a aprontar a decoração. Tudo se resumia à algo bem praiano: muitas bolas, bexigas, canudos, toalhas e tudo o mais estava espalhado pela casa.
Noah me ajudou a maior parte do tempo, discutindo sobre o que ficaria melhor onde. Decidimos que as pessoas entrariam pela lateral senão a casa viraria um nojo de água, sujeira e pessoas caindo bêbadas.
Quando Bianca chegou apenas de canga e com seu biquíni minúsculo nos seios eu vi o quanto parecia um rato perto dela. Minha melhor amiga era maravilhosa. Logo atrás dela estava o cozinheiro e seus ajudantes que havíamos contratado, afinal também queríamos aproveitar um pouco da festa.
Depois de abraçar e beijar nosso melhor amigo desejando felicidades, Bianca analisou nossa arrumação e sorriu satisfeita.
- Vamos começar a festa então? – Bateu palmas, fazendo os funcionários se dispersarem.
A piscina estava cheia, assim como toalhas, cangas e cadeiras se misturavam pelo imenso jardim do meu melhor amigo. Com certeza fora melhor que ele fizesse a festa na piscina.
- A festa não está maravilhosa? - Uma Bianca alterada pelo álcool veio me falar enquanto eu tomava sol logo depois de sair da piscina.
- Está sim. Graças à você. - Tirei os óculos para olhá-la melhor.
- Não seja ridícula. Fizemos isso juntos. - Sorriu, tomando um gole da sua bebida. - Hmmmm, avistei um alvo. Até mais tarde. - A garota me mandou um beijo e se afastou.
Bianca não ia mudar nunca e eu adorava isso nela.
Noah se aproximou pouco depois enquanto eu arrumava minhas coisas para sentar em uma barraca que ele havia montado ao longe nomeada de "área VIP".
- Loirinha, aonde vai? - Perguntou um Noah igualmente alterado, me abraçando pela cintura.
- Vou pra área VIP? - Respondi em tom de pergunta e me virei para ele, empurrando seus braços até que estivéssemos à uma distância segura. - Por quê? Não acha que eu seja digna dessa área? - Arqueei uma sobrancelha.
- Longe disso, você é mais que VIP. Você é... Ah, eu não sei o que você é. Não faça perguntas difíceis.
Gargalhei e toquei sua mão para que me acompanhasse até sua área. Sentamos nas cadeiras e eu passei a beber de alguns copos que jaziam ali. Tudo parecia muito bom e eu já sentia o álcool penetrando pouco a pouco.
Decidi comer um pouco do que serviam, não me importando com o que era. Meu melhor amigo vez ou outra me falava algo e eu apenas sorria e acenava. Por muitas vezes ele se afastava para falar com alguma garota ou amigo que riam de algo que ele dizia.
Tinha como não gostar de Noah Hayes?
A festa acabou tarde da noite, quando toda a comida acabou e desligamos a música cansados demais para continuar. Vimos nossos amigos se despedirem, alguns mais alterados do que outros. Bianca ficou com algum garoto na piscina entre suas pernas enquanto se beijavam com intenções de se perderem um no outro. Eu e Noah os deixamos à sós e fomos tomar banho, poderia jurar que havia visto um rastro de decepção na expressão do meu melhor amigo.
- Podemos deixar o meu quarto para eles. - Meu amigo resmungou enquanto se preparava para entrar no próprio banheiro.
- Claro. - Sorri amigavelmente, o álcool fazendo com que tudo ficasse duplicado.
- Dormiremos na cama do meu pai. - Anunciou.
Senti um arrepio descer pela espinha. Eu estivera ali antes, mas Noah nunca poderia saber. Peguei meus pertences e ele fez o mesmo, no dirigindo para o quarto de seu pai que também era uma suíte. Noah trancou a porta, provavelmente temendo que Bianca entrasse ali e acabasse com nossos planos de ser a "suíte principal".
- Você quer tomar banho primeiro, loirinha? - Questionou.
Olhei para ele por um momento e o notei pela primeira vez. Ele era como o pai, o mesmo olhar, a mesma feição, o mesmo rosto, mas com certeza tinha o temperamento da mãe.
- Noah... - Ofeguei e me aproximei dele, tocando o seu rosto. - Você é tão... Bonito. - Sussurrei.
Como nossos lábios ficaram tão próximos, só me lembro de que no segundo seguinte nós nos beijávamos no quarto de seu pai. Sua língua parecia desesperada em minha boca enquanto seus braços me envolviam com força contra o seu corpo.
Nós só tínhamos nossas roupas de banho e elas estavam tão fáceis de serem retiradas. O calor de nossos corpos transpassava mesmo através do tecido. Não demorou para que estivéssemos completamente nus. Eu não tinha ideia do que estava fazendo e não queria pensar sobre isso.
Eu queria sentir, apenas voltar a sentir.
Deitamo-nos na cama de seu pai e eu não me lembrava de que era tão macia, muito menos que o cheiro dele estaria tão presente para me assombrar. Querendo espantar aqueles pensamentos, tomei os lábios do meu amigo nos meus e apenas segui meus instintos.
Quando ele me preencheu, eu revirei os olhos. Precisava dele como não imaginava. Nossos corpos se mexiam ritmados, nossos gemidos eram baixos e contidos, se misturando aos de Bianca no quarto do outro lado do corredor.
Eu não queria que aquilo acabasse, eu ainda precisava sentir, ainda queria que ele me fizesse sentir. Mas quando ele me posicionou por cima foi que eu vi a felicidade em seus olhos, a admiração e então eu senti todo o amor do meu melhor amigo. Como não havia notado antes?
Cavalguei enquanto ele parecia se deleitar com meus movimentos, me tocando como se eu fosse sumir a qualquer momento, como se eu não fosse real. A foto de Noah com Nicholas jazia ao lado da cama e eu fiz questão de fingir esbarrar enquanto me deitava sobre ele para beijá-lo. Meu amigo não pareceu se importar ao ouvir o vidro se quebrar.
Noah se levantou da cama comigo em seus braços e foi para o banheiro. Enquanto eu me apoiava na parede com uma mão e a outra tocava sua nuca, sentia o quão bom era ser preenchida de novo. Ele estava fazendo amor comigo, não era como nada que eu havia visto, não era selvagem como poderia ser. Era amor, na sua forma mais impura.
Ele me apertava, me tocava, me estimulava de todos os modos. Quando sua respiração ficou pesada em minha orelha notei que ele estava perto de finalizar. E eu também, tão perto que quando senti ele me preencher foi que derramei o meu prazer.
Terminamos o banho entre beijos e carícias. Ele me tratou com carinho, me dando banho enquanto eu fazia o mesmo com ele. Era bom sentir de novo. Não era o mesmo, mas estava perto. Cansados demais para continuar, dormimos completamente nus embaixo das cobertas.
Naquele momento, entre o estado bêbado e sóbrio eu percebi o que havia feito: eu transara com meu melhor amigo, Noah Hayes. A pessoa que até pouco tempo eu jurava se relacionar com a minha própria melhor amiga, Bianca Zanella. Eu transara com o filho do homem que um dia eu jurei ser o amor da minha vida.
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