A Marca do Mistério
Está cedo, mas ainda escuro quando acordo. Vou até a cozinha e preparo um pedaço de torta, enquanto arrumo minhas coisas. Coloco caderno, canetas, cordas e outros itens essenciais em uma velha mochila. Deixo um bilhete para Logan em cima da mesa:
"Vou investigar e descobrir algo. Não se preocupe, não vou sozinha. Talvez eu demore, mas prometo voltar logo.
Ass: Amélia"
Saio de casa e fico na varanda esperando Michael, que logo aparece com uma pequena bolsa.
— Me atrasei? — ele pergunta se aproximando.
— Não, estamos no horário certo. — Respondo, ainda com sono. — Vamos.
— Tem alguma ideia de onde começar? Você não quer invadir a casa deles, certo? — Michael pergunta enquanto caminhamos.
— Vamos fazer uma coisa de cada vez. Primeiro, você precisa me contar tudo o que sabe, absolutamente tudo. O resto a gente descobre.
— Certo…
— Onde fica a casa da família Ruby? — Pergunto, e ele me olha apreensivo. — Calma, não vamos entrar lá! Só preciso saber.
— Fica a alguns quarteirões. Podemos conversar até lá.
— Vamos pegar um caminho diferente. — Digo decidida.
— Por quê? — Michael hesita.
— Para evitar que nos vejam ou que sejamos seguidos. — Desvio o caminho, andando pelos cantos.
— Entendi.
Enquanto andamos, Michael começa a me contar sobre a família Ruby. Anoto tudo em um caderno pequeno.
— Como eu disse, eles são influentes na região. Sobre os boatos de Barbara, dizem que ela andava com traficantes, mas ninguém tem certeza. Ela tinha uma melhor amiga chamada Julie, da mesma sala dela. Podemos tentar falar com ela na escola. — Michael continua.
— Interessante, e sobre as drogas…?
— Às vezes aparecia com os olhos vermelhos e tendo alucinações. A família dela provavelmente usou sua influência para evitar que ela fosse expulsa. Sobre Julie, eu não sei muito.
— Uma vez encontraram algumas pílulas no banheiro feminino. Todos suspeitaram de Barbara, mas no final das contas, uma garota chamada Katy Orson foi culpada e expulsa. Isso aconteceu quando eu cheguei na escola.
— E você sabe onde Katy mora? Alguma informação sobre ela hoje?
— Não… — Michael diz e eu fico pensativa. — Mas a escola deve ter os arquivos. Podemos dar uma olhada lá.
— Não é muito arriscado? Não quero ser expulsa no primeiro dia.
— Calma, querida. — Michael sorri confiante. — Está falando com um especialista em assuntos escolares.
— Já fez isso antes? — Pergunto, e ele sorri.
— Não é feio você perguntar?
Andamos até a casa dos Ruby, que estava decorada com flores e fotos de Barbara. Ela parecia muito com Leslie, mas com cabelo mais escuro e uma expressão séria nas fotos.
Anoto tudo no caderno enquanto Michael e eu nos escondemos em uma pedra perto da casa. Pego binóculos e entrego um para Michael. Observamos atentamente até que um homem se aproxima da casa, tira uma faca do bolso e faz um "S" na parede de madeira da casa dos Ruby.
— Será que ele percebeu nossa presença? — Pergunta Michael.
— Acho que não… — Respondo. — Mas ele sabia que poderíamos estar aqui. Ele conhece os riscos de ser seguido. Deve haver outros envolvidos.
— E qual é o motivo do "S"? Já viu algo parecido?
— Podemos consultar os jornais ou perguntar para Joe.
— Joe? — Olho para Michael.
— Um amigo. Ele é muito inteligente e paranoico, lê muitos livros e jornais. Sempre sabe o que está acontecendo no mundo. — Michael diz, e eu sinto uma pontada de esperança.
— Onde ele mora?
— Eu te levo.
Chegamos à casa de Joe, um edifício amarelo com garagem enferrujada. Michael bate o pé algumas vezes na garagem, que se abre revelando um garoto de cabelos pretos e desarrumados, com uma camisa suja de tinta e um livro na mão.
— Quanto tempo, Michael. — Ele cumprimenta Michael e me olha. — E a garota? Quem é?
— Amélia Williams Scott. E eu não namoro! — Responde Michael.
— Isso doeu! — Joe ri.
— Precisamos da sua ajuda. — Digo, enquanto entramos na garagem.
A garagem está cheia de projetos de robôs, peças de rádio, livros e jornais, tanto novos quanto antigos.
— Sabe algo sobre ladrões, assassinos ou qualquer coisa relacionada a um "S"? — Pergunto.
— Pode ser familiar. Vamos procurar nos jornais. — Joe começa a vasculhar caixas. — A partir de que data?
— 1880. — Respondo e começamos a busca.
Encontramos informações sobre corpos marcados com um "S" ou "D" e vários crimes na Califórnia. O mais interessante foi notar que em Nova York havia mais casos do que em outros lugares.
— Seja lá o que for, parece vir de lá. — Joe diz. — Mas é apenas um palpite. Os casos em Nova York são mais brutais.
— Precisamos de nomes… Assassinos ou criminosos de Nova York. Tem algo que indique isso?
Continuamos lendo e anotando, enquanto Joe mexe em mais caixas. Ele encontra um livro chamado "Relatos Criminosos NY" e me entrega.
— Perfeito. Mas é um livro longo. Pode me emprestar? — Pergunto.
— Claro. — Joe pensa um pouco e depois permite.
Conversamos mais um pouco e fizemos mais anotações. Joe também entrega um livro a Michael sobre investigações policiais. Nos despedimos e voltamos para casa, ligando os pontos e conversando.
— Amanhã começam as aulas, mas ninguém vai nos primeiros dias. O que quer fazer amanhã? — Pergunta Michael.
— Eu te aviso, mas tenho que ir agora. — Respondo. Nos despedimos e entro em casa, onde encontro Logan se preparando para sair.
— Você demorou. Onde estava? — Logan pergunta.
— Estava com Michael, o vizinho da frente.
— Logan me olha curioso. — Ele está te ajudando a investigar?
— Exatamente. — Respondo. — Ele é muito útil.
— Perdi meu lugar, então? — Logan diz com um tom dramático, e eu sorrio.
— Nunca! Bom… talvez? — Brinco, vendo o sorriso dele desaparecer. — Estou só brincando!
Coloco livros, jornais e o caderno de anotações na mesa para Logan ler. Ele fica em silêncio por um tempo, com uma expressão séria, e depois solta um sorriso fraco.
— Vocês estão indo muito bem, Amélia. — Ele devolve os materiais. — Realmente me surpreendeu.
— Pretendo falar com algumas pessoas, como a irmã e a amiga de Barbara. Elas podem saber de algo. — Digo, e Logan me encara.
— Falei algo errado?
— Não… — Dou uma pausa. — Você só está muito obcecada, e isso pode ser perigoso.
— Eu sei… Não consigo parar de pensar e imaginar que estou perto de descobrir algo ou me enganando atrás de algo que não conheço. Isso tudo me dá esperança de descobrir sobre meus pais e… talvez eu esteja indo longe demais, mas eu preciso tentar! Eu preciso.
— Eu entendo como isso é importante para você. — Logan levanta da cadeira. — Sempre estarei aqui para te apoiar, Lia. — Ele dá um leve tapa em minhas costas.
Naquela noite, Michael e eu nos encontramos bem tarde. Ele entra no meu quarto pela janela e conversamos sobre a família Ruby. Michael incentivou a investigar a sala de arquivos da escola e ver a ficha de Barbara e Leslie.
Montamos um quadro com informações e pedaços de jornais importantes e começamos a ler os livros que Joe havia dado. Eu li sobre facções e gangues no Canadá, enquanto Michael leu sobre investigações policiais. Havia mais livros para ler, como "Crimes Sem Solução", "Relatos de Vítimas", e "Como Diferenciar Crimes".
Passamos a noite lendo, anotando e discutindo. Nem percebi quando caí no sono. Na manhã seguinte, acordo com o livro jogado ao meu lado e vejo Michael ainda dormindo ali. Ouço Logan bater à porta.
— Lia? — Ele diz com uma voz calma.
— Bom dia, Logan. — Digo nervosa, enquanto tento acordar Michael.
— Preciso te explicar uma coisa sobre as aulas.
— Ah, sim. — Michael acorda e eu tampo sua boca para que ele não diga nada. — Só vou me trocar.
— Tudo bem, eu espero aqui.
— Não! — Solto sem querer, e Michael já estava recolhendo suas coisas.
— Não? — Logan pergunta, confuso.
— É que ainda vou tomar um banho para acordar direito e pode demorar, já que vou lavar o cabelo.
— Certo, vou preparar o café da manhã. Tente não demorar muito. — Escuto seus passos se afastando. Olho para Michael, que está rindo da situação.
— Qual é a graça? — Cruzo os braços.
— Além de você ter dormido comigo, o que é bem suspeito… — Michael revira os olhos. — Ainda acordou toda descabelada! — Dou um tapa em seu ombro.
— Vá se ferrar! — Sussurro para que Logan não ouça.
— Olha como fala comigo, acabamos de dormir juntos. — Entendo o duplo sentido e me envergonho.
— Vá logo embora, tenho coisas a fazer. — Digo, quase jogando-o pela janela.
Nos despedimos, e ele sai. Tomo um banho e lavo bem o cabelo, que é ondulado e que consigo fazer alguns cachos que acho fofo.
Desço para encontrar Logan. O café da manhã está pronto: panquecas, suco e bolinhos.
— Bom dia, pai. — Me sento à mesa e ele me olha surpreso.
— Me chamou de pai, Lia? — Ele sorri.
— Chamei, é isso que você é para mim. — Ele me abraça com força. — Tá bom, já, não é? — Rimos juntos.
Nos sentamos à mesa e começamos a comer. Logan explica que as aulas começarão entre agosto e setembro e terminarão no meio do ano seguinte, mas que iríamos no começo do ano devido a alguns problemas na escola e passeios planejados.
— Excursões para fora da Califórnia?
— Sim. — Ele responde.
— Então você ficará sem minha ótima companhia? — Digo, e ele sorri.
Naquele dia, Logan me entregou materiais escolares, pois no dia seguinte eu começaria na escola. O lado positivo era ter Michael ao meu lado. Estava ansiosa e, ao mesmo tempo, temerosa para falar com Leslie. Michael comentou sobre invadir a sala de arquivos da escola para mapear tudo. Ele parecia saber bem o que estava fazendo.
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