Capítulo 8 - Wolf Pack
Já tinha escurecido, quando um grupo com três vampiros seguiam na direção dos lobos. A vampira corria na frente e olhava a todo tempo para o equipamento, que os guiava dentro da floresta.
Ela sinalizara com a mão e todos escalaram uma árvore e pararam, para ter uma visão panorâmica.
— Estamos perto, ao que tudo indica, eles entraram naquela caverna. — ela apontara com o dedo e continuou: — Muita cautela... Desta vez enfrentaremos uma alcateia, como daquela vez...
— Já sabemos Megan, isolar os fracos e blá, blá, blá... — respondeu Thomas, que possuía cabelos castanhos e levemente aparados, com aparência de um jovem de vinte e poucos anos.
— Você falando assim parece fácil, mas em grupos eles são mais fortes, seu idiota!
— Que seja, mas vão tudo virar casacos de peles de qualquer modo...
— Quietos! — ordenou Michael. — Escutei algo vindo lá de dentro... Definitivamente estão lá.
— Será que os filhotes estão com eles? — perguntou Megan.
— Que se danem essas drogas de filhotes, vamos acabar com todos! — respondeu Thomas.
— Precisamos dos filhotes vivos, se os matar, eu mesmo acabo com você! — afirmou Michael.
Thomas ficou quieto após a ameaça e Michael continuou:
— Já os demais lobos, vocês tem permissão para eliminá-los.
Em questão de segundos os vampiros chegaram até a caverna, devido à velocidade sobre-humana, mas adentraram com cautela.
— Essa caverna é bem longa... — sussurrou Thomas.
— Quieto, eles podem nos ouvir! — sussurrou Megan.
De repente os três pararam ao avistar a garotinha de cabelos alaranjados, encolhida, abraçando os próprios joelhos e de costas para eles.
— É uma dos que fugiram! — afirmou Megan, que se surpreendeu ao ser empurrada por Michael para alguns metros à frente e por muito pouco os lobos não os tinha esmagado.
Os lycans haviam se escondido nas rochas pontiagudas no teto da caverna e pretendiam pegá-los de surpresa.
— Desgraçados! — resmungou Megan ao se recuperar do susto.
John soltara um riso e disse:
— Desculpe por assustá-los, não era nossa intenção...
— Vejo que será uma luta justa! — afirmou Allec.
— Apenas entreguem os filhotes e iremos embora... Daí ninguém se machuca! — afirmou Michael.
— Já pensou no absurdo que está dizendo? Nenhum pai entregaria os próprios filhos nas mãos de sanguinários como vocês! — John rosnou e gritou para distrair os vampiros. — Agora Rebeca!
Os vampiros olharam rapidamente para a garotinha, que se escondeu para não atrapalhar a luta e os lobos avançaram. Eles dispararam os tranquilizantes em direção aos lobos, mas como estavam próximos, conseguiram desviar facilmente e o grupo de vampiros acabou se dividindo. Jennifer foi atrás de Thomas, Allec em direção a Michael e John atrás de Megan.
John investia rápido e Megan tentava se esquivar entre as diversas rochas do local, mas o lobo enxergava todos os seus movimentos.
Megan era ágil, assim como John, que não parava de avançar contra ela. Ambos ficando cansados devida a dança entre as garras, que só parariam ao arrancar o último suspiro de um deles.
Jennifer avançava ferozmente em Thomas, no qual se esquivava e revidava as investidas, mas o que o vampiro não esperava é que Jennifer se defendesse com artes marciais, visto que a mesma cresceu aprendendo defesa pessoal.
Rebeca, assustada, achou uma brecha entre o caos e correu em direção à saída da caverna.
Allec encurralara Michael em algumas rochas e quando foi atacar o vampiro, Michael saltou por cima dele, pousando a alguns centímetros de suas costas e o arremessara aos pedregulhos com um potente chute. Com o sangue fervendo, Allec se levantou rapidamente entre a poeira que se erguia e voltou a atacá-lo.
Allec tentava pegá-lo com suas garras e com a adrenalina subindo pra cabeça, os movimentos dele ficaram previsíveis para Michael, que na menor das brechas, o surpreendeu perfurando o na região do estômago, mas só não fora mais fundo, porque o lobo conseguira segurar aquele braço gélido. Com a dor do ferimento, Allec não conseguiu revidar e focara sua força em sua pata que segurava as garras, que entravam cada vez mais fundo na carne. O vampiro o derrubara com uma rasteira, sem afastar suas mãos e ficara sobre o lobo, tentando perfurá-lo mais fundo. O vampiro preparou as garras da outra mão, que forçou em direção ao pescoço de Allec, que segurava com dificuldade, pois o lobo estava enfraquecendo. O vampiro forçou ambas as mãos contra Allec, que rosnava de dor, mas ele não esperava que uma pequena loba de pelagem mista de cinza, caramelo e bordô, com olhos amarelados, surgiria e abocanharia a garganta de Michael. Era lua cheia e Rebeca havia retornado. Mesmo inconsciente, o cheiro de seus novos companheiros eram muito valiosos para ela.
A loba o arrastava como se fosse um pano, sem dar a oportunidade para que ele revidasse. Allec ignorou a dor e a ajudou a estraçalhá-lo, em seguida avançaram em Thomas.
A vampira notou que estava em desvantagem e o grito de Thomas ao ser mordido pelos três lobos que o encurralaram, a fez desviar a atenção de John por um segundo, que foi o suficiente para ele a agarrar pela cocha. Com a dentada firme e rápida, ergueu-a por cerca de dois metros e a girou em direção ao chão, ficando de costas para ele. Ela sentiu um peso em suas costas. John rosnou para os outros lobos que se aproximaram, mas ele recusou a ajuda. Com uma das patas pressionou a cabeça da vampira contra a rocha e disse:
— Agora sua desgraçada, farei com você o mesmo que fizera com ela!
— Outros de nós virão nos encontrar e irão atrás de cada um de vocês! — ela resmungou com a face pressionada nas rochas.
— Isso se sobrar algo de vocês e que venham! Faremos o mesmo com seus amiguinhos! — John cravou as garras nas costas dela, e a rasgou bem lentamente, fazendo exatamente os mesmos cortes que haviam feito em Acira. Megan gritou até lacrimejar e quando perdia a consciência, sentiu os dentes de John cravarem em seu pescoço e tudo ficou escuro. John chacoalhou o corpo até que a cabeça se desprendesse do mesmo e após a vitória, começou a uivar sendo acompanhado pelos outros lobos.
Auron despertara de seu longo cochilo. Inquieto e com fome, começou a procurar por alguma abertura entre a toca da árvore e a grande rocha, em que Jenny e Allec os haviam prendido.
Noru despertou com o uivo desajeitado do irmão, que clamava por ajuda familiar e resolveu se juntar a ele. Eles estavam em um bosque e bem próximos de várias residências, pois caso a matilha não retornasse, algum morador poderia encontrá-los mais cedo ou mais tarde.
Auron e Noru choravam há algumas horas e faziam pequenos intervalos para recuperarem o fôlego. Uma cadela de porte médio e sem raça definida os havia encontrado e latia para eles, até que seu jovem dono fosse até ela.
O adolescente ordenou para que a cadela viesse até ele, mas acabou indo até ela. Ao se aproximar da árvore, se assustou quando ouviu filhotes chorando e cavando entre a árvore e uma rocha, que parecia ter sido colocada ali propositalmente de maneira inclinada, prendendo aqueles animais. O garoto analisou a enorme pedra e xingou aqueles que haviam feito tal crueldade. Tentou empurrar a pedra, mas sozinho não iria conseguir e pegou o telefone para pedir ajuda a um amigo.
Como o amigo morava próximo, chegou alguns minutos depois e o jovem explicou a situação. Juntos eles conseguiram remover a rocha e ambos ficaram fascinados pelas criaturinhas que encontraram.
— Que lindos, parecem ser da raça Malamute. — disse se agachando e aproximando a mão livre, pois a outra segurava um celular, que iluminava os filhotes encolhidos dentro da toca na árvore.
— Devem ter aproximadamente sete meses pelo tamanho... — comentou o outro adolescente, mas Auron e Noru estavam com apenas um mês e alguns dias. Farejaram a mão dele, um pouco com receio, mas quando a cadela se aproximou os três começaram a abanar as caudas.
— Eles valem um bom dinheiro mano... Essa raça é cara! — afirmou o amigo.
— Bom vamos levá-los, parecem estar com fome.
No meio da madrugada, os filhotes dormiam no quarto do garoto que os resgatou. O jovem fizera um ninho com jornais, próximo ao armário e a cadela dormia junto aos filhotes. Seus pais não estavam em casa naquela noite, pois tinham ido visitar uma tia, que morava a algumas horas de viagem. Eles insistiram para que o jovem os acompanhasse, mas reclamou tanto que seria entediante, que seus pais acabaram atendendo o seu pedido e o deixaram em casa. Sua cadela foi uma de suas desculpas, pois alguém teria que tomar conta do animal.
Algum barulho no quintal fizera a cadela despertar e foi em direção as escadas. O garoto acordou com os latidos e choramingo da cachorra do lado de fora. Algo a silenciara. Começou a ficar nervoso e foi até seu armário em busca de seu bastão de beisebol, uma relíquia que guardava para lembrar-se dos jogos, que praticava quando mais novo.
Os filhotes agora acordados ficaram agitados e sentiu um vento gelado vindo da janela. Paralisou por alguns segundos antes de se virar, visto que tinha fechado a janela. Ao se virar, seus olhos se arregalaram ao se deparar com um lobo enorme e de pelagem negra, que apenas o encarava. O mesmo se sentou no chão e acariciou os filhotes com a cabeça, que pulavam de alegria ao vê-lo. O garoto ficou em choque e não conseguiu se mover.
John voltou o olhar para o garoto e foi em sua direção, que recuava a cada passo, até que encontrou o fundo de seu armário. John vagarosamente se aproximou sem mostrar sinais de hostilidade. Farejou o garoto por alguns segundos e se afastou após dizer:
— Obrigado por tomar conta deles...
— V-Você fala? Como é possível?
O lobo o encarou novamente e comentou:
— Se contar a alguém o que está vendo e ouvindo agora, eu voltarei e acabarei com todos seus entes queridos... Eu guardei seu cheiro e poderei encontrá-lo a quilômetros de distância.
— Não falarei... Eu juro! — o garoto respondeu a ameaça e seu coração começou a disparar.
O lobo lançara um último olhar ao abocanhar Auron e pegou Noru com sua pata esquerda e saltou da janela. O jovem se recuperou do medo que sentia e correu até a janela, mas os lobos haviam sumido.
Allec avistou John, já dentro da floresta com os sobrinhos nos braços e foi ao seu encontro. Os demais do bando o seguiram e Allec disse ao se aproximar:
— Que bom que eles estão bem! — começou a rodear os pequeninos de maneira brincalhona, que já estavam no chão e retribuíam os gestos, pulando e correndo entre as patas de Allec e Jennifer.
Todos se encontravam em sua forma quadrúpede. Quando John viu Rebeca se aproximar dos filhotes de maneira hesitante, entrou na frente dela rosnando em sinal de alerta, pois ela não tinha controle nem consciência de seus atos e teria que aprender, assim como Jennifer. A loba ao receber a mensagem, se deitou rapidamente e ergueu sua barriga para cima em sinal de submissão. Antes que John se afastasse, os filhotes a avistaram e pularam em cima da nova integrante, que foi virando seu corpo devagar e começara a abanar a cauda, enquanto farejava os filhotes.
— Fica tranquilo John, pelo que parece ela demonstra ser uma loba dócil e submissa... — comentou Allec.
— Não julgue o livro pela capa Al... E jamais abaixe a guarda... — John comentou sentando-se. — Fiquem de olho nela quando estiver transformada, pelo menos até ela aprender a controlar.
— Pode deixar! — afirmou Jennifer.
John se levantou, abocanhou Auron, que farejava próximo a orelha de Rebeca, passou por cima dela e o deixou no chão novamente, perto de alguns arbustos e disse, continuando a andar sem olhar para trás.
— Vamos, está na hora de irmos e seguirmos no caminho, do qual realmente nascemos para ser.
Allec e Jennifer se entreolharam e ela seguiu John, sendo acompanhada por todos os outros lobos.
Allec olhou para trás, observando a cerca de algumas dezenas de metros, as casas dos humanos. Algumas lembranças vieram em sua mente, como a de seus amigos humanos que deixara para trás, além das coisas que gostava como vídeo games, livros e comidas humanas, no qual teria que abrir mão ao seguir os passos do alpha. Allec respirou fundo e voltou a si quando Jennifer o chamou. Ele a encarou sorrindo e caminhou até ela. Foi ai que ele decidiu, independentemente ou não de estar entre os humanos, escolheu seguir o caminho de seu irmão, pois amava a todos daquela alcateia.
Era primavera e a quantidade de diversos insetos dobrava nesta época do ano. Dez anos havia se passado e dois jovens lobos envoltos por um enxame de mariposas, disputavam quem conseguia abocanhar a maior quantidade. Na brincadeira, Noru pulou em seu irmão e os dois rolaram pelo chão se mordendo. Auron conseguiu derrubá-lo e correu para longe das mariposas.
— Volta aqui, mano! — Noru gritou, enquanto perseguia o irmão.
— Duvido você me alcançar sua lesma!
Era mais ágil que o irmão e driblava Noru com facilidade, mas parou de repente ao avistar seu tio atrás de alguns arbustos. Levou um susto quando Noru chegou com tudo e o derrubou de maneira, que os dois rolaram no pequeno barranco e acabaram esbarrando em Allec.
— Quem é a lesma agora? — Noru disse em cima do seu irmão.
— Você! Só me alcançou porque eu parei! — disse esperneando para sair de baixo de seu irmão, enquanto seu tio, na mesma posição, apenas virou a cabeça e perguntou:
— O que vocês estão aprontando desta vez?
— Nada tio Allec... Estávamos caçando mariposas... — respondeu Auron.
— E você tio? — perguntou Noru.
— Apenas observando... — os irmãos curiosos o encararam e escalaram o tio para enxergarem além do arbusto a sua frente.
Avistaram um grupo de jovens humanos que acampavam há cerca de oitenta metros de distância.
— Arf... Ahhh... Grrr... — Rebeca rosnara para John, ao sentir os dentes dele na grande massa atrás de sua nuca, que a puxava de maneira suave a cada investida. Soltou a carne dela após o aviso e começou a esfregar o focinho nos graciosos pelos cinzentos, com um misto de caramelo e bordô. Agarrou os quadris com mais força e se deliciava com a visão da costa e curvas da jovem fêmea submissa. Acelerou por alguns segundos até que ambos chegaram ao orgasmo, os fazendo soltarem pequenos rosnados de prazer.
Rebeca deitou-se na folhagem.
— Te amo... — ela disse quando ele a lambeu no focinho.
— Descanse um pouco, está bem? Você e Jennifer não devem fazer muito esforços durante a gravidez.
Ela acenou positivamente e adormeceu, enquanto John sumira entre os arbustos. Rebeca já com seus vinte anos de idade, esperava sua primeira ninhada do alpha do bando. Estava em seu primeiro mês de gestação. Tornou-se a fêmea alpha recentemente, mas John e ela já haviam se acasalado diversas vezes, desde seus dezessete anos, que foi quando a garota começou a demonstrar interesse pelo sexo oposto.
Jennifer aos vinte e seis anos, também esperava sua primeira ninhada, estava quase no término da gestação e em questões de dias os novos integrantes chegariam. O futuro papai Allec não via hora de conhecer seus filhotes.
O grupo se tornara nômade. Permaneciam em certo lugar por alguns meses, mas sempre se mantinham próximos aos rastros da manada de bisões, que eram sua principal fonte de alimento. Desde o incidente com os vampiros e da perda de Acira, John guiava a matilha para cada vez mais longe dos humanos, às vezes eles encontravam alguns aventureiros ou escoteiros no meio da mata, mas evitavam ao máximo o contato visual.
Um garoto próximo a algumas pedras e rodeado de troncos, notou que ninguém o olhava e tentou encontrar sinal com seu telefone que escondera nos bolsos, mas não conseguiu.
— O que ele tá fazendo tio? — perguntou Auron.
— Tentando usar o celular... Eu acho...
— O que é isso mesmo? — Noru perguntou fazendo uma careta tentando se lembrar.
— É um meio de comunicação deles... — respondeu Jennifer, que se aproximava dos machos.
— Tia! — os irmãos gritaram e os três abanaram as caudas.
— Shhhhh... Falem baixinho ou eles podem nos ouvir. — Jenny alertou e riu.
— Meu pai diz que eles são fracos e incapacitados de um monte de coisas, como a nossa audição, por exemplo... — comentou Auron.
— Isso é verdade, mas discordo sobre serem fracos... — Allec sorriu e encarara Jenny, que corara com aqueles penetrantes olhos azuis. — Um destes humanos arrancou meu coração!
— Oh querido... — Jennifer se aproximou de Allec e esfregou seu rosto ao dele, que retribuiu o carinho.
Auron e Noru se entreolharam e apenas observaram seus tios, mas um uivo distante e bem imperceptível chamara a atenção de todos, que olharam para o outro lado.
— John reencontrou a manada! — afirmou Allec se levantando.
Auron e Noru dispararam em direção ao uivo, Allec olhara pra Jenny e perguntou:
— Você vai ficar bem amor?
— Vou sim, não se preocupe... Irei me reunir com a Rebeca... Só tomem cuidado, está bem?
Allec acenou com a cabeça e correu a caminho dos demais.
Jennifer observou os humanos por alguns segundos e um filme passou por sua mente, desde que era caçadora. Lembrou-se de seus pais a ensinando a lutar e a como atirar e de como mudou sua perspectiva sobre os lycans, após conhecer Allec. Jamais havia se imaginado como loba e se perguntou como ela estaria hoje, caso tivesse feito uma escolha diferente no passado. Balançou a cabeça, como se quisesse esquecer e sumira entre as árvores.
Ela sentia falta de algumas coisas humanas, assim como Allec, mas ambos haviam feito uma escolha, e o que mais importava agora era o futuro da alcateia, que chegaria em breve.
Os gêmeos Auron e Noru.
*****************
FIM
O Próximo capítulo é um bônus, que aconteceu no passado na história dos irmãos Mool. Espero que gostem e muito obrigado por ler até aqui! ^.^
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro