Capítulo 4 - Membros da Alcateia
05h36min daquela mesma madrugada...
Acira acordou como se houvesse tido um pesadelo e com os olhos de loba, mas não se moveu de imediato. Sentou-se na cama e observou John por alguns segundos, que dormia em sua forma humana. Farejou o ambiente, se levantou e foi em direção as escadas, mesmo estando nua.
John a sentiu afastar-se e despertou em silêncio. Com a mão esquerda, tocou a umidade do lado do colchão em que ela dormia. Ele caminhou até a janela e a viu se transformar, já bem próxima das árvores e adentrando no bosque correndo.
John se transformou no quarto e desceu as escadas, tentando evitar o máximo de barulho possível. Farejou o local de onde ela havia se transformado e pensou:
"Onde será que ela está indo?" — olhou ao redor da casa e notou que os outros ainda dormiam e foi atrás dela, seguindo-a pelo cheiro.
Correu uma distância de aproximadamente dois quilômetros, até encontrar uma pequena ladeira de rochas e raízes, no qual o cheiro era estável. Ainda farejando o ar pensou em uivar, mas algo o impediu e empinou as orelhas, para ter certeza do que acabara de ouvir. Um som baixinho, quase imperceptível e sentia algo que o guiava para o meio das rochas. Avistara uma espécie de toca entre duas raízes grandes e algumas pedras. Supôs que Acira estivesse ali, pois seu odor vinha forte daquela direção. Hesitante, levou um susto quando Acira o surpreendeu rosnando e se encolhendo na toca por instinto.
— Acira, sou eu! — ele recuou de orelhas baixas.
— John? — Acira voltou a si. — Me desculpe você me assustou...
Ela deitara novamente na toca. John se aproximou devagar e sentiu seus pelos se arrepiarem, no exato momento que escutou um pequeno gemido.
— É o que eu estou pensando que é?
Acira abanara a cauda e perguntou:
— Por que não vem ver e descobre?
Ele a obedeceu e lentamente começou a se aproximar da toca. Quando finalmente estava há alguns centímetros de distância, pôde avistar dois seres pequeninos entre as patas dela, com uns 30 centímetros de comprimento. Ela os limpava, mas mesmo ainda sujos, John conseguiu ver a cor da pelagem bem fina de ambos. O mais inquieto entre os dois era branco como a mãe e o outro uma mistura de pelagem branca e preta, parecendo muito àquelas raças de cães que puxavam trenós.
John congelou e ficou com o olhar vidrado nos pequeninos, até que Acira disse após lambê-los:
— Digam olá para o papai!
"Pai em dobro... Quem diria...", pensou e em seguida voltou a si e esfregou seu rosto com o de Acira, enquanto dizia: — Eles são lindos Acira!
Ela retribuiu o carinho e puxou os dois para mais perto de John, que começou a farejá-los e os lamber. Por surpresa um dos filhotes o lambeu de volta, mesmo sem enxergar. John se aconchegara no ninho e os filhotes ficaram entre os dois. John continuou a lambê-los para que Acira descansasse, por estar exausta do parto.
— Sabe Acira... Há muito tempo o nosso povo não nasce como realmente somos... Fico me perguntando como é possível estes dois nascerem assim...
— Eu também não sei, mas acho que foi por serem concebidos quando ainda estávamos nesta forma.
Os pequeninos começaram a gemer baixinho e John os ajudou a encontrar o leite da mãe. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas observando os filhotes mamarem e John comentou:
— Estive pensando Acira, se você aceitaria viver assim pra sempre...
— Como assim querido?
— Exatamente como estamos agora, viver nossa natureza selvagem, sem se preocupar mais em viver a correria e stress de ganhar o dinheiro dos humanos...
— Não sei não John, e onde iríamos morar?
— Na natureza... Encontraremos um lugar mais aconchegante para criá-los.
— Bom, seja onde for, estando com você pra mim está bom... Mudando de assunto... E sobre a estes menininhos, quais nomes daremos a eles? Eu estive pensando no nome de meu avô para ele... — disse acariciando com o focinho, o mais agitado e guloso entre os dois, o albino. —... Auron, o que acha amor?
— Auron... É um belo nome, gostei!
— Você escolhe o outro nome amor!
— Não sou muito bom com nomes...
— Vamos lá, você consegue! — Acira o encorajou.
— Hum... — John olhou ao redor em busca de alguma inspiração, mas ao voltar o olhar para os filhotes, veio um nome em sua mente.
— Noru!
— Noru? — perguntou surpresa.
— Noru é quase um "Auron" ao contrário.
— Não creio, sério amor? — Acira perguntou rindo.
— Podemos escolher outro se quiser... — comentou encabulado e de orelhas baixas.
— Não precisamos, eu gostei também... Auron e Noru... Bem-vindos à família! — ela os lambeu e encostou sua cabeça no chão para descansar.
— Quando garoto, ouvi dizer que filhotes assim são raríssimos, porém eles se desenvolvem cerca de dez vezes mais rápido, do que uma criança lycan nascida humana... Sempre me perguntei se não eram apenas histórias, mas agora... Esses filhotes descendem de mim e você Acira.
— Será que eles se transformarão em humanos também?
— Só o tempo nos dirá... Não é melhor levarmos eles para a residência?
— Não, eu sinto como se aqui fosse mais seguro para eles no momento, é como um instinto, eu não sei explicar... E os proprietários da fazendo não deram data de retorno, imagina se eles chegam e me vêem amamentando dois lobos?
John soltara um riso e disse:
— Ia ser estranho para eles... Acho que nem teriam reação.
— Exatamente, mas como eles nasceram assim, acredito que em uns 20 dias já estejam andando e correndo por aí daí eu os levarei para a residência, pois fica mais fácil de explicar para os humanos, que são "cães adotados" ou algo do tipo... — ela o encarou seriamente e perguntou:
— Falou sério sobre morar na natureza?
— Claro que sim, na verdade eu sempre quis ser somente o lobo e estes dois me deram coragem para questioná-la sobre isso... — John encarou os filhotes, suspirou e continuou dizendo: — Visto que estamos habituados com o mundo humano, eu achava que seria difícil para você aceitar.
— Eu irei com você para onde for, seja em forma de loba ou humana... Mas precisa perguntar ao Allec e Jennifer se eles concordam com isso, porque somos uma alcateia.
— Irei questioná-los em breve e falando neles, irei alertá-los sobre nós, pois podem ficar preocupados sem saber aonde fomos. — disse se levantando.
— Está bem amor, ficarei aqui com essas fofuras, bem quietinha... — disse esfregando a cabeça no pescoço dele, que retribuiu o carinho.
— Está bem, cuide bem deles amor, trarei algo para você comer quando voltar.
Ao voltar para a residência, ainda em sua forma lupina, John encontrou Jennifer e Allec fazendo panquecas para o café da manhã. Contou-lhes o que havia acontecido na madrugada, sobre a fuga de Acira e os filhotes, que eram gêmeos. Allec ficou tão surpreso ao receber a notícia sobre seus pequenos sobrinhos, que acabou derrubando uma xícara de café e molhando a mesa. O casal, emocionado, deram parabéns ao lobo alpha.
O jovem casal questionou se podiam vê-los e sobre o porquê de Acira não trazê-los para a residência. John explicou que era complicado, por terem nascido como lobos. Allec ficara de boca entre aberta e perguntou:
— É realmente possível isso? Pensei que fossem apenas histórias...
— Eu também não acreditei no momento em que os vi, mas pode acreditar que essas histórias realmente aconteceram.
— Puxa, que incrível! — afirmou Jenny e continuou: — Estou ansiosa para conhecê-los! De quando eu era caçadora, nós nunca havíamos ouvido falar sobre algo do tipo.
— É porque são muito raros Jenny! — Allec comentou enquanto limpava o café.
— Sim, são tão raros os nascimentos assim, que até nós achávamos que eram apenas histórias... — disse John enquanto mexia na geladeira.
— É realmente incrível! — ela reafirmou.
— É sim, também dizem que filhotes assim são bem mais fortes, do que a maioria de nós... — comentou Allec. — John me leva para conhecer meus sobrinhos!
— Só irei preparar alguma coisa para Acira e já os levo lá.
Allec carregava Jennifer em forma humana em suas costas e com uma mochila. John guiou o caminho até o local onde estavam Acira e os filhotes. Já bem próximos do esconderijo, ele os alertou para tomarem cuidado com as pedras escorregadias, que cercavam a toca e formavam uma muralha natural.
O alpha se aproximou da companheira e a acariciou com a cabeça em cumprimento. Acira pegou os filhotes e os entregou ao pai, saindo um pouco apressada da toca, para que pudesse ir ao "banheiro".
Allec e Jenny só aguardavam o sinal do alpha, que gesticulou com a cabeça, para que se aproximassem e entregou um filhote para cada dizendo:
— Cuidado, eles são muito sensíveis.
— Que lindos John! — afirmou Allec encolhendo Noru sobre sua pelagem para aquecê-lo.
— São umas fofuras! — Jeniffer envolveu Auron em sua blusa e perguntou: — Já escolheram os nomes?
— Já, o que você está segurando é Auron e o de Allec, Noru. — disse John se sentando nas rochas, junto ao jovem casal, que também se sentaram com os sobrinhos nos braços.
— Auron e Noru! Lindos nomes! — afirmou Jennifer sorrindo.
— Concordo e bem diferentes também. — disse Allec e continuou: — Noru puxou um pouco dos dois e Auron mais a Acira... Estou curioso para saber as cores dos olhos quando os abrirem!
— Eu também, daqui a alguns dias nós já saberemos. — John comentou e olhou na direção de Acira, que se aproximava do grupo e sentou ao seu lado.
— Eles são lindos Acira, meus Parabéns! — afirmou Jenny.
— Obrigada querida, eles são bem calminhos também, demos sorte Amor! — Acira acariciou John no pescoço, que retribuiu o carinho. — O que trouxeram de comida? Tô morrendo de fome!
— Alguns pães e carnes cozidas. — John pegara a mochila, pois Al e Jenny estavam encantados e entretidos com os pequeninos, que cochilavam em seus braços.
Acira agradeceu e começou a devorar a carne. Depois de comer, eles conversaram por alguns minutos, até que os bebês sentiram a ausência da mãe e começaram a se mover e resmungar baixinho.
— Eles acordaram! — Jennifer afirmou.
— Devem estar com fome... — disse John e se levantou junto de Acira. Ela se deitou na toca novamente e o jovem casal puseram Auron e Noru na pelagem de Acira, que os ajudou a encontrar o leite.
Acira agradeceu e voltou a olhar para os filhotes junto dos demais da alcateia.
— Bom, Parabéns aos dois, acho melhor irmos e deixá-los descansar. — Allec disse ao pegar a mochila.
— Obrigada por terem vindo! — Acira agradeceu.
— Ficaremos por aqui por alguns dias, por favor, cuidem da residência até voltarmos... — disse John e continuou: — Qualquer coisa vocês sabem como nos contatar!
— Sem problemas, depois a gente volta... Se cuidem hein. — Allec preparava para escalar com Jennifer em suas costas e se despediram dos alphas.
Noru e Acira.
***
Gostou do capítulo? OwO
Se gostou, não esqueça de votar por favor! <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro