Capítulo 26. Mortos
O coração humano é capaz de bombear sangue para todo o corpo em apenas segundos... é uma peça tão frágil mas tão escondida por baixo do tecido. Que só nos damos conta da sua importância... quando já é tarde demais.
— Não não não... Fushiguro? Fushiguro! Fushiguro!
12 horas antes...
Meu corpo ficou submerso na água fria, os cubos de gelo flutuavam sobre a minha cabeça. Quando volto a superfície, sinto alívio, mas ainda há dor. Meu corpo estremece e a cena de todos em volta de mim, apenas me julgando como uma possível assassina ressurge.
Eu não quero ser assim.
Não quero ser uma assassina.
— Akiko. — Shoko bateu na porta, me ajeitei na banheira. — Deixei uma toalha e roupas aqui para você, não precisa se apressar.
Shoko era uma mulher inteligente e forte, tinha a sensação de que ela faria qualquer coisa pela amizade com Gojo. Por isso não a culpei pelo que ocorreu, pelo que teve que fazer.
Ouvi o som da água descendo pelo ralo enquanto me secava, meu corpo estava mais pálido que o normal. Aoi não disse mais nada depois de se defender, ela devia me achar estúpida demais.
Saí do banheiro me encontrando com todos. De um lado estavam, Gojo, Nanami e Shoko, do outro estavam Maki, Panda, Megumi, Yuji e Nobara.
— Você está bem?! — Ela perguntou, afirmei, Megumi não estava certo de que era verdade.
— O que fizeram? Te machucaram? — Ele foi direto, todos em volta estavam sérios.
— Não. Tudo bem.
— Ótimo. — Nanami disse sem dar muita importância. — Satoru, vamos prosseguir com o plano.
—Q-que plano?
— Você estava certa sobre o ataque, existe atualmente, uma grande quantidade de maldições surgindo no centro de Shibuya. Só não sabemos se tem envolvimento com Suguru Geto. — Ele explicou e colocou as mãos em seus bolsos.
— Vocês, Megumi, Itadori, Akiko e Panda, venham comigo. — Nanami disse, Nobara franziu o cenho. — Vamos nos encontrar com outros feiticeiros.
— Senhor, por que só eles?
— Creio que possa ser perigoso para uma feiticeira de nível 3 ou mais.
— Perigoso? Só pode estar brincando. — Ela riu e posicionou as mãos na cintura.
— Ele tem razão, não sabemos o que vamos enfrentar lá. — Megumi cruzou os braços, o senti me olhar de relance.
— Eu vou com Itadori. — Sugeri, Gojo afirmou, Megumi não se pronunciou. De repente o telefone de Nanami começou a tocar, quebrando o silêncio no cômodo.
— Sim? Eu entendo. — Ele virou-se para nós com seriedade. — Haviam ameaças, já estávamos preparados.
Gojo e Nanami trocaram olhares, Gojo virou-se para nós como se já soubesse o que estava acontecendo.
— O ataque do centro da cidade começou, se preparem. — Ele disse e voltou ao Nanami. — Os outros feiticeiros?
— Foi soado o alarme, neste momento a grande maioria deve estar se locomovendo para o centro da cidade. Vou levar um pequeno grupo comigo.
— Senhor, quero ir com vocês. — Maki disse, Nanami afirmou, Panda se colocou na frente dela.
— Eu também irei senhor.
— Certo, o restante de vocês, nos encontramos lá. — Os três deixaram o cômodo, Gojo virou-se para Shoko.
— Como ela está? — Perguntou, todos viramos para Shoko, ela ajeitou o jaleco e sentou-se sobre a mesa próxima.
— É arriscado, mas o nível dela é forte, fora a sua metade. Aoi.
— Ela não vai me ajudar.
— Nem fodendo. — Aoi disse em meu subconsciente, cerrei os punhos. Eu já sabia que ela não moveria um músculo.
— Eu vou lutar. — Afirmei, Gojo sorriu, parecia orgulhoso e interessado na ideia. Ele olhou para Nobara, parada no meio do cômodo.
— Eu já entendi. Que saco. — Ela saiu batendo a porta logo depois, Shoko fez o mesmo mas com delicadeza.
— Itadori, Fushiguro e Hayashi. Antes de entrarem em território inimigo, precisam saber de algumas coisas. — Ele disse, nos aproximamos, Megumi olhou para mim mais uma vez.
9 horas antes...
Uma barreira dividiu a cidade de Shibuya, trancando todas as maldições junto de vários inocentes no centro da cidade. Nosso trabalho era descobrir o que estava mantendo a barreira de pé, e destruir. Nem todos os feiticeiros haviam conseguido ultrapassar, mas conseguiam nos cobrir em volta da barreira.
Não conseguia parar de pensar que a barreira pertencia ao Geto, mas não necessariamente fora criada por ele. O que dificultava nossa tentativa de desfaze-la. Com isso, assim que adentramos, senti a presença de todas as maldições ali presentes, humanos, energia. Aquele lugar estava tão carregado que me dava sede.
— São humanos. Sinto energia amaldiçoada em humanos. — Afirmei, Itadori cerrou os punhos.
— Mahito está aqui, é ele quem está fazendo isso com todos esses inocentes. — Yuji falava com raiva em sua voz, tinha certeza de que ele já havia conhecido-o o suficiente para falar com propriedade.
Estávamos caminhando normalmente pela cidade, era um dia festivo, mas não havia ninguém. A cidade estava deserta, porém ainda bem iluminada. Parei antes de ultrapassar outra barreira, puxei os meninos por seus braços.
— Bem ali, estão vendo?
— Uma barreira dentro de uma barreira. — Megumi apontou, e chegou perto para sentir sua energia.
— Uma armadilha. — Afirmei, os dois trocaram olhares. — O que faremos?
— Eu vou entrar. — Yuji sequer hesitou, não pudemos o impedir.
— Espera! Itadori! — Chamei, paramos, Megumi me impediu de entrar atrás. — Por que eu estava esperando que ele ia seguir o plano?
— Aki. — Megumi continuou segurando meu braço, engoli em seco. — Cuidado.
Ele soltou minha mão com hesito, senti a tensão espalhando pelo seu corpo, ele queria poder me seguir por todos os lugares mas naquele momento não podia deixar o plano de lado.
— Eu vou voltar. — Afirmei, ele continuou no mesmo lugar, com os ombros cabisbaixos. Eu até poderia tê-lo abraçado, mas não seria capaz de deixá-lo. Megumi entendeu, e concordou. — Eu te amo.
Entrei na barreira, ela se fechou atrás de mim impedindo-me de ver Megumi ou qualquer outra coisa do outro lado. Encontrei Itadori finalizando duas maldições, maldições que em algum momento foram pessoas... assim como meus pais.
— E o Fushiguro? — Perguntou, fui até Itadori e usei seu cachecol para tirar o sangue do seu rosto.
— Ele vai seguir o plano.
— Ah, obrigado.
Passei por ele e encarei os corpos no chão, haviam três deles, deformados mas com energia e alma humana. As sensações dentro da barreira, eram ainda mais evidentes, era fácil de notar. Como se algo estivesse ampliando minhas habilidades. Talvez... Mahito, por ser meu irmão e termos uma ligação de sangue, e Aoi dentro de mim.
— Eu falei com o Sensei, o núcleo da barreira está em algum lugar dentro da estação de metrô.
— Vamos entrar.
Ambos afirmamos e seguimos para dentro da estação, congelei logo na entrada, Itadori arregalou os olhos.
— E-eles estão.
— Mortos. — Olhei para uma quantidade significativa de corpos esquartejados e ensanguentados espalhados por todos os lados, até mesmo descendo as escadas. — Todos mortos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro