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capítulo um

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1867

Ela estava livre. Finalmente livre.

Não importava se estava com meia dúzia de homens armados na sua cola e com cães famintos latindo em seus calcanhares. Ela estava do lado de fora. Há quanto tempo não tinha uma visão do céu repleto de estrelas? Há quanto tempo seus pulsos e calcanhares não respiravam sem correntes pesadas para a prender no chão? Ela não se recordava de alguma vez na vida ter estado tão feliz.

Seus pulmões se enchiam de ar e suas costelas doíam pelo esforço que fazia para se manter na trajetória. Para onde ia? Ela não sabia. Só queria que fosse longe. Precisava que fosse longe.

A escuridão dominava a terra, uma paisagem assustadora e que poderia camuflar bastante bem alguém com a pele como a sua, se tivesse onde se enfiar. Não havia vida na secura daquelas terras quentes como o inferno. Seus pés descalços eram mutilados e suas pernas também não tinham sossego quando ela atravessava matas secas a toda velocidade. Seu coração batia em seus tímpanos e ela se sentia tonta, sua pressão despencava a cada passo dado, a fome e a sede eram mais duas inimigas em sua vasta lista. Como ela iria aguentar chegar em algum lugar seguro nessas condições? Seu eu racional perguntava baixinho. Mas ela estava livre. Se fosse para morrer, que fosse do lado de fora.

Ela queria rir de felicidade, mas tudo o que conseguira fazer foi soluçar.

Livre, livre, livre, ela pensava com lágrimas nos olhos castanhos. Imaginou-se correndo para os braços de sua amada família, que há tanto fora dividida e arrancada dela. Via-se entrando no paraíso, escutava até as cornetas tocando!

O rosto de seu pai era a última coisa que queria ter em mente antes de ser atingida por uma bala nas costas. Não podia parar ou tudo estaria acabado.

— Volte, preta maldita! — um dos homens atrás dela gritou.

— Criola desgraçada! Ela matou o meu irmão!

O sangue espalhado pelo seu corpo parecia a deixar mais pesada. Ouvia pouco além dos latidos e rosnados dos cachorros, muito do sangue entrou no seu ouvido quando virou o rosto para não ter que encarar o homem morrendo em cima dela.

Em seu coração, nunca se sentira tão viva.

Era tudo ou nada. Cerrando os dentes e com o estômago embrulhado, ela olhou para trás. Foi um erro, considerando a velocidade atrapalhada que corria.

Seus pés se encontraram e ela rolou um pequeno declive, arranhando seus braços magros e frágeis.

— Não — ela murmurou, tentando se levantar de novo. — Não posso parar.

Quando ergueu os olhos, viu uma casa com um grande celeiro vermelho ao lado. Tudo estava apagado e o fato de não existirem cercas a deixou alarmada.

Era uma miragem, tinha certeza. Sem cães, sem gado. A casa parecia em boas condições, não ficaria abandonada ali sem motivo aparente.

Bem, ela não teve tempo para pesar na balança os riscos. Tirou o corpo detonado do chão, a adrenalina que corria em suas veias ajudava bastante a afuguentar o medo de algo pior do que o que vinha atrás dela.

Correu em direção ao celeiro, mas chegou apenas na metade do caminho. Algo prendera suas pernas como um bicho e ela voltou a rolar no chão. Estava presa. De novo. Quis berrar de frustração enquanto tentava se soltar.

Uivos e risadas foram soltos na noite, a luz da lua iluminando seu pesadelo inacabável. Os lobos a pegaram de novo. Já não a despedaçaram o suficiente?

A mulher apoiou as mãos na terra seca e ergueu a cabeça. Não tinha nada em mente além do desejo desesperador de continuar se movendo. A corda nas suas pernas a puxou para mais perto do inferno.

Ela era apenas mais um gado.

— Pretinha, pretinha, pretinha! — cantarolou um dos caipiras. Ela só queria parar de sangrar.

Não disse nada. Ela era boa em ficar quieta e era fácil ignorá-los, já que eles não faziam ideia de qual era seu nome. Ela não era a preta, a criola ou a escrava. Ela era filha de seu pai, o homem mais forte do mundo, em sua concepção. Seu nome era Alika.

Cada osso do seu corpo tremia. Ela não ia conseguir. Virou e se deitou de barriga para cima, queria aproveitar a vista das estrelas e esperou pelo ataque dos cachorros.

Mas eles não vieram.

Apenas os homens se aproximavam e ninguém se perguntou do porquê.

Eles trouxeram suas tochas e chicotes. Um estalou o chicote na perna de Alika, outro chutou-lhe o rosto.

Ela segurou os gritos tanto quanto era capaz. Não morreria implorando. Não era covarde. Estava cansada de fingir ser covarde.

Ela sangrava e doía pra caralho. O corte aberto em sua coxa a mataria mais rápido, ou ao menos era o que esperava.

Contorceu-se no chão e nem sentiu quando cuspiram em seu corpo. O sangue a deixara molhada o suficiente. Um homem franzino se abaixou e agarrou-lhe os cachos crespos com força.

Cansada, ela o xingou na sua língua materna e perdeu o fôlego ao ser chutada novamente.

— Achou mesmo que poderia escapar depois de matar o meu irmão, sua puta? — ele rosnou feito um animal, sacudindo-a. — Eu vou te matar. Mas primeiro vou te comer até você aprender a falar direito.

Ele se debruçou sobre ela e os dois se debateram enquanto os outros assistiam, rindo grosseiramente. Aquela era mais uma noite normal entre eles, uma noite para brincadeiras apesar da perca de um dos seus.

Nada mais importava além de trazer a dor para Alika. Era tudo o que eles mais queriam.

— Eu não pedi por um show, senhores. — Uma voz feminina e charmosa atraiu a atenção do grupo. De cima do declive, os cachorros rosnaram e correram para longe, irritando seus donos.

Alika olhou para cima e viu um anjo na frente do celeiro.

A mulher era iluminada pela luz tremeluzente das tochas e sua pele pálida era anormalmente bela. Usando um vestido vermelho e atrativo, era tão perigoso para ela estar ali quanto para Alika. Era tão, tão bonita que deixou todos os homens desconcertados quando sorriu gentilmente.

Tinha algo de errado em seu rosto, mas Alika não pôde identificar o quê. Talvez fosse o fato de não parecer existir um menor defeito.

— O quê? — o líder do grupo, o que precisava vingar seu irmão, foi quem perguntou depois de sair do transe.

Eu disse... que não pedi por nenhum show. — Repetiu a estranha, ainda arreganhando os lábios em um sorriso. Parecia estar flertando e não presenciando uma futura execução.

Alika se remexeu para continuar fugindo, mas foi segurada com pouca dificuldade.

Os homens trocaram olhares e algumas risadas confusas.

— Mas é o que terá, bela senhorita. Agora ficará assistindo ou deseja participar?

A estranha esbelta fez beicinho.

— Não sei se os senhores gostarão de mim quando me juntar a vocês. Ou melhor, quando nós nos juntarmos.

Ela ergueu as mãos graciosamente e as portas do celeiro se abriram como um passe de mágica. A princípio, não se via nada além de escuridão.

— Uma bruxa! — acusou um homem, exasperado. A mulher riu gostosamente. Alika continuava sangrando e tentando se soltar. Distraiam-se com a bruxa e deixem-me ir, ela implorou em pensamentos.

— Quem dera a sua sorte. Não sou bruxa, meu caro senhor, mas um demônio. Vocês invadiram minhas terras e nos perturbaram nessa noite tão pacífica. Quero que conheçam os meus cães de guarda agora.

Um homem caiu abruptamente ao lado direto de Alika e seu carcereiro. Tinha um bicho sobre ele, de repente. Ou melhor, alguém, rasgando sua garganta com os dentes. Seus gritos foram silenciados rapidamente, ele se engasgava com o próprio sangue.

— Poupem a escrava — a mulher disse calmamente enquanto mais caipiras eram derrubados por pessoas surgidas do nada. Alika se apavorou. Ela era mesmo uma bruxa. Só pode ser uma piada cruel do universo! Ela pensou. A bruxa pretendia poupá-la para quê? Poderia ter algo pior do que ter uma parte da sua garganta aberta com dentes?

Finalmente, o homem que a prendia fora arrancado de cima dela. A mulher estranha estava ao lado deles em um piscar de olhos, o erguendo do chão enquanto o prendia pelo pescoço. Ele esperneou e não pareceu tão ameaçador ao molhar as próprias calças.

Alika apoiou-se nos cotovelos, tão atônita que nem pensou em fugir.

As tochas estavam no chão e iam se apagando com rajadas únicas de vento. O escuro voltava a predominar, até que só restou uma única fonte de luz: a lua.

— Talvez em outra vida o senhor aprenda a maneira correta de tratar uma dama — disse a mulher, descendo-o para o chão e o mordendo com igual violência seus antecessores, ou cães de guarda, haviam feito com os outros.

Alika assistiu a vida esvair de mais um inimigo. Seria engraçado se não fosse trágico, os irmãos arregalarem os olhos da mesma maneira quando eram assassinados.

Nesta altura, o silêncio era gritante além da respiração acelerada da mulher mutilada. Ela olhou ao redor, identificando numerosas sombras sem rosto. Estavam todas paradas, encarando-a. Esperando por algo. A euforia de ter conseguido a liberdade já não parecia mais ter sido real. Ela engoliu em seco, encarando a mulher que começara tudo.

Aquela largou o corpo pesado do homem aos seus pés e se virou para Alika como se tivesse apenas bebido uma xícara de chá. A maior parte do seu rosto estava omitida por sombras. Ela só parecia assustadora desse jeito.

— Qual o teu nome, criança? — interrogou. Alika fez uma careta, tanto de dor quanto por estranhar ser chamada de criança por quem claramente tinha a mesma idade que ela. Ela colocou a mão na sua coxa, em seu ferimento recém-aberto. Em minutos, seu nome não faria diferença, se fosse morrer. — Me chamo Maria.

Maria se abaixou ao seu lado e passou os dedos pelo corte em sua coxa, arrancando-lhe uma careta. Alika assistiu desgostosa a mulher provar seu sangue e sorrir. Ela já não tinha muito para cobrir o corpo. O que seu violentador não havia rasgado aos puxões, o capim arrancou. Não tinha nada de íntimo exposto, mas nesta ocasião ela gostaria de esconder melhor os seios.

O jeito que Maria olhava para ela era esquisito demais. Quase tão perturbador quanto o olhar daqueles homens.

— Gostaria de viver, querida? — Maria ofereceu. Alika sentia seu peito subir e descer, a adrenalina deixou seu corpo devagarinho, sendo dominada pela exaustão. Desmaiaria e seria o fim.

Ela não queria ter um fim, por isso, aquiesceu de modo quase imperceptível.

Maria segurou seu rosto com firmeza. Sua pele era dura e congelada. A pele de uma morta. Alika já teve muito contato com mortos para saber. A madame aproximou seu rosto até ficarem a centímetros uma da outra.

— Tem certeza? Eu posso te fazer viver para sempre e para sempre a senhorita terá uma dívida comigo.

Talvez sua mente não estivesse funcionando direito, mas Alika aceitou novamente. Ela não entendia quão literais eram aquelas palavras, mas era a primeira vez que uma mulher branca a chamava de senhorita. Aquilo soava tão diferente.

— Muito bem. Só precisa me dizer seu nome e eu a darei o que deseja.

Ela não falava havia muito tempo. Meses, no melhor dos casos. Sua língua acordou em sua boca, como uma prisioneira que fora induzida ao coma. Separou os lábios e sua voz rouca pronunciou seu nome, letra por letra.

— Alika.

Os olhos de Maria pareceram brilhar no escuro. Talvez fosse coisa da cabeça de Alika, mas depois do que ela presenciara, não tinha mais certeza de nada. Ela só queria viver.

— Muito prazer, Alika. A senhorita é a minha nova favorita.

Então, dando um bote, Maria mordeu Alika e a cacheada nunca sentiu tanta dor na vida. Melhor seria se tivesse aceitado a morte. A morte não seria tão cruel quanto a maldita vida que a aguardava para todo o sempre.

Nota da autora:

Tenho muita dificuldade em escrever com uma linguagem mais culta, então me perdoem pelo linguajar pouco formal. Não vou correr atrás disso, tenho preguiça, beijão!

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