Capítulo 10: Você é fraca
Minho foi despertado do cochilo ao ouvir batidas suaves soarem, coçando os olhos e levantando levemente o tronco para olhar na direção da porta fechada.
Achou estranho não ter o corpo do lobo ao seu lado, mas pôde ouvir o pequeno barulho que ele fazia no banheiro minúsculo que havia no quarto. Enrolou o lençol na cintura e então foi até porta totalmente sonolento, irritado com as batidas que não cessavam.
Os olhos curiosos do rapaz em sua frente percorreram pelo corpo marcado do vampiro, antes dele focar o olhar irritado no rosto relaxado do Lee que o olhava com superioridade.
— O que quer? — O vampiro questionou, impedindo o outro lobo quando ele tentou entrar no quarto.
— Você acha que é quem para me impedir de entrar? Me dê licença, não vim falar com você.
— Eu sei com quem você quer falar, mas ele está ocupado. — Sequer tentou soar agradável ou disfarçar a irritação. — Não é bonito visitar homens comprometidos na calada da noite, sabia?
— Comprometido?! — O outro riu em escárnio.
— Pois é! Como estou de bom humor já deixo avisado que essa vai ser a última vez. — Minho falou calmo, sorrindo minimamente. — Falarei ao Jisung que você passou aqui, boa noite!
Sem nem esperar por uma resposta o Lee fechou a porta um pouco forte, mudando a expressão para uma irritada enquanto se contorcia de raiva. Quão cara de pau aquele lobo era para desdenhar na sua cara?! Queria o matar!
Por outro lado, Beomgyu encarava a madeira da porta que havia sido fechada em sua cara sentindo sua raiva crescer. Não conseguia acreditar que Jisung estava se sujando com aquele vampiro, mas sabia o que fazer para acabar com aquele show.
■■
Quando o lobo retornou para o quarto enxergou o vampiro vestido com a sua camisa, achando graça já que havia ficado curta no Lee por ele ser poucos centímetros mais alto que ele.
Novamente se deitou ao lado dele de banho tomado e então o beijou ternamente quando sentiu os braços frios o abraçarem, sorrindo quando o Lee retribuiu o beijo.
— Você é tão quentinho mesmo após o banho. — O Lee comentou, aconchegando ainda mais o corpo ao do acastanhado. — É tão gostosa a sensação...
— Eu sou um quente por natureza, está no meu sangue. — Jisung comentou ao rir fraco.
— E bota quente nisso. — O vampiro acrescentou soando em um duplo sentido, envergonhado o lobo que tentou se esquivar do contato. — Você é tão fofo.
— E você continua sendo um chato. — Resmungou. — Já descansou?
— Um pouco, por quê?
Jisung sorriu abertamente, aproximando a boca do pescoço do Lee enquanto subia com uma das mãos a camisa que ele usava ouvindo o riso abafado do vampiro soar pelo quarto.
Se beijaram calmamente enquanto se tocavam, esfregando levemente os copos conforme sentiam a excitação aumentar.
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— Alerta vermelho. Reunião. — A voz robotizada de Yeji soou alta por todo o quarto, acordando o casal. — Alerta vermelho. Reunião.
Minho se sentou na cama nitidamente confuso, observando o lobo se vestir de maneira apressada como se o mundo estivesse prestes a acabar.
Novamente o vampiro se deitou encolhendo o corpo com o intuito de voltar a dormir, mas Jisung puxou o lençol e com pressa o puxou pelas mãos forçando o vampiro a levantar.
— Se eu não gostasse do seu rosto não sobraria nada dele, sério. — Minho falou com uma irritação nítida na voz. — Me deixe dormir em paz.
— Yeji está convocando todos nós para uma reunião. — O lobo respondeu, vendo o outro começar a se vestir com certo desânimo.
Ajudou o Lee a colocar o corset e quando ele terminou os dois deixaram o quarto, caminhando lado a lado na direção do enorme salão.
O vampiro ficou surpreso ao ver que havia muitas pessoas reunidas lá, sentindo que algo não parecia estar certo somente em ver as expressões nos rostos deles. Quando ele passou pela multidão percebeu que eles se afastaram como se ele estivesse com alguma praga, sem disfarçar o olhar de julgamento.
— O que aconteceu? — Jisung perguntou baixo a um ser féerico, vendo-o dar de ombros sem saber o motivo da convocação.
— Eu sei que muitos de vocês estão se perguntando o motivo dessa reunião, enquanto outros já sabem. — A voz da fada soou e ela apareceu voando na frente da multidão. — Eu sempre permito que vocês tragam seus problemas a mim e se expressem, deixei claro para todos que não aceito preconceitos, brigas fúteis, discriminação e mortes em nosso meio.
Minho revirou os olhos e então olhou ao redor totalmente entediado, não acreditava que havia saído da cama quentinha para ouvir aquela ladainha de fada.
— Beomgyu se aproxime. — A mulher chamou, dando espaço para o lobo.
Yeji pousou ao lado do outro ser, vendo as pessoas se afastarem e abrirem um pouco mais de espaço para que todos conseguissem enxergar eles dois que estavam no centro.
O lobo limpou a garganta e então olhou para as pessoas ali reunidas, fixando o olhar em Jisung e logo em seguida em Minho que estava ao lado dele.
— Eu não gostaria de ser um dedo duro ou algo do tipo, mas tenho medo de esconder isso de vocês e a situação ficar pior. — Começou a falar com um tom de voz amedrontado, ouvindo os murmúrios confusos de alguns. — Essa madrugada encontrei um corpo morto próximo ao quarto isolado em que Lee Minho está acomodado.
O caos se alastrou pelo lugar como fogo. Muito encaravam o vampiro assustados, outros pareciam enraivecidos e as vozes irritadas soavam uma por cima da outra xingando e amaldiçoando o Lee.
Minho encarou o lobo e então riu fraco, achando graça da situação. Sabia que nenhum deles gostava ou confiava em si, mas nunca imaginou que alguém seria audacioso ao ponto de faze-los mostrar as garrinhas com insultos lançados daquele jeito.
— Basta! — A mulher se pronunciou, suspirando. Rapidamente o silêncio se instalou. — É uma denúncia muito grave e eu investiguei, mas de fato a vítima tinha marcas de mordida de vampiro e o local do crime foi próximo ao quarto de Lee Minho.
Apesar da seriedade no olhar, Yeji parecia desapontada com o ocorrido. Ela tinha um pouco de esperança de que Minho não machucaria nenhum dos aliados e provaria a eles que havia mudado, mas estava errada.
— Isso é mentira! — Jisung tomou a frente do Lee como uma muralha protetora, encarando as pessoas que estavam ao redor deles antes de voltar os olhos para o lobo que o acusava. — Minho esteve o tempo inteiro comigo, estávamos em meu quarto... — Admitiu, sentindo o rosto esquentar.
— Nós temos provas, Jisung. — A mulher retrucou.
— Eu vi tudo com meus próprios olhos, jamais mentiria com um assunto tão sério! — O Choi falou sério.
— Eu disse que não deveríamos libertar um maníaco como ele!
— É! Devemos mata-lo!
Os gritos começaram enquanto a multidão suplicava pela punição do Lee, alguns até mesmo ousaram avançar em cima do vampiro, sendo impedidos de alcança-lo por causa de Jisung.
O Han estava irritado com toda aquela gritaria e agitação, levemente desesperado com o que poderiam fazer. Por outro lado, Minho permanecia calmo encarando todos os outros como se analisasse a situação.
— Eu realmente não fiz nada. — Se pronunciou pela primeira vez, ouvindo o silêncio dos outros quando sua voz soou. — Estava no quarto do lobinho.
— Eu vi! — Beomgyu insistiu.
O vampiro não se conteve e riu, tocando levemente o braço do lobo enquanto o afastava e caminhava para o centro do círculo onde Yeji e Beomgyu estavam.
— Acha que se eu tivesse matado alguém iria negar somente para me fazer de bom moço? Apenas covardes hipócritas negam o que fazem. — Minho falou calmo, mas algo parecia diferente em seu tom de voz. — O que você sabe sobre consequências, garoto? Fez todo um plano mirabolante somente porque o Jisung prefere a mim? — Sorriu diabolicamente. — Eu não matei ninguém e vocês acreditam nisso se quiserem, mas...
O silêncio ensurdecedor e os corpos estáticos voltados para o vampiro era o resumo do salão, todos estavam totalmente horrorizados com a cena. Minho havia enfiado a mão no peito do lobo em sua frente, fazendo-a sair pelo rosto de Beomgyu o qual um buraco foi feito. De repente um grito estrondoso soou pelo salão, desesperando algumas pessoas que ainda estavam em choque com o ocorrido.
Largou o coração pulsante do Choi no chão polido, voltando o olhar para a fada que assim como todos os outros estavam em completo choque.
— Espero que entendam que quando eu quero matar alguém, eu mato. — Olhou o rosto de cada um ali presente, sorrindo.
Após alguns minutos de silêncio a voz irritada de Yeji soou:
— Lee Minho eu o condeno a prisão e exilio eterno por causa da morte de dois aliados! — Yeji falou seria, totalmente brava.
— Ele estava comigo, Beomgyu mentiu para vocês! — Jisung insistiu no assunto. — Yeji, você sabe que eu nunca mentiria com um assunto tão sério!
— Eu realmente não sei mais de nada, Jisung. — Ela respondeu desinteressada.
— Você é fraca. — O vampiro sussurrou próximo o ouvido da mulher, antes de ser arrastado por homens fortes que pareciam um tipo de guarda.
— Tirem ele daqui, irei julga-lo depois.
Jisung tentou impedir, mas foi impossível parar os guardas que levaram o Lee para longe. Suspirou encarando os outros totalmente irritado, parando o olhar na fada que o observava em silêncio.
Sem sequer disfarçar a irritação ele se afastou, precisava respirar ou então surtaria e a última coisa que ele queria fazer no momento era surtar.
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