Eu Te Odeio
Fiquei ali parada por mais alguns momentos refletindo no que havia acontecido.
Eu era louca! Só podia, como fui deixar as coisas saírem do controle? O que eu estava fazendo?
Casper era o meu amor, meu verdadeiro amor. Bernard era meu inimigo... Bom ultimamente eu não o odiava, sinceramente, nos dávamos bem agora. Mas não posso deixar a situação sair novamente do controle.
Bernard não me amava... Mas o que ele dissera mesmo? Não! Ele não me amava e eu também não o amava e ponto final.
Preciso dar um jeito de encontrar Casper e sei que só conseguirei com a ajuda de Bernard. Ah Casper! Que falta você faz meu amor...
Lágrimas caiam nos lençóis brancos e logo percebi que soluçava. Droga, minha vida estava pior que antes. Quero as pessoas que eu amava de volta!
Enxuguei minhas lágrimas e resolvi levantar da cama, eu tinha de ser forte.
Arredei as cortinas da janela, o sol brilhava muito, fechei meus olhos aproveitando o momento. Fui ao banheiro fazer minha higiene, após voltar do banheiro comecei a procurar algo para vestir. Encontrei um pacote no closet com um bilhete:
Pensei seriamente e depois de uma eternidade,
cheguei a conclusão que você iria se sentir melhor vestindo algo confortável.
Bernard
PS.: Não se acostume.
Quando abri o pacote havia uma regata branca com detalhes dourados nas laterais, um shorts jeans claro, todo desfiado e um All Star preto.
Ele deve ter posto ontem a noite no closet, antes de toda essa confusão.
Sorri automaticamente sentindo carinho pelo presente, os coloquei imediatamente, senti-me tão... Adolescente, e tão... Normal, era ótimo. Fiz um rabo de cavalo e saí a procura de comida.
Como sempre, peguei algo para comer. Depois caminhei até uma das salas na mansão, era estilo sala de estar e biblioteca juntos.
A primeira coisa que fiz, foi abrir as janelas, ah sim! Estava bem melhor!
Liguei uma enorme TV de plasma e sentei no sofá.
Ia zipando os canais pelo controle remoto quando vi algo que chamou minha atenção, voltei até o noticiário e lá estava minha foto.
A repórter dizia que eu estava desaparecida a um mês junto com mais três estudantes, eles investigavam o sumiço que acontecera em uma excursão no Alasca.
Perfeito! Eu estava sendo procurada pela polícia, por todos! Mas o pior de tudo foi ver a entrevista da minha mãe.
Ela estava horrível, os olhos inchados, o nariz vermelho, olheiras em baixo dos olhos, não parecia mais ser a mesma, estava até entorpecida. Meu Deus!
Desliguei a TV, o que eu faria? A pessoa que eu mais amava estava sofrendo... Eu tinha que resolver isso de um jeito ou de outro.
Precisava respirar ar puro, caminhei até a porta da frente da mansão, segurei a maçaneta e girei.
- Onde você pensa que vai?
Olhei para minha direita e minha esquerda, Waden e Claus mantinham a porta fechada para eu não sair.
- Ia pegar um ar na rua. – Falei indiferente aos dois.
- Você pode muito bem fazer isso no jardim. – Disse Claus com seus braços cruzados diante do peito e me olhando com o cenho franzido.
- Eu queria caminhar. – Falei os olhando incrédula.
- Novamente, você pode fazer isso no jardim. – Dessa vez foi Waden quem disse.
Os olhei comprimindo meus olhos e bufando de raiva para os dois.
- Qual é? Até parece que eu conseguiria fugir desse maldito lugar. – Falei brava, gesticulando as mãos no ar.
- Sabemos que você é inferior, mas são as ordens de Bernard. – Disse Claus, eu não sabia se ele falava sério ou se estava zombando de mim.
Desisti por fim, eles nunca me deixariam passar.
- Ok, posso entende-los, vocês não tem escolhas próprias não é? Pobrezinhos, adeus cachorrinhos. – Falei fingindo pena. Pude ver a expressão de ódio deles, mas não fiquei ali para ouvir suas respostas.
Pela milésima vez andei por toda mansão vasculhando cada canto, já que não tinha nada para fazer. Eu passava por um dos corredores do térreo, e vi uma das portas apenas encostada, ela estava sempre trancada.
Eu nunca havia entrado nela, sabia que havia outras portas que levavam ao subsolo, mas nunca cheguei a atravessar qualquer uma que fosse. Bernard havia me proibido de ir lá, e na verdade eu tinha medo de descobrir mais alguma coisa terrível. Mas a curiosidade que eu sentia nesse momento corroía minhas entranhas por esse motivo, eu continuei parada estaticamente pois toda vez que essa curiosidade tomava meu corpo algo de ruim acontecia.
Não conseguia mais aguentar aquele sentimento, tinha que ver o que havia no outro lado da porta. Abri a porta sem nenhum rangido, era pouco iluminado, depois de meus olhos se acostumarem com a pouca luz, vi uma escadaria coberta de tapete vermelho. Desci degrau por degrau com cuidado, mesmo não fazendo nenhum ruído, eu sabia que era perigoso estar ali.
Chegando ao final da escadaria havia um corredor enorme com várias portas, logo descobri que o corredor se abria em outros corredores, formando quase um labirinto que percorria toda a extensão subterrânea da mansão, um lugar perfeito para pessoas que como eu, não tinham senso de direção e se perdiam facilmente.
O chão continuava tapado pelo tapete vermelho, a iluminação era fraca, o ar era úmido. Eu me sentia introduzida naquelas construções do românicas do século XII, muito parecidas com aqueles monastérios claustrofóbicos da mesma época. As paredes eram de pedras gigantescas e escuras, devia ser a prova de som. Ao me aproximar da parede vi manchas por cima de manchas... Mas... Era sangue! Me arrepiei ao reconhecer o líquido vermelho. Havia um cheiro peculiar no ar, embrulhava o estômago.
Senti medo e muito medo, eu sabia o que era aquele lugar, ali os vampiros permaneciam o dia inteiro até saírem à noite. Eram os quartos deles. Bom obviamente eles não podiam me matar, segundo Bernard eu seria promissora, então no máximo me xingariam, mas nunca se sabe, vá que rolasse uma torturinha básica?
Respirei fundo e comecei a caminhar lentamente pelo corredor. Teve momentos em que quase sai correndo de volta para meu quarto, como quando ouvi um grito estridente de mulher, ou quando ouvi uma gargalhada macabra que penetrou em minha alma e arrepiou minha coluna, ou então ainda, quando uma das portas tremeu com o estrondo de uma enorme batida, parecia que tinham jogado alguém contra ela. Eu estava passando bem na frente da porta quando aconteceu isso, cheguei a parar imóvel, mas depois de ver que ninguém havia saído do quarto, continuei a caminhar.
O labirinto de corredores não pareciam ter fim. Então avistei, virando uma esquina, uma porta enorme e dourada com intrincados celta adornando toda sua extremidade. Parecia ser pesada, tentei ouvir através dela, mas era impossível.
Comecei abri-la vagarosamente segurando a respiração, estava escuro lá, a não ser pelo centro daquele enorme... quarto? Poderia chama-lo de salão. No centro havia uma cama King de dossel, era a única parte do quarto com luz focada. Isso significava que eu estava escondida pela escuridão. Eu via movimentos na cama e sim ouvia gemidos e suspiros também, comecei a me aproximar-me da cama lentamente, eu conhecia aquela cama, eu já estivera ali em sonho, era o quarto de Bernard.
Pisei em algo pegajoso no chão, a essa altura não queria nem saber o que era, estava bem próxima da cama e meu queixo caiu com minha boca escancarada de um jeito que nunca imaginei ser possível.
Bernard estava na cama com três mulheres humanas e lindas, tipo top model, uma era loira de olhos azuis e estava com apenas uma minuscula calcinha rosa Pink, a outra era ruiva de olhos verdes e não usava nada, a última tinha cabelos negros e lisos, seus olhos eram castanhos e esta usava uma lingerie de couro estilo Lady Gaga.
Bernard estava... Estava... Completamente... Nu. E seu corpo era idêntico ao daquelas estátuas gregas que eu estudei na escola, cada músculo perfeito, suas costas largas musculosas, seu volume traseiro era invejável, nem eu tinha uma bunda tão bonita, suas coxas eram grossas, as panturrilhas bem definidas e até o pé do desgraçado era bonito, sua barriga era bem definida, seu peitoral, bem esse eu já sabia que era definido também. Bom e digamos que ele, bem... Ele... Era, sei lá não sei muito dessas coisas. Fico com muita vergonha, mas me surpreendeu, o que ele tinha no meio das pernas. Caramba o que eu to fazendo aqui olhando para ele desse jeito?! Minhas bochechas queimavam em meu rosto.
Ele as beijava, as possuía e as mordia. Seus olhos estavam vermelhos como nunca, suas unhas, agora compridas, rasgavam a pele das mulheres lhe tirando sangue. Seus corpos estavam marcados pelas mordidas de Bernard, havia sangue por tudo, nelas, nele, na cama, até no chão.
Eles gemiam, os quatro, quando Bernard dava atenção apenas a uma, as outras duas se davam prazer. Era um troca, troca aqui e ali.
Eu nunca tinha feito sexo, e nunca tinha visto sexo explícito normal. Mas agora veja bem a minha situação, eu, uma virgem, estava presenciando um sexo entre 4 pessoas e um deles era um vampiro. Sem dúvida eu estava extremamente constrangida e espantada. Era sexy e excitante sim, não vou mentir, mas ainda assim, senti um murro no estômago e uma facada no peito. Ver aquilo doía, só que eu não entendia o porque.
As lágrimas vieram com força, escorrendo de meu rosto e pingando no meu All Star. Escorriam sem parar no meu rosto em abundância e logo eu estava soluçando. Porque eu chorava? Porque doía tanto vê-los?
Talvez fosse pela visão grotesca e selvagem que acabou com todos meus sonhos de garotinha sonhadora em relação ao sexo. Era... Não sei, nojento? Mas nada daquilo era da minha conta, porque eu me importava?
Porque eu não imaginava que Bernard fosse assim, ele não era assim comigo, ele estava sendo cruel com elas, ele nem se importava com elas, ele estava fazendo o que deveria ser feito, mas faltava... Carinho.
Eu não conseguia sair dali, não conseguia me mexer, droga!
Os olhos dele encontraram meu rosto por coincidência, e então ele parou no mesmo instante o que fazia, seus olhos voltaram quase que bruscamente a tonalidade verde.
As mulheres não entendiam a reação de Bernard e seguiram o olhar dele, encontrando-me. Seus rostos mudaram no instante em que me vislumbraram. Elas não gostaram nada em me ver ali.
A mulher de cabelo preto falou com raiva:
- Não é a sua vez fedelha, saia daqui.
Então foi como se eu tivesse acordado ao ouvir sua voz. Tenho certeza que minha indignação estava a mostra em meu rosto, que logo foi substituída por fúria. Podia sentir o ódio percorrer minhas veias.
- CALA ESSA MALDITA BOCA SUA VADIA!
A mulher estava louca para se grudar no meu pescoço e me estrangular.
Dei um último olhar a Bernard e sai correndo furiosa. Eu precisava e queria quebrar algo, bater em alguém, qualquer coisa!
Eu quase saia pela porta quando vi uma mesinha ao seu lado, segurei os vasos de porcelanas e tentei arremessar contra a cama, mas não chegou perto por causa da distância. Segurei a mesinha com as duas mãos e a empurrei com força, ela bateu forte contra a parede e se quebrou. Ao mesmo tempo em que soltei um grito de ódio.
Agora eu estava pouco me lixando para os outros vampiros, abri a porta em um estrondo, meus passos pesados e largos atravessavam os corredores. Minhas mãos estavam cerradas prontas para socar qualquer idiota que aparecesse. As portas se abriam quase ao mesmo tempo, alguns vampiros com seus rostos em interrogação, outros já saíam com as caras iguais aos de demônios prontos para atacar, e então ao me verem suas expressões mudaram para a de surpresa.
- Todos iguais! Todos! Nenhum de vocês se diferenciam! Não valem nem a bosta de um cachorro! – Berrei furiosa contra a cara deles sem parar de andar.
Vi Jamie vir em minha direção, estava brabo por me ver ali em baixo.
- Você não deveria estar aqui!
- Volta pro inferno, merda do demônio! – Eu o empurrei com força e ele bateu as costas contra a parede, me dando passagem para sair.
Corri escadaria acima, passei pela porta que dava no térreo da mansão e então senti uma mão forte segurar meu braço e o puxar, eu voltei com tudo contra o corpo de quem segurou meu braço, acabei enterrando o rosto no peitoral de Bernard.
Ele aproximou seu rosto do meu.
- O que pensava estar fazendo? – Ele disse em um tom baixo e furioso.
Não respondi de imediato, eu também estava explodindo em fúria.
- Você é repulsivo, eu tenho nojo de você! – Falei sem alterar minha voz, mas tentando usar um tom ameaçador.
Bernard não tirava seus olhos dos meus.
- Eu disse para não descer no subsolo, nunca.
- Grande porra o que você me diz! Quero que você vá pro quinto dos infernos! – Eu berrei aproximando mais ainda meu rosto do dele. Ele estava com os olhos injetados de sangue novamente e com as narinas infladas. Eu quase podia ver a fumaça sair de sua cabeça de tanta raiva que ele estava.
- O que foi fazer lá? – Ele perguntou.
- Estava curiosa! – Eu disse em tom desafiador.
- Porque fez todo esse fiasco? – Ele perguntou, os olhos brilhando de fúria.
- Porque estou com ódio!
- MAS PORQUE?! – Ele gritou mostrando suas presas.
- PORQUE VOCÊ ESTAVA LÁ COM AQUELAS PUTAS DOS INFERNOS! – Berrei a altura da voz dele. Eu não queria ter dito aquilo mas acabou saindo, merda.
Bernard continuou me encarando, então desviou seu olhar para minhas roupas, vi um pouco de surpresa em seu rosto por eu estar usando a roupa que me dera. Mas ainda havia muito ódio nele.
Ele não estava mais sujo de sangue e usava uma calça de moletom, nada comparado com suas vestes de grife, mas ele estava mais bonito assim, vestido casualmente. Consequentemente lembrei de meu sonho com ele, lembrei de nosso beijo e lembrei da visão lá em baixo. Senti mais ódio dele, ele ainda me encarava daquele jeito furioso dele. Eu estava pronta para dizer o quanto eu queria vê-lo arder no inferno, mas então Bernard colou seus lábios nos meus.
Seu beijo era forte, sua língua invadia minha boca não me dando escolha, eu sentia o gosto do ódio dele se misturar ao meu próprio ódio. Tentei me livrar dele, mas Bernard segurou minha nuca com mais força, puxou minha cintura colando seu corpo ao meu. Minhas unhas lhe cravavam fundo a pele, eu queria que ele sentisse dor.
Isso só o fez segurar mais minha cabeça me impossibilitando de move-la. O ódio me consumia, eu lembrava dele com aquelas vadias e isso fazer sentir-me mais revoltada. Sim, pois eu o odiava com todas minhas forças, o odiava tanto que sentia meu corpo queimar com o toque dele, o odiava tanto que o desejava e por isso o odiava mais ainda com todo o meu ser.
Bernard não se acalmava, ele também estava furioso comigo, pois ele não estava carinhoso, estava intenso. Sua intensidade me preenchia, ele me empurrou obrigando-me a dar passos para trás, senti a parede em minhas costas.
Suas mãos percorriam meu corpo devastando-o, queimando-o de desejo. Ele levantou minhas coxas, abrindo minhas pernas, ficando entre elas. Bernard pressionou seu corpo ao meu que ardia por ele.
Então ele parou de me beijar, eu arfava e ele também.
- Eu te odeio. – Falei arfando.
- Eu também, ao ponto de te querer.
Fui pega de surpresa. Ele aproveitou o momento e voltou a me beijar, mas dessa vez foi diferente, não havia mais selvageria, ele continuava intenso só que carinhoso. Seus lábios volumosos se moldavam aos meus, sua língua se movimentava lentamente, sem perder o jeito intenso, arrancando suspiros de mim. Me grudei a sua nuca segurando seu cabelo com força. Bernard tirou sua boca da minha e começou a beijar meu pescoço, ele segurava meu quadril puxando-o contra o dele e a essa altura eu podia sentir o volume em sua calça. Enrosquei minhas pernas ao redor dele. Eu fechei meus olhos.
- Bernard... – Sussurrei.
Ele parou de me beijar e me encarou surpreso.
- Você chamou meu nome com prazer. – Seus olhos estavam injetados de sangue e eu podia ver suas presas salientes. Realmente ele tinha um auto-controle invejável.
Sua boca já estava na minha urgente. Mas então suas mãos me saltavam aos poucos no chão e seus lábios se desgrudaram dos meus. Ele encostou sua testa na minha.
- Não irei fazer isso, não vou insistir e não aqui. Não quero lhe magoar mais. – Ele deu um passo para trás. – Vá Elli, saia daqui.
Eu o olhava confusa e então percebi que ele estava a um fio de perder o controle, não para me matar, mas perder o controle comigo de outra forma. Eu sai correndo de volta para meu quarto.
Entrei batendo a porta e atirei-me na cama. Passei as mãos pelo meu cabelo puxando-os para trás. Puta que pariu! Mas que diabos estava acontecendo comigo?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro