Capítulo 22
******Camille******
Coisas ruins acontecem o tempo todo e em todo lugar. Há aquelas coisas pelas quais você passa e acha que ninguém mais passa e aquelas situações que você só vê na TV ou lê no jornal ou em algum artigo na internet e tem certeza que nunca vai acontecer com você.
Por ser tão liberal e independente, eu acreditava com toda certeza do mundo que nunca me veria numa situação como esta: um homem quer me estuprar, me matar e como não consegue, quer me ferir usando das piores formas possíveis.
Sabe aquela sensação de ficha caindo? Ela finalmente me atingiu, e em cheio. Desde o primeiro disparo eu já sabia que tinha sido obra dele, mas como eu iria acusar sem nenhuma prova? Eu não posso simplesmente ligar para a polícia e dizer “Alô? Eu sou Camille Fairchild e Humberto Gaspar tentou me matar”. A polícia simplesmente não vai me ouvir, porque mais da metade dessa porcaria foi comprada por aquele maldito.
Eu simplesmente não tenho a quem recorrer. Os podres que eu sei dele não vão me ajudar em nada, porque palavras são jogadas ao vento e provas contundentes são jogadas na cara no meio de um tribunal justo e que vai fazer ele pagar.
Seria interessante conhecer alguém para quem ele deve algum favor ou sei lá o quê. Pensamentos e mais pensamentos. Não aguento mais pensar. Eu quero ação.
Arthur dormia tranquilo do meu lado e sua respiração estava pesada, o que indicava que ele não acordaria tão cedo. Eu preciso agir. Levantei sem fazer barulho, desci as escadas e fui para o meu escritório. Eu preciso mesmo pensar em alguma coisa.
Meu escritório era simplesmente meu cômodo favorito (depois da biblioteca, óbvio) decorado de forma rústica e sóbria, digna de Don Corleone. Uma lareira ao lado da porta, janelas do teto ao chão com cortinas pretas, um tapete com estampas aleatórias na cor marrom escuro e minha mesa de mogno e uma cadeira alta e estofada com uma prateleira de livros logo ao lado. Eu gostava dali porque era aconchegante e eu me sentia a dona do mundo. Eu podia fazer o que eu bem entendesse ali. Era meu lugar sagrado. Havia também um frigobar logo abaixo da mesa que me permitia pegar bebidas e/ou chocolates sempre que eu sentisse vontade.
Abri um pouco a janela atrás da minha cadeira e a virei de costas para a porta e me sentei frente à janela que dava vista para o jardim e a fonte que ali havia.
Olhei para o relógio no canto do escritório e vi que marcavam exatamente quatro da manhã. O sono havia fugido de mim muito antes e uma sensação ruim estava mexendo comigo. Eu não costumo me sentir assim, na verdade eu odeio me sentir assim. Quando uma sensação ruim me invade eu me sinto vulnerável, fraca. Um sentimento horrível de impotência me consome, como no dia em que meus pais morreram, quando o tio Fernando morreu ou quando Ricardo quase morreu.
Eu gosto de ter o controle nas minhas mãos, de poder fazer algo, ser útil de alguma forma.
Respirei fundo e comecei a pesar ações e consequências. Eu não podia simplesmente ir sozinha afrontar o maldito, eu precisava de alguém para ir comigo. Arthur jamais permitiria e não aceitaria ir comigo, Ricardo não pode pois está se recuperando e tem que ficar de repouso. Então o único que pode me ajudar é o Paul.
Já se passaram quinze dias desde o ataque, ele já está bem e com certeza vai me ajudar, afinal quase mataram o namorado dele, e assim como eu, ele deve querer vingança.
- O que faz acordada a essa hora Camille? - tomei um susto daqueles e levei a mão ao coração imediatamente como se isso fosse impedir minha taquicardia.
- Arthur, você nunca bate na porta? Quase me mata do coração.
- Foi sem querer, mas sério, o que faz aqui? - ele veio em minha direção e sentou no chão ao meu lado, abraçando as pernas com os braços descobertos me dando uma visão significativamente boa dos seus músculos.
- Eu não consegui dormir. As lembranças ruins ainda estão na minha cabeça, eu fecho os olhos e ela invadem minha mente. Eu não consigo esquecer.
- Eu sei como deve ter sido difícil para você, foi difícil para mim te ver naquela situação, sofrendo tanto, mas ele está bem agora e é isso que importa.
- Arthur, alguém precisa pagar pelo que aconteceu. Isso não é justo, todos a minha volta sofrem simplesmente porque eu não quis transar com Humberto.
Ele continuou olhando fixamente para algum ponto janela a fora e eu suspirei cansada. Eu preciso fazer alguma coisa. Mas eu não sei como.
- Camille, eu quero que você esqueça pelo menos um pouco. Eu estou com saudades de você. Desde aquele dia nós não temos nada, e - eu senti a voz dele vacilar e meu corpo acender em resposta - eu posso esperar o tempo que for, mas a saudade que estou sentindo de estar dentro de você está me matando.
-
Arthur.. - suspirei pesadamente quando ele passou levemente a mão pela minha perna direita.
- Eu quero ir para sua biblioteca, eu quero que você desconte em mim toda a sua frustração. - eu não resisti a isso e gemi em expectativa. Esse desgraçado sabe como me ganhar. - Eu quero que você me domine e faça comigo o que quiser. Eu só quero minha Camille de volta.
- Não seja tão dramático.
- Não estou sendo dramático, nós dormimos na mesma cama todos os dias, trabalhamos juntos e não trocamos nem mesmo dez palavras ao longo do dia. Você não é assim, eu não quero você assim, eu quero você como antes, divertida, quente e insaciável. Cheia de palavras safadas que me põem louco de vontade de me acabar em você.
- Ok Arthur. Você já tinha me ganhado no “eu quero ir para sua biblioteca”, mas eu admito que me afastei de você. Não foi de propósito, eu só.. - olhei para cima tentando conter minhas lágrimas e falhando miseravelmente - eu só tive medo de te perder também, achei que se me afastasse de você, o maldito não faria nada contra você, faria apenas comigo. Eu só tive medo.
- Camille, olha para mim - ele agora estava de joelhos na minha frente me olhando com um misto de raiva e desejo que me fez acender ainda mais - eu não vou deixar aquele filho da puta encostar um dedo em você. Antes que ele pense em fazer alguma coisa contra você diretamente, ele já vai estar morto. Eu o mato sem piedade Camille, tenha certeza disso.
- Eu tenho. - me joguei em seus braços sentindo seu abraço confortável - eu senti tanta saudade meu amor.
- Eu também senti diabinha. Mais do que você pode imaginar.
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Sei que demorei a atualizar e peço desculpas mais uma vez por isso. Bloqueio. A culpa é do bloqueio.
Espero que estejam gostando.. sinto cheiro de ação no ar. O que está para acontecer. Deixem suas teorias nos comentários...
Votem, comentem e compartilhem. É muito importante para mim!!
Até a próxima..
Bjs da Nah..!!
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