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Capítulo 02

Caroline


— Chega! — A voz de Tyler ecoou por toda a minha academia.

— Não! Eu ainda consigo mais uma meia hora se você me deixar! — respondi ofegante, olhando o relógio e a quantidade de calorias que havia gasto até então.

— Eu sei que você consegue, mas você tem o histórico de ser muito exagerada e paranóica então, eu estou te pedindo para parar. Agora! — meu personal gritou novamente.

Quando percebeu que eu não ia sair dali, ele se aproximou e diminuiu a velocidade da esteira com toda a audácia do mundo.

— Ei! — reclamei.

— Você é impossível. — Ele falou sério, mas com o resquício de um sorriso, finalizando a corrida definitivamente.

— Posso fazer meia hora de escada, então? — perguntei me olhando no espelho, ajeitando o rabo de cavalo.

— De forma alguma, o único lugar que você vai agora é para a sua cozinha, tomar o seu super café da manhã e iniciar o seu lindo dia! — disse, me puxando pela mão. — Vamos! Carmela está esperando.

Ao sair da academia, dei mais uma inevitável olhadinha no espelho, me avaliando de cima a baixo. Queria me certificar que tudo estava do jeito que eu queria, sem gordurinhas ou nada extra.

Diferente do que Tyler falava, não era exagero ou paranóia. Eu havia lutado muito para chegar onde havia chegado com relação ao meu corpo e à minha auto estima. Graças a muito exercício e minha força de vontade, agora eu tinha o corpo que sempre havia desejado. Era gratificante poder caber em qualquer roupa, das mais recatadas às mais ousadas; pegar um avião sem as pessoas te olhando de lado ou sem se preocupar de ter que pegar um extensor de cinto de segurança, sentar em uma cadeira sem ter o medo que ela quebrasse... entre outras situações que só quem está acima do peso passa.

Durante toda minha infância e boa parte da minha adolescência, sofri muito preconceito por ser uma garota obesa. Não soube o que era ter um acompanhante no baile de inverno, sofria bullying de todo o colégio, não podia nem sequer comer uma batata frita no intervalo que já me olhavam com repreensão, entre outros milhares de julgamentos infundados e dignos de trauma.

Depois de muito conversar com minha terapeuta, decidi que minha ida para a faculdade seria o meu renascimento. Entrei para a Georgia Southern University, relaxei e tentei estabelecer relações sociais saudáveis com as pessoas.

Nos três anos que passei lá, fiz alguns amigos mas nenhum que você possa dizer que duraria para a vida inteira. Frequentava as festas das fraternidades e irmandades, participava das viagens, ia aos jogos de futebol americano do nosso time, os Georgia Southern Eagles, e não posso dizer que não curti bem aqueles anos. Só que ao final de toda essa temporada, eu estava vinte e cinco quilos mais gorda. Vinte e cinco quilos além do que eu estava no colégio. A quantidade de estudos era enorme, eu descontava a minha ansiedade pelas provas na comida, e foi impossível conter as lágrimas quando ouvi a costureira de minha mãe falar que ela teria que fazer um número ainda maior para meu vestido de formatura.

Era um pesadelo.

Tinha planos para aquela festa.

Finalmente ia me declarar para o cara que eu estava apaixonada.

Ia usar de toda a coragem que havia reunido desde o dia que o vi pela primeira vez, em nosso primeiro ano de Criminologia. E tudo o que você menos precisa nesse momento é de um choque de realidade que abale a sua auto-estima.

Foi traumático. Com a confiança abalada a coragem virou pó e não consegui me aproximar dele a noite inteira da festa. Quando já estava perto de terminar, pedi a uma amiga que finalmente perguntasse à ele se estaria disponível para conversar comigo e ela voltou cabisbaixa, pedindo para que eu não ficasse triste pois eu provavelmente não fazia o tipo dele.

E naquele momento, esperando o motorista do meu pai me buscar, tendo que ouvir minha cabeça me julgando e falando que ele jamais ficaria com uma garota gorda feito eu, jurei para mim mesma que aquela seria a última vez que alguém me rejeitaria pelo meu peso.

Depois da Georgia Southern, passei para a Emory University Law School, uma das melhores Universidades de Direito de Atlanta, e junto a muito estudo, fiz o que poderia ser chamada de a maior reeducação alimentar já vista na face da terra. Não foi nada fácil e sim, extremamente desafiador. Durante o meu acompanhamento, os médicos não acreditavam que eu pudesse conseguir, uma vez que a maioria indicava a cirurgia de redução de estômago para o meu caso. E em meio a tantas incredulidades, resolvi me dar aquela única e última chance.

E eu consegui.

Foi nessa época, ao procurar por ajuda, que conheci Tyler e o mundo fitness. Foi quando criei amor por me exercitar, uma paixão que até então não conhecia, e principalmente, amor por mim. Dei tudo o que pude e tive a determinação de ser uma pessoa saudável. E desde então, meu desejo era esfregar na cara daquele idiota que me fez sofrer que eu era perfeita. Que ele certamente agora ficaria com uma pessoa como eu.

Mas os anos, muitos deles, se passaram e aquela lembrança e vontade de vingança eram apenas uma mancha motivacional.

— Amanhã, mesma hora. — Tyler disse pegando sua mochila e seu celular.

— Ok. Podemos aumentar a série?

— Não acho necessário, Caroline. — Franziu a testa.

— Por favooor! — Fiz uma carinha que certamente ganharia do gatinho do Shrek.

Ele riu.

— Não. Até amanhã, Caroline.

— Até amanhã, Ty.

Desliguei o som da sala de ginástica e desci as escadas do meu triplex, indo em direção à cozinha. O café da manhã já me esperava e junto ao meu prato, o New York Times e o meu celular.

Buenos dias, Senhorita Parker.

— Bom dia, Carmela. — Peguei o jornal e me sentei no longo banco anexo à ilha.

— A señorita quer que eu ligue no noticiário?

— Por favor. — Foi a vez de pegar o celular e checar se tinha alguma ligação não atendida.

Após um breve gole em meu café, abri o jornal para ler as notícias, quando a televisão me fez prestar atenção.

"Hilden Jull, famoso empresário do ramo industrial de Michigan foi absolvido das acusações de fraude do Imposto de Renda. Sua advogada, Caroline Parker Williams, filha do famoso advogado Stanley Parker Williams, falecido no trágico acidente aéreo, foi a grande responsável pela liberação do réu, que saiu livre de todas as acusações, depois de uma audiência de mais de seis horas."

Dois anos haviam se passado do acidente e sempre que mencionavam o nome do meu pai, lembravam daquela maldita queda do avião.

Nossa Senhora de Guadalupe, Srta. Parker! Seis horas de reunião? — Carmela exclamou enquanto trazia meu Iogurte natural.

— Se chama audiência, Carmela... — Ri. — Seis horas sim. Que pareceram seis dias. Por isso que cheguei com tanta dor de cabeça em casa.

— Mas a senhorita conseguiu. E da melhor forma. Seu pai deve estar muito orgulhoso lá no céu! — Ela uniu suas mãos e me fitou com carinho.

— Eu prometi que não iria decepcioná-lo.

Desde que meus pais faleceram, dois anos atrás, eu fui a responsável por tomar as rédeas de pouco mais da metade da Parker Williams, o escritório de direito de minha família. A outra parte, pertencia a meu tio Richard, pois fora acordado no testamento. Meu avô foi o fundador e meu pai amava aquele lugar mais do que tudo em sua vida. Stanley Parker Williams foi o grande responsável por me passar todos os princípios da ética da advocacia e me ensinar que o trabalho engrandecia o ser humano.

Quando pequena eu era assídua frequentadora do escritório porque amava estar ali; não foi difícil escolher o que queria estudar na faculdade e quando chegou a hora, trabalhei como estagiária. Porém, diferente do que muitos pensavam, meu pai não me tratava como filha quando estávamos em ambiente de trabalho. Na Parker Williams eu era uma mera funcionária. E se hoje eu dava real valor às coisas, eu devia isso a ele.

Assumir a direção foi a tarefa mais difícil que já tive em minha vida. Grande parte dos funcionários começaram a me tratar de forma diferente. Foi desafiador encarar com maturidade críticas que vinham de todos os lados, do mais baixo cargo ao mais alto. Mas com o tempo, fui me acostumando a ser o centro das atenções e a ser a líder de uma equipe composta de pouco mais de sessenta pessoas. Como prometi a meu pai, me esforcei o máximo que pude em meu trabalho, e em poucos meses, trouxe de volta o nome de nosso escritório nas mídias, que até então só nos mencionavam para lembrar do trágico acidente que tirou a vida dele e de minha mãe. Os jornalistas sensacionalistas adoravam relembrar a tragédia, um dos motivos pelos quais até hoje em dia eu só assistia Netflix.

Meu foco sempre fora manter o nome do meu avô e do meu pai. E poucos paravam pra pensar na carga que eu carregava em minhas costas com tão pouca idade.

Meu celular tocou, tirando minha atenção da televisão. Era uma mensagem de meu tio me dando bom dia e avisando que só chegaria no escritório bem mais tarde.

Richard Parker Williams era um dos principais sócios de meu pai na empresa, dono de 45% das ações. Era o meu segundo pai e o que cuidou de mim depois de tudo o que aconteceu. Nossa família não era extensa, minha mãe era filha única, Richard nunca se casou então éramos apenas nós dois.

Terminei meu café da manhã e subi as escadas rumo ao meu quarto. Depois de um delicioso banho peguei minha roupa já pendurada no closet, uma saia lápis cinza e uma blusa de botão branca. Calcei meus scarpins, peguei minha bolsa e desci para encontrar meu motorista, que já me esperava com um sorriso no rosto. Meu pai sempre fazia questão de ter os melhores funcionários à seu lado, e eu seria eternamente grata a ele por ter Carmela e Eric comigo.

— Bom Dia, Srta. Parker. — Ele disse levantando-se do sofá que ficava no hall do prédio.

— Bom Dia, Eric. Como você está?

— Estou bem. O tempo é que está louco hoje. Já fez sol e já choveu, em apenas cinco horas de claridade. — Abriu a porta do carro para mim.

— Normal. Essa cidade é uma bagunça. — Me ajeitei no banco e dei uma olhada rápida no celular para checar o horário.

— Direto para o escritório? — Ele perguntou.

— Sim, por favor.

— Bom dia, Srta. Parker, tudo bem? — Anna me recebeu sorridente entregando meu latte com canela.

— Bom dia, Anna. Tudo bem e com você? — Dei um gole no café. — Pronta para seu último dia?

Ela assentiu e abaixou a cabeça enquanto caminhávamos até minha sala.

— Vou sentir falta de ser sua assistente. Aprendi muito aqui.

— Também vou sentir sua falta Anna, acredite. Acho que não terei uma funcionária tão eficiente quanto você. Mas está na hora de viver como uma advogada, e pode contar comigo para qualquer indicação que precise.

— Muito obrigada. — Ela sorriu. — Falando nisso, recebemos um e-mail do Senhor Flint, da Montgomery, indicando um de seus funcionários para o cargo de Advogado Júnior. Ele pode ser útil para as cortes de níveis médios, elas estão em desfalque ultimamente.

— Uhum — assenti. — Eu não consigo entender porque Montgomery fez essa loucura de fechar o escritório assim do nada. — Cheguei em minha sala e sentei em minha cadeira, tirando os sapatos logo em seguida e sentindo um alívio imenso. Odiava salto, mas sabia que eles faziam parte do look corporativo.

Ela assentiu.

— É o assunto do momento. Tem alguns que falam que é caso de doença, outros dizem que ele devia estar prestes a falir...

— Impossível. — Cortei enquanto assinava alguns papéis que já me aguardavam na mesa.

— É, não sei. — Ela foi pegando os papéis conforme eu ia assinando. — Só sei que foi um choque para muita gente.

— Eu imagino. Gostaria de pegar mais funcionários dele, mas infelizmente não posso agora. Estamos com a casa cheia. Seria irresponsabilidade pensar em aumento de pessoal.

— Os funcionários dele costumam ser muito bons. Até os estagiários são escolhidos a dedo. Amigos meus que já fizeram prova pra lá disseram que a triagem foi muito difícil.

— Sim, eu sei — suspirei. — Tinha muita mente brilhante ali dentro.

— No e-mail, ele disse que está nos enviando sua galinha dos ovos de ouro. — Ela riu. — O melhor de todos.

— Ótimo. — Sorri. — Fico satisfeita, não teremos tanto trabalho para preencher o cargo. — Entreguei o último papel assinado. — Daqui a pouco eu dou uma olhada no e-mail dele. Qual é a minha agenda de hoje?

— Ah, sim! Tribunal de Apelação às onze, caso Malcomm. Almoço. Reunião com Stela Olivier, caso Olivier versus Estado da Georgia. Livre depois.

Ah, um dia relativamente tranquilo.

— Será que conseguimos chamar essa tal galinha dos ovos de ouro de Flint para uma entrevista ainda hoje? — perguntei, fazendo aspas com os dedos. — Você pode tentar entrar em contato com ele?

— Claro, pode deixar. — Ela anotou em seu caderno. — Marco a reunião para o quê, final do dia? Cinco horas?

— Está ótimo, pode ser. É bom que ele tem tempo para se preparar também.

— Ok. Assim que tiver uma confirmação atualizo na agenda virtual e te aviso. — Ela prendeu a caneta em seu caderno.

— Obrigada, Anna. Já disse que vou sentir sua falta?

Ela foi em direção à porta.

— Desse jeito você faz com que eu não queira ir embora, chefe. 

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