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Capítulo 01

Dois anos depois

Eu não conseguia parar de olhar para as pedras de gelo boiando naquele copo de uísque vindo de uma reserva de mais de trinta anos, me sentindo levemente perdido. Todas as vezes em que parei para planejar minha carreira eu não havia contado com a chance de isso estar acontecendo.

Dediquei anos ao escritório e estava difícil acreditar que por puro capricho do Senhor Flint, Flint Montgomery, o famoso e mais competente advogado da área de Direito Internacional de Atlanta, eu teria que começar do zero.

Na última semana, meu querido chefe havia anunciado que em homenagem ao seu aniversário de oitenta anos ele simplesmente iria fechar seu escritório para sempre, estrear seu recém-comprado veleiro de um milhão de dólares e conhecer o mundo antes de morrer. Ele não tinha ex-mulheres ou herdeiros, não que soubéssemos, era um homem sozinho, e isso ajudou na tomada da decisão. Eu o invejava um pouco, pois tinha um turbilhão de responsabilidades nas minhas costas que não me deixavam jogar tudo para o alto e aproveitar o mundo.

Por um lado eu entendia que ele havia alcançado seu máximo, já estava cansado e dado tudo de si nos últimos anos, o homem precisava de férias. Mas, por outro, éramos trinta e oito funcionários que não sabiam o que fazer a partir de agora. Pessoas que tinham feito todo um plano de carreira baseado no trabalho dentro do escritório e, por um capricho, estavam na rua, extremamente perdidos.

Meus devaneios foram interrompidos por seu pedido de atenção.

— E assim, encerro as atividades da Montgomery, desejando a todos muita sorte, sucesso em suas carreiras e coragem, para enfrentar os percalços da vida. — Ele deu um gole em seu uísque em meio aquele silêncio constrangedor. — Alguns de vocês devem estar me odiando muito agora, mas tenho certeza que me agradecerão no futuro. Saúde! — Elevou seu copo de uísque e levantamos em resposta. Era visível o desespero de meus colegas, de alguns dava até pra sentir o ódio a poucos metros. Contudo, não havia nada a fazer naquele momento, a não ser aceitar, brindar e fingir o melhor sorriso possível. — Vocês estão dispensados. Vão cuidar de suas vidas — disse encerrando seu "discurso motivacional", fazendo questão de cumprimentar um por um.

Eu era o último e torcia para que minha hora chegasse de uma vez para que pudesse sair logo dali e decidir o que iria fazer da minha vida. Não sabia nem como procurar emprego depois de todos esses anos, estava aqui desde muito jovem, comecei como estagiário.

Será que existia um empregosurgentesparaadvogadosbrilhantes.com?

— Miller! — A voz de Montgomery me alertou. — Meu melhor homem! — Ele soltou essa pérola na frente de todos os outros que ainda restavam na sala, me fazendo ver de uma vez por todas que ele estava pouco se importando com suas relações sociais, ou se estava sendo educado ou não. — Assim que todos deixarem minha sala, fique. Precisamos conversar.

Ignorei o jeito nada sutil e o fato de que todos haviam ouvido aquilo e apenas assenti, esperando a sala esvaziar por completo, conforme o combinado. Não que eu precisasse esperar muito tempo, logo após ele proferir aquelas palavras, não sobrou uma alma viva no recinto.

— Miller, Miller... — Flint começou, sentando-se em sua cadeira antiga de couro marrom. — Vou sentir falta de trabalhar com você.

— Digo o mesmo, senhor. — Sentei-me na cadeira do outro lado de sua mesa, copo cheio ainda em mãos. Não estava com a mínima vontade de beber, além do fato de que não havíamos passado nem da hora do almoço.

— Não pense que sou doido em lhe deixar na mão. Quando digo que você é meu melhor advogado, não é da boca para fora. — Deu outro gole em seu uísque. — Você está aqui desde que era estagiário e toda a confiança que depositei em você jamais foi quebrada.

— Fico grato por isso. — As palavras dele me causaram certo alívio, mas tentei não me empolgar demais. Afinal, nem sabia o que ele estava reservando para mim.

— Eu é que fico grato, rapaz. — Sorriu. — E apesar de ter tomado essa decisão de abandonar o Direito e o meu escritório, eu tenho noção de que você não merece ficar sem emprego.

— Não só eu como muitos outros advogados competentes daqui do escritório, Sr. Flint — respondi com firmeza.

— Eu só podia indicar uma pessoa e não estou em posição de fazer milagres, Trent. — Ele abriu sua gaveta e tirou um cartão. — Indiquei você para o escritório de um grande amigo meu, da época da faculdade. Tenho certeza que você dará continuidade à sua carreira de forma excelente por lá.

Ele me entregou o cartão de papel escuro e espesso, com letras em dourado. Parker Williams Associates. Era impossível não conhecer esse nome, era um dos melhores e mais conhecidos escritórios de direito criminal de Atlanta e provavelmente de todos os Estados Unidos. Não era a especialização que eu exercia exatamente naquele momento, entretanto, era a que sempre sonhei em atuar, desde o momento em que decidi que queria ser um advogado. Flint sabia disso. Estava estampado em seu sorriso quando levantei minha cabeça para agradecê-lo.

— Eu disse que alguns de vocês iriam me agradecer futuramente. — Continuou sorrindo. — E sei que você não irá decepcioná-los. Como nunca me decepcionou.

Era a melhor notícia que eu poderia receber em um momento de tanta tensão. Nenhuma palavra que eu pudesse falar agora seria suficiente para agradecer o Sr. Flint.

— Eu estou realmente muito grato por essa oportunidade. Não vou decepcioná-lo — falei com toda a convicção que tinha e sentia naquele momento.

Entrar na área criminal de fato era tudo o que eu queria. Minha área atual era a de crimes internacionais e esses não tinham a ação que eu ansiava e precisava. Eu queria crimes reais. Havia estudado a minha vida inteira para isso. Provavelmente, a estabilidade e segurança que eu sentia aqui na Montgomery havia feito com que eu me acomodasse e não corresse atrás dos meus reais objetivos. Me incomodou um pouco o fato de ter que passar por isso para perceber o que estava fazendo da minha vida, mas não era mais hora de remoer minhas escolhas e sim de dar o meu máximo nesta chance que havia me sido dada, vamos combinar, praticamente de graça.

— A quem devo procurar quando chegar lá? — perguntei, vendo o nome de Stanley Parker Williams no cartão. Provavelmente, ele era o tal amigo do Sr. Flint, mas eu sabia que ele havia morrido em um acidente de avião há uns dois anos, junto com sua esposa. Foi uma tragédia terrível, televisionada e comentada por todo o país.

— Ah, meu saudoso amigo Stanley. Gostaria muito que ele pudesse ter conhecido você. — Seus olhos demonstravam real pesar. — Você deve procurar pela filha dele, Caroline. Ela que está no comando agora.

No momento que ouvi o nome, algo me soou muito familiar, mas deixei de lado por pensar que provavelmente tinha sido pelas notícias na televisão. Agradeci novamente a Flint aquela maravilhosa oportunidade e saí da sala, com um sorriso tão grande que estava difícil de esconder, o que foi péssimo para a atual situação do resto do escritório.

— Me diz que ele te deu o escritório de presente! — Bradley, meu assistente, exclamou no momento em que me viu. — Por favor, diz que sim e me re-contrata como seu estagiário. Ou assistente júnior. Pelo amor de Demóstenes, o pai da Advocacia! — falou com as mãos unidas em oração.

— Infelizmente, não foi dessa vez. — Fui para minha sala e peguei algumas caixas vazias de sua mão, reunindo todas as minhas coisas.

— O que foi então? — perguntou curioso.

— Ele me indicou para uma vaga na Parker Williams.

Mais uma vez foi difícil esconder meu sorriso, estava sentindo muita pena de Bradley. Ele era um estudante de Direito muito competente, com inteligência e determinação ímpares, e agora estava na mesma situação que todos os outros funcionários da Montgomery: desempregado.

— Aquele escritório de criminal? — Estranhou. — Mas e a área internacional?

— Flint sabia dos meus sonhos e vontades. Meu desejo sempre foi trabalhar exclusivamente na área criminal.

— Percebi quando iniciei meu trabalho aqui e você me mandou adicionar ao clipping diário toda e qualquer notícia dessa área — disse, dando de ombros. Logo suspirou e sorriu tristemente antes de continuar. — Boa sorte nessa nova caminhada, então.

— Obrigado, Bradley. E isso aqui não é uma despedida. — Apertei seu ombro. — Se eu tiver como te indicar para alguma vaga, pode ter certeza que o farei.

— Não tenho dúvidas. Muito obrigado, chefe.

Após retirar todas as coisas da minha sala, passei pela situação mais constrangedora dos últimos tempos; me despedir de todos os colegas e ainda ter que responder a eles o que Flint Montgomery queria comigo em particular. Eu poderia ter mentido ou desconversado, mas de que adiantaria? Eles descobririam em breve de qualquer forma. E com alguns olhares raivosos e repletos de inveja eu dei meu último adeus àquele escritório que foi uma grande escola de Direito pra mim.

Preso no trânsito na volta pra casa, foi que todo o misto de sentimentos tomou conta. O cara que não conseguia conter o sorriso lá em cima tornou-se a pessoa mais medrosa do mundo. A partir de agora era viver tudo novo de novo. Senti um nó no estômago ao pensar em diversas questões. Afinal, que emprego era esse? Será que daria certo? Quanto iriam me pagar? Esse salário cobriria o que eu ganhava na Montgomery? E se eles não aceitassem alguém com nenhuma experiência efetiva em criminal? Será que Megan ficaria chateada se eu dissesse que era melhor não pensarmos na festa de casamento agora?

O desconhecido estava me causando muita angústia.

Abri a porta do meu apartamento com certa dificuldade pelo número de caixas que estava carregando e me deparei com Megan, minha namorada, dando um sorriso de orelha a orelha. Será que ela já sabia da indicação?

— Arrumei um emprego para você! — Ela gritou, levantando os braços. É, ainda não sabia, então. E provavelmente tinha ignorado nossa conversa da noite anterior, em que eu disse que não queria que ela ficasse procurando emprego pra mim.

Estranhando aquilo e já esperando uma ideia provavelmente mirabolante e nada eficaz de minha namorada, fui até a mesa de jantar e apoiei as caixas, tirando meu terno logo em seguida e jogando na cadeira.

— Megan, você prestou atenção em alguma coisa que conversamos ontem? Eu não quero que você fique arrumando emprego pra mim. — Afrouxei a gravata e fui de encontro a geladeira, pegando algo para beber.

— Esse seu orgulho é tenebroso, Trenton. — Ela colocou as mãos na cintura. — Afinal, você quer saber o que eu arrumei ou não?

— Claro, diga! — Sentei-me na cadeira da mesa de jantar e abri a lata de coca-cola, dando o primeiro gole.

— Minha mãe disse que tio Hernandez, aquele que casou com tia Ingrid, está abrindo um negócio novo, de importação. Ele precisa de um advogado que entenda de aduaneira e tributário. É freelancer no começo, sabe? Mas quem sabe as coisas dando certo...

— Isso é sério, Megs? — Ri, sem humor nenhum.

Megan também era advogada, nos conhecemos na Escola de Direito de Savannah, e era muito difícil acreditar que ela realmente achava que aquilo era uma boa oportunidade. O cara que havia casado com a tia dela era o maior golpista dos últimos tempos e, escolher trabalhar com ele, por mais desesperado que eu estivesse, seria como se eu colocasse fogo em meu diploma e ignorasse todos os anos de experiência que obtive na Montgomery. Eu podia contar a ela da minha conversa com meu chefe mais cedo, da oportunidade na Parker Williams, mas, naquele momento, preferi esperar tudo se concretizar para então dar a notícia. Megan era muito ansiosa e caso algo desse errado, não saber causaria menos frustração.

— Ah, amor... — resmungou, manhosa fazendo um biquinho e sentou-se em meu colo. — É só uma coisa temporária.

— Eu não vou queimar minha carreira desse jeito por algo temporário, Megan. — Coloquei a mão em sua coxa.

— Mas nós precisamos juntar bastante dinheiro para a festa e não sei se vou dar conta de pagar tudo sozinha... — Ela falou baixo.

Eu estava noivo e prestes a marcar a data do casamento. Megan passou os últimos dois meses falando da festa e do que queria na celebração, quais flores eram mais bonitas, o que as madrinhas iam usar, qual seria seu vestido de noiva... e eu ainda me questionava o motivo de ter sequer pedido a mão da minha namorada. Me sentia dormente, caminhando por estradas sinuosas. A sensação era de estar em um piloto automático de estudar, começar a trabalhar, noivar, casar e ter filhos. Obviamente, a pressão da família não ajudava. Minha mãe perguntava em todas as nossas pouquíssimas conversas se já tínhamos marcado data, dizia que queria ajudar Megan a escolher o vestido, enviava para minha casa revistas de casamento que ela fizera assinatura e, no pior de seus surtos, comprou uma roupinha de neném alegando que estava com medo de que quando finalmente fôssemos ser pais, já não existisse mais na loja. Megan adorava essa empolgação da minha mãe.

Eu estava apavorado.

— Sobre isso... — comecei — Acho que enquanto eu não arrumar algo certo é melhor não pensarmos em festa. — Meu coração batia desesperado no peito já antecipando a tempestade que viria a seguir. O jeito que Megan me olhava era assustador. Estávamos em uma situação muito delicada e eu preferia esperar tudo se ajeitar, principalmente no lado financeiro.

Ela saiu como um raio do meu colo e se pôs à minha frente, mãos na cintura mais uma vez.

— Trenton! Eu não vou aceitar isso. São anos e anos de namoro! É o nosso casamento, não é um eventinho qualquer.

— Eu sei que não é um evento qualquer, mas do que adianta planejarmos as coisas sem saber quando vamos ter dinheiro para pagar? — questionei, levantando-me e segurando suas mãos. — Vamos só esperar um pouco, por favor.

— EU NÃO QUERO ESPERAR! — gritou, os olhos cheios de lágrimas. — Pedirei o dinheiro para a minha mãe.

— Você não vai fazer isso! — falei entre dentes.

A mãe de Megan era uma socialite bem conhecida e cheia da grana, que desde o começo nunca foi com a minha cara. Eu tinha certeza que essa ideia do emprego com o colombiano vinha dela, pois o que ela mais queria era me tirar de cena. Já havia chegado ao cúmulo de me oferecer dinheiro para fazer um mestrado na Europa caso eu terminasse o nosso relacionamento. E minha querida futura noiva sequer sabia disso.

— Vou sim! — rebateu — É o meu casamento.

— Pois é o meu casamento também, e se tiver um centavo da sua mãe envolvido nisso eu não vou nem cogitar me casar com você. — Quando vi a cara de sarcasmo dela, logo continuei. — E não estou falando da boca pra fora, estou falando muito sério.

O silêncio tomou conta da sala do meu apartamento e a única coisa que ouvi foi um trovão, uma tempestade se anunciava. Suspirei, levemente derrotado por estar em toda aquela situação chata e sentei-me novamente, dando outro gole em minha coca e lembrando que não tinha comida na geladeira, apenas um pacote de Doritos no armário. Eu teria que fazer compras debaixo de chuva para cozinhar um jantar para nós dois.

— Você ainda me ama, Trenton? — Perguntou depois de algum tempo. Eu já tinha ouvido aquilo mais de um milhão de vezes desde que começamos a namorar. Geralmente eu ria e achava graça, respondia com carinho, mas não era dia pra isso. Eu estava muito irritado.

— Não vou responder essa pergunta ridícula. — Automaticamente saiu da minha boca.

— Acho melhor eu ir para casa, então. — Ela disse com firmeza, pegando sua bolsa no sofá e me olhando. Eu estava tão tenso com tudo que aconteceu que não consegui me abalar com o seu drama. — Depois conversamos, você está muito nervoso e não quero passar a noite com um cavalo.

Acho que ela esperou eu falar algo ou pedir que ficasse, mas eu estava sem forças. Minha vida estava uma bagunça e a única coisa que conseguia pensar era em como colocar todas as coisas no lugar para que tudo pudesse voltar ao normal.

Mas minha falta de resposta foi o suficiente para que ela saísse batendo seus saltos com força no chão do meu apartamento. Ela só não bateu a porta porque outra visita estava chegando, e uma bem inesperada. Ethan, meu melhor amigo.

Frequentamos a mesma faculdade, dividimos apartamento durante anos e eu havia sido padrinho de seu casamento. Ele chegou em minha sala com duas malas de rodinha, uma mochila nas costas e uma sacola com seu Playstation 4 dentro. Estava todo molhado e, por alguns segundos, me preocupei com o estado daquele videogame, depois de passear pela chuva daquele jeito.

— Cara... — grunhiu. Ele estava em um leve estado de choque. Demorou um pouco para se recompor.

— O que aconteceu? — Me aproximei e fechei a porta da frente que ainda continuava aberta dando uma breve olhada no corredor para ver se Megan se encontrava ali pelos elevadores, mas não estava mais.

— Por que Megan saiu daquele jeito? — Apontou em direção à porta. — Cheguei em uma péssima hora, não cheguei?

— Claro que não, foi só uma briga idiota, mas e você? O que foi que aconteceu? — Eu meio que já sabia o que tinha acontecido, aquela não era a primeira vez que Ethan aparecia com malas em minha casa, mas esperei sua confirmação.

— Alicia me botou pra fora de casa. Mais uma vez — suspirou —, acho que agora é definitivo. — Tirou sua mochila molhada das costas e jogou no sofá. — Posso ficar aqui de novo? Até encontrar um apartamento?

Assenti. Era tudo o que faltava para completar esse dia mais do que estranho.

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