- prólogo
Lady Arabella acomodava-se em seu assento, a frente uma penteadeira esculpida por madeira contendo pequenos detalhes em nuances de dourado e creme, proporcionando delicadeza que conferia um toque de esplendor ao móvel. Criadas perfeitamente uniformizadas circulavam por toda a extensão do aposento, em contrapartida Eliza, dama de honra, fazia uso de vestimentas formais apesar de nada em particular parecer exageradamente elaborado, usava adornos floridos na cabeça e um penteado alto, sua postura entretanto era cuidadosamente mantida seguindo o protocolo e a etiqueta da alta sociedade.
Ela escovava os comprimidos fios dos cabelos avelã de Lady Arabella, cada deslizar despencava sobre seus ombros lentamente. Nos últimos tempos, Eliza houvera notado um certo estranhando na dama, seus olhos antes aguçados e cintilantes agora encontravam-se tristonhos e vazios, seu rosto conhecido por possuir bochechas fartas e rosadas estava pálido e sinais óbvios de uma possível ganha de peso era facilmente perceptível.
As condições atmosféricas estavam gélidas, o que explicaria sem dificuldade o estado atual estado de Lady Arabella. O inverno havia sido voraz encobrindo todos em um manto branco de neve. Já o céu, estava colorido de um cinza frio, carregado de nuvens que pareciam quase tocar a terra. Entretanto houvera uma tensão palpável no ar, Arabella parecia nauseada e após um breve momento fez um sinal para que as criadas se retirassem. O aposento permaneceu em uma quietude admirável, quebrado apenas pelo som do crepitar suave da lareira.
— Eliza — indagou Arabella, sua voz soava quase como um sussurro sutil.
— Sim, minha Lady — respondeu Eliza, os ombros ligeiramente recuados sempre mantendo sua postura ereta.
A nobre por sua vez, endireitou gentilmente o tecido de suas vestes, a seda adornada por bordados sutis cravejados de modestas esmeraldas, caía em frufrus amaciados até o chão. Aproximou-se de Eliza e segurou firmemente suas mãos olhando prontamente no fundo de seus olhos celeste, foi então que ela desabou.
— Não sei como hei de lidar com isso, Lize — Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto tentava conter o soluço persistente. — Não quero ter de esconder meu filho.
— Se acalme, nada irá acontecer á Henry. — A tal ponto Eliza só se obtenha a consolar sua amiga, como gesto rápido envolveu-a em um abraço caloroso repleto de compaixão.
Arabella fechou os olhos por um instante, ela se afastou lentamente, como se relutasse em quebrar o contato. Logo após, ficou parada como se estivesse pensando no que fazer.
— A temporada casamenteira está prestes a se iniciar em Londres, temo que nosso plano possa não ter sucesso. — expressou sua preocupação.
— Não fique inquieta. — repreende a dama. — Será por um breve espaço de tempo, só irei me passar por você na residência bridgerton até dar a luz.
— Eu compreendo... Entretanto, não posso me manter calma ao saber que estará rodeada por aqueles abutres da alta sociedade.
— Estou habituada a lidar com nobres. — pontua, fazendo um gesto afirmativo com a cabeça. — Não se aborreça Bella, faz mal para o bebê.
— Mas Lize! Acho que não est — hesitou, procurando pelas palavras certas. — pronta para tudo que está acontecendo.
— Não diga tolices. — esbraveja perdendo a paciência.— Você é uma Lady! Filha de um conde, não deve macular sua reputação com um filho de um simples capataz.
— William me amava.
— Amava-a tanto que partiu ao surgir a primeira oportunidade.
— Não o conheceu como eu o conheci!
— E nem é necessário conhecê-lo para saber que é um oportunista à espreita de uma buceta nobre. — Ao ouvir as palavras que ela mesma ouvera proferido, Eliza imediatamente arrependeu-se. Como um gesto de súplica, entendeu a mão até o braço da dama para troca-lo, entretanto em um momento ligeiro Arabella se afastou carregada por um olhar vazio.
A Lady ergueu suas mãos até a barriga, ela poderia sentir a presença de seu filho, mesmo que ainda não visível. Com a conduta e semplante determinado, se aproxima de Eliza, que a olhava confusa. Com um sussurro firme, ela segue:
— Não se esqueça que seu lugar aqui é de apenas uma mera empregada de merda.
Sem dar tempo para resposta, Arabella desfere um tapa em Eliza. O impacto repentino seguido por uma onda de calor se espalha por toda extensão de sua pele, a ardência e o formigamento persistindo por sua bochecha após o golpe, atônita Lize permanecia desorientada com o que acabará de presenciar.
— Se esta é a medida necessária para garantir a segurança de meu filho e minha, que assim se faça. — afirma. — Partiremos amanhã, pelo nascer do sol.
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