[54] Boa notícia
A tripulação gritava eufórica, festejando não apenas a grande vitória, mas também porque estavam sob a posse dos sete lendários fragmentos, que o beta navegador logo se ocupou em guardá-los.
— Para onde devo estabelecer o curso, Capitão? — Jeongin perguntou, tão ansioso quanto os demais.
Minho olhou para o convés inferior e vou os ex escravizados. Alguns comemorando entre si, outros como Kinte, aguardavam para saber qual seria seu destino.
— Leve-os para casa. — O capitão deliberou ainda fitando o alfa, e este suspirou acenando com a cabeça.
Jisung estava sorrindo vendo os piratas festejarem, quando percebeu que o Capitão estava apoiando seu peso nele, cada vez mais. Jisung olhou para o alfa e se assustou ao notar como ele estava pálido e com a respiração fraca.
— Estou bem. — Lee murmurou, apoiando o rosto no ombro do ômega.
Mas no segundo que se passou, a escuridão tomou conta do alfa e todo seu peso caiu de vez sobre Jisung. Ele o agarrou pela cintura e deu alguns passos para trás, até ser ajudado por Changbin, a segurar o corpo desfalecido do Capitão.
— Felix, ajuda aqui!
O médico correu até eles e ditou:
— Leve-o para a cabine, rápido.
Changbin ergueu sozinho o corpo de seu capitão e fez como Felix indicou. O beta olhou para Jisung, percebendo como ele estava distante, com os olhos abertos e a respiração desregulada.
Jisung abriu a boca arriscando dizer algo, mas engasgava a cada palavra que tentava proferir. Ele estava paralisado, olhando seu alfa ser levado para a cabine. Felix segurou em seu rosto e desviou a atenção dele para si.
— Jisung, ouça minha voz. Fique comigo e respire devagar. — o médico fez uma pausa e puxou o ar lentamente, soltando-o logo em seguida pela boca. — Olhe para mim.
O ômega tentou fazer como Felix indicou, mas o pânico queria tomar conta dos seus sentidos, Jisung colocou a mão no ombro e seu coração acelerou ainda mais.
— Min... Minh... — Dizia engasgando com o ar.
— Só respire. — com muita paciência, Felix inspirou novamente, deixando o ar escapar aos poucos pela sua boca. — Faça como eu.
Prestando atenção no rosto do beta, Jisung fez como ele e tomou longas respirações. Até sentir-se mais brando e recuperar o controle.
— A marca. — Jisung conseguiu falar, agora mais calmo. — Está fraca.
— É por isso que ele precisa de você. Os dois precisam. — Disse, olhando para o ventre dele. — Eu sou médico, não vou deixar que nada de ruim aconteça. Confie em mim.
Jisung anuiu, engolindo um bolo de preocupação e aflição. Sentiu o beta segurar em sua mão e o puxar na direção da cabine. O Capitão estava deitado na mesa, desacordado e completamente vulnerável a qualquer ameaça.
O médico retirou a camisa de minho com a ajuda de Changbin, e começou a limpar o ferimento mais grave, com Bang Chan o auxiliando. Jisung ficou do outro lado da mesa, segurando a mão de Minho. Talvez ele não soubesse, mas aquele ato ajudou o alfa.
O médico se concentrou em cuidar do ferimento na lateral do abdômen.
— Vou suturar e cuidar do ombro.
— Vai ficar uma cicatriz horrível. — Christopher afirmou.
— Você é um serzinho bastante inconveniente, não? — Felix reclamou enquanto cuidava do ferimento. — Há coisas mais importantes do que uma cicatriz, além das tantas que ele já tem. Não seja tão fútil.
— Não estou sendo. Foi só um comentário. Felix, você é muito grosso.
— Eu te conheço, cocada de sal.
— Se eu realmente me importasse com esse tipo de coisa, estaria namorando um cara sem uma perna?
Felix arregalou os olhos, desviando momentaneamente a atenção da lesão, para Chris. O ômega estava cada vez mais próximo do bucaneiro Yoongi durante as últimas semanas, mas nada além do que já tenha sido observado pelos tripulantes.
Se eles estavam envolvidos mais intimamente, então o fizeram escondidos, durante todo esse tempo. Aquela informação pegou o médico de surpresa.
— Eu sabia que aquele bucaneiro sem vergonha estava com segundas intenções. — Felix reiterou, voltando sua atenção ao abdômen de Minho. — Yoongi jura que me engana.
— Não é nada do que você imaginou. — Bang Chan contrapôs. — Ele só queria cuidar de mim...
— Escuta, eu vou te dar um conselho; cuidado com esses alfas. Não é boa ideia se apaixonar por eles.
Chan apoiou as mãos nos quadris e franziu as sobrancelhas, quando encarou o médico com uma expressão relaxada.
— E você não está envolvido com um?
Felix abriu a boca para dar uma resposta, mas não tinha o que dizer, ele realmente estava em um tipo de relacionamento com o contramestre. Não era nada formal, Changbin e ele apenas não gostavam de rotular as coisas. O médico comprimiu os lábios e limpou a garganta, incomodado com o rumo da conversa.
— Pare de falar, está me atrapalhando.
— Sim, mestre. — Chan disse, ironicamente.
O médico suspirou irritado pronto para uma resposta a altura, mas ouviu Jisung rir baixo. Felix e Chan trocaram olhares confusos e voltaram a atenção para ele.
— Você está bem?
— Sim. Agora estou. — Jisung respondeu, apertando a mão do alfa contra seu peito. — Estava tendo pensamentos horríveis, mas a discussão dos dois me distraiu.
— Sei que é o óbvio a se dizer a alguém, mas não custa nada reforçar; Não fique pensando nessas coisas. Não dê espaço para isso. Como está a marca?
Jisung colocou a outra mão no ombro e fechou os olhos. Quando abriu, um sorriso se formou, tão grande que Felix não precisava de uma resposta para saber do resultado.
— Está tão forte quanto no dia em que ele me marcou.
— Foi você. — Chan informou. — Vocês estão dividindo tudo.
— Como sabe tanto? — Jisung perguntou e Felix também ficou curioso. — Você já foi marcado?
Bang Chan desviou o olhar e suspirou antes de responder:
— Já. Um pirata do Estrela da Morte ficou empolgado e me marcou. Mas Alma Negra matou ele. Eu era a diversão da tripulação dele, não podia ser mais, se pertencesse a apenas um alfa.
— Eu fico muito feliz em saber que todos eles estão queimando no inferno agora! — Jisung esbravejou, visivelmente com raiva.
— Eu também. — Chan sorriu. — Mas não vamos falar sobre aqueles imundos. Felix, deixa eu fazer o curativo do ômega?
— Está louco? Não vou deixar você treinar no ombro do Capitão. Estamos falando do meu irmão. Se ele ficar aleijado? Se perder o movimento do braço? E se o braço dele cair?!
Christopher bufou revirando os olhos.
— Eu confio nele, Lix. — Jisung afirmou. — Sei que você fez um ótimo trabalho ensinando o Chan. E com sua supervisão sei que nada disso vai acontecer.
— Hm... — o médico observou seu aprendiz. Chris já havia demonstrado seu sangue frio e calma diante de situações que presenciou com Felix e alguns membros da tripulação. Até a perna do próprio Yoongi, que ele encarregou-se praticamente sozinho, e hoje o piratas a utiliza extremamente bem. — Tudo bem. Pode fazer.
Bang Chan tentou conter a empolgação, e apenas anuiu sorrindo. Ele pegou os instrumentos necessários e começou a fazer sua tarefa, sob os olhos atentos de Felix. Após terminar de fazer o curativo, o beta avaliou o desempenho dele e assentiu, satisfeito.
— Agora vamos deixá-lo descansar. — Felix afirmou recolhendo os materiais. — Changbin, coloque Minho na cama.
— Eu quero ficar com ele. — Jisung determinou.
— Tudo bem. De qualquer forma, estamos longe do nosso destino, você pode ajudar Jeongin a traduzir os fragmentos depois.
— Não é uma boa ideia fazer isso com tanta gente aqui. — o contramestre opinou. — Jeongin os guarde em segurança, quando esse povo desembarcar nós voltaremos a buscar o tesouro.
— E qual o problema de fazer isso com eles aqui? — Jisung questionou ofendido. — Eles não são ladrões.
— O ouro corrompe as pessoas. — Changbin disse, fez-se um silêncio após suas palavras, e logo após ele se dirigiu até a porta. — Vou me certificar de que estão fazendo seus trabalhos e falar com a Moonbyul. Ela precisa ter cuidado, ainda estamos no Mar Tenebroso.
Felix e Chan o seguiram, deixando Jisung e o Capitão Lee sozinhos na cabine. Minho estava deitado de barriga para cima, ainda sem camisa mas com uma manta o cobrindo até o pescoço. Jisung estava de lado, ainda segurando a mão dele entre as suas, logo abaixo do queixo. Também estava cansado depois de tudo o que passou, e acabou adormecendo minutos depois.
Quando o Capitão acordou, viu seu ômega dormindo tranquilamente, segurando sua mão. Ele sorriu tentando se levantar, mas uma careta de dor desenhou em sua face, quando sentiu seus ferimentos latejando e ardendo.
Minho permaneceu deitado, observando a respiração calma do loirinho e seu cabelo já crescido, batendo nos olhos. Ele gostava de observá-lo dormir em sua quietude. Se acordado Jisung não parava quieto, dormindo ele parecia um anjinho, suas bochechas cheinhas e seu biquinho. Minho não resistiu e lhe deu um selinho.
Jisung abriu os olhos e resmungou algo baixinho. Ao ver que Minho já estava acordado, ele sorriu esticando o corpo.
— Como se sente?
— Estou bem, não se preocupe bebê.
Jisung o observou por alguns segundos. Capitão Lee era um alfa muito forte, não só fisicamente. Foi ferido tão gravemente, quase morreu e mesmo assim se mantém firme diante de seu ômega e de toda a tripulação.
Jisung viu seus lábios um pouco secos e se levantou.
— Vou buscar água para você.
— Não. — O alfa apontou para uma das estantes. — Traga-me um pouco de rum.
— Mas... tudo bem, vou pegar.
O ômega pegou uma garrafa e despejou um pouco de rum em uma caneca. Ele levou até o alfa e o ajudou a beber um pouco.
— Agora sim. — Minho suspirou e Jisung balançou a cabeça sorrindo.
— Como você sabia? — Perguntou, se referindo a gravidez.
— Senti pela marca. Mas por que não me contou?
— Eu não tinha certeza. Eu senti algo mais além de você, mas... eu não sabia. Pensei em esperar mais algumas semanas para ter certeza, falar com Felix. Mas isso tudo aconteceu. Então sim, né... — Ele fez uma pausa, colocando a mão na barriga. — Tem um filhotinho aqui dentro.
Minho sorriu, colocando a mão por cima da dele. Mas voltando a realidade, de repente ele ficou sério.
— Chame Changbin aqui.
— Ele estava aqui enquanto estávamos cuidando de você. Não se preocupe com nada, apenas descanse.
— Você nunca me obedece e agora está me dando ordens. Daqui a pouco eles vão chamar você de Capitão.
— Até que não é uma má ideia... — Minho o olhou boquiaberto, Jisung então riu da expressão do alfa. — Estou brincando. E agora, acho que preciso ficar mais quietinho. Não quero que nada aconteça com nosso filho. Posso obedecê-lo enquanto eu estiver grávido.
Minho o fitou com os olhos semicerrados e negou com a cabeça, sorrindo soprado.
— Certo... vá na cozinha e traga algo para seu capitão. Depois quero que se deite em minha cama e fique comigo. — Ordenou. Jisung ergueu uma sobrancelha, sabendo que ele estava fazendo aquilo de propósito. — Por favor?
Jisung riu e beijou o alfa pelo rosto e depois na boca.
— Sim, meu Capitão. — ele se levantou da cama e caminhou até a saída.
Desceu até a cozinha, e à ordem de Felix, Junbuu já estava preparando uma comida leve para o Minho. Jisung aguardou até que ficasse pronta e subiu novamente.
Quando passou pela escotilha, ele viu Yoongi encostado na mureta enquanto manuseava algo. Quase derrubou a comido do Capitão quando viu com que o alfa estava mexendo.
— De quem é essa mão?! — Jisung perguntou surpreso.
— Não sei. Encontrei no porão de carga.
— Credo, joga isso fora. — Yoongi ignorou e continuou mexendo na mão. Jisung suspirou irritado e buscou por alguém no convés. — Bang Chan, vem ver com o que Yoongi está mexendo!?
Jisung aguardou até o outro ômega se aproximar.
— Isso é uma mão? — Chan questionou espantado.
— Sim. — o alfa respondeu — Olha como é grande. Deve ser do Alma Negra.
— Que nojo, Yoongi! — Jisung segurou o riso quando ouviu Chan reclamando com o alfa e seguiu para dentro da cabine. — Joga essa porcaria fora, parece até que é doido!
— Tsc, é só uma mão.
— Uma mão, o cacete! — Chan a tomou do alfa e lançou no mar.
— Ow! Você tá muito bravinho... vem aqui. — Yoongi tentou abraçá-lo, mas o ômega se afastou.
— Sai daqui com essa mão suja de Alma Negra. Vá se limpar antes. — Yoongi comprimiu os lábios incomodado. O ômega colocou as mãos na cintura. — Agora Yoongi!!!
Yoongi bufou revirando os olhos e desceu para as cobertas inferiores, com Chan atrás dele ainda resmungando. Os piratas que estavam trabalhando no convés observaram a cena, e começaram a rir.
Continua
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