[30] Provocações
Todos que estavam no interior da taberna, precensiaram Minho agarrar o braço de um dos ômegas que servia as mesas e arrastá-lo sem modos para os fundos do estabelecimento. Mas ninguém nada fez para ajudar. O ômega sentiu uma forte dor nas costas quando foi jogado com brutalidade contra a parede, no beco atrás do bar.
— Se arrependeu o caralho! — Minho rosnou e o ômega se encolheu ainda mais.
— Me arrependi! Eu juro! - Chan choramingou sentindo o aperto nos braços. — Aaii, você vai quebrar meus braços!
— Eu deveria quebrar seu pescoço!
— Eu não queria fazer isso, e-eu fui obrigado. Por favor?! Tá machucando!
Minho o lançou contra um monte de lixos que os funcionários da taberna jogavam ali, para serem incinerados. Bang chan se levantou com dificuldade, massageando os braços doloridos.
— Eu deveria matá-lo.
— Se serve de alguma coisa, eu não recebi nem uma única moeda pelo que fiz. Ele também me traiu. Passei dias trancado naquele porão imundo com a tripulação dele fazendo coisas horríveis comigo. Eu ja paguei muito caro, Minho, por favor não me mate.
— De quem você está falando?
— Dele, é claro, o Capitão Alma Negra.
— Ele está morto. Não acredito em você.
— Você pode não acreditar, mas ele está bem vivo e sabe que você não morreu. Ele o quer de volta, está procurando pelo Black Swan.
"Então o maldito sobreviveu." — Minho pensou consigo mesmo.
Na ausência de resposta, Bang Chan continuou:
— Ele esteve aqui a oito meses.
— E pra onde ele foi?
— Eu não sei bem, mas ouvi rumores de que iria desbravar o mar tenebroso. — Minho permaneceu em silêncio, ponderando sobre as chances de encontrá-lo. — Você ficou bem mais forte, em todos os sentidos, não é o mesmo de cinco anos atrás... mas e então, eu te dei as informações, você vai me matar assim mesmo?
Minho o encarou, sério. O ômega não significava mais nada para ele, sempre sentiu vontade de se vingar pela tradição. Quase foi executado por causa dele. Mas agora que finalmente o encontrou, decidiu que pouparia sua vida, pelo castigo que ja havia recebido.
— Não entre no meu caminho. — Lee avisou, passando por ele e entrando no bar novamente.
Na mesa, todos pareciam distraídos enquanto bebiam e conversavam alegremente. Apenas jisung que ainda olhava na direção que o Capitão saiu com o ômega. Quando Lee reapareceu, suspirou aliviado ao passo que ele se aproximava.
— Jeongin, o quanto você conhece o Mar Tenebroso? — Lee perguntou.
— Pouca coisa... sei que é bastante turbulento, cheio de tempestades, monstros e criaturas estranhas. Também dizem que há um enorme penhasco, que já levou inúmeras embarcações ao abismo profundo.
Bang Chan surgiu pela porta dos fundos, sendo repreendido pelo dono do bar, pegou uma bandeja com algumas bebidas e voltou a servir os clientes.
— Você não o matou? — Changbin questionou surpreso. — Porra, Capitão! Deveria pelo menos ter dado uma boa lição nele.
— Ele já foi castigado o suficiente.
— Não por você, que foi o traído na coisa toda.
— Bang Chan não significa nada para mim e não vou perder meu tempo com ele agora. — Lee girou para o Beta: — Quero que me mostre nos mapas, todos os pontos que você conhece.
O navegador assentiu e se levantou, sendo acompanhado pelo Capitão para um dos quartos. Além de taberna, o local possuía também um primeiro andar, com cômodos para abrigar os que estavam longe de casa.
Jisung ainda estava calado, observando o contramestre murmurando irritado o quanto o Capitão havia amolecido, e que se fosse em outra época, teria feito Bang Chan pagar.
— Vão querer mais alguma coisa? — a voz do ômega em questão, fez changbin levantar em um sobressalto cheio de ira.
— Vou. Querer esganar esse seu pescocinho cheio de veneno!
O ômega tomou um susto e voltou alguns passos. Quando ergueu o olhar e viu de quem se tratava, ele sorriu curvando os lábios.
— Oi, Changbin. Há quanto tempo, não?
— Seu maldito do caralho! Filho da puta...
— Tá, eu já sei. — Chan o interrompeu. — Você me odeia, quer me matar... "Você traiu o Capitão"... — Disse tentando imitar a voz de Changbin. — Mas veja, são mágoas passadas. O próprio capitão já me perdoou.
— Mas eu não.
Bang chan suspirou, largando a bandeja em cima de uma mesa e fazendo bico com seu olhar prostrado em falsa lamentação.
— Tudo bem, vá em frente. Vingue-se por ele. O que eu posso fazer contra um alfa que tem esses músculos? Pode me bater, só não me mate por favor.
Changbin olhou para o ômega, magro e com os ombros encolhidos. Por mais que sentisse muita raiva daquele rapaz, não seria capaz de agredi-lo tanto quanto sua raiva desejava.
— Maldito! — Changbin rugiu saindo com ira e descontando nas cadeiras e mesas pelo caminho que passava.
Assim que ele sumiu de suas vistas Bangchan sorriu vitorioso, pensando no quão fácil era enganar um alfa, apenas se fazendo de pobre coitado e indefeso.
— Changbin, espera! - Jisung se levantou para ir atrás do alfa, mas parou ao ouvir a voz de Bangchan:
— Oh... você é o namoradinho dele? O que houve com o médico, morreu?
— O lix está muito bem. E não, eu não sou namorado do changbin. Somos amigos.
— Ah... — Bangchan cruzou os braços, examinando o outro ômega dos pés à cabeça. — Acho que não o conheço. Ainda não fomos apresentados. Sou Christopher Bang, mas todos me chamam de Bangchan, e você?
— Lee Jisung.
O sorriso no rosto do ômega mais velho se desfez. Ele estudou o loiro a sua frente, era bastante bonito, não podia negar. Mas lhe parecia bastante novo, e Chan viu a oportunidade perfeita para entrar na mente dele.
— Ah, você é o novo ômegazinho do Capitão. Sabia que eu fui o primeiro amor da vida dele? Eu tinha mais ou menos a sua idade.
— Eu sei muito bem quem você é. Um traidor repugnante.
Chan fez sua experiente cara de inocente, levando uma mão até o peito.
— Você é um ômega, deveria entender mais do que qualquer outro, o quanto sofremos nas mãos de alfas opressores.
— Sua sedução barata não funciona comigo. - Jisung cruzou os braços e sentenciou: — Quero você longe do Capitão.
A expressão de Bangchan mudou na mesma hora de surpresa, para um riso debochado.
— Cuidado bebê, ciúme mata.
— Não, o que mata é isso aqui. - Jisung puxou o punhal que o Capitão lhe deu, e o manuseou calmamente. Bangchan engoliu em seco, dando mais um passo para trás. — E se você cogitar fazer algum mal contra meu alfa, vou fazê-lo desejar a morte.
Jisung estava falando sério, mas seu timbre doce, calmo, e a aparência angelical, fizeram com que Bangchan apostasse que ele não seria capaz de matar uma mosca.
— Você parece comigo quando tinha sua idade. Eu também era assim, a cadelinha do Capitão.
A resposta foi tão rápida que Bangchan só percebeu o que havia acontecido, quando se recuperou. Jisung o esbofetou tão fortemente, que o fez cair para o lado da mesa.
Chocado, Bangchan levou a mão trêmula a face que ardia avermelhada com a marca da mãozinha de Jisung. Deixando-se levar pela aparência, só agora Bangchan percebeu o quão pesada era a mão de um Ômega Lúpus.
— Não me compare a você, seu vadio. Fique longe do meu alfa, está avisado. — Jisung girou nos calcanhares deixando Bangchan massageando a bochecha.
— Você não me conhece, garoto. — Bangchan murmurou para si mesmo.
Bastante enraivecido, ele pensou em um jeito de se vingar do tapa que recebeu, mas pouca coisa podia fazer contra um ômega lúpus, quando ele próprio era apenas um comum. Mesmo sentindo a ardência do rosto, ele sorriu, pois havia conseguido provocar o mais novo. Talvez, se ele continuasse com suas provocações, conseguiria plantar a desconfiança em seu coração e mostrar para ele que seu poder de sedução é tão grande, que seria capaz de conquistar o Capitão Lee outra vez.
Bangchan o viu descer as escadas conversando com o Beta navegador, e se aproximou como uma cobra sorrateira.
— Capitão - Bangchan o chamou com voz suave. — Tenho mais informações sobre o Alma Negra, se quiser eu posso compartilhá-las com você.
— Por que você faria isso?
Bangchan deu de ombros.
— Eu só quero me redimir.
Minho o estudou sabendo que suas intenções não eram boas, mas precisava das informações.
— Tudo bem. Esteja aqui quando o bar fechar. Jeongin, avise a tripulação.
Bangchan evitou revirar os olhos, mantendo sua expressão calma e sonsa. Ele queria ficar a sós com o capitão, e agora teria de bancar o bonzinho na frente de todos. Mas não teria problema, ele conseguiria. Iria enganar à todos. Estava tão feliz como não esteve em meses. Não imaginava o quão sortudo ele era. Conseguiu encontrar o Capitão outra vez, era sua chance de reerguer e sair daquela vida miserável. Com certeza o alfa havia feito grandes saques e aquilo seria uma porta de entrada para a vida na alta sociedade. Era desse jeito, que o ômega conseguiu sobreviver no mundo, enganando e agarrando todas as oportunidades para conseguir algumas moedas.
Bangchan era um ômega muito belo, seria fácil seduzi-lo, em sua opinião. Mas para isso, precisava de uma roupa nova e alguns acessórios, e claro, ele merecia alguns mimos. Ele trocou o avental de trabalho por uma bolsa e saiu até o mercado para fazer suas compras. Coincidência ou não, ele encontrou Jisung conversando com Félix e um alfa usando uma perna de pau. Assim que se aproximou, ouviu pouco sobre a conversa deles:
— Com o tempo você se acostuma. — Scott animou o irmão.
— Nossa, Yoongi, o que houve com sua perna? — Bangchan chegou, já se intrometendo na conversa.
— Não é da sua conta, chispa daqui.
— Grosso. — O ômega revirou os olhos. — Teria sido melhor se tivesse morrido.
— Bangchan, sai daqui. — Félix falou sem paciência. — Vai procurar o que fazer antes que Minho te veja dando sopa por aí, e dê o que você merece.
— Meu queridinho, nós já nos encontramos. Inclusive, marcamos de nos ver hoje à noite quando o bar fechar.
— Como é?! — Jisung indagou.
Bangchan sorriu, erguendo uma sobrancelha.
— É isso mesmo que você ouviu — com o nariz em pé, ele girou a atenção para Félix. — O Capitão não conseguiu se vingar de mim, na verdade ele nem me encostou um dedo sequer. Deve ter se lembrado dos momentos bons que tivemos. Sentiu falta de ter um ômega de verdade em sua cama...
Ele parou de falar quando Jisung avançou contra ele, mas o Beta se colocou entre ambos.
— Não caia nas provocações dele.
— Não são provocações e você sabe disso, Félix. São apenas fatos. Eu pintei bolinha com o capitão, fiz ele se apaixonar por mim, coitado. Fui o primeiro amor da vida dele, e todos sabem que ninguém esquece o primeiro amor. Mesmo com esse daí, ele não conseguiu me tirar da memória, me viu e já quer me foder. Eu vou levar uma coleira preta para combinar com as roupas negras...
Félix não conseguiu conter o lúpus quando este se desvencilhou de seus braços e avançou contra o outro ômega. BangChan não esperava ter o corpo lançado para trás, quando o Jisung se jogou contra ele.
Bangchan tentava se defender como pôde, enquanto Jisung segurou fortemente em seu cabelo enquanto desferia golpes em seu rosto.
— Céus! — Félix exclamou, e um círculo de curiosos se formou ao redor dos ômegas, que brigavam no meio da rua. — Scott, pare de rir e ajuda a separar!
— O quê? Deixe-o apanhar. Quebra a cara dele Jisung! Isso! Uma de esquerda agora.
Bangchan choramingava com gritos e pedidos de socorro, mas ninguém teve coragem de se aproximar do lúpus raivoso. Ainda mais quando ele estava com seus olhos em tons prata, e sacou um punhal, erguendo-o para apanhar o peito de Bangchan. Félix, que tentava tirar Jisung de cima dele, conseguiu interceptar o golpe antes que o lúpus conseguisse acertá-lo. Ele agarrou o pulso que segurava a lâmina poucos sentimentos do peito de Chan.
— Scott, se não me ajudar agora mesmo o próximo a apanhar vai ser você!
— Tsc, mas que merda! - O alfa revirou os olhos e o ajudou a tirar Jisung de cima do ômega.
Bangchan estava completamente machucado. O rosto começando a inchar e ferido nos lábios, nariz, e o sangue escorrendo de alguns pontos. Com dificuldade, ele se levantou e saiu correndo tropeçando pelos cantos.
— Jisung, se acalma. É exatamente isso que ele quer! Que você perca o controle. — o ômega ainda respirava pesadamente e o sangue circulava em seu corpo como a lava de um vulcão. — Eu entendo que você é muito jovem, e pela criação que teve não conhece muito da vida, é normal que se sinta inseguro, mas Minho te ama...
— Eu sei que ele me ama, Félix! Disso eu nunca duvidei. E não me sinto inseguro. — Jisung puxou os braços de Scott que ainda o segurava e guardou o punhal. — O que me irritou foi aquele vagabundo falar do Minho daquele jeito. Ele o fez sofrer e ainda fica zombando dele! Que ódio! Maldito! Eu quero matar ele!
— Jisung, acalme-se! Respira fundo. — Aos poucos, a respiração do ômega foi normalizando e ele ficou calmo novamente. — Menino? Eu concordo com Scott que esses tapas foram muito, mas muito bem merecidos. Mas não manche sua alma matando aquela peste. Faça melhor. Mostre à ele que nada que ele diga te afeta, e muito menos afeta o Minho. Mostre o quanto vocês dois estão ótimos juntos, e que ele foi uma simples farpa que espetou o dedo do meu irmão, mas que já foi jogado no lixo há muito tempo.
Jisung assentiu, e eles se encontraram com Jeongin, que os informou sobre a reunião contada de mal jeito por Bangchan.
Continua
Marinha Real - X azul
Black Swan - X preto
Caso alguém desconheça essa informação, o Mar Tenebroso é como era conhecido nosso Oceano Atlântico.
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