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[Não revisado]

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A tripulação gritava eufórica, festejando não apenas a grande vitória, mas também porque estavam sob a posse dos sete lendários fragmentos, que o Beta navegador logo se ocupou em guardá-los.

— Para onde devo estabelecer o curso, Capitão? — Beomgyu perguntou, tão ansioso quanto os demais.

Jongho olhou para o convés inferior e viu os escravizados. Alguns comemorando entre si, outros como Kinte, aguardavam para saber qual seria seu destino.

— Leve-os para casa. — O Capitão deliberou ainda fitando o Alfa, e este suspirou acenando com a cabeça.

Yeosang estava sorrindo vendo os piratas festejarem, quando percebeu que o Capitão estava apoiando seu peso nele, cada vez mais. Yeosang olhou para o Alfa e se assustou ao notar como ele estava pálido e com a respiração fraca.

— Estou bem. — Choi murmurou, apoiando o rosto no ombro do Ômega.

Mas no segundo que se passou, a escuridão tomou conta de Jongho e todo seu peso caiu de vez sobre Yeosang. Ele o agarrou pela cintura e deu alguns passos para trás, até ser ajudado por Seonghwa, a segurar o corpo desfalecido do Capitão.

— Hongjoong, ajuda aqui!

O médico correu até eles e ditou:

— Leve-o para a cabine, rápido.

Seonghwa ergueu sozinho o corpo do seu Capitão e fez como Hongjoong indicou. O Beta olhou para Yeosang, percebendo como ele estava distante, com os olhos abertos e a respiração desregulada.

Yeosang abriu a boca arriscando dizer algo, mas engasgava a cada palavra que tentava proferir. Ele estava paralisado, olhando seu Alfa ser levado para a cabine. Hongjoong segurou em seu rosto e desviou a atenção dele para si.

— Yeosang, ouça minha voz. Fique comigo e respire devagar. — o médico fez uma pausa e puxou o ar lentamente, soltando-o logo em seguida pela boca — Olhe para mim.

O Ômega tentou fazer como Hongjoong indicou, mas o pânico queria tomar conta dos seus sentidos. Hongjoong colocou a mão no ombro e seu coração acelerou ainda mais.

— Jon... — Dizia engasgando com o ar.

— Só respire. — Com muita paciência, Hongjoong inspirou novamente, deixando o ar escapar aos poucos pela sua boca — Faça como eu.

Prestando atenção no rosto do Beta, Yeosang fez como ele e tomou longas respirações. Até sentir-se mais brando e recuperar o controle.

— A marca. — Yeosang conseguiu falar, agora mais calmo — Está fraca.

— E por isso ele precisa de você. — Hongjoong disse. — Eu sou médico, não vou deixar que nada de ruim aconteça. Confie em mim.

Yeosang anuiu, engolindo um bolo de preocupação e aflição. Sentiu o Beta segurar em sua mão e o puxar na direção da cabine. O Capitão estava deitado na mesa, desacordado e completamente vulnerável a qualquer ameaça.

O médico retirou a camisa de Jongho com a ajuda de Seonghwa, e começou a limpar o ferimento mais grave, com Jinkin o auxiliando. Yeosang ficou do outro lado da mesa, segurando a mão de Choi. Talvez ele não soubesse, mas aquele ato ajudou o Alfa.

O médico se concentrou em cuidar do ferimento na lateral do abdômen.

— Vou suturar e cuidar do ombro.

— Vai ficar uma cicatriz horrível. — Jinkin afirmou.

— Você é um serzinho bastante inconveniente, não? — Hongjoong reclamou enquanto cuidava do ferimento. — Há coisas mais importantes do que mais uma cicatriz, além das tantas que ele já tem. Não seja tão fútil.

— Não estou sendo. Foi só um comentário. Hongjoong, você é muito grosso.

— Eu te conheço, cocada de sal.

— Se eu realmente me importasse com esse tipo de coisa, estaria namorando um cara sem uma perna?

Hongjoong arregalou os olhos, desviando momentaneamente a atenção da lesão, para Jinkin. O Ômega estava cada vez mais próximo do bucaneiro Scott durante as últimas semanas, mas nada além do que já tenha sido observado pelos tripulantes.

Se eles estavam envolvidos mais intimamente, então o fizeram escondidos, durante todo esse tempo. Aquela informação pegou o médico de surpresa.

— Eu sabia que aquele bucaneiro sem vergonha estava com segundas intenções. — Hongjoong reiterou, voltando sua atenção ao abdômen de Jongho. — Scott jura que me engana.

— Não é nada do que você imaginou — Jinkin contrapôs. — Ele só queria cuidar de mim...

— Escuta, eu vou te dar um conselho; cuidado com esses Alfas. Não é boa ideia se apaixonar por eles.

Jinkin apoiou as mãos nos quadris e franziu as sobrancelhas, quando encarou o médico com uma expressão relaxada.

— E você não está envolvido com um?

Hongjoong abriu a boca para dar uma resposta, mas não tinha o que dizer, ele realmente estava em um tipo de relacionamento com o contramestre. Não era nada formal, Seonghwa e ele apenas não gostavam de rotular as coisas. O médico comprimiu os lábios e limpou a garganta, incomodado com o rumo da conversa.

— Pare de falar, está me atrapalhando.

— Sim, mestre. — Jinkin disse, ironicamente.

O médico suspirou irritado pronto para uma resposta a altura, mas ouviu Yeosang rir baixo. Hongjoong e Jinkin trocaram olhares confusos e voltaram a atenção para ele.

— Você está bem?

— Sim. Agora estou. — Yeosang respondeu, apertando a mão do Alfa contra seu peito — Estava tendo pensamentos horríveis, mas a discussão dos dois me distraiu.

— Sei que é o óbvio a se dizer a alguém, mas não custa nada reforçar; Não fique pensando nessas coisas. Não dê espaço para isso. Como está a marca?

Yeosang colocou a outra mão no ombro e fechou os olhos. Quando abriu, um sorriso se formou, tão grande que Hongjoong não precisava de uma resposta para saber do resultado.

— Está tão forte quanto no dia em que ele me marcou.

— Foi você — Jinkin informou. — Vocês estão dividindo tudo.

— Como sabe tanto?— Yeosang perguntou e Hongjoong também ficou curioso. — Você já foi marcado?

Jinkin desviou o olhar e suspirou antes de responder:

— Já. Um pirata do Estrela da Morte ficou empolgado e me marcou. Mas Alma Negra matou ele. Eu era a diversão da tripulação dele, não podia ser mais, se pertencesse a apenas um Alfa.

— Eu fico muito feliz em saber que todos eles estão queimando no inferno agora! — Yeosang esbravejou, visivelmente com raiva.

— Eu também. — Jinkin sorriu — Mas não vamos falar sobre aqueles imundos. Hongjoong, deixa eu fazer o curativo do ombro?

— Está louco? Não vou deixar você treinar no ombro do Capitão. Estamos falando do meu irmão. Se ele ficar aleijado? Se perder o movimento do braço? E se o braço dele cair?!

Jinkin bufou revirando os olhos.

— Eu confio nele, Joong. — Yeosang afirmou. — Sei que você fez um ótimo trabalho ensinando o Jinkin. E com sua supervisão sei que nada disso vai acontecer.

— Hm... — o médico observou seu aprendiz. Jinkin já havia demonstrado seu sangue frio e calma diante de situações que presenciou com Hongjoong e alguns membros da tripulação. Até a perna do próprio Scott, que ele encarregou-se praticamente sozinho, e hoje o pirata a utiliza extremamente bem. — Tudo bem. Pode fazer.

Jinkin tentou conter a empolgação, e apenas anuiu sorrindo. Ele pegou os instrumentos necessários e começou a fazer sua tarefa, sob os olhos atentos de Hongjoong. Após terminar de fazer o curativo, o Beta avaliou o desempenho dele e assentiu, satisfeito.

— Agora vamos deixá-lo descansar. — Hongjoong afirmou recolhendo os materiais — Seonghwa, coloque Jongho na cama.

— Eu quero ficar com ele. — Yeosang determinou.

— Tudo bem. De qualquer forma, estamos longe do nosso destino, você pode ajudar Beomgyu a traduzir os fragmentos depois.

— Não é uma boa ideia fazer isso com tanta gente aqui — o contramestre opinou. — Beomgyu os guardou em segurança, quando esse povo desembarcar nós voltaremos a buscar o tesouro.

— E qual o problema de fazer isso com eles aqui? — Yeosang questionou ofendido. — Eles não são ladrões.

— O ouro corrompe as pessoas. — Seonghwa disse. Fez-se um silêncio após suas palavras, e logo após ele se dirigiu até a porta. — Vou me certificar de que estão fazendo seus trabalhos e falar com a Chaerin. Ela precisa ter cuidado, ainda estamos no Mar Tenebroso.

Hongjoong e Jinkin o seguiram, deixando Yeosang e o Capitão Choi sozinhos na cabine. Jongho estava deitado de barriga para cima, ainda sem camisa mas com uma manta o cobrindo até o pescoço. Yeosang estava de lado, ainda segurando a mão dele entre as suas, logo abaixo do queixo. Também estava cansado depois de tudo o que passou, e acabou adormecendo minutos depois.

Quando o Capitão acordou, viu seu Ômega dormindo tranquilamente, segurando sua mão. Ele sorriu tentando se levantar, mas uma careta de dor desenhou em sua face, quando sentiu seus ferimentos latejando e ardendo.

Jongho permaneceu deitado, observando a respiração calma do loirinho e seu cabelo já crescido, batendo nos olhos. Ele gostava de observá-lo dormir em sua quietude. Se acordado Yeosang não parava quieto, dormindo ele parecia um anjinho.

Yeosang abriu os olhos e resmungou algo baixinho. Ao ver que Jongho já estava acordado, ele sorriu esticando o corpo.

— Como se sente?

— Estou bem, não se preocupe.

Yeosang o observou por alguns segundos. Capitão Choi era um Alfa muito forte, não só fisicamente. Foi ferido tão gravemente, quase morreu e mesmo assim se mantém firme diante de seu Ômega e de toda a tripulação.

Yeosang viu seus lábios secos e se levantou.

— Vou buscar água para você.

— Não. — o Alfa apontou para uma das estantes. — Traga-me um pouco de rum.

— Mas... tudo bem, vou pegar.

Yeosang pegou uma garrafa e despejou um pouco da bebida em uma caneca, levou até o Alfa e o ajudou a beber um pouco.

— Agora sim. — Jongho suspirou e Yeosang balançou a cabeça sorrindo. — Chame Seonghwa aqui.

— Ele estava aqui enquanto estávamos cuidando de você. Não se preocupe com nada, apenas descanse.

— Você nunca me obedece e agora está me dando ordens. Daqui a pouco eles vão chamar você de Capitão.

— Até que não é uma má ideia... — Jongho o olhou boquiaberto, Yeosang então riu da expressão do Alfa. — Estou brincando. E acho que já está na hora de começar a obedecer o Capitão desse navio.

— Certo... vá até a cozinha e traga algo para seu Capitão. Depois, quero que se deite em minha cama e fique comigo. — Ordenou. Yeosang ergueu uma sobrancelha, sabendo que ele estava fazendo aquilo de propósito. — Por favor?

O Ômega riu alto e beijou o Alfa pelo rosto e depois na boca.

— Sim, meu Capitão. — Yeosang se levantou da cama e caminhou até a saída.

Desceu até a cozinha, e à ordem de Hongjoong, Junbuu já estava preparando uma comida leve para o Jungwon. Yeosang aguardou até que ficasse pronta e subiu novamente.

Quando passou pela escotilha, ele viu Scott encostado na mureta enquanto manuseava algo. Quase derrubou a comida do Capitão quando viu com o que o Alfa estava mexendo.

— De quem é essa mão?! — Yeosang perguntou surpreso.

— Não sei. Encontrei no porão de carga.

— Credo, joga isso fora. — Scott ignorou e continuou mexendo na mão. Yeosang suspirou irritado e buscou por alguém no convés — Jinkin, vem ver com o que Scott está mexendo!?

Yeosang aguardou até o outro Ômega se aproximar.

— Isso é uma mão? — Jinkin questionou espantado.

— Sim. — o Alfa respondeu — Olha como é grande. Deve ser do Alma Negra.

— Que nojo, Scott! — Yeosang segurou o riso quando ouviu Jinkin reclamando com o Alfa e seguiu para dentro da cabine — Joga essa porcaria fora, parece até que é doido!

— Tsc, é só uma mão.

— Uma mão, o cacete! — Jinkin a tomou do Alfa e lançou no mar.

— Ow! Você tá muito bravinho... vem aqui.— Scott tentou abraçá-lo, mas o Ômega se afastou.

Scott bufou revirando os olhos e desceu para as cobertas inferiores, com Jinkin atrás dele ainda resmungando. Os piratas que estavam trabalhando no convés e observaram a cena, começaram a rir.

Continua...