41. Decisões
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[Não revisado]
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O silêncio no gabinete do governador não era por falta de pareceres. O Comodoro Hee havia acabado de regressar após meses de ausência, trazendo consigo não os galeões e o nau repleto de recursos. Mas três navios emprestados pelo Imperador das Índias.
Não havia sombra dos Ômegas e muito menos do Capitão Choi. Tudo o que estava diante do governador, era o oficial e sua palpável vergonha.
— Como diabos você explica a perda de três galeões e o roubo de um nau, por apenas uma tripulação de malditos piratas!?
— O caçador se juntou a eles.
— O caçador vale por uma frota inteira, Comodoro?
— Não, senhor.
— Você será rebaixado a capitão de mar-...
— Se me der mais uma chance eu posso-...
— Não me interrompa seu imprestável! Uma chance para quê? Envergonhar ainda mais o nome da Marinha? Você já fez o suficiente. Recebi uma proposta do Marajá Tossif, ele vai assumir a missão de prender o Capitão Choi, e em troca irei diminuir os impostas coletados sobre o comércio da Ilha de Nabuco.
— Nós recuperamos o controle de Nabuco?
— Um pirata até então desconhecido matou o maldito que dominava a região, e o Reino da Coréia tomou o poderio novamente... mas isso não vem ao caso no momento, você e aquele seu subordinado servirão momentaneamente aos oficiais da Marinha das Índias.
— Mas-...
— Isso é tudo, Comodoro Hee.
O Alfa saiu do gabinete do governador com um sentimento de derrota queimando suas entranhas. Ele encontrou seu parceiro Ki, que aguardava ansioso por saber dos resultados. Pela expressão sombria que o Comodoro carregava, o Tenente entendeu que as notícias não eram nada boas.
— Ele passou para o Reino das Índias.
— Velho estúpido! — Ki socou a parede — Mas e nosso noivado com os filhos dele?
— É com isso que você está preocupado? Há vários Ômegas de boa família que podemos nos casar, Ki. Aqueles já caíram em desonra.
— Tsc! Não importa. Eu o quero! Aquele pequeno miserável! E aquele irmão dele, você não deseja se vingar?
— Desejo manter apenas o que restou da minha dignidade. Fui rebaixado a capitão de mar e guerra.
— Tudo por culpa daquele caçador desgraçado! Ele nos traiu, Hee. Eu quero matar aquele maldito.
Hee nada disse, além de um longo suspiro, enquanto ouvia as maldições ditas por seu amigo.
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— Nós cruzamos tudo isso?! — Yunho perguntou muito impressionado.
Beomgyu estava junto ao Ômega, ambos se distraindo pelos dias tediosos que se seguiram. Ele mostrava as rotas e lugares que conheceu, e aqueles desconhecidos que eles estavam desbravando. Assim como o navegador, Yunho possuía bastante inteligência e logo compreendeu os macetes da náutica.
— Sim. Com a força do vento podemos percorrer grandes distâncias em pouco tempo. Mas com duas velas perdidas não tenho muita certeza se chegaremos em algum lugar no tempo em que previ.
— E se não tiver nada do outro lado?
— Dizem que há um grande abismo. — Yunho o olhou pasmo — Mas claro que deve haver alguma coisa do outro lado, ou Alma Negra não teria vindo para essas direções.
— Mas dizem que ele é louco.
— E não somos todos? — Beomgyu riu divertido — Piratas insanos.
— Piratas insanos. — O Ômega repetiu baixinho, cheio de encanto.
Estavam distraídos com os mapas, e não viram o caçador se aproximar caminhando diretamente na direção deles.
— Tem um tempo? — Mingi perguntou ao Ômega, ignorando totalmente que ele estava conversando com o navegador.
Beomgyu olhou de esguelha para o Ômega e em sigilo, balançou a cabeça indicando para o mais jovem negar a pergunta.
Rapidamente o Ômega recebeu a mensagem.
— Estou ocupado.
— Tenho certeza que o Beta tem algo mais importante para fazer.
— Na verdade, não. — Beomgyu ergueu o rosto para encarar o alfa.
Mingi o encarou de modo duro e intenso, na intenção de intimidá-lo, mas o Beta permaneceu firme. Sabia que ele não encostaria em si, não enquanto houvesse dois Alfas a bordo e prontos para matar qualquer um que ousasse tentar contra sua vida. O olhar foi desviado para Yunho, mas o Ômega não agiu como Beomgyu e abaixou a cabeça, olhando para o chão. Mingi suspirou dando meia volta e indo para outro lugar.
— Oh, céus — Yunho soltou o ar que estava preso dentro dos pulmões — o que foi isso?
— Isso foi você dando a ele o gostinho de ser ignorado.
— Eu acho que ele ficou irritado.
— Pena... — Beomgyu completamente despreocupado — Vem, vamos continuar...
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Antes de ter certeza de que todos os botões estavam nas casas certas, seu cabelo estava devidamente arrumado e que não tinha nenhuma marca suspeita a vista em seu corpo, Yeosang saiu da cabine olhando ao seu redor, vendo os piratas trabalharem espalhados pelo piso inferior. Ele viu Yunho logo na proa, debruçado como gostava de ficar, para ver a água quebrando contra o casco dianteiro.
Mingi não estava em seu campo de visão, mas Jongho saiu da cabine logo depois, deixou um beijo em sua têmpora e seguiu para falar com o contramestre, que estava próximo de seu irmão.
— Vamos ajudar o Junbuu a cortar cebolas? — Beomgyu o convidou.
Yeosang aceitou de imediato. Não tinha nada mais para fazer além de ver o tempo passar, lento e entediante.
Assim que abriram a porta que dava acesso ao piso da cozinha, Taehyun surgiu subindo a escada.
— Já tem uma resposta?
— Céus, eles brotam do nada. — Beomgyu levou uma mão ao peito e fez sinal para Yeosang: — Pode ir na frente que já chego lá.
O Ômega assentiu e desceu.
— Não quero te pressionar, mas você está demorando muito. Olha, se você quiser ele, é só falar...
— Não, eu... — Taehyun o encarou sério com os braços cruzados. Seu jeito indiferente e o modo despreocupado com que lidava com as coisas o deixava fofo e mortal ao mesmo tempo. Em contrapartida, Kai tinha uma personalidade diferente, era completamente claro com suas emoções e só demonstrava frieza quando se tratava de fazer um bom trabalho. Beomgyu não sabia quem escolher ou negar, logo, só tinha uma resposta para dar: — Quero você.
Taehyun sorriu e se aproximou dele. Ele segurou no queixo do Beta e deixou um selinho em seus lábios.
— Escolheu bem.
Mas o navegador não fez sua escolha, ele apenas disse que o Alfa queria ouvir. Satisfeito com a resposta, Taehyun saiu de seu caminho e o deixou seguir. Assim que chegou na cozinha, Beomgyu viu Yeosang sentado ao lado de Kai, estava prestes a dar meia volta e fingir que esqueceu das cebolas, mas o Ômega lhe viu primeiro e o chamou para sentar perto dele.
— Kai estava te procurando — anunciou Yeosang— Então eu disse para ele te esperar aqui, porque você logo se juntaria a nós.
— Estava, é? —Beomgyu sorriu amarelo.
— Sim. — O Alfa confirmou — Você já chegou a uma resposta?
— Então... — Kai o fitava cheio de esperança. Estava sorrindo como se já esperasse por uma resposta positiva. "Como dizer não para alguém que eu quero dizer sim?", Beomgyu se questionou mentalmente. Novamente ele só teve uma resposta: — Quero você.
O sorriso do Alfa se alargou tanto que iluminou o ambiente.
— Que bom. — Kai segurou as mãos do Beta e beijou as costas delas — Vou ver se eles precisam de mim lá em cima.
Assim que o Alfa sumiu pelo buraco da escotilha, Yeosang virou-se para Beomgyu:
— Poxa, Taehyun já sabe?
— Então, Yeosanie, eu fiz uma grande estupidez.
— O que você fez? — Sem coragem para falar, o Beta permaneceu em silêncio. Yeosang rapidamente entendeu o que estava acontecendo — Ah, você não fez isso...
— Ah, eu fiz sim...
— Beom!
— Yeosang... e agora, o que eu faço?
— Eu não sei. Acho que... o que você realmente quer?
— Eu gosto dos dois, Yeosang. Eles pensam que estou confuso, mas não é verdade. Quero mesmo estar com os dois. Eles são completamente o oposto, mas se parecem tanto... é muito egoísmo da minha parte, não é?
— Eu acho que não, Gyu. Seus sentimentos são puros e sinceros. Mas eles merecem a verdade, você precisa conversar com eles e falar como realmente se sente.
— Você tem razão, mas quem disse que eu tenho coragem?
Yeosang suspirou pensativo, almejando poder ajudar seu amigo mas não tinha nada que pudesse fazer. Sua parte ele já fez, aconselhando-o da melhor maneira que pôde. Agora, tudo dependia do Beta.
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Após a última refeição do dia, Yunho combinou de aprender um pouco mais sobre navegação com Beomgyu. Ele o aguardava na parte de trás da embarcação, onde quase ninguém os atrapalhava. Estava organizando os mapas quando ouviu alguém se aproximar, sorriu olhando animado pensando se tratar do navegador, mas quando viu o caçador parado diante de si, quase sentiu a alma deixar seu corpo.
— Então agora que não precisa mais da minha proteção, vai apenas ignorar a minha existência. — Mingi afirmou.
— Não é nada disso. Eu estava conversando com Beomgyu.
— Ele não está aqui agora. Qual vai ser a desculpa dessa vez? — Yunho não respondeu. Ele se abaixou ao lado do Ômega e sentou em um caixote — Está chateado comigo. Você não percebe que não sou o Alfa certo para você?
— Por que não?
— Você é só um menino. Eu não-...
— Eu estou farto disso! — Yunho rugiu, levantando-se do chão, com os punhos cerrados. — Meses atrás meu pai me apresentou ao meu noivo. Com dezessete eu já estava com idade para casar. Mas agora que tenho dezoito anos não posso decidir o que quero? Para o inferno todos vocês!
Yunho girou para se retirar, mas foi puxado pelo cotovelo.
— Solte-me. Sou muito novo para você. — Yunho afirmou com sarcasmo, ele puxou o braço e se viu livre.
— Eu não quero me casar e ter filhotinhos.
— E quem disse que eu quero? — Yunho ergueu uma sobrancelha. — Você está muito emocionado, Alfa.
O caçador avançou devagar e em silêncio, fazendo-o regressar os passos até bater com as costas em um dos mastros que suportava as velas traseiras.
— O que... — Yunho perdeu a voz quando sentiu a mão do Alfa tocar em sua bochecha, o polegar contornando seus lábios e os olhos castanhos mergulhados no infinito azul azul do Ômega — Min-...
— Então o que quer? — a voz enérgica do Alfa sobressaiu acima da sua — Está percorrendo por um caminho perigoso, menino.
— Do que tem medo, caçador?
A pergunta pegou o Alfa de surpresa.
— Eu não temo nada.
— Pois o que eu vejo é insegurança por trás dessa máscara de-... — Yunho foi interrompido pelos lábios do Alfa, comprimidos contra os seus.
Se não estivesse apoiado entre o mastro e o caçador, Yunho certamente teria caído. Ele não sabia o que fazer e apenas seguiu os movimentos do Alfa, sentindo a língua dele sobre a sua. A mão do caçador estava apoiada em sua nuca, enquanto a outra segurava firmemente sua cintura.
Após separar seus lábios, Mingi fitou seu rostinho corado e os olhos ainda fechados do Ômega, que só os abriu quando sentiu a testa do Alfa encostar na sua. E Mingi estava sorrindo. Um sorriso grande e sincero, como nunca tinha visto nele antes. Yunho olhou para o pingente de lua no peito do Alfa, e logo em seguida ergueu o olhar para o rosto dele.
— Eu estou perdido. — Mingi afirmou, arrancando uma gostosa risada do Ômega.
— Eu também.
— Você é bem teimoso.
— É o que Yeosang sempre diz...
Beomgyu vinha se aproximando, mas ao ver o casal juntinho na popa, sorriu e deu meia volta, deixando-os sozinhos quando o Alfa puxou o pequeno para beijá-lo novamente.
Continua...
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