40. À Flor da Pele
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[Não revisado]
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A turbulência nas águas foi diminuindo conforme a criatura se afastava, e logo a calma tomou conta do lugar. Haviam pedaços de madeira, cabos partidos e velas soltas no Black Swan.
Na outra embarcação o estrago fôra pior, além das avarias, havia um terrível rastro de sangue espalhado pelo convés. Pelo olhar do imediato, aquele sangue não era apenas do leviatã. Jongho passou o olhar pelo convés do Black Swan, tinham alguns feridos mas todos estavam bem. Ele caminhou até a borda e olhou para o contramestre no nau. Seonghwa negou com a cabeça.
— Quantos? — o Capitão questionou do outro lado.
— Três. — Eles estavam se referindo ao número de mortos.
— Temos um problema Capitão. — Sana surgiu atravessando a passarela — A criatura abriu uma fenda no porão. Não é tão grande mas a água está invadindo. É só questão de tempo para que o nau afunde.
— O que faremos, Capitão?
Jongho fechou os olhos inspirando profundamente. Ele pensava no que fazer quando uma comoção entre alguns piratas se iniciou.
— Eu digo a vocês que devemos voltar! — Joe opinou.
— Isso é só o começo. — um outro pirata concordou — Perguntem ao navegador, nós apenas acabamos de entrar no mar tenebroso.
— Covarde!
— Ele tem razão. Nós fomos amaldiçoados desde que esse Ômega se juntou a tripulação. — Joe continuou. Jongho abriu os olhos e o olhou, mas ele não percebeu. — Todo mundo sabe que trazer um Ômega a bordo trás má sorte.
— Verdade. E ele sendo lúpus deve ser até pior.
Joe olhou para seu companheiro assentindo, e continuou com seu discurso:
— Esse tesouro não vai valer de nada se perdermos nossas vidas. Deixemos o nau de lado, ele vai afundar de qualquer jeito. Nós colocamos os três Ômegas lá e vamos emb-... — antes que pudesse concluir, a mão de Jongho agarrou sua garganta e apertou fortemente.
Joe olhou para seu Capitão, os olhos esbugalhados, a boca aberta enquanto guinchava em agonia e a coloração avermelhada pintava seu rosto e suas orbes. A pressão tornou-se mais forte e alguns podiam jurar que ouviram o som de osso se quebrando.
— Quem mais quer expor sua opinião ? — Choi virou-se para a tripulação, e os piratas que estavam concordando com Joe, deram um passo para trás — Yeosang é meu Ômega e qualquer palavra dita contra ele, será considerada uma ofensa à mim.
Seonghwa fez sinal para que Sven e Jared recolhessem o corpo de Joe e o jogasse no mar.
— Você está se sentindo bem? — Hongjoong foi o único que teve coragem de se aproximar do lúpus naquele momento.
— Estou. — Choi respondeu e em seguida voltou-se para a tripulação — Tragam as cargas do nau para o Black Swan. Sana, estude as avarias e diga-nos o que pode ser feito para consertá-las.
A Beta assentiu e se colocou a analisar o navio.
— Eu ajudo. — Chaerin se juntou a mecânica.
— Eu vou preparar um pouco de chá de vitex para você.
— Já disse que estou bem, Hongjoong.
O médico observou o mais novo com os olhos semicerrados. Ele tinha acabado de matar um dos bucaneiros apenas porque ele se posicionou contra a ideia de ter Ômegas a bordo, estava claro para o Beta o que se passava com o seu irmão.
Dentro da cabine, Yeosang estava examinando o irmão e os danos causados pela criatura nos aposentos do Capitão.
— Está bem mesmo? — Yeosang perguntou.
— Sim. Estava quase entrando em pânico, mas o Jinkin me tranquilizou.
— Obrigado, Jinkin.
— Ah, ele estava me deixando nervoso...
— Não precisa se envergonhar porque fez uma coisa boa.
Jinkin desviou o olhar, certamente porque estava ruborizando.
— O Scott!
— Ele está bem. — Yeosang teve certeza que viu Jinkin suspirar aliviado — Está lá fora ajudando a limpar o convés.
— Vou ajudar. — Jinkin saiu deixando os irmãos sozinhos.
— Yeosang, eu quero falar com você. — Yunho pediu hesitante.
— Bom, podemos conversar enquanto arrumamos essa bagunça. — o mais jovem assentiu e eles começaram com as estantes, levantando-as.
— Sabe o motivo de eu ter ido para o nau?
— Era justamente isso que eu ia te perguntar antes do ataque.
— Então... eu... — Yunho começou, mas hesitou sem conseguir continuar.
— Sabe que pode me contar tudo, não é? Sou seu irmão e eu amo muito você, Yunho. É por causa do caçador?
— Como sabe?
— Não sabia, mas você acabou de confirmar. Era só uma suspeita.
— Desculpa, Yeosang.
— Por que está se desculpando? Você ficou um tempo com Mingi, e ele te protegeu daquele tenente nojento. É natural que tenha desenvolvido afeição por ele.
— Eu não sei o que sinto... mas gosto de estar perto dele. Eu gosto muito de ouvir a voz dele.
— Oh, meu amor. — Yeosang largou alguns mapas em cima da mesa e segurou as mãos dele — Eu não acho que Mingi seja do tipo que cria raízes em algum lugar. Mas se você quiser ficar com ele, eu não vou brigar com você. Não tenho esse direito e só desejo a sua felicidade.
— Ele não me quer, Yeosang. Falei que queria vê-lo, e ele me mandou voltar pra você.
— Então ele é um idiota.
— Quem é um idiota? — Beomgyu apareceu na porta — Não quis atrapalhar, só queria saber se todos estavam bem.
— Você não atrapalha. — Yeosang fez um gesto para que ele se aproximasse — estamos mesmo precisando de ajuda aqui.
— Céus, os mapas estão todos bagunçados. — o navegador lamentou vendo os papéis espalhados pela mesa.
— Eu não sabia como organizá-los então só os deixei na mesa.
— Tudo bem, vou cuidar muito bem dos meus bebês.
— E quanto ao Mingi, Yeosang? — Yunho perguntou, acabrunhado.
— Hm... eu acho que... — sendo apenas doiz anos mais velho e igualmente criado para ser um boneco de porcelana, Yeosang não tinha um bom conselho para ele.
— Já entendi. — Beomgyu articulou — Mingi é o idiota a quem se referem. Hm... amor não correspondido? Você deveria parar de correr atrás dele.
— Como você sabe?
— É muito claro pelo modo que você olha para ele. É como o jeito que o Kai olha para mim, igualzinho.
Os Ômegas ficaram pensativos, tentando lembrar do olhar do Alfa para com o navegador. Coincidentemente, naquele mesmo instante, Kai abriu a porta.
— Gyu, eu preciso falar algo sério com você.
O Beta olhou para trás e novamente para os Ômegas.
— Viram? Desse mesmo jeito.
Yeosang e seu irmão sorriram, desviando o olhar quando o Alfa os fitou confuso.
— Do que estão falando?
— De nada, Kai. Beomgyu só estava nos ajudando mas pode ir com ele, Gyu. Vamos separar os mapas e livros na mesa, depois você vem aqui dar uma arrumada neles.
— Yunho, seja mais decidido. — O navegador aconselhou — Você está livre das regras do seu pai. O único que você precisa obedecer é o Capitão, caso contrário ele vai quebrar seu pescoço.
— Do que está falando? — Yeosang o indagou confuso.
— Nada... o que eu estava falando mesmo? Ah, sim, Yunho você precisa se mostrar mais independente. Ter mais personalidade sabe? Sei que é tímido mas talvez com um pouco de rum você se soltaria mais...
— Nada de rum. — Yeosang o avisou.
— Certo, nada de rum. — Beomgyu confirmou — Eu vou falar com o Kai e depois eu te dou umas dicas a mais.
O Beta piscou para Yunho e logo saiu da cabine. Kai o segurou pelo cotovelo, delicadamente, e o puxou para uma área longe de todos.
— O que aconteceu hoje — Kai começou —, essa besta terrível que nos atacou e a decisão do Capitão de seguirmos com a viagem me fez pensar que a vida é muito curta para guardarmos as coisas para nós mesmos.
— O que está querendo dizer com isso?
— Eu te amo, Choi Beomgyu.
— Eita...
— Não precisa me dizer nada agora, sei que pode estar confuso com essa confissão tão repentina. Então pode levar o tempo que quiser para pensar.
— Então é aí que você está. — Taehyun surgiu com os braços cruzados — Fugiu do trabalho e me deixou amarrando os cabos sozinhos não foi, Kai?
O atirador revirou os olhos, girando para fitá-lo.
— O que foi? Não está alcançando os mastaréus? — Kai riu, devido a baixa estatura do espadachim — Fica na pontinha dos pés que você consegue.
— Vou te mostrar o que consigo ou não... — Taehyun avançou contra ele mas o Beta se colocou entre os dois.
— Não vamos perder nosso tempo brigando quando se tem muito trabalho a fazer. Kai, eu... — Beomgyu olhou rapidamente para o espadachim que prestava bastante atenção em suas palavras — Eu vou pensar no que me falou.
— Mas pensa com carinho.
— Claro, pensarei. Agora ande logo, as velas não irão se instalar sozinhas.
Taehyun viu Kai se afastar, mas franziu o cenho quando viu que Taehyun permaneceu parado, no mesmo lugar.
— Você agiu rápido hoje salvando a vida do Junbuu. — Taehyun o elogiou — Eu fiquei bem impressionado.
— E você salvou o Yeosang.
— Pois é, somos uma boa equipe... eu quero te falar uma coisa há muito tempo.
— Ai, de novo... — Beomgyu suspirou em voz alta, sorrindo nervoso. Assim como da primeira vez, sem saber como se comportar.
— O que disse?
— Nada... continue.
— Sabe eu... eu... mas que merda! Não sei como falar essas coisas.
— Respire — Beomgyu se aproximou do Alfa segurando em uma de suas mãos, quanto a outra ele encaixou em uma face dele — Fale com calma. Não precisa ter pressa.
Taehyun ficou um tempo em silêncio, apenas admirando as feições do Beta. A harmonia em sua beleza, e o modo calmo com que lidava com as coisas.
— Eu não sei como... eu só... — Taehyun ergueu a mão do navegador que segurava a sua, e a espalmou em seu peito — Pode sentir isso?
— Está batendo rápido, e forte...
— Por você. — Taehyun confessou — Você me faz ficar assim. E é por isso que meu coração é seu.
Beomgyu abriu a boca para falar, mas por cima dos ombros do Alfa, ele viu Kai puxando os cabos das velas junto com os outros piratas. Seus olhos marejaram e ele sentiu um aperto dentro de si.
— Eu...
— Não diga nada. Sei que estava olhando para o Kai agora mesmo. Está dividido e eu entendo, mas precisa se decidir. Voltarei ao trabalho e enquanto isso você pensa. Quando estiver pronto me procure.
— Hm... okay.
Taehyun anuiu e voltou para o convés, onde todos os piratas estavam trabalhando para consertar os estragos deixados pela besta marinha.
Desde que foi recrutado para fazer parte da tripulação, Beomgyu se tornou rapidamente íntimo do atirador. Embora lide com as armas mais pesadas da embarcação, Kai era gentil e sempre sorridente, atencioso e compreensivo. Sua confissão repentina não foi algo totalmente surpreso, pois o navegador sabia que o Alfa possuía sentimentos fortes por ele, e claro, era recíproco.
Beomgyu passou por diversos momentos ao longo de sua vida, constantemente cheia de triunfos e também desventuras, o Beta sempre estava pronto para qualquer sorte, à exceção de dois Alfas de quem ele gostava muito, declarando seu amor pelo mesmo.
Beomgyu sentou-se em uma caixa de madeira, apanhou sua bússola dourada que estava no bolso frontal do colete e encarou a agulha por baixo do material transparente. Ele se distraiu observando a peça de metal girar conforme movia o objeto em várias direções.
Tendo em mente que uma bússola sempre aponta para o norte, Beomgyu fechou os olhos e respirou fundo, lembrando-se das palavras que ouviu dos dois Alfas , momentos atrás.
Quando Taehyun se juntou aos piratas, seu jeito único e peculiar chamou a atenção do navegador justamente por ser completamente o oposto de Kai, que sempre foi natural em expressar o que sente, diferentemente do espadachim, que sempre se mantinha mais calado, e tinha um jeito mais introvertido e bruto de demonstrar suas emoções.
Mas Beomgyu sabia que ambos tinham algo em comum, e descobriu aos poucos que eles eram mais parecidos do que demonstravam por fora. Os Alfas eram destemidos, inteligentes, fortes, de uma beleza singular e acima de tudo, protetores.
Beomgyu não planejou ficar emocionalmente ligado entre duas pessoas, mas aconteceu, e agora, ele estava em uma situação tão complicada, quando se é estar perdido no meio do oceano sem uma bússola para se orientar. Mesmo que possuísse tal objeto, ele sabia que a agulha só mostraria uma única direção, um único norte, e no mapa da vida do Beomgyu ele possuía dois, Kai e Taehyun.
Beomgyu abriu os olhos e caminhou até a borda na parte de trás do navio. Sempre considerado tão inteligente, agora ele não sabia responder como seguir duas direções ao mesmo tempo. Ele olhou para o céu e observou as estrelas, que aos poucos, foram tornando-se turvas à medida que os olhos do Beta ficaram úmidos. Ele tentou buscar através das constelações, uma orientação que o ajudasse a tomar uma decisão, sobre qual caminho seguir.
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Mingi estava afiando a lâmina de sua katana. Era algo que costumava fazer sempre que estava prestes a embarcar em uma missão, ou apenas quando queria se distrair dos pensamentos. Ele notou quando um indivíduo se aproximou pela esquerda. O aroma doce de jasmim já indicava quem era, ele não se deu o trabalho de ergueu a cabeça e continuou fazendo sua atividade.
— Acho que precisamos conversar. — Yeosang avisou.
— Se você diz.
O Ômega cruzou os braços após tomar a pedra do caçador, colocando-a em cima de um caixote com pouca paciência.
— Meu irmão gosta de você. Sei que já percebeu isso e eu só vim aqui pra te falar uma coisa, caçador. — Miingi estudou o Ômega dos pés a cabeça. Viu o punhal e as duas pistolas que carregava em seu cinto, mas os ignorou, encarando-o com atenção — Machuque o Yunho e eu vou fazer picadinho de você.
— Minha carne não é muito saborosa.
— Não estou brincando. — Yeosang mantinha o semblante sério. Embora seus traços fossem de uma polidez amável, seus olhos demonstravam uma certa ferocidade que Mingi não deixou de notar — Ele é o ser mais precioso desse mundo e não merece derramar uma lágrima sequer por causa de um Alfa tão insensível como você, que não se importa com nada além de si mesmo.
— Você tem razão, eu não me importo com nada, muito menos com sua ameaça. Posso matá-lo desarmado e com uma mão nas costas.
— Morreria antes mesmo que tentasse. — o Capitão Choi afirmou se aproximando de ambos. Ele encarou o caçador com fúria controlada e girou para o Ômega — Quero falar com você.
Yeosang assentiu.
— Depois terminamos essa conversa. — Yeosang disse para o caçador.
— Não, nós já terminamos por aqui. Não tenho a intenção de ferir os sentimentos dele, e é por isso que não me aproveitei de todas as chances que tive para tomá-lo.
Mingi guardou sua arma e o amolador, e seguiu para o nau, a fim de ajudar no transporte das cargas.
— Bastardo! — Yeosang rosnou.
— O que aconteceu?
— Yunho está gostando dele. Mas esse maldito não se importa, porque ele é seco por dentro.
— Quer que eu o mate?
— Não. Eu cuido disso. O que queria falar comigo?
— Quando o deixei na cabine, foi para a sua própria segurança. Sei que é um Ômega forte e que pode lutar contra inimigos diversos. Mas não contra um leviatã, Yeosang.
— Está enganado e você sabe. Ele ia te matar mas eu salvei sua vida!
— E eu mandei você ficar na cabine! — Choi gritou, mas logo diminuiu o tom da voz quando viu que estava chamando atenção de outros piratas — Quando eu mandar você fazer uma coisa, você deve me obedecer. Não sei o que faria se algo te acontecesse.
— E o que eu faria se você fosse morto? Sei que se preocupa comigo, mas eu também temo que se machuque. Quando vai entender isso? Eu daria a minha vida por você.
Jongho segurou em seus quadris, aproximando-o.
— Quando me viu pela primeira vez só sabia gaguejar, tremendo de medo. Agora está aqui me enfrentando, o seu Capitão.
— Antes de ser meu Capitão, você é meu Alfa, e eu vou encarar qualquer coisa para te manter a salvo. Mesmo que para isso eu tenha que te enfrentar primeiro. Não sou seu protegido, sou seu Ômega e companheiro. Estarei com você em todas as situações.
Jongho sorriu, acariciando a face dele, escondendo seus fios loiros atrás da orelha.
— Vim aqui para te repreender, mas você só me deixou ainda mais apaixonado e orgulhoso. Estamos atrás do Imperium, mas o maior tesouro de todos está bem diante de mim.
Ele inclinou o rosto e tomou os lábios do Ômega, beijando-o sem se importar com os olhares dos demais alfas e betas.
E assim a noite caiu. Após todo o trabalho custoso de transferir toda a carga entre as embarcações, o nau foi deixado para trás. Ainda faltavam alguns consertos na estrutura do Black Swan, mas eles precisavam de materiais que não tinham no momento. Logo, eles iriam ancorar na primeira ilha que encontrassem.
Se houvesse alguma por aquela região.
Continua...
Black Swan - X preto
Marinha Real - X azul
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