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21. Sempiterno

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[Não revisado]

🏴‍☠️

O governador estava em sua mesa conferindo alguns papéis, no que deveria ser seu trabalho, mas se perguntassem para ele o que estava escrito naqueles documentos, ele não saberia responder. Seus pensamentos estavam todos voltados ao seu filho primogênito. Yunho sempre foi um Ômega responsável e obediente, assim como lhe foi ensinado. Se nesse meio tempo alguma coisa tinha mudado, tudo era culpa do maldito Choi Jongho. Ele havia seduzido o seu filho, e o levado a renegar sua família.

Mas isso era algo que Kang Gukgeon  não deixaria passar barato. Estava prestes a quebrar outro copo, quando foi interrompido ao ouvir batidas na porta.

— Entre. — Ele disse. O Comodoro Hee entrou e não estava sozinho. Ele trouxe consigo um homem de aparência vil, e o primeiro pensamento que o governador teve era que se tratava de um criminoso — Do que se trata?

— Encontrei a pessoa que é capaz de trazer o seu filho de volta. — Hee informou.

Os olhos do governador estudaram a tal pessoa, que vestia na parte superior do corpo um capuz conectado às vestes, que apresentavam forro azul ao longo do tronco. Ao redor da cintura havia uma faixa vermelha presa, bem como um cinto com dois coldres de pistola e uma katana. Ele usava botas marrons que se estendiam até o joelho, com calças escuras.

O Alfa era um lúpus e parecia não dar tanta importância ao governador, mais do que dava ao seu gabinete. Ele observava cada centímetro do cômodo.

— E quem é esta pessoa?

— Song Mingi. Ele é um notável caçador de recompensas. — Hee o apresentou.

— Terá seu peso em ouro se trouxer o meu filho sem nenhuma arranhão.

— Trago a cabeça do Capitão Choi— Mingi se dirigiu ao governador —, se me permitir agir livremente sem ter a Marinha Real interferindo nos meus negócios.

— Se me trouxer a cabeça daquele bastardo, poderá até mesmo chutar o traseiro da rainha se quiser.

Mingi sorriu sem mostrar os dentes.

— Temos um acordo, então.

— Hee, leve a Marinha para auxiliá-lo.

— Não quero os cães a me atrapalhar. — Mingi afirmou saindo do gabinete despreocupado.

— Tsc, maldito! Tem certeza que este Alfa é confiável? — Kang perguntou.

— Sua fama é respeitada.

— Tudo bem, que seja. Mas leve a Marinha junto.

— Sim, senhor.

— Papai? — A reunião entre os Alfas foi interrompida, por um par de olhos azuis que espiava por uma brecha na porta.

— Yunho, entre meu anjinho.

— Desculpe, não quis atrapalhar. — o Ômega disse quando olhou para o Comodoro.

— Não atrapalha. — Hee sorriu respeitoso — Vou cuidar para que a missão seja iniciada, com licença.

— Então, filho, aconteceu alguma coisa?

— Eu só queria saber se encontraram o Yeosang.

— Ele foi encontrado, mas infelizmente está sendo forçado a viver entre os piratas. Não conseguimos trazê-lo de volta mas não se preocupe, logo ele estará entre nós.

— A culpa é toda minha. — Yunho afirmou com seus olhos cheios de lágrimas — O pirata da cicatriz ia me levar, mas o Yeosang interveio e eu não fiz nada para ajudar.

— Você não podia fazer nada meu anjinho, não se culpe. — ele abraçou o Ômega e depositou um beijo no topo de sua cabeça — Hoje a noite darei um jantar para lhe apresentar um Alfa, que eu mesmo escolhi para ser o seu futuro marido.

— Mas, já?

— Nunca é cedo demais para prevenir o futuro de um Ômega com um bom Alfa.

— Mas eu só tenho dezessete anos, meu pai.

— Não se preocupe meu pequeno, não vai se casar antes que complete seus dezoito anos. É apenas uma apresentação, assim como fiz com o Yeosang. Agora ande, vá procurar a sua roupa mais bonita e se arrume para receber seu futuro noivo.

— Sim, senhor. — Yunho tentou forçar um sorriso mas seus olhos não conseguiram mentir com a mesma habilidade, e ele rumou tristonho a seguir a ordem de seu pai.

🏴‍☠️

O cheiro de comida boa estava invadindo cada compartimento do Black Swan. Na cozinha, Yeosang cantarolava enquanto ajudava Junbuu a descascar batatas, na companhia de Beomgyu, Hueningkai, Scott e Sven.

— Está deixando a batata toda ir embora junto com as cascas, Sven, seu inútil. — Junbuu repreendeu o Alfa.

— Faz melhor, então.

— Você está brincando, não é? — Hueningkai riu.

— Chupa meu pau, você também!

— Olhem como fala — Scott os repreendeu — O Ômega do Capitão está aqui.

— Tudo bem, Scott. — Yeosang respondeu fazendo uma pausa em sua cantoria, mas logo retornou.

— Por que está tão feliz? — Beomgyu questionou, assim que Yeosang começou a cantar uma outra música.

— Ah, é que... sabe... hoje é o meu aniversário...

— Não, não. Parem o que estão fazendo. — Beomgyu se levantou, largando a faca e uma batata na mesa — Precisamos comemorar.

— Não precisa... — Yeosang respondeu tímido quando todos os olhares se voltaram para si.

— Como não? — Hongjoong, que havia escutado o fim da conversa ao entrar na cozinha, indagou — Não é todos os dias que um mocinho completa vinte anos.

— Tragam o rum! — Beomgyu bradou se dirigindo aos piratas.

E todos seguiram para buscar as bebidas no porão.

— O Capitão sabe? — Hongjoong perguntou, e Yeosang negou com a cabeça — Por que não contou?

— Ah, eu nem pensei nisso...

Hongjoong sorriu balançando a cabeça.

— Vem, vamos subir. — o médico segurou na mão do Ômega e o levou para cima.

No convés, eles se juntaram aos demais tripulantes. Todos estavam com copos e garrafas nas mãos, mas ninguém ainda havia bebido uma gota sequer, esperando pelo aniversariante.

— Toma, primeiro você. — Beomgyu entregou ao Ômega um copo com um pouco de rum dentro.

O lúpus hesitou.

— Eu nunca bebi. Quer dizer, meu pai me permitia tomar um pouco de vinho em ocasiões especiais...

— Yeosang, não enrola e toma só um gole.

— Tudo bem, mas só um pouco...

— Claro, só um pouco.

Beomgyu e Hueningkai trocaram olhares divertidos.

Tomado por uma imensa coragem, mediante ao apoio prestado por todos os Alfas e Betas que o olhava ansiosos, Yeosang levou o copo até a boca e bebeu apenas um pouco. Ele tossiu enquanto uma careta desenhava em seu rosto.

Os piratas gritaram erguendo seus copos e tomaram suas bebidas logo em seguida.

— Vai ter que esvaziar o copo. — Beomgyu indicou.

Yeosang lançou-lhe um olhar de "você não pode estar falando sério" e Beomgyu lhe devolveu outro que poderia ser lido como "ah, eu estou sim".

Logo, o Ômega não só havia esvaziado apenas um copo, mas dois, três, quatro... Por conseguinte, ele estava com uma garrafa em suas mãos, enquanto dançava com Scott. A tripulação cantava e bebia alegremente, não notando quando a porta da cabine do Capitão foi aberta, e dois Alfas se aproximavam da aglomeração.

— O que está acontecendo aqui? — Choi perguntou ao irmão.

— Estamos comemorando o aniversário do Yeosang . — Hongjoong respondeu.

Jongho franziu o cenho com aquela informação e seus olhos seguiram até Ômega, que dessa vez, dançava com Sana.

— Eu sou o próximo a dançar com o loirinho! — Sven gritou animado, e quando deu por si, Jongho estava bem ao seu lado olhando-o com um semblante sério — Com todo o respeito, Capitão.

De repente, Yeosang largou a mecânica e girou, seguindo cantando entre os Alfas Betas. Sorrindo até chegar à mureta e subir, equilibrando-se em cima dela.

— Uhm humhumhum... — Ele cantarolou — Eu sou um pirata... — Ele ergueu a mão que segurava a garrafa e cantou mais alto: — Bebei amigos, yo-ho!

— Yo-ho! — os piratas responderam, todos cantando animados e bebendo.

— Yeosang! — O Capitão exclamou e o seguiu. Ele o segurou pela cintura e o desceu, para que o pequeno não se desequilibrasse e acabasse caindo no mar — Acho que já bebeu demais. — disse retirando a garrafa de sua posse.

Yeosang encaixou as duas mãos no rosto do Alfa e o observou por algum tempo, com certa atenção.

— Alguém já disse que você parece um ursinho fofinho? — a tripulação riu. Até mesmo Seonghwa não conseguiu se conter. Ele puxou a garrafa de volta e desvencilhou-se dos braços do Capitão. — Eu sou bandido do mar. Ninguém diz o que eu tenho que fazer. Sou um pirata fora da lei!

Yeosang levou a garrafa até a boca e tomou mais um pouco de rum.

— É isso aí, Yeosang! — Beomgyu ergueu o punho e quando o Capitão o olhou ferozmente, ele abaixou a mão, sorrindo amarelo.

O Ômega mal conseguia se manter de pé, de tão ébrio que estava. Choi tomou a garrafa de suas mãos mais uma vez e bebeu todo o conteúdo de dentro. Yeosang cambaleou alguns passos em sua direção e tomou a garrafa de volta. Ele tropeçou e foi amparado pelo Capitão. Mas quando foi beber, notou que a garrafa já estava vazia.

— Por que acabou com o rum, Jong?

— Você está bêbado demais. — Jongho o afirmou.

— Que nada, eu estou bem. Posso perfeitam-... — Yeosang conteve sua fala ao ver o cozinheiro se aproximar da popa com uma bacia e despejar o conteúdo de dentro no mar — O que é isso, Junbuu?

— Tripas de peixe.

O sangue fugiu do rosto de Yeosang e ele foi ficando pálido, com uma expressão nauseada. Logo, ele estava colocando tudo o que havia comido e bebido para fora. Debruçado sobre a mureta, ele vomitava pelo tempo que pareceu uma eternidade, apoiado pelo Capitão. Quando finalmente terminou, Choi o ajudou a caminhar até a cabine.

Na privacidade do cômodo, ele o deitou em sua cama enquanto o Ômega resmungava, gemendo baixinho. Estava todo suado e com uma terrível sensação de mal estar. Munido de um balde com água e uma pequena toalha, Jongho limpou o rosto do Ômega e após abrir alguns botões de sua camisa, o loiro conseguiu respirar com mais facilidade.

— Eu nunca mais vou beber daquele jeito. — Yeosang lamentou.

Jongho sorriu, olhando-o com ternura.

— Descanse um pouco. Depois eu volto para trazer algo para você comer.

Yeosang não teve forças para contestar, pois logo suas pálpebras foram ficando pesadas e em seguida, ele caiu em sono profundo.

🏴‍☠️

Naquele mesmo dia, durante a noite, Yeosang abriu os olhos e estava se sentindo muito melhor. Ele ergueu o corpo apoiando-se em ambos os cotovelos e viu que o Capitão estava sentado na cama, observando-o.

— Quanto tempo eu dormi?

— Bastante. Já é noite. — Yeosang ergueu as sobrancelhas surpreso e quando notou uma bandeja com comida em cima da cama, destinada para ele, foi quando percebeu o quanto estava sentindo o corpo fraco. — Trouxe para você.

— Obrigado.

Yeosang se alimentou sentindo-se muito melhor. A comida de Junbuu era realmente deliciosa e fazia qualquer um recuperar sua energia.

— Quero te mostrar uma coisa. Vem comigo. — Yeosang franziu o cenho sorrindo com curiosidade, mas logo se levantou da cama e seguiu seus passos.

O Capitão segurou em sua mão e o guiou para fora da cabine. Yeosang notou que o convés estava completamente vazio. Apenas o silêncio estava ao seu redor, conforme seguia os passos do Alfa.

Quando chegaram a um certo ponto, Jongho o ajudou a subir pelos mastaréus. O vento suave batia no rosto de Yeosang e espalhava vários fios de seu cabelo a medida que entravam dentro da cesta do mastro. Ele sentiu os braços do Alfa abraçarem-no firmemente, aquecendo seu corpo no frio que os atingia.

Assim que Yeosang finalmente olhou ao seu redor, ele teve a sensação de que estava flutuando entre as estrelas. Elas iluminavam o céu noturno, com milhares de pontinhos luminosos pelo firmamento. A luz da lua tocava na escuridão do mar, e a água brilhava como se eles realmente estivessem no centro do universo. Ele abriu a boca mas permaneceu mudo, incapaz de falar qualquer coisa. Ele já havia contemplado o céu a noite, mas nunca tinha o visto daquele ângulo.

— Você é muito mais belo do que todas elas juntas. — Jongho disse se referindo as estrelas e Yeosang virou o rosto para fitá-lo nos olhos.

Por um momento, o Ômega se perdeu na escuridão daquelas olhos negros e profundos, mas foi guiado pelo sorriso de Jongho e seus olhos desceram até os lábios do Alfa.

— Você já se sentiu completamente cheio de... — subiu os olhos até os do Alfa novamente — Eu não sei como explicar...

Jongho sorriu assentindo.

— É exatamente como eu me sinto quando estou com você.

Yeosang levou uma das mãos até o rosto do mais alto e fechou os olhos a medida que ele se aproximava, e juntava seus lábios suavemente. Eles ficaram durante toda a noite juntos na na cesta do mastro, sendo observados pelas estrelas que testemunhavam o sentimento mais puro desabrochar no coração de dois lúpus.

Continua...

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