[10] A Escolha Certa
Reescrito
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Jungkook saiu da tenda sentindo-se perturbado com seus desejos e pensamentos. Sempre foi um Alfa livre desse tipo de sentimento, teve um Ômega em que havia se apaixonado mas não chegou a ser tão profundo quanto o que estava despertando pelo garoto loirinho. Depois disso, conheceu outros Ômegas e nenhum nunca lhe despertou o mínimo interesse que não fosse apenas dominar seu corpo, apenas pela necessidade carnal.
Mas quando olha para Jimin, quando sentia o cheiro de jasmim, o modo como ele o desafiava e a sua personalidade, Conrad sente que vai muito mais além disso. Aquele Ômega não mexe apenas com seu lobo, mas também com sua mente e coração
Aquilo o deixava muito confuso.
— Porra! — Jeon chutou um punhado de areia no alto de uma pequena colina.
— Joga na mãe! — Alguém gritou e ele franziu o cenho ao ouvir uma voz sair da parte baixa.
Jeon fez a volta na pequena colina e quando chegou lá embaixo, viu Seokjin passar as mãos no cabelo, sacudindo a cabeça pra tirar o excesso de terra que havia caído quando Jungkook chutou o montinho de areia.
O Capitão riu com a cena.
— Não vi você aí, Seokjin. Me desculpe.
— Eu devia fazer você comer essa areia — O mais velho bufou irritado.
— O que veio fazer aqui sozinho?
— Estou limpando essa conchinha para o Jimin e pensando no enigma do fragmento e você, com o que está irritado? — Ele franziu o cenho — Cadê o Jimin ?
— Na tenda, dormindo — Jeon respirou fundo. Sabia que podia confiar em seu irmão qualquer coisa e apenas dele, Jungkook não escondia nada. — Ele conseguiu fazer com que eu o deixasse livre, Jin. Eu não o prendi e não mandei ninguém ficar de olho nele — Confessou irritado.
— Jungkook, você só está agindo com o coração. Tudo bem deixar isso acontecer — Seokjin viu o irmão suspirar confuso. — Você acha que ele pode tentar te fazer algum mal ou fugir outra vez?
— Eu não tenho certeza — Jeon passou as mãos pelo cabelo e fitou o irmão. — Que merda está acontecendo comigo?
— Acho que você já sabe o que é.
— O médico sorriu. — Só precisa se deixar sentir.
— Isso não é bom — Jeon afirmou encarando o oceano completamente escuro. — Estou ficando fraco e manipulável.
— Por que você é tão cabeça dura? — Seokjin suspirou. Ele examinou a concha rosa e quando ficou satisfeito quanto à sua aparência, ele a entregou para o Alfa — Pode entregar ao Jimin?
O Capitão pegou a pequena concha e viu o médico seguir de volta para o acampamento.
Assim que ele também voltou para a sua tenda, percebeu que o Ômega ainda estava acordado, sentado na cama enquanto lia um livro.
— Eu encontrei este exemplar por aqui, estava sem sono e resolvi ler um pouco — Jimin se explicou, envergonhado por ter mexido nas coisas do Capitão novamente.
Jeon ponderou antes de indicar:
— Taehyung possui uma vasta coleção de livros. Pode pegar mais com ele se quiser.
— Ah, obrigado — Jimin sorriu e guardou o livro.
O Ômega ficou pensativo desde que o Capitão Jeon o deixou sozinho, ele refletiu sobre as coisas estranhas que seu lobo sentiu na cabine do Capitão, e a conversa que teve com Seokjin.
Após uma boa leitura, Jimin sentiu que estava pronto para dormir. Mas o Capitão começou a andar de um lado para o outro, como se estivesse querendo fazer alguma coisa, e isso chamou a atenção do pequeno.
— Precisa de algo? — Jimin perguntou observando-o dar as suas voltas.
Jeon parou e olhou para ele. Caminhou na direção da cama possuindo algo em sua mão direita.
— Sei que não é a mesma coisa e não possui o mesmo valor sentimental para você — Jeon disse, entregando-lhe o objeto. — Mas pode usar este por enquanto.
O que Jimin recebeu em suas mãos foi um lindo colar feito com pérolas, com a concha rosa que ganhou de Seokjin como pingente.
— Que lindo... — Jimin suspirou observando o objeto. — Você que fez?
— Sim. Sei que não vai substituir o da sua família, e não precisa usar se não quiser-... — Disse firme, tentando não parecer interessado na opinião do Ômega.
— Eu adorei — Jimin o interrompeu com suavidade. — Muito obrigado. É realmente muito lindo.
Jimin entregou o colar nas mãos do Alfa e ficou de costas. Jungkook não entendeu o que ele pretendia a princípio, mas logo soube que a intenção dele era que o próprio Capitão o ajudasse a colocar o acessório.
Jeon pegou o objeto e com cuidado, o prendeu no pescoço do Ômega. Jimin passou os dedos pelas pérolas, virou-se de frente para ele e perguntou:
— E então, como ficou?
— Ficou bom — Jeon confirmou em voz alta e pensou: “Céus, ele conseguiu ficar ainda mais belo”.— Deite-se no canto. Eu vou dormir na ponta.
Jimin olhou para a cama e depois para o Alfa. Ele engoliu em seco.
— Vamos dormir na mesma cama?
— Você quer dormir no chão? — Jimin negou com a cabeça. — Eu também não.
O Ômega desviou o olhar envergonhado e tomou um longo suspiro. Ele subiu no colchão, engatinhou até o cantinho e se deitou de costas para o Capitão. Jungkook retirou a parte mais pesada de suas roupas e fez o mesmo. Ambos adormeceram de costas um para o outro.
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Jimin acordou sentindo o cheiro de rosas presente, mas Jeon não estava mais alí. Ele se levantou e vestiu suas roupas, saiu da tenda e viu que os piratas já estavam no trabalho da limpeza do casco do navio.
Jimin seguiu até a tenda que ficava a cozinha improvisada, para fazer seu desjejum. Ele entrou e viu Seokjin ainda sentado em uma cadeira.
— Bom dia — disse o médico, pegando um prato e o entregando ao Ômega. — Guardei um pouco para você.
— Obrigado.
Enquanto comiam, Seokjin notou o novo item que ele estava usando em seu pescoço.
— Que lindo — Afirmou apontando para o colar.
— Foi o Capitão Jeon que me deu. Ele mesmo o fez — Jimin informou, mordendo o lábio com um sorriso.
— Vejo que gostou bastante.
— Foi muito gentil da parte dele.
Seokjin o estudou mas não disse mais nada, deixando o Ômega comer tranquilamente. Ao terminar, Jimin chamou o mais velho para uma nova conversa:
— Jin, há algo que está me preocupando muito. Então eu pensei que você pudesse me ajudar.
— Sim, pode dizer. O que eu puder fazer para ajudar, eu farei.
Jimin assentiu, suspirando aliviado.
— Bom, como você sabe eu nunca me entreguei à um Alfa... — Ele se referia à conotação sexual. — Meu primeiro heat foi aos quatorze anos e desde então eu venho tomando um chá para que eu não sinta nada durante esse período... Hoseok me contou como os Alfas da tripulação passam seus ruts e eu não quero ficar trancado no porão.
— Entendo. Qual chá você costuma tomar?
— É o chá de uma flor de nome nenúfar.
— Creio que não temos dela conosco — Seokjin afirmou pensativo. — Mas estamos em Nabuco, com certeza no centro do comércio deve ter. Vou pedir ao Tae que leve você para comprar algumas.
— Mas e o Capitão?
— Não se preocupe, vamos falar com ele.
— Eu nem sei como te agradecer.
— Não precisa agradecer. Eu sou o médico da tripulação e minha função é cuidar das pessoas — Ele segurou na mão do mais novo. — E é claro, faço muito gosto em ajudá-lo.
Jimin sorriu agradecido e o seguiu na procura pelo navegador. Assim que encontraram Taehyung, eles foram ter com o Capitão, que, neste momento, conversava com alguns piratas sobre o plano para obter o fragmento.
— Jungkook — Seokjin o chamou um pouco mais afastado, com Jimin e Taehyung ao seu lado. — poderia vir aqui um instante?
O Capitão assentiu e se aproximou deles.
— O que quer?
— Jimin precisa ir ao centro da cidade comprar algumas coisas, eu pedi para que Taehyung o acompanhe.
— Do que ele precisa? Posso ordenar que alguém da tripulação faça isso.
— Não é bem assim... é um assunto particular. Coisa de Ômegas...
O Capitão estudou Jimin, que mantinha o olhar baixo, envergonhado. Ele suspirou assentindo, não queria se aprofundar naquele conversa já imaginando o que poderia ser.
— Tudo bem — Jeon girou para os piratas logo atrás deles — Hoseok e Yoongi, acompanhem eles até a cidade.
Os dois assentiram e se juntaram à Taehyung e Jimin, onde partiram para as compras no comércio local.
— Belo colar — Seokjin afirmou e seu irmão o olhou surpreso. — Não sabia que tinha esse dom para joalheria.
— Junbuu está com dor nas costas — Jeon mudou de assunto — Por que não vai dar uma olhada nisso?
— Meu irmãozinho está ficando com o coração mole... — Seokjin piscou, vendo o outro revirar os olhos.
Jungkook resmungou algo e logo em seguida saiu irritado, voltando a reunir-se com Namjoon e outros bucaneiros.
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Jimin caminhava um pouco mais na frente, observando todas as barraquinhas de uma feira no centro da praça comercial de Nabuco. Taehyung seguia logo atrás, com ambos os Alfas ao seu lado.
— Eu comprei para você — Hoseok abriu a palma e mostrou ao navegador uma bússola dourada.
— Uau! — Taehyung a pegou e observou o objeto, com os olhos cheios de encanto. — Obrigado, Hoseok!
— Tae — Yoongi chamou sua atenção: — Hoje a noite depois do jantar, você gostaria de tomar um pouco de tequila comigo? Você poderia me ensinar como navegar observando as estrelas.
— Com certeza! — Taehyung respondeu de imediato.
Hoseok fitou o outro Alfa com um olhar irritado. Ambos trocavam olhares ameaçadores ao passo que tentavam chamar a atenção do navegador. Distraídos, eles não notaram quando Jimin acabou se afastando um pouco mais e rapidamente, já o haviam perdido de vista.
— Cadê o Jimin? — Taehyung questionou cessando seus passos.
— Merda! — Hoseok rosnou e acusou o espadachim: — A culpa é sua que fica nos distraindo com essa conversa idiota sobre estrelas.
— Você que fica babando feito um cachorrinho olhando para o Tae, em vez de prestar atenção no Ômega!
— Parem os dois! — Taehyung deliberou. — Vamos nos separar e procurar. Se voltarmos para o acampamento sem ele, o Capitão vai fazer picadinho de nós três.
Os Alfas concordaram e cada um seguiu por um caminho diferente.
Jimin estava tão distraído com tantas flores, frutas, ervas, legumes e outras diversidades, que saiu caminhando na frente e se afastou demais dos outros sem a intenção. A certa distância, ele pôde ver alguns oficiais da Marinha Real entrando em uma taberna. Claro que eles ainda não faziam ideia sobre o seu sequestro, mas se o vissem desacompanhado, sem dúvida iriam querer saber o que o filho do governador fazia sozinho por Nabuco.
Jimin estava realizando a compra das flores em uma barraca, com as moedas que recebeu de Seokjin. A vendedora muito gentil lhe entregou uma cestinha com as flores e sem pensar duas vezes, ele tentou se misturar entre os muitos transeuntes, para que sua presença não fosse notada pelos oficiais. Ele entrou em uma viela entre dois prédios e encostou-se na parede respirando profundamente.
Jimin parou para pensar e ficou sem entender por que estava se escondendo dos oficiais. Essa era a sua chance de buscar ajuda e finalmente ser levado para casa. Com certeza eles o levariam para o governador são e salvo, não havia motivos para temer. Mas então por que suas pernas não acompanharam o mesmo raciocínio lógico e ele permaneceu alí parado?
Jimin não queria pensar nisso, mas seu coração já tinha a resposta. Ele nunca concordou com o que a sociedade estipulou aos Ômegas. Sempre fingiu muito bem ser um Ômega submisso como seu pai ensinou, como a maioria das pessoas esperam.
Naquela época, casamentos arranjados estavam em seu apogeu. Os nobres buscavam as melhores famílias para casarem seus filhos Ômegas com Alfas respeitados e de posição elevada na sociedade. Assim como os Alfas que procuravam o melhor acordo econômico e um belo Ômega para garantir seus descendentes.
Do mesmo modo se deu com a família Park. Mas Jimin nunca quis se casar com o Comodoro Choi. Aceitou o noivado por ser um Ômega recatado e obediente. Ele, escondeu durante toda a vida sua verdadeira natureza astuta e sagaz. Sua família e a sociedade pareciam não querer saber mas Jimin tinha suas próprias vontades.
Embora estivesse sob a custódia do Capitão Jeon, ele se sentia mais livre conhecendo um novo mundo na companhia dos piratas, do que jamais foi na Coréia, preso entre aulas de como ser um bom Ômega.
“Estou ficando louco” — Jimin pensou consigo mesmo.
Estudou o lado em que os oficiais haviam passado, mas não os viu. Quando julgou ser seguro sair de seu esconderijo, Jimin seguiu na direção contrária. Quase derrubou a cestinha de flores quando sentiu uma mão segurar seu braço.
— Por onde esteve? — Era Hoseok. O Alfa parecia bravo e aliviado ao mesmo tempo.
— Comprando flores — Jimin respondeu levantando a cesta e o pirata assentiu, soltando seu braço.
— Não se afaste novamente. Vamos encontrar os outros e voltar para o acampamento.
Jimin o seguiu sempre olhando para trás, preocupado se tinha sido notado pelos oficiais. Como não viu nenhuma movimentação diferente, ele julgou que realmente havia passado despercebido.
Continua...
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