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Capítulo IX: Os fins...

Viram, como prometido, saiu capítulo novo hoje kkkkk.

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Narrador

Os altos prédios de Tóquio já se faziam distantes e, consequentemente, não podiam mais ser vistos. O grupo estava acabado, todos estavam muito cansados, mas ainda assim ninguém queria dormir, ou melhor, não conseguia. A noite anterior deixou todos aterrorizados e confusos, a maior parte das crianças, queria apenas ver suas mães, e a outra parte abria e fechava os olhos procurando acordar de um pesadelo, mas era impossível... O pesadelo era a própria realidade.

Chloé estava deitada, ainda chorando pela dor que já nem se fazia presente, enquanto suas pernas, já com todos os músculos regenerados, terminavam de regenerar a pele, que ficou com marcas horríveis nos joelhos. Alexander estava do seu lado, segurando a sua mão com os dedos atravessados. Ambos estavam com medo, e ambos se apoiavam, para que nenhum cedesse a escuridão.

Finn, também deitado, já havia cicatrizado suas costas deixando apenas cicatrizes de tiros e se sentia melhor, mas ele estava com medo e com raiva, não sabia se era de si mesmo ou se era dos soldados. Mas que algo o irritava, isso era certeza.

Giovanni também estava melhor seu ombro havia cicatrizado o buraco por onde a bala o atravessou, e ele estava incrivelmente bem, não parecia afetado pelo que houve na madrugada, era como se ele já tivesse passado por algo parecido, talvez... No entanto, ele também sentia pena de seus amigos, estava sentado perto de Finn, e tentava se comunicar, talvez compartilhar seus sentimentos e ajudá-lo, pois ele conhecia o sentimento do australiano, mas não estava tendo muito sucesso.

Harry, ao contrário das outras crianças, não parecia estar com medo, ou estar preocupado com os outros... Ele parecia aflito, e preocupado com apenas uma coisa, melhor dizendo, alguém. O rapaz não tirava os olhos de Mia um segundo, parecia um pai preocupado com sua filha.

Mia estava próxima à abertura feita por Max no compartimento de carga. Ela estava observando as balas que saíram do corpo de Finn, pois havia sentido algo estranho vindo delas. Mia estava tentando se distrair e não pensar muito no que havia acontecido, mas ela ainda se sentia... Apavorada, apesar de manter a compostura.

Yan estava deprimido olhando a janela, ele se sentia impotente, inútil visto que na noite anterior ele não conseguiu fazer nada para ajudar o grupo.

— "Tudo por causa dessa droga de braço..." —  ele pensava, enquanto observava sua pele ser renovada, e sua pelugem do braço crescer rapidamente, junto de uma cicatriz que rodeava seu cotovelo.

Todos no grupo estavam quebrados a sua própria maneira, mas todos compartilhavam o medo, a insegurança e o pavor. A única coisa que os separava do mais puro desespero era a presença de Mia, a qual viam como uma mãe, uma pessoa amável e gentil, que poderiam recorrer sempre que precisassem. E também a presença de Maxwell, que mesmo sendo parte do que lhes dava medo, com toda sua agressividade e brutalidade, ele ainda era a maior luz de esperança que poderiam pedir, afinal, nada como um monstro para matar outros monstros... Mesmo assim, tudo o que ele podia fazer era manter a segurança física deles, mas e a mental? O que seria desta?...

O próprio Max, estava, mais do que todos, tenso e com a guarda alta, ele não tirou a mão de sua arma no coldre desde que o último tiroteio acabou. Ela olhava para os lados o tempo todo, ainda prestando atenção na estrada, suas mãos tremiam e o silêncio que tomava o caminhão era interrompido de vez em quando por ele, perguntando se estavam todos bem.

Max não percebera suas mãos e braços tremendo, mesmo que pouco, e sua respiração estava pesada. No fim ele também estava com medo... Ele temia pela vida das crianças, pois não sabia se conseguiria protegê-los até que chegassem em casa, pelo menos não depois do que aconteceu.

Maxwell

Minutos de estrada se passaram e eu estava preocupado com os pedágios que viriam. Eu não conseguia tirar minha mão da SIG, estava nervoso e o silêncio estava me deixando estressado. Talvez por isso Yan tenha puxado conversa...

*Inglês*  — Você tá legal...? —  Ele perguntou.

*Inglês*  — Eu tô... Só um pouco nervoso... Quer dizer depois do que aconteceu ontem... —

*Inglês*  — Eu entendo, quer dizer, mais ou menos. Ontem você parecia um herói de anime ou coisa assim, sabe... 'Cê perdeu o braço e ainda continuou lutando como se nada tivesse acontecido... —  Yan disse me olhando de relance.

*Inglês*  — É, ontem eu estava daquele jeito e hoje estou acabado... É foda. —

*Inglês*  — Você não parece acabado, parece preocupado... —

*Inglês*  — Pois é... Vamos passar por pedágios... Acho que vamos ter problemas. —

*Inglês*  — Ué! a gente não teve problemas com isso lá no Equador... —  Yan repontou.

*Inglês* — Eu sei, mas no Equador a gente estava com uma van blindada e com um Insulfilm blackout. —

*Inglês*  — Droga! Você tem razão. —

— Max... Se formos atacados de novo... Você vai nos proteger, né...? —  Mia perguntou entrando na conversa, ela parecia estar chorando e sua voz era tremula e fraca.

Eu pude ouvir seu coração batendo forte e rápido, ela estava com medo. O tom de voz dela me deixou sem reação, e após longos segundos eu dei minha resposta em um tom firme  — Sim Mia, eu vou. —

Mia ficou em silêncio, eu achei estranho ela não dito nada então a chamei.

— Mia...? —  Chamei por seu nome, mas fiquei sem resposta, e os batimentos dela que estavam fortes, agora estavam lentos e bem mais fracos.

— MIA!? —  À chamei de novo, mas quem me respondeu foi Harry.

*Inglês*  — Ela acabou de dormir, cacete! Desde Tóquio que ela está igual uma sonâmbula... —  Harry Disse.

— "Eu sabia que ela não devia ter ficado acordada comigo.." —  Pensei bufando.

Alguns minutos se passaram e eu percebi que Yan estava me encarando, ele parecia querer me perguntar algo, eu ignorei por um tempo na esperança de que ele mesmo o fizesse, mas logo cedi à curiosidade.

*Inglês*  — O que você quer, Yan? —

*Inglês*  — Está tão óbvio assim?~Ah deixa, na verdade tem uma pergunta que eu queria fazer... —

*Inglês*  — Se eu puder responder... —

*Inglês*  — O que você sentiu quando você... Matou pela primeira vez? —

Olhei para Yan com uma expressão ameaçadora e confusa, então perguntei:

*Inglês*  — Por que quer saber? —

*Inglês*  — Ah, eh T~Tem algum problema...? —  Ele perguntou assustado.

*Inglês*  — Talvez... Mas pergunta se quiser. — Falei com o tom de voz alterado.

*Inglês*  — Então... Até agora eu não matei ninguém, mas... Pode ser que aconteça algo no futuro e~! — Yan dizia. Mas eu tive que o interromper, a ideia de algum deles matando alguém não me era nada agradável.

*Inglês*  — Não vai, eu estou aqui pra fazer isso. E além disso, você não é assassino... —

*Inglês*  — Ah, Então você é? —  Ele questionou em um tom provocativo... E posso dizer com certeza que a provocação me afetou.

*Inglês* — Independente do que eu sou, isso não tem que passar pra você. E além do mais, você não é forte pra carregar esse peso, Yan. — Soltei de forma mais calma, porém ainda puxada.

*Inglês* — Você não parece ter problemas pra carregar isso... Você gosta de matar? — Yan novamente me provocou, e eu estava já sem paciência pra essa porra.

*Inglês*  — ...Cala a merda da boca, Yan, você não sabe de porra nenhuma! E não toca nesse assunto de novo. —  Ordenei num tom lento e pesado.

*Inglês*  — Até parece que eu vou te obedec~ —

*Inglês*  — CALA A BOCA, PORRA! —  Gritei olhando para ele e dando um murro que amassou o painel, depois me voltei para o volante. Yan ficou quieto, assim como meu semblante, que relaxou depois disso.

Bèndàn... —  (— Babaca... —) Ele disse olhando para a janela, mas eu ignorei. Não que eu tenha entendido o que ele disse, mas pelo tom, pareceu um insulto.

*Inglês*  — Tudo bem aí na frente? —  Harry questionou.

*Inglês*  — Sim Harry, tudo ótimo. —  Respondi de forma irônica e irritada.

*Inglês*  — Bem, então tá bom. — Harry pouco se importou com meu estado.

*Inglês*  — Aí, como é que tá o Aki? —  Perguntei, com o humor subitamente alterado, notoriamente mais calmo... Achou estranho? Pois é... Eu também.

*Inglês*  — Ele está bem, parece estar sonhando acordado... Acho que ele tá animado para ver a família. Mas ele é meio tímido então eu não sei... —

*Inglês*  — Entendi... Que bom. —  Concluí e continuei dirigindo, prestando atenção nos poucos carros que passavam e nas placas que apareciam. Eu estava preocupado com o grupo, e com possíveis viaturas e helicópteros nos abordando... Isso seria um problema sem tamanho.

Nossa munição explosiva estava acabando e ninguém estava psicologicamente preparado para algo assim depois da noite passada, pelo menos não tão cedo.

Eu segui em frente com esses pensamentos rondando a minha mente, sem nem pensar que eu também não estava bem...

Narrador

Não apenas Maxwell lidava com seus próprios dilemas e incertezas, mas Yan-Li também se envolvia por suas crenças, desorientado pelos caminhos que andava...

Yan-Li

Seguimos na rodovia por mais alguns vários minutos, e olhando para meu braço regenerado e cicatrizado, eu não conseguia parar de pensar na minha antiga vida, mesmo que fosse o que eu mais quisesse...

Desde os seis anos fui criado como um monge, seguindo os ensinamentos de Buda, Mas... Eu ainda não conseguia me libertar do desejo, e com certeza não tinha autoconhecimento pra lidar com tudo que estava acontecendo...

Ser sequestrado me afetou de várias formas. Uma delas foi quebrar várias das nossas regras, sendo que eu comi a carne daquelas larvas e faltei com a cordialidade, eu estava xingando demais, e como dizem, aquilo que você fala é o que está dentro de você?

Estava perdendo totalmente o controle. Qualquer outro monge passaria por tudo que eu estava passando como uma correnteza passa por um rio, sem sequer pensar em fraquejar contra nossos dogmas.

Mas era difícil para mim seguir minha própria doutrina naquele momento, eu me sentia confuso, em desencontro comigo mesmo... E por algum motivo, eu não conseguia parar de pensar em algo que já não me vinha a mente a muito tempo... Minha falecida mãe...

Ela era nascida na Espanha, havia crescido lá até se mudar para a China, na cidade de Yingbin, onde eu creio ter nascido. Ela cuidou de mim desde que me entendo por gente.

Não faço ideia de quem são meus pais biológicos, mas essa informação nunca valeu nada para mim, eu amava a minha mãe, Laura, uma mulher linda, esbelta, de cabelos castanhos e brilhantes olhos da mesma cor, seu tom de pele escuro, mais parecia um bronzeado natural. E não só era sua beleza uma grandeza, mas se fazia também sua mente, minha mãe era uma mulher muito inteligente, e por causa dela gosto de aprender.

Ela cuidou de mim em sua casa, que era meio que só uma lojinha de conveniência, com um pequeno quarto com uma mesa ao lado de uma janela, um armário e uma cama de casal logo atrás. Lá, ela me ensinou sua primeira língua, o espanhol, sua segunda, o inglês e também minha primeira língua, o Chinês.

Bem... Nem sempre era tão bom... As vezes, faltava dinheiro para algumas coisas, mas, era a melhor vida que eu podia desejar... Até aquele dia fatídico...

Certa vez, no mesmo ano em que eu completara seis de vida, dois homens invadiram a nossa loja. Eles eram fortes, ambos vestidos de preto, mas deixando as mangas de suas camisas sociais dobradas, me lembro até hoje de suas tatuagens no antebraço, idênticas, de um dragão rodeando uma alabarda, com a cabeça cuspindo fogo para fora do punho.

Eles entraram num dia que estávamos sem energia, aproveitando que as câmeras não estavam funcionando.

Ainda consigo me lembrar do rosto dela quando ela me pôs dentro do guarda-roupa, de como ela estava desesperada por não poder chamar a polícia... Aquela respiração ofegante que me aceleram o coração até hoje...

O quarto estava iluminado apenas por uma vela, então estava escuro, mas eu ainda consegui ver o que fizeram...

Lembro-me de escutar gritos, e de minha mão sendo jogada na cama, com sua roupa rasgada...

Eu tentei, e como eu tentei me mexer... Sair daquele maldito armário! Mas eu não conseguia nem chorar... Só o que eu fazia era tremer, tremer e tremer... E ver aquela cena horrenda pela fresta da porta do armário.

Ela claramente queria gritar, berrar de pavor e agonia, mas ela segurou, e permaneceu com suas lágrimas em silêncio, com aqueles dois rasgando o que sobrava de sua roupa, dando início a aquele ato abominável. Foi então que, assim como minha mãe, lágrimas silenciosas finalmente escorreram por meu rosto... Escorreram como a criança que eu deixaria de ser...

Eu nem sabia o que era aquilo na época, só sabia que era algo horrível, e que minha mãe não queria... Ela queria fugir, queria sair de lá... E eu não fiz nada...

Aqueles dois caras... Eles a macularam de formas que nunca vou conseguir apagar da memória, e mesmo que tentasse, havia durado tempo demais pra esquecer tudo, e todas aquelas horas. Horas as quais Laura não parou de chorar um minuto.

Parte de mim torceu para que ela revidasse, para que ela fizesse algo por si, porque eu não conseguia... Mas nas poucas vezes que ela tentou se mexer, eles bateram até que se aquietasse. Não levou muito tempo para a vida lhe deixar os olhos... Mas a minha mãe ainda estava respirando.

Quando finalmente acabou, o corpo dela estava todo inchado, avermelhado, roxo e até verde, de tantos socos e chutes que levou, tanto pra que se aquietasse, quanto para a diversão daqueles homens... Também haviam marcas de palma espalhadas por sua pele, cada uma mais vermelha ou mais rica do que a outra, algumas até com uma concentração de sangue sendo expelida, que se misturava com o líquido estanho, despejado nela ao acabarem. E seus olhos... Tão mortos quanto um cadáver pútrido abandonado pelo tempo...

E então, quando iriam embora, acabaram com a vida dela a sangue frio, desprovidos de qualquer sorriso ou emoção aparente. Apenas sacaram um revólver e, com uma bala por baixo de seu queixo, acabaram com sua vida...

...As vezes antes de dormir, o zunido daquele disparo ainda ataca meus ouvidos...

O sangue da minha mãe se impregnou na parede, e o corpo morto dela ficou lá, jogado no colchão.

O que me restou depois que saíram, foi sair do armário, e passar uma última noite ao lado dela... Eu a abracei enquanto chorava, e só parei de chamar por seu nome quando adormeci ao lado de seu cadáver.

No outro dia eu acordei, e estava cercado de policiais... Depois disso foi uma confusão difícil de explicar, mas sei que conseguiram pegar aqueles dois, e ambos foram julgados, pelo que eu soube, por bem mais do que apenas minha mãe.

Me disseram, tentando mudar meu humor de alguma forma, que ambos foram mortos na cadeia... Mas não era isso que eu queria... Eu só queria minha mãe de volta. Queria mudar o que aconteceu.

Depois daquilo, dentro ainda de um mês, me vi largado, abandonado... Sozinho... Chegaram a me enviar para um orfanato, mas não fiquei muito. Na primeira noite, sem nenhum gosto por onde estava, a eu fugi, e por uns dois dias, eu até tentei me virar nas ruas. Não foi uma boa decisão, obviamente, mas foi assim que eu conheci meu pai... Um monge chamado Zhao.

Zhao me achou dormindo no lixo, e me levou até o monastério no monte Song, onde, nos primeiros dois anos, passei quase de maneira forçada... Mas depois, acabou que passei o resto da minha vida, melhor do que eu poderia imaginar... Isso durou longos anos, até eu desmaiar durante uma caminhada pela floresta e acordar no lugar que chamavam de Gritante.

Mesmo assim, nunca vou esquecer o que meu pai fez por mim, nem do que ele me ensinou junto aos outros monges de casa, e de como eles tornaram possível que eu saísse daquele mundo de escuridão ao qual fui lançado, que eu rompesse minhas amarras.

E se possível, espero nunca me perder do Caminho de Buda, que fui guiado a trilhar... E pensar que já eu quebrei nossas regras... Cuspi na cara de cada um que me fez bem... Eu me sentia tão conflituoso, tão confuso... Todo aquele estresse, horrores e sangue estavam me consumindo, eles me entranhavam até a alma... Eu... Estava com medo, mais do que temer por mim, eu temia por minha integridade, meus princípios, da forma mais irracional que se pode imaginar...

De novo, tenha sido por dor ou por medo, de novo eu não fiz nada para ajudar aqueles que estam do meu lado, e por causa disso eles se machucaram.

Uma criança perdeu as pernas e um que considero amigo, o braço... Talvez eu pudesse evitar, ou talvez não, mas não consigo deixar de pensar que de novo eu só fiquei olhando...

— "Porque eu sou tão fraco assim?" — Eu me perguntava a cada segundo, e ainda assim, não era o suficiente para descrever como minha mente não conseguia me ver de nenhuma outra forma se não um lixo com braços e pernas... Que patético...

Narrador

E na mesma medida que a dupla masculina, na frente, Mia, em seu quinto sono no compartimento traseiro do caminhão, temia às intempéries da própria mente e passado, sob os braços de Morfeu.

Mia

Eu não sabia se estava sonhando ou se a leveza em minhas costas me enganavam, mas eu estava pensando naquele momento de novo... Aquele momento maldito...

Naquele instante, não vi um ciêntista a minha frente, não vi soldados... Eu vi... Minha própria morte, chegando pela ordem dada, e me alcançando por uma bala atirada... Eu não vi homens, e nem humanos... Naqueles segundos, direto de um abismo... Eu vi demônios.

No Gritante, todos sabem que são fracos, impotentes. No Gritante, todos sabem, no fundo, que não vão sair... Mas eu senti algo diferente. Senti que tinha responsabilidade por algo... De manter o controle e a esperança. Responsabilidade de superar tudo aquilo... Mas não dá pra superar... Isso é impossível. E eu aprendi do pior jeito.

Em todo meu tempo lá, tentei ser, ao menos um pilar, um apoio... Alguém que encara tudo não importa o quão solitário. Só que é tão difícil, tão cansativo... No fim eu também... Também queria um pilar para poder me apoiar... E a cada dia que passava, eu sentia mais e mais essa necessidade. O medo, o pavor, a incerteza, o desespero, o frio, a escuridão... A morte... Nunca pensei que fosse passar por nada disso, nunca quis nada disso.

Eu estava esgotada, e mesmo assim continuei. Continuei porque eu vi o que aconteceria se não o fizesse. Muitos já haviam sido assassinados, e eu não podia mais tolerar... Não aguentava mais tanto sangue. Mesmo assim tantos foram... Mortos. Todos mortos.

O sangue ainda quente escorrendo pelo meu rosto, e sua carne ainda vívida atirada ao chãos e paredes... Tanta brutalidade, tanta crueldade... Tanto terror. Terror que abafava gritos dentre gaguejos.

Não suportava aquilo... A ideia de morrer... Era tão escuro, tão sombrio, e ainda assim, aquele monge sempre me dizia que eu era como o sol que os iluminava, mas e para mim? Quem me iluminava?... Eu me sentia num poço sem fundo, com um peso enorme me puxando sem nada e nem ninguém para me segurar.

Eu queria correr, queria fugir... Eu não queria morrer. Rezei para que alguém, qualquer um, surgisse do céu e nos tirasse de lá, faria qualquer coisa para que isso acontecesse... Porém, depois de tantos dias, nunca aconteceu.

E quando ao fim aquele Doutor ordenou que nos matassem, senti minha alma gritar por mim. Foi como se tudo que eu acumulei naquele mês tivesse encontrado o chão de uma vez só... Eu não queria morrer... Não podia morrer... Não podia...

Por um instante, meu coração parou, e no outro outro, voltou a bater como se nunca tivesse batido antes. Ali, perdi o pouco que já me restava de esperança. Caí em prantos. Gritei por socorro, implorei pela minha própria vida. Me debati entre as correntes, tanto que a pele em contato com o metal logo se rompeu, e logo regenerou, apenas para que se rompesse de novo.

E junto com o meu desespero, assim caíram os outros. Afinal, seu único pilar de força havia acabado de se partir.

No entanto, de repente o alarme tocou, tiros foram disparados, gritos foram exclamados com agonia e sons de carne sendo esmagada foram ouvidos, e assim... Ele apareceu... Como um raio de luz que clareava a minha escuridão, Max surgiu como um temível carniceiro, ou um forte cavaleiro para nos tirar daquele inferno.

Ao entrar, não tinha como não se incomodar com o tanto de sangue que o cobria, mas quando ele disse as primeiras palavras... Foi como mágica, meu coração simplesmente se acalmou. Aquele tom manso, aquele jeito pacífico com que se aproximou, na hora eu soube, Maxwell não era a morte que eu tanto temia, mas a salvação que eu tanto pedia.

É impossível para mim descrever como eu me sinto por ter sido salva, e é mais difícil ainda pensar em como agradecer por ele ter feito isso... Agora eu só sei que devo continuar cuidando das crianças e fazendo o que for possível para ajudar, mas nunca parece ser o suficiente, eu sempre sinto que falta algo... Sempre falta, independente do que eu faça. Mesmo que eu distraia soldados, mesmo que eu ajude quem me salvou. Eu ainda perco a batida em meu coração.

Eu vi o fundo do cano de uma arma. Vi a sombra que lá habita. Ela olhou para mim. E eu não sei se pisquei.

As situações que estávamos enfrentando, os perigos que nos perseguiam e a noite terrível pela qual passamos... Tudo me fazia sentir dependente do Maxwell, mas, eu gostava daquela sensação... Saber que tinha alguém para me proteger, cuidar e se preocupar comigo... Aquela sensação era como uma fogueira pra me aquecer do frio da solidão...

Tanto tempo fazia desde que eu me sentia assim pela última vez... Aquele rapaz, aquele homem, me lembra o meu avô... Só que ele é mais bonito, mais forte... Talvez mais viril, e igualmente assustador... Mas além de tudo, também era maduro, ríspido no que acreditava, e com sensos de moral e responsabilidade muito fortes.

Talvez por isso eu não consiga olhar para ele como... Um igual... Eu o via como um homem... Um homem forte, preocupado e cuidadoso... Um homem, que agora era meu pilar, meu sol... Meu apoio... Meu herói.

Narrador

Já elevando outras questões, tão próximo, e tão distante da garota nos espaços consideráveis, Yoshiaki se queixava sobre sua volta para casa.

Yoshiaki

Depois de tanto tempo, finalmente, eu veria o papai e a mamãe de novo. Havia acontecido tanta coisa. Me perguntava se algo fora mudado desde que me privaram do direito de vê-los, desde que... Foi tirado de minha casa. A verdade é que eu não sabia o que esperar ao voltar.

Eu vi tanta violência... Tanta crueldade... Tanta raiva. Já nem saberia dizer se podia compreender o que era o amor mais uma vez. E na mesma medida, não me sentia triste com isso. Eu sentia... Felicidade, no fim das contas. Feliz como um floco de neve. Isso não é nada tranquilo, muito menos pacífico. É assustador, porque essa felicidade me trazia um sentimento de culpa, ou remorso, que simplesmente não se manifestava em meus nervos. Esgueirava-se como um tumor entre meus devaneios.

Desde que fui sequestrado, depois do terror e desespero... Eu pensei que ninguém ligaria pra mim, como sempre foi em minha curta vida. Pensei que acabaria sozinho num fim de mundo, e ninguém sequer acharia meu corpo, independente do quanto procurassem, se é que procurariam.

E quando acordei naquele navio, quem adivinharia que se tornaria realidade todo o cenário de horror que uma criança imaginou. E assim eu vi, tantos e mais tantos morrerem enquanto imploravam por suas vidas. E mesmo assim, nunca entendi direito o que tudo isso significa. Morrer, não era uma benção, mas as vezes, parecia o único alívio que poderíamos ter.

E eu podia ter sofrido aquele destino, mas não antes de ver... Ver tantos outros, friamente, serem desperdiçados.

Tentando achar um jeito de sobreviver, aprendi que fracos morrem por seguir os instintos. Já os vivos, não se juntam, pois já se separaram a tempos de sua humanidade. E para que eu não fosse fraco, me separei da minha também. Eu queria gritar, berrar e pedir por socorro, mas agora... O choro contido já secou.

E tudo porque eu consegui... Consegui conter tudo, enterrar tudo. E eu enterrei tão fundo que parei de sentir medo, parei de sentir tristeza, parei de sentir pavor... Eu consegui ignorar tudo, esquecer tudo. Parecia melhor assim, sem nada dentro, não tem nada pra sair. E agora, eu apenas, fico feliz de poder rever meus pais. Apenas Feliz.

Essa sensação... Tão afável e inquietante, me preencheu quando o Fangs me salvou. Quando Fangs arrebentou aquelas correntes. E assim eu estou bem, acho. Assim, só me resta imaginar como meus pais estariam. Como nos receberiam. Isso me animava, me completava de verdade.

Será que meus pais iam gostar da Hana? E do Fangs?... Quer dizer, apesar de tudo, uma coisa boa, ao menos, aconteceu naquele pesadelo: eu ganhei amigos. Amigos de verdade. Mesmo assim, meu coração palpitava menos do que eu achei seria quando pensava nisso. Não me parecia exatamente uma grande coisa, no fim das contas, mas eu ainda gostava.

Tentei ignorar o fato de que tudo que eu sentia naquele momento era falso. Mesmo porque, tudo estava bem, perfeitamente bem. Tudo estava... Feliz... E  com isso, dei fim ao meu próprio temor. Deixei-me levar pelos ventos da vida pela primeira vez... Eu queria que meu pai estivesse lá pra ver. Talvez eu não precisasse sofrer tanto como sofreria...

Agora, escapando de meus devaneios distantes, me vi retomar ciência de mim quando uma circunstância precária anunciou o fim de minha paz... Um problema que, além de mim, poderia afetar todo o grupo...

*Japonês*  — Fangs... —  falei baixinho após me dirigir ao buraco no compartimento de carga.

*Japonês*  — Como axim? Você viu um bixo com presaz? —  Max perguntou.

*Japonês*  — Que?! Não, você é o "Fangs". Ehh, nós temos um probleminha... —

*Japonês*  — Qual probliema?! Estâmos sendo perséguídos?! —  Ele questionou em pânico pegando seu revolver, e Yan também se preparou para uma luta.

*Japonês*  — Então... É que eu preciso ir no banheiro. —  Falei e ele me olhou com cara de tonto.

— Hmm, se bem que eu também preciso... — Fangs balbuciou, embora não tenha entendido uma palavra.

*Japonês*  — O que? — Confuso, perguntei por reflexo.

*Japonês*  — Ahh, eu também preceiso, vuamos parar naquaele posto logo ali. — Ele me sanou.

Ele dirigiu até o posto e estacionou o caminhão, para ser sincero eu nem sabia que adolescentes sabiam dirigir, para mim os que dirigiam eram delinquentes e só queriam saber de confusão. Pelo menos o presas parece um cara legal, na verdade ele é incrível por isso eu quero que ele seja meu amigo...

Narrador

E assim, todos saíram do caminhão desesperados para ir no banheiro daquele pacato posto de gasolina com uma vista esplendorosa, não menos majestosa do Monte Fuji ao horizonte.

— MAS HEIN?! Todo mundo vai no banheiro?! —  Max questinou surpreso com todo o grupo saindo desesperado em direção aos sanitários.  — "Se bem que depois de 20 horas sem mijar fica difícil..." —  Ele pensou, também se dirigindo ao banheiro, já lotado.

*Inglês* — Ei Mia, acorda! — Harry disse balançando um pouco a menina.

— Hmm, o que fo~ — A garota respondia logo que abria os olhos, isso até notar que utilizava a linguagem errada.  *Inglês* — Ahh, o que foi, Harry? — Mia trocou rapidamente esfregando os olhos com reméla.

*Inglês* — Fizemos uma parada para ir ao banheiro, acho melhor você ir também. —

*Inglês* — Ok, eu vou. — A garota respondeu se levantando ainda sonolenta.

Todo o grupo fez suas necessidades, ou melhor quase todo o grupo. Aki ficou agarrado no banheiro, já que suas necessidades eram... Mais específicas. Chloé teve um pouco de ajuda de Mia e Heidi.

Yan roubou a lojinha do posto e pegou mais suprimentos. O estacionamento ao lado do posto estava vazio, e o próprio posto estava fechado então ninguém do grupo tinha muito com o que se preocupar...

Maxwell

Voltei para o caminhão e fiquei do lado de fora, aguardando Aki enquanto me impressionava com a vista do enorme e imponente vulcão inativo mais famoso da história, o resto do grupo voltou para dentro, inclusive Mia, que voltou a dormir. Yan ficou em pé próximo de mim. De início pude notar que meu braço e o do Yan, apesar de regenerados estavam com novas cicatrizes no lugar onde foram atingidos. Eu achei que fosse devido à gravidade das feridas, então apenas ignorei e continuei esperando Aki voltar do banheiro.

Esse curto tempo em que ficamos esperando me fez repensar na ideia que estávamos seguindo, voltar para nossas casas... "Será que realmente era uma boa ideia? E se já tivessem pego nossos pais?" Ressoando pela minha mente, esses pensamentos me fizeram botar um pé atrás quanto ao caminho que seguíamos.

*Espanhol*  — Yan, tu acha que é uma boa a gente voltar para casa? —

*Espanhol*  — Então agora você quer que eu fale? —  Ele reclamou, em um excelente espanhol.

*Espanhol*  — Olha foi mal Yan, mas também que assunto para você tocar àquela hora em... —  Falei indignado.

*Espanhol*  — Você é um babaca sabia... E porque estamos falando espanhol? —  Ele perguntou mais calmo.

*Espanhol*  — Porque eu não quero que o Harry desconfie de mim mais do que já desconfia. —

*Espanhol*  — Talvez eu também desconfie de você. —

*Espanhol*  — Se fosse assim você não deveria falar na minha cara. —

*Espanhol*  — Ehhh, É, 'cê tá certo. —  Yan admitiu. *Espanhol*  — Mas agora, porque você está me perguntando se eu acho uma boa voltarmos para casa? Não foi você que pensou nisso? —

*Espanhol*  — E se já mataram nossos pais? Quer dizer, pode ser que estejamos indo direto para uma armadilha... —

*Espanhol*  — Bom... Eu não sei, mas de qualquer forma, não acha que nós deveríamos pelo menos verificar se eles estão bem? Não precisamos entrar, só olhar de longe. —

*Espanhol*  — Até que é uma boa ideia... Valeu. —  Agradeci.

*Espanhol*  — De nada. —  Yan respondeu e de repente olhou para trás de mim. *Espanhol*  — Olha, o Aki voltou. Podemos seguir caminho. —  Ele disse.

*Espanhol*  — Beleza, vamos voltar para o caminhão. —  Concluí já abrindo a porta e subindo.

Todos entramos no caminhão e eu estava prestes a ligar a ignição, mas lembrei de algo importante e não o fiz.

*Inglês*  — O que foi? Porque você parou? —  Yan perguntou.

*Inglês*  — Acho melhor deixarmos a Mia descansar, quando ela acordar a gente continua. —  Respondi.

*Inglês*  — Ué, mas você continuou dirigindo um bom tempo depois que ela dormiu. —  Yan repontou.

*Inglês*  — Eu sei, mas ela é única pessoa que conhece essa estrada o suficiente para a gente não se perder atoa, acho melhor esperarmos ela acordar. —

*Inglês*  — Agora que você explicou... —  Ele me olhou e parecemos ler a mente um do outro nesse momento.

*Inglês(Max)/Espanhol(Yan)*  — Ai pessoal, a gente vai ficar parado aqui um tempo. Quando a Mia acordar a gente volta para a estrada. —  Eu e Yan anunciamos.

*Inglês*  — A gente pode sair do caminhão? —  Harry perguntou.

*Inglês*  — Não, acho melhor ficarmos aqui dentro por enquanto. —  Yan respondeu.

*Inglês*  — Ok, eu vou tirar um costilo, vocês fiquem de guarda. —  Harry disse e tirou o rosto do buraco.

Narrador

Yan e Max se acomodaram em suas cadeiras, Max um pouco relaxado, mas com a mão direita em cima de seu revolver no coldre, e Yan com as pernas apoiadas em cima do painel e o braço na janela. Depois de alguns minutos eles ouviram uma discussão vinda de trás e deram uma olhada.

*Inglês* — Harry, o que está acontecendo aí? — Max questionou, imperativo.

*Inglês* — a gente estava jogando uno, aí o Diogo jogou "aquela" carta e o Pablo ficou puto. — Harry disse.

*Inglês* — Enten~ 'Pera, como vocês conseguem jogar se não falam a mesma língua?! E de onde veio esse uno? — Max questionou.

*Inglês* — Os baralhos estavam na mochila, estão novinhos e são de edições especiais: a minimalista black, icônico de 1980 e aniversário 50 anos black. Agora, como a gente está jogando... As regras são universais, então se todo mundo conhece, ninguém precisa falar muita coisa. — Harry explicou.

*Inglês* — Faz sentido, bacana vocês acharem esse jogo. E como está a discussão? — Max perguntou enquanto pensava  — "Onde esses baralhos estavam na mochila que eu nunca nem vi?" —

*Inglês* — Veja você mesmo. — Harry disse saindo da frente do buraco dando visão para o que algumas pessoas chamam de "rinha de criança".

Diogo e Pablo chegaram ao ápice da discussão e começaram uma briga sem dó nem piedade, como se o caminhão aguentasse o tranco.

*Inglês* — Eita, Harry separa esses dois! — Max e Yan disseram em uníssono já saindo do caminhão e indo para a parte de trás.

Max estava andando rapidamente para a parte de trás quando de repente, um pequeno pé abriu um grande buraco no caminhão, e de imediato, transformou o metal rasgado com o rombo numa série de lâminas afiadas que quase acertaram a cabeça de Maxwell, que escapou por um desvio de desespero, emborcando flexivelmente seu tronco para baixo.

Além de criar uma longa fileira de espinhos de concreto a partir do chão, destruindo os pneus do caminhão e assustando o garoto, que ao se recompor pulou por cima daquilo e correu disparado para dentro.

— "Porra... Eu nem sou tão flexível. Graças a Deus que agora eu sou..." —  Max pensou enquanto regenerava um corte em sua testa, andando de volta em direção a traseira do caminhão.

Quando ele e Yan entraram viram que todos estavam assustados, dentre todos, Pablo era o que mais demonstrava esse sentimento, havia sido ele quem executou o golpe e o garoto estava trêmulo, quase chorando. Max e Yan não esboçaram reação, apenas olharam espasmados.

Com dificuldade, Pablo se pôs de joelhos e disse quase chorando:

*Espanhol* — D~Desculpa Diogo... E~Eu não sabia que eu conseguia f~fazer algo assim... E~Eu podia ter te ma~matado... — Ao terminar, Pablo caiu em prantos pedindo desculpa várias e várias vezes.

Diogo se aproximou do Pablo calmamente, se abaixou colocando sua mão sobre o ombro do menor e disse:

*Espanhol* — T~Tudo bem Pablo, eu sei que você não me machucaria desse jeito. —

*Espanhol* — Só por causa de um jogo... — Pablo disse ainda chorando e, ao mesmo tempo, se pondo de pé.  *Espanhol* — D~Desculpa... — Completou secando as lágrimas.

Max sem ter muito o que falar apenas olhou sem parar para os lados meio sem graça, já saindo do caminhão e disse olhando para os pneus destruídos.

*Espanhol* — ...Puta merda, uhh, olha, só não se matem, tá? Ehh, bem... Eu vou ver se dar pra fazer algo... em relação ao nosso... Novo problema... —

Os espinhos de concretos feitos por Pablo se prolongavam oito metros à frente em uma fileira, partindo de um semicírculo onde começavam a se formar.

Os pneus traseiros direitos foram perfurados pelos espinhos do semicírculo e destruídos, não havia um veículo sequer que fosse propício ao grupo nas proximidades e ainda restava um longo caminho até Osaka.

Sem ter muito o que fazer, Yan ficou na parte de trás com o grupo, já que ele sentiu vontade de jogar também e para vigia-los. Max foi para o banco do motorista e ligou o rádio em busca de uma música que o ajudasse a pensar em algo para saírem dali até que Mia acordasse, e no meio da rolagem de canais ele encontrou algo um pouco mais interessante no rádio...

*Japonês* — ~mbeiros ainda estão tentando apagar o incêndio da explosão. O ataque terrorista dessa madrugada, destruiu sete aeronaves e todo o terminal 3 no maior aeroporto de Tóquio. Até o momento foram encontrados os corpos de trinta passageiros dos quarenta e oito indivíduos que chegaram no voo, junto aos terroristas. Como já dito anteriormente, o aeroporto foi evacuado quatro horas antes do pouso, então sem mais vítimas civis além dos passageiros, embora mais de quarenta soldados tenham sido mortos defendendo o país. Os militares criaram um perímetro de segurança bloqueando as entradas ao aeroporto internacional de Tóquio, e o governo declarou estado de emergência. Peritos já estão investigando os motivos por trás do ataque. Temos a informação, também, de que houve uma perseguição pela Kampachi-dori Ave a alguns dos terroristas, eles usaram um ônibus para fugir e o abandonaram depois que um helicóptero da SFG o atingiu. Os invasores permanecem desaparecidos e procurados, quem tiver informações ou suspeitas sobre o paradeiro dos terroristas pode e deve ligar imediatamente para o grupo de forças especiais utilizando o número "004", quem não o fizer poderá ser julgado como cúmplice ou integrante do grupo a depender da situação. E para os empresários, lamentamos informar que estações de trem, aeroportos e rodoviárias estão fechadas, e o trânsito pelo país está temporariamente proibido. Agora são 8:30 da manhã, voltamos depois do intervalo com mais informações. —

— "...Agora fudeu. Se o estado estiver em alerta... Caralho!... Eles tem uma desculpa pra usar tanques..." —  Max pensou, quase em voz alta, suando frio. Afinal, diferente do Equador, o Japão é um país um pouco mais complexo no que diz respeito a catástrofes, Max pensava que ao menos estariam seguros de armamentos pesados dentro de cidades, por questões públicas, mas agora... Agora o país inteiro havia se tornado uma zona de guerra, e não existia mais segurança... Ao menos foi isso que ele pensou.

O garoto fechou os olhos logo em seguida buscando ouvir o mais longe que pudesse, e para seu desespero haviam vários helicópteros voando não muito distante dali, e também podia-se escutar sons mecânicos de veículos pesados, estes estavam longe. Ao abrir os olhos pode ver jatos passando rapidamente, estavam patrulhando a área.

Maxwell

Se tinha uma frase que descrevia bem a nossa situação, essa frase era "sem saída", tínhamos literalmente um país inteiro nos perseguindo, mas diferente do Equador agora tinham a vantagem de nos perseguir como se fossemos terroristas invasores. Estávamos indo de mal à pior.

Apertei as mãos no volante e relaxei minha cabeça sobre o mesmo, então Harry começou a falar comigo.

*Inglês*  — Max, se liga nisso. O Pablo não teve nenhuma sensação quando fez aqueles espinhos, eu acho que as sensações que alguns de nós temos pode ser devido às coisas que conseguimos manipular ou algo assim. Então talvez não tenha sido o Pablo que fez os espinhos de aço e concreto, ou talvez tenha sido, mas nesse caso os poderes dele não seriam unilaterais como os da Mia ou do~... Aí, 'cê tá bem? —  Ele perguntou depois de uma animada explicação.

*Inglês*  — Sim, claro. Só que o país está em estado de alerta por causa de terroristas invasores. —

*Inglês*  — Sério?! Eles invadiram por onde? Quando? —  Harry perguntou demonstrando grande interesse.

*Inglês*  — Deixa eu ver... Eles invadiram pelo aeroporto internacional de Tóquio essa madrugada e fugiram de lá usando um ônibus. —  Falei em tom sarcástico.

*Inglês*  — Os terroristas... S~Somos nós?! —  Harry perguntou coberto por nervosismo.

*Inglês*  — Sim, nós somos a porra de um grupo terrorista. —  Respondi demonstrando irritação.

*Inglês*  — T~Tá... E como a gente vai sair dessa? Nem veículo a gente tem... —

*Inglês*  — Eu tô pensando... Mas tá foda, viu... — Falei irritado.

*Inglês*  — Olha só, é melhor resolvermos isso logo... Eu não quero andar uns 500 Km a pé... —

*Inglês*  — HAHA! E você quer o quê?! Que Deus mande uma porra de um ônibus sem gente inocente pra abordar?! Não, na verdade só o ônibus aparecer com as vias de trânsito bloqueadas já seria um milagre! —  Falei isso em um tom provocativo, e no mesmo momento um ônibus cinza de dois andares, com janelas com fumês blackout, inclusive na janelas frontais grandes na parte de cima e vários kanjis chamativos ao seu redor, estacionou de maneira apressada ao nosso lado, e dele saiu apenas o motorista correndo em direção ao banheiro, segurando as calças na parte de trás como se estivesse prestes a soltar uma grande carga, rápido demais para desligar o ônibus.

*Inglês*  — Conveniência da porra... —  Falei com um sorriso de surpresa, quase rindo.

*Inglês*  — Vou acordar a Mia. —  Disse Harry dando um leve tapinha em meu ombro.

Deixamos o caminhão e entramos no ônibus, o mesmo estava vazio, as cadeiras estavam com grandes sacos cobrindo-as e estava com cheiro de novo.

O grupo se acomodou nas confortáveis cadeiras de um ônibus de viagens longas depois de removerem os sacos. Mia ainda sonolenta se sentou na parte da frente do andar de cima à esquerda, e Yan à direita, ambos com a visão da janela frontal. Todas as janelas tinham insufilm blackout então não daria para velos naquela posição.

Harry contou à Mia e Yan sobre as notícias, ambos chegaram à ficar pálidos. Depois de um tempo eles se recomporam e ficaram tensos, pensativos. Sem esboçar nenhuma reação além do medo estampado no olhar.

Fui até o banco do motorista, onde havia um celular preto, sem marca, com um aplicativo de GPS traçando uma rota para Osaka, passando por Nagoia. E na frente do celular tinha um bilhete com a seguinte mensagem escrita em inglês: "Do seu anjo da guarda, Sr. Rodrigues"na frente, e "Senha:12022020" no verso.

Aquilo que foi literalmente uma confirmação sem precedentes das minhas teorias... Havia alguém influente nos ajudando, mas quem? E porquê?. Algo me dizia que logo essas perguntas seriam respondidas, mas o importante agora era sobreviver até lá, então apenas comecei a dirigir, e não dei essas informações a mais ninguém... Não sabia até onde era seguro saber daquele sujeito.

.

.

.

Algumas horas depois

.

.

.

Estávamos passando por Nagoia, os pedágios pelos quais passamos pareciam desligados, facilitando nossa passagem. Os jatos e helicópteros que passaram por nós simplesmente nos ignoraram. E o grupo aproveitou a viagem com uma longa partida de UNO. As ruas de Nagoia estavam vazias, assim como as rodovias que rodamos, parecia uma cidade deserta, podia-se ouvir apenas o som do vento nas proximidades, e os altos prédios de Nagoia tornavam o clima quase "pós-apocalíptico".

*Inglês*  — Esse lugar dá calafrios... —  Yan comentou.

*Inglês*  — Assustador... —  Eu disse.

Continuamos nosso caminho por mais algumas horas na rodovia "Chuo expy", até que finalmente chegamos em Osaka, foi um longo caminho até lá, mas conseguimos sem qualquer conflito, pelo menos na estrada do posto até a cidade. Estacionamos perto de um estádio de futebol, longe do centro da cidade.

*Inglês*  — O que você está fazendo? Porque parou? —  Harry questionou.

*Inglês*  — Vamos a pé a partir daqui. Estacionar dentro da cidade seria muito problemático. —  Eu disse.

*Inglês*  — Faz sentido... Se eu não me engano o Aki disse que mora em um prédio preto e vermelho, perto do "Tenmangu Shinre", um templo aí... —

*Inglês*  — Bom, o GPS tá marcando um prédio perto desse templo pelo que eu estou vendo aqui, então a gente não deve ter problemas para achar o lugar. —

*Inglês*  — Sei... E quão distante esse lugar fica daqui...? —

*Inglês*  — Fica tranquilo Harry, são só uns 20 quilômetros. a gente aproveita e vê o quão rápido a gente consegue correr. —

*Inglês*  — "SÓ"... —  Harry comentou irritado.

*Inglês*  — Ahh tá com 'medinho de perder peso? —  Perguntei o provocando.

*Inglês*  — Cala boca... "Bollocks", eu mereço... —  Ele disse frustrado enquanto subia para avisar os outros.

Um tempo depois Mia desceu, já descansada e me perguntou  — Você tem certeza que é uma boa ideia ir a pé? Ninguém vai morrer de cansaço não? —

— Se a impossibilidade de alguém morrer de cansaço vier à tona, a gente carrega. —  Eu respondi.

— Hum, tá bom, mas você que carrega. —  Ela disse em um tom brincalhão.

— Haha! Certo, pode deixar. —

Todos saímos do ônibus trazendo as mochilas, eu com a das armas, Mia com as minhas roupas e Yan com a comida e água. Eu nos guiaria até a casa do Aki, já eu estava com o celular e o Aki por ser muito novo não sabia chegar até a própria casa sozinho, pelo menos não de tão longe.

Eu fiz um sinal para que me acompanhassem e comecei a correr, fui um pouco devagar nos primeiros minutos para ver como o grupo se saía. Como eles pareciam estar se segurando para não sair disparado eu decidi acelerar, e para nossa surpresa fomos tão rápidos quanto um carro.

Osaka, assim como Nagoia, parecia completamente deserta sem uma alma viva andando pelas calçadas, nem carros rodando pelas ruas, deixando um sentimento angustiante tomar os ventos que corriam pelos quarteirões.

Assim, após o momento que começamos a correr pra valer, chegamos no prédio onde Aki morava com pouco menos de vinte minutos.

*Japonês*  — MINHA CASA! Nós chegamos! —  Aki gritou e chorou de alegria ao ver seu humilde apartamento da rua por onde chegamos.

*Japonês*  — Certo, em qual andar você mora Aki? —  Mia perguntou

*Japonês*  — No nono andar, aquela é minha varanda. —  Aki respondeu apontando para uma varanda na parte esquerda do prédio.

Nós tentamos entrar, mas estava fechado, o interfone não estava funcionando e não podíamos correr o risco de ligar para os pais de Aki, pelo menos não de um celular qualquer. Então eu pedi que me esperassem um pouco e, logo em seguida, comecei a escalar o prédio pelo lado de fora, pulando de sacada em sacada até chegar no nono andar. Todos ficaram espasmados com meu feito.

As portas de correr da varanda estavam fechadas, ao seu lado, estava uma máquina de lavar roupas com dois varaus dobráveis dobrados e postos atrás. O apartamento mal emitia algum som, e quando abri as portas pude sentir um cheiro não muito agradável vindo de dentro do lugar. Eu já tinha escutado ínfimas vozes e batimentos cardíacos de lá, então sabia que haviam pessoas.

O apartamento estava escuro, o lugar por onde entrei dava para uma sala, com um sofá de frente para uma televisão, duas portas ao fundo, uma simples de madeira e a outra igual, mas com uma placa escrito "Akinho" pendurada na frente.

No canto da sala, próximo da bancada da televisão, haviam paredes criando o espaço de um cômodo, que julguei ser o banheiro.

No canto oposto, onde era cozinha, estava uma mesa com dois copos de água, e sentados nas cadeiras haviam duas figuras, magras e de cabelos pretos, um homem e uma mulher. Eles se levantaram e se aproximaram de mim.

O apartamento:

*Japonês*  — Quem é você?! Como chegou aqui? —  O homem perguntou nervoso, apontando uma faca para mim.

*Japonês*  — Calma, eu não vóu máchucár vocês... Eu estou aqui por causa do Aki... —  Eu disse me aproximando, com as mãos para frente.

*Japonês*  — Do Akinho? ELE ESTÁ MORTO SEU FILHO DA PUTA! Sai da minha casa antes que eu~! —  O homem questionou muito irritado avançando em cima de mim.

*Japonês*  — Se acalmar... Eu não fiz nada com ele. Seu filho está vivo, e bem. —  Interrompi o segurando.

*Japonês*  — Como é que você me diz uma coisa dessas nesse estado, assassino?! O QUE VOCÊ QUER?! COMO EU SEI QUE VOCÊ NÃO É UM DAQUELES TERRORISTAS?! —  Ele perguntou tentando se soltar, caindo em prantos.

*Japonês*  — Eu só viim devolvier o Aki pra voucês, mais nada. Ele está lá embaixo esperando vocês... —  Eu disse em um tom manso, soltando-o.

*Japonês*  — I~Impossível... —  Ele disse junto da mulher, tentando segurar a desconfiança sobre mim, enquanto corriam em direção a varanda. Ao notarem que Aki estava lá embaixo, quase se jogaram.

Ambos saíram correndo o máximo que podiam, disparado pelos corredores e escadas do prédio, até tomarem vista da saída frente a rua, e saírem aos bambeios, quase caindo entre pés tortos e descrentes. Afinal, dois pais haviam finalmente se reencontrado com seu filho.

*Japonês*  — FILHO!... Você está vivo... —  Ambos soltaram, trêmulos, abraçando Aki, que retribuiu o carinho.

*Japonês*  — Sim, papai. Sim, mamãe. Eu estou bem... S~Senti muita saudade de vocês... —  Aki disse, com os olhos lacrimejando. Mas... Pareceu forçar o gaguejo?

Fiquei feliz ao ver aquele casal desmanchar ao ver Aki. Pareceu que despojaram de um peso que os esmagava há tempos, e não havia qualquer alívio para descansarem. Já Aki parecia feliz, como eu o conheci... exatamente como o conheci. De certa forma, isso foi estranho, mas não o conhecia, e de modo igual, não estava interessado em saber porque daquela reação, afinal, cada um é... Bom, cada um. Independente de qualquer coisa, não deixou de me incomodar, mas também, não caberia a mim resolver... Fiquei mais tranquilo ao saber que não era o único que pensava assim.

— Até que enfim... Não esperava tanta calma vinda do Aki, mas... Pelo menos agora, eles estão juntos de novo, e podem voltar a ser o que eram desse jeito. —  Mia disse, com uma voz deprimida e decepcionada. Soube naquele instante que, independente do motivo, Aki deveria se resolver com sua família.

— É... Não dá pra negar. —  Respondi num tom mais agradável, tentando desfazer o clima ruim que havia se instaurado.

Tririririm

Triririm

Triririririm

O celular tocou de repente, com um número já salvo "Anjo da guarda". Eu atendi.

*Inglês*  — Esta é uma mensagem gravada e sem repetição. Olá, Sr. Rodrigues, creio que nós já nos conhecemos. Você é esperto, já deve ter percebido as conveniências no seu caminho até agora, e se não quiser perdê-las, peço que vá sozinho ao castelo de Osaka hoje à noite, entre 23:00 e 2:00. Caso contrário pode se considerar morto, e seus amigos também. Mensagem finalizada. —

— "Essa voz... Hynder?!" —  Me questionei surpreso, e assim, toda a magia daquele momento acabou, me fazendo voltar ao meu eu agressivo... Merda...


<--To be continued...

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