˗ˏ THIRTY THREE.
O aniversário de Maisha seria na manhã seguinte e eu não tinha forças e nem vontade de sair da cama. Claro, por ela eu colocaria a porra de um sorriso no rosto e fingiria que tudo estava as mil maravilhas, porque ela não precisava pagar o pato pelas minhas merdas, e Mai já tava passando por merda demais por causa da puta da Sawako. Ainda assim... Passei dois dias inteiramente querendo sumir, simplesmente desaparecer pela merda toda que eu tinha feito.
Fodi com tudo, sim, isso não era novidade pra ninguém. E me arrependia tanto que parecia que isso ia acabar me matando uma hora ou outra.
Wakasa não me respondia, não atendia quando eu ligava, nem mesmo tinha aparecido nesses dois dias. Era como se eu nunca tivesse existido na vida dele, e eu não o podia julgar por fazer isso, já que eu tinha causado toda essa merda...
E, ah, que merda. Doía tanto que parecia que alguém tinha morrido, e que eu era a culpada pela morte dessa pessoa. Aliás, eu realmente era a culpada, tinha literalmente destruído a única coisinha boa que já tinha acontecido comigo.
No fim das contas, fiz com Wakasa o que Yuzuki fez comigo. Só que pior, mil vezes pior, porque parecia que eu o tinha usado de todas as formas possíveis e depois o chutado, e mesmo que não fosse nada disso e ele soubesse, Wakasa não ia me perdoar. Sabia que ele jamais ia me perdoar, vi isso em seus olhos. Porque eu podia fazer a merda que fosse, mas ele não ia aceitar que eu tivesse vergonha de admitir o que sentia por ele na frente de todo mundo. Ele não ia aceitar que eu tivesse colocado a porra de uma gangue acima do que sentia por ele.
E ele não estava errado em não querer mais olhar na minha cara. Mas saber disso não fazia parar de doer...
E doía pra caramba.
-Azumi?- Saori estava batendo na minha porta e eu apenas bufei, afundando o rosto contra o travesseiro. Eu só queria ficar ali e morrer. -Azumi, você precisa vir aqui. Agora.
Foi a urgência na voz dela que me fez levantar correndo, o coração batendo forte na garganta. Será que Wakasa tinha vindo conversar comigo? Será que eu poderia resolver as coisas entre nós, será que ele me daria mais uma chance? Eu faria valer a pena, eu faria qualquer coisa pra acertar tudo entre nós. Qualquer coisa.
Mas não era Wakasa que estava sentado no meu sofá, olhando para a sala como se tivesse em um esgoto, o claro nojo estampado no rosto.
Era minha mãe.
E aí sim meu coração bateu ainda mais forte dentro do peito.
-O que você está fazendo aqui? Como achou a gente? - eu sibilei, preparada para agredir a mulher na minha frente, mas Saori me agarrou com força. -O que você que?
-Ora, Azumi. Sempre soube onde vocês tinham se enfiado.- ela disse, arqueando a sobrancelha. -Deixei que ficassem com essa palhaçada por tempo demais. Mas agora, já chega. Vão voltar para casa.
Eu ri com sarcasmo, tentando dar um chute nela, mas Saori me puxou com ainda mais força e eu chiei.
-O caralho que vamos voltar! Pode pegar esse seu traseiro e dar o fora!- eu gritei. Minha mãe abriu um sorriso cruel, e antes mesmo de falar, sabia que ela já tinha vencido.
-Bem, você ainda não fez dezoito anos.- ela disse, arqueando a sobrancelha, deixando as mãos caírem no colo e entrelaçando lentamente os dedos. -E esse tal de Hidetaka está escondendo duas menores de idade aqui na propriedade dele. Imagina só! Sequestraram minhas filhas! Uma pena que ele vá ficar tanto tempo preso, não?
-Sua vagabunda!- eu gritei com raiva, sabendo que ela estava certa; se minha mãe abrisse a porra da boca, ia foder muito toda essa situação. Ela apenas sorriu, porque sabia que tinha vencido.
-Ah, para com isso, Azumi.- ela falou, se levantando e estendendo algo para mim. -Sua vó morreu. A empresa dela tá no seu nome. Ela queria que vocêassukisse a presidência. Metade pra você, metade pra Saori quando ela completar dezoito. Mas você, Azumi, segundo o que sua vó queria, só vai poder assumir a presidência depois que fizer dezoito anos e depois que fizer um treinamento na Alemanha, dura um mês. Se não fizer, não vai assumir nada, e quem vai controlar tudo é seu pai. Como eu e ele estamos nos separando, quero que ele se foda. Então, o que me resta é você pra tirar tudo dele.
Não escutei nada do que ela disse; parei de escutar quando falou "sua vó morreu", sentindo meus olhos se encherem de lágrimas e meu peito doer.
-Você vai voltar pra casa. Já chega disso, dessa rebeldia toda. Vocês duas. Vão ficar no devido lugar. E depois, quando tiverem idade o suficiente, podem fazer o que quiserem com essa merda de vida.
Eu nem mesmo a vi ir embora depois qus Saori arrancou o envelope das mãos dela. O testamento da nossa vó.
Eu tava cagando pra essas coisas.
Tudo o que consegu fazer foi cair no chão e chorar.
Chorar, porque tinha perdido mais uma pessoa, e dessa vez nada que eu fizesse ia trazer ela de volta.
Chorar, porque tudo tava virando de cabeça pra baixo na minha vida, e su não sabia como colocar as coisas no lugar.
Chorar, porque era a única opção boa e a única coisa que tinha me restado.
Saori se ajoelhou ao meu lado, me abraçando com força, e eu agarrei minha irmã. Ela não tinha passado tanto tempo com nossa vó, mas eu tinha. Eu tinha, e eu a amava. Ela era minha mãe e minha melhor amiga, e agora, eu não tinha nada.
E era bem verdade aquilo que dinheiro não comprava felicidade nenhuma.
Porque de que adiantava eu me tornar dona da porra de uma empresa se meu coração era apenas um buraco negro e vazio?
Maisha tava com o cenho franzido, o canudo do milk-shake parado dentro da boca. Já eu, tava cutucando o meu sem muita vontade de beber.
-Espera aí. - ela disse, depois que contei tudo pra ela. Depois que me acalmei o suficiente pra contar tudo pra ela. Ela piscou os olhos. -Você é rica?
Revirei os olhos.
-Não. Minha vó era rica. Meus pais são dois merdas. E eu me fodi.- retruquei e ela revirou os olhos.
-Você vai pra porra da Alemanha, que merda! - ela disse, me chutando por baixo da mesa, e eu chiei.
-Ai, Maisha! Mas que caralho! Eu nem quero ir pra essa porra e nem sei se vou!- eu reclamei.
-E vai deixar seu pai ficar com que é seu? Ah, meu amor, você vai pra essa merda sim. - ela disse e eu bufei, massageando minha canela.
-Que se foda isso tudo.- eu reclmaei, piscando os olhos para afastar as lágrimas. -Minha vó morreu, fodi com tudo o que tinha com Wakasa, mas que merda, será que não tem como as coisas melhorarem só um pouco.
Maisha não disse nada antes de se levantar e se sentar ao meu lado, me abraçando com toda força e carinho so mundo. Dentro dos braços da minha melhor amiga, me permiti chorar mais uma vez naquele dia.
E eu sabia muito bem o que eu tinha que fazer.
Não só por Wakasa.
Não só por Maisha e toda a humilhação que ela tinha passado.
Mas por mim mesma também.
Eu ia acabar com aquela história.
E ia parar de me esconder atrás de máscaras.
Eu sabia exatamente o que Sawako queria quando nos fez ir caçar briga com a Black Dragons. Era um teste, um teste para mim. Ela queria me humilhar também, queria que eu provasse meu valor pra ela. Que eu fosse uma cadelinha pau mandado.
Bem, eu estava cansada de seguir ordens de uma vadia nojenta.
Diferente do que eu pensava, o pau não começou a comer instantaneamente. Todos pareciam estar esperando por palavras de Sawako, inclusive os membros da Black Dragons.
Wakasa estava ali, claro. Ele nem mesmo olhou na minha direção, aquela expressão entediada no rosto, como se não estivesse nem ai para tudo o que tinha acontecido.
Já eu, era bem óbvio que tinha passado a porra do dia inteirinho chorando, e isso só me fazia querer pular do alto de uma ponte.
-Você gosta de uma briga, hein. - Shinichiro disse paea Sawako, dando um sorriso para ela. -Tô achando que você ama perder.
Sawako riu.
-Vim aqui pra gente acabar de vez com nossos problemas, dragãozinho. Vamos definir hoje, de uma vez por todas, quem é a melhor gangue.- Sawako declarou, um sorriso crescendo em seus lábios. -Vamos fazer de forma justa. Manda seu melhor e eu mando o meu.
Wakasa nem esperou Shinichiro falar algo antes de dar um passo a frente. Nós dois sabiamos muito bem o que Sawako estava fazendo, e eu sabia muito bem que não tava sendo testada só por Sawako.
Wakasa queria saber até onde eu iria com aquilo tudo.
Se eu seria capaz de lutar com ele só pra...
-Azumi.- Sawako me chamou, se virando para fixar os olhos em mim.
Apenas olhei para ela, sem me mexer.
Apenas olhei para a vadia do caralho que tinha humilhado e chutado minha melhor amiga para fora da Black Goshawk.
Olhei para Sawako, para a desgraçada que tava tentando fazer com que as coisas entre mim e Wakasa ficassem piores.
Ainda assim, dei um passo a frente. Parei diante de Wakasa, olhando seus olhos roxos. Apesar de sua expressão calma, a decepção dele era extremamente óbvia em seus olhos.
Eu pisquei meus olhos para afastar as lágrimas.
E tombei a cabeça para trás, olhando para o céu antes de rir.
-Você é uma puta escrota, Sawako. - eu soltei, e o silêncio que se seguiu foi ensurdescedor. Ninguém ousou respirar, então, me virei, cravando os olhos nela. -O que você quer de mim, hein?
-Que porra é essa, Azumi? Meio óbvio o que eu quero. Que você venca essa luta!- ela rosnou.
-Não vou bater nele.- falei calmamente, tentando não surtar.
-Quê?
Bom, foda se a calma.
-Falei que não vou bater nele, tá surda, sua puta?- gritei em alto e bom som. -Você quer um desenho, sua vagabunda? Tá bom, vou desenhar pra você! Melhor, vou explicar bonitinho! Sou apaixonada por ele, e você sabe muito bem disso, só queria saber se eu ia escolher a Black Goshawk ou Wakasa. Pois é. Errei uma vez, não vou errar de novo. Pega sua gangue e enfia no meio do seu cú, Sawako!
Arranquei a jaqueta, atirando com força contra ela.
-E isso aqui é pelo que fez com a Maisha.
Não pensei nem mesmo duas vezes antes de fechar o punho e chocar contra a bochecha de Sawako. Puta otária e fraca, caiu no chão com tudo, cuspindo sangue.
Finalmente me senti feliz com alguma coisa.
Claro que minha felicidade durou bem pouco quando Gohan chutou meu estômago, com tanta força que cai de costas no asfalto. Não tive tempo de me mexer; ele já tava em cima de mim, me agarrando pela camiseta e socando meu rosto com força.
Sabia que Gohan só ia parar quando eu tivesse muito bem morta, tive certeza absoluta disso. Ele quebrou meu nariz e eu gritei, e ele continuou me socando e socando, meu rosto tava cheio de sangue, eu tava cuspindo sangue, e Gohan não parou.
Porra.
Bom, pelo menos eu ia morrer.
Uma vitória!
Mas, então, ele saiu de cima de mim. E quando escutei ele gritar de dor, percebi que tinham tirado ele de cima de mim.
Claro que tinha sido Wakasa, quebrando o braço do vice líder da Black Goshawk.
-Mas que caralho. - Satoru disse, claramente desesperado, do meu lado, me pegando em seus braços. Eu gemi de dor, cuspindo mais sangue do que achei ser possível.
Apenas olhei Wakasa antes de Satoru me jogar dentro do carro de Bulma para ir embora antes que alguém tentasse me matar de vez.
E só pelo olhar dele, eu sabia que não tinha sido suficiente.
E nada do que eu fizesse seria o suficiente pra ter ele de volta.
E isso doía muito mais do que meu nariz quebrado.
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