˗ˏ THIRTY FOUR.
─ Porra, por que vocês sempre se metem em merda?─ Perguntei, mais para mim do que para a garota que gemia de dor e xingava toda minha família enquanto eu tentava arrumar um jeito de concertar seu nariz, mesmo não sendo médica ou qualquer porra assim.
Mordi os lábios, aproximando mais uma vez o pano ensopado de álcool dos lábios cortados de Zuzu. Porra, o nariz dela ia ficar com Deus do jeito que as coisas estavam indo. A garota gritou comigo, me xingando.
─ Cala a boca, caralho!─ Gritou Satoru, claramente nervoso, assim como Bul-bul que estava no celular desde que jogou Azumi no meu sofá, com certeza tentando limpar a barra da Zuzu de qualquer merda que ela tenha feito.
Ave Maria, não sei quando esses porras começaram a agir como se eu fosse a curandeira milagrosa, mas tá repreendido, não sei nem cuidar de mim, imagina dos outros. Ergui a minha cabeça, tentando ver se Sakura já chegou. Caralho, aquela porra de passadinha no mercado tá demorando uma vida e a Azumi precisava de analgésicos agora!
─ Nossa, Zuzu, você foi uma filha da puta, tá me escutando? Uma filha da puta!─ Torci o nariz para Satoru que acabara de chutar o pé da mesa de centro. Aquela merda custava o rim de nós dois, se ele quebrasse aquela merda, eu mesma o mataria.
─ Você quer mesmo falar sobre isso agora? Tipo, agora?─ Gritou Zuzu, dando um tapa na minha mão, o que me fez chiar. Ela fitou Satoru com raiva.─ A porra do meu nariz tá quebrado e você quer discutir comigo?
A garota tava toda fodida mas parecia muito perto de voar no pescoço de Satoru que pareceu ficar mil vezes mais puto. E de novo, chutou a porra da mesa de centro.
─ Tá legal, já chega.─ Soltei, empurrando os ombros da Azumi para o sofá. Ela gemeu. O corpo dela tava tão dolorido que um toque doía. Porra, não sei qual foi o caminhão que passou por cima dela mas... É, ele fez um trabalho bem feito.─ Tá todo mundo bem fodido pra ficar brigando que nem dois carratarentos malditos. Então, assim, o que rolou?
Satoru me lançou um olhar tão furioso que franzi o cenho, pronta pra jogar Zuzu na sua frente caso viesse vir me dar porrada.
─ O que rolou?─ Ele se virou para Azumi, colocando as mãos nos joelhos e se abaixando levemente para ficar na altura dos olhos da garota.─ Que porra foi aquela, Azumi? Você fodeu com todo mundo!
─ Só eu me fodi! Agora, para de ser um dramático pra porra, seu merdinha! Quem tá com a porra do nariz quebrado sou eu e esse problema é só meu!
Foi Bul-bul que se aproximou, parecendo ainda mais puta que Satoru, quando falou:
─ Problema só seu? Não sei que caralha de piada é essa mas pode ir parando, sua desgraçada!─ Pisquei os olhos, recuando um passo. Se esses porras continuarem com aquela palhaçada de falar tudo e falar nada, eu ia jogar aquele pano cheio de álcool na cara dele de um.─ Você é uma puta egoísta do caralho! Porra! Como você mete a mão na cara daquela maldita puta e depois me manda uma graça dessas? Por acaso, esqueceu que somos a merda de uma família e que se um se fode, todo mundo automaticamente se fode também? Caralho, Azumi, qual é a porra do seu problema?
Zuzu ficou quieta, até encolheu os ombros. Parece que ser chamada de vadia egoísta não é mais apelido e muito menos engraçado. Porra, eu não sirvo pra ser a única sensata nessa caralha, cadê Saori e o Kira? Pelo menos, eles iam fazer todo mundo calar a boca na base do grito.
─ Tá legal. Que tal todo mundo calar a porra da boca e ficar tudo quietinho no seu canto?─ Satoru e Bul-bul me olharam como se eu tivesse acabado de falar algo absurdo. Balancei as mãos, dispensando o que quer que eles fossem falar.─ A Zuzu tá toda fodida e eu nem sei como vou dar um jeito nessa porra de nariz quebrado, se querem ficar putos, fiquem putinhos quietinhos.
Por fim milagre, os cretinos obedeceram meus pedidos e foram para a cozinha. Espero que Satoru não acabe com a porra do depósito inteiro com aquela mania de merda de comer quando tá muito puto.
Estalei a língua, olhando para Azumi.
─ Eai, vai me dizer o que rolou ou vai pagar de demente?
─ O que você acha desse?─ Soltei, me virando deixando de fitar meu reflexo no espelho, tentando descobrir se aquela cor combinava comigo ou não. O garoto deitado em minha cama, me olhou e não disse nada. Nem no minuto que passou. E muito menos no outro. Aquele silêncio estava começando a incomodar, principalmente quando Shinichiro estava me olhando como se eu fosse a porra de uma deusa. Bem, não é como se eu não fosse mas....
─ Shinichiro.─ Eu o chamei. Ele piscou os olhos, fechando sua boca que havia se abrido levemente enquanto mantinha toda sua atenção em mim. Eu dei uma pequena volta em torno da minha pessoa, sorrindo.─ O que você acha desse?
─ Você tá...─ Ele não chegou a completar sua frase, foi interrompido por Sakura que adentrava no quarto. A senhora lançou um breve olhar para Shinichiro e sorriu como o próprio sol quando me olhou.
─ Feliz dezoito anos, querida.─ Ela disse, me dando um abraço apertado que fiquei feliz em retribuir. Com rapidez, a senhora se afastou e estendeu um copo cheio de remédios que não hesitei em engolir. Sakura deu tapinhas no meu ombro.─ Se arrumando para a festa em cima da hora?
Balancei a cabeça, sentindo uma leve dormência na minha língua, um dos efeitos instantâneos do remédio. O lado bom era que logo passaria.
─ É bom você tomar mais uma dose dos remédios se for beber hoje.─ Ela disse. E ela estava certa. Não sei como mas eu ficava mais propícia a tacar fogo em alguma coisa quando enchia a cara, os remédios conseguiam me controlar mas como parei de tomá-los por um tempinho, não sei como eles vão me ajudar hoje.
─ Os últimos dias foi uma loucura. Mal consegui arrumar as coisas da festa, foi mamãe que deu conta de tudo.─ Falei, recuando um passo e abrindo os braços.─ O que acha?
Sakura me analisou, quer dizer analisou como o biquíni azul-petróleo que beirava o preto ficava em meu corpo e então, assentiu. Sorri, animada para ela.
─ Viu, Shinichiro, é assim que se dá uma opinião.─ Falei, me virando para o garoto que balançou a cabeça, ainda parecendo hipnotizado. Pelo amor de Deus... Me joguei na cama ao lado dele, começando a ter preguiça de procurar roupas para vestir por cima do biquíni. Shinichiro não demorou muito para me puxar, beijando meu ombro desnudo, uma carícia inocente.
─ Seu namorado?─ Perguntou Sakura, se curvando de leve para pegar uma jaqueta jogada no chão. Era de couro, mas sem ser vermelha ou escritas em dourado, ou seja, era simplesmente sem graça, mas a única que eu poderia ter agora que fui expulsa da Black Goshawk.
Shinichiro ficou quieto, querendo saber minha resposta. Eu apenas ri, sacudindo minha cabeça.
─ Quase isso.─ Respondi. Sakura sorriu e saiu do quarto sem dizer mais nada. Shinichiro beliscou minha cintura.
─ Quase isso, é?─ Ele disse. Me virei para ele, me ajoelhando no colchão e meus cotovelos se apoiando nos ombros do garoto, meus dedos adentraram em seus cabelos escuros, os puxando levemente.
─ Não ouvi nenhum pedido.─ Falei. O observei rir e deixar que sua cabeça caísse entre meus seios. Continuei acariciando seus cabelos.
─ Por que os remédios?─ Pisquei os olhos, um pouco surpresa com sua pergunta.
─ Se chama piromania. Os médicos disseram que ninguém sabe a origem mas os gatilhos são emoções muito fortes, tipo, quando eu tô muito puta com alguma coisa e simplesmente faço fogo alto pra extravasar. Por isso, os remédios controlados.
Shinichiro ficou em silêncio por um tempo.
─ Wakasa tá bem mal por causa da sua amiga.
Soltei uma risada com seu murmúrio. Dei um tapa em sua nuca, vendo ele erguer a cabeça para fitar meus olhos.
─ Relaxa, qualquer coisa a gente prende os dois em um canto no clube e os deixa ou se matar ou se pegar.
Shinichiro riu.
─ Vai forçá-los a fazerem as pazes?
─ Vou sim, tô de saco cheio deles ficarem nessa de "eu gosto de você, mas você foi uma filha da puta comigo então vou fingir que não te enxergo pelo resto da vida".─ Falei, dando de ombros. Errada eu não tava.
─ Que coisinha mais perversa.─ Torci o nariz com o apelido e belisquei um dos braços de Shinichiro que chiou em resposta.
Satoru me empurrou pela milésima vez e eu respirei fundo, tentando não afogar aquele desgraçado na piscina mais próxima. Porra, eu não tinha um minuto de sossego naquela porra nem mesmo no meu aniversário? Lancei um olhar para ele, dizendo que na próxima eu realmente ia arrancar seu pinto com os dentes e guiei o canuco que alguém, Saori, colocou no drink maluco que o Kira fez. Nem é dez da manhã mas o cretino parecia tá em Dubai pelo jeito que tentava dar uma de Pequena Sereia na piscina infantil do clube.
Meu pai do céu, não entendo a necessidade que esse povo tem de passar vergonha. Azumi riu de Kira quando ele pareceu se afogar por uns segundos. A demônia já estava melhor. Certo que seu nariz tava cheio de atadura e ela parecia meio dopada por conta dos analgésicos misturados com a bebida.
─ Vai, Maimai, fala aí, cadê seu namorado?─ Fingir demência, é isso que eu tava fazendo toda vez que alguém me perguntava sobre Shinichiro, o que aconteceu umas vinte vezes desde que me encontrei com aqueles merdinhas na frente do clube.
Suspirei. Ao meu lado, Bul-bul tava com óculos de sol na cara e nem ao menos disfarçava que tava dormindo enquanto tentava se bronzear. É como dizem, puta não consegue não ser puta nem por um segundo.
Minha mãe era péssima, mas ela fez um bom trabalho em encher os refrigeradores do lugar com bebidas de todos os tipos, incluindo refrigerante e alguns sucos. Isso porque nem falei das carnes que estavam sendo assadas por Raijin. Ela realmente cumpriu o que disse quando falou que fecharia o clube por uma semana, então piscinas, churrasqueiras e campos de futebol livres por uma semana.
Enfim, é tão bom ser rica.
─ Deixa ela, Satoru. Uma hora, o garoto aparece.─ Miwa disse, se jogando na espreguiçadeira do meu lado. Satoru estalou a língua, empurrando levemente a perna da garota de cabelos escuros.
─ Calada.─ Ele chiou. E espreitou os olhos na minha direção.─ Ele vai trazer o loiro, não é?
Dei de ombros, desviando o olhar para Azumi que agora se focava em chutar Kira que continuava nadando na piscina infantil, mesmo sendo um imbecil de quase dezenove anos. Não demorou nem um segundo para que meu celular tocasse. Só precisei murmurar um sim para que Shinichiro surgisse nos portões que davam entrada para a área das piscinas.
Wakasa estava ao seu lado, vestindo uma camisa sem mangas e bermuda jeans, um pouco parecido com seu amigo Keizo que vestia uma camisa vinho. Sorri para eles.
─ A Zuzu vai te matar.─ Falou Satoru, risonho. Dei de ombros para ele e o entreguei o drink estranho da Saori, antes de praticamente correr até eles, me jogando nos braços de Shinichiro que chegou a rir.
─ Isso tudo é saudade?─ Ele perguntou, recebendo um peteleco na ponta do nariz como resposta. Sorri para Wakasa e Keizo.
─ Muito legal que vocês vieram.─ Me virei, apontando para Raijin que ainda tentava assar as carnes e Saori que preparava as bebidas quase com profissionalismo.─ Tem o que comer e beber, é só pedir. Ah, a Saori pode dar refrigerante e suco, caso não bebam.
Os dois não disseram nada, apenas balançaram a cabeça. Meu sorriso se alargou e puxei Shinichiro, analisando rapidamente a camisa preta que vestia, combinando perfeitamente com meu biquíni.
─ Bora aproveitar o meu aniversário, gelzinho!
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