˗ˏ FOURTY TWO.
─ A gente podia fugir.─ Falei, meus olhos presos no teto. Azumi franziu o cenho por um momento, um pouco confusa mas riu, chutando levemente minha canela.
─ E a gente ia pra onde, maluca?
─ Eles são nada, mas pelo menos, nossos pais são ricos. É tão fácil pegar um dinheiro e simplesmente sumir.─ Falei, olhando para ela que não me disse nada.
─ A gente não pode.
─ E por quê não?
Azumi revirou os olhos, parecendo entediada e me chamar de tonta em silêncio.
─ Você deixaria o Shinichiro?
Pisquei os olhos, antes de fechá-los. Mordi meus lábios, sentindo a dúvida inundar meu coração como nada nunca havia feito. Dúvida e repulsa de mim mesma, pois eu sabia muito bem qual seria minha resposta e quão horrorosa ela ia ser.
─ Vamos lá, Azumi! Somos açores, não nascemos para ficar assim, presas nisso tudo.─ Me sentei no chão, a fitando com esperança.─ A gente podia ir só por um tempo. Só para pensar e ficar longe.
─ Você não me respondeu.─ Ela disse, inclinando levemente a cabeça para o lado.─ Deixaria o Shinichiro ou não?
Respirei fundo.
─ Shinichiro é bom, seria fácil amar ele.─ Encolhi os ombros.─ Sim, eu deixaria.─ Lhe dei um sorriso culpado.─ Parece que somos almas gêmeas mesmo. Duas egoístas.
Meu rosto estava um pouco inchado por conta do choro, mas eu estava melhor. Azumi havia saído, tínhamos ficado em um silêncio estranho depois de lhe dar uma resposta e eu não a julgava. Na verdade, estava muito perto de me jogar das escadas.
Droga, era tão complicado aquilo tudo. Não era segredo que eu estava inegavelmente apaixonada pelo Shinichiro, mas, com certeza, muitos discordariam disso só por eu dizer que o deixaria para ser livre, voar para longe da pressão e das cordas em volta do meu pescoço que meus pais puxavam sempre cada vez mais como se eu não fosse uma humana com sentimentos.
Me sentei nos degraus. Meu estômago roncava, mas eu não queria comer, não tinha forçar para isso, só queria continuar quieta, apenas existindo por mais algumas horas. Com certeza, Sakura chegaria em algum momento.
Encostei minha cabeça nos meus joelhos. Então, ouvi batidas. Ah, Sakura. Só foi pensar nela que ela aparece. Sorri para mim mesma. Comer alguma coisa dela iria melhor meu dia em 100%.
Não demorou muito para que eu corresse até a porta principal, abrindo a porta sem pensar duas vezes. E lentamente meu sorriso sorriu ao me deparar com ele.
Gohan inclinou a cabeça para o lado, apoiando um braço no batente da porta. Seus olhos vermelhos deixavam bem claro que ele tava sob efeito daquelas merdas alucinógenas que tomava.
─ Oi.
─ Oi.─ Apertei a maçaneta mais forte e já comecei a fechar a porta da mais mais lenta que eu conseguia enquanto disfarçava, sorrindo leve na sua direção. Gohan piscou os olhos, analisando meu rosto e então esticou uma mão e tocou minha bochecha com as pontas dos dedos.
Foi necessário muito para não recuar um passo.
─ Quer dar uma volta?
─ Não.─ Respondi, rápido.─ Tenho umas coisas para resolver, não posso sair agora.
─ Ah, qual é, você é um açor. Açores não ficam presos a não ser que queiram ficar.
Abri minha boca, pronta para mandá-lo tomar no cú por ousar dizer alguma merda dessas para mim quando ele tinha sido o responsável da minha saída da gangue. Ele que foi falar pra irmã cadela dele que eu estava com Shinichiro. Ele que foi meter a mão na Azumi só porque ela bateu naquela puta da irmã dele, Sawako mereceu aquele maldito soco!
─ Vamos, Maisha. Sawako quer falar com você.
─ Olha, quer saber de uma coisa? Que se foda a Sawako, quero mais que ela morra e nunca mais apareça na minha frente.
Gohan sorriu e em um piscar de olhos, o babaca estava agarrando meu pulso, impedindo que eu fechasse a porra. Torci o nariz para ele e não pensei duas vezes em acertá-lo com um soco no rosto.
Gohan cambeloou para longe, tropeçando por conta das drogas e do meu soco. Ele tocou no rosto. Sua cara de cú foi muito boa quando viu que seu nariz estava sangrando.
─ Vai tomar no meio do seu cú, boa tarde.─ Fechei a porta.
Miwa riu da minha cara e Raijin continuou quieto no seu canto, consertando motos e gritando com alguma graça para cima de mim. Obrigado, Sawako, continue fazendo com que todos esqueçam quem eu sou e o que eu faço quando sou provocada. Que ela não me venha bancar a surtada quando simplesmente eu for lá e foder todo mundo da Black Goshawk.
─ Relaxa, o Gohan é assim mesmo.─ Tentou me tranquilizar a garota, me empurrando levemente com o ombro.
─ Eu sei que ele é assim. Só achei estranho ele vir atrás de mim.─ Enfiei uma mão dentro do salgadinho e me ocupei em triturar aquelas coisinhas de formato estrela com os dentes.
─ Sei lá, vai que ele só queria relembrar os velhos tempos.
Revirei os olhos com tanta força que minha cabeça doeu. Pro inferno aqueles velhos tempos, eu era uma garota burra que tinha acabado de terminar um namoro fodido e o Gohan era um desgraçado. A gente deu umas bitocas e talvez ele tenha ficado madrugadas dentro do meu quarto comigo. Mas era só aquilo, beijos e uma mão boba. E quem terminou essa fase tenebrosa da minha vida foi o Gohan. Motivo? Sua irmã não queria que ele ficasse com uma vadia sem coração como eu.
Ah. Ótimo. Ótimo. Ótimo. Qualquer dias desses, vai ser eu que vai meter a mão na fuça daquela vaca ignorante.
─ Ei, dá uma relaxada ou vão pensar que você vai me matar.─ Miwa soltou, dando uma risadinha que me fez encolher os ombros e enfiar mais salgadinho na minha boca.
Pisquei os olhos. Um silêncio confortável durou enquanto eu me focava em observar Miwa realizar contas e mais contas no pequeno pedaço de papel que tirou do cú dela.
─ Ah, parece que eu esqueci de te falar.─ Ela disse, ainda focada em escrever no papel.─ Descobri um negócio bem foda.
─ O quê?─ Soltei de boca cheia mesmo. Miwa não se importou com os farelos que caíram na sua roupa.
─ O Satoru, parece que ele tava fodendo com a Sawako.
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