˗ˏ EIGHTEEN.
O dia amanheceu nublado, o que não melhorava em nada minha situação. Meu nariz estava entupido após eu ter voltado para casa debaixo de chuva, certo foi meio que uma imbecilidade ter voltado para casa tão tarde mas me distraí com as cantadas ruins e os relatos de todos os foras que Shinichiro recebeu, além de ter ficado beijando aquele idiota até que meus lábios estivessem vermelhos o suficiente e um pouco dormentes demais. Suspirei, sacudindo levemente a cabeça ao me lembrar do sorriso imbecil que o garoto me lançou quando simplesmente joguei uma jaqueta nele e exigi que ele viesse me devolver hoje.
─ Querida, já acordada?─ Pisquei meus olhos, tirando minhas mãos das cortinas e me virando para fitar a mulher ruiva. Porra, ela não deveria ter ido embora?
─ Oi, mãe, pensei que tava no Estados Unidos.─ Falei, abrindo um sorriso falso enquanto me sentava na minha cama, pronta pra me encolher nos lençóis e fingir que eu não existia, só até alguém da Black Goshawk mandar mensagem.
Eu a observei dar de ombros, passando uma mão por seus fios cor de cobre e balançar a outra mão como se estivesse afastando um mosquito.
─ Eu ia, mas aquela chuva fez o vôo cancelar então só amanhã de manhã.─ Explicou rapidamente. Balancei a cabeça, concordando. Ótimo, mais um dia com aquela mulher ali.─ Bom, de toda a forma, se levante, Han e seu filho estão vindo.
Franzi o cenho, tentando me lembrar quem era Ran e seu filho quando uma imagem cruzou minha mente. Uma mulher de longos cabelos pretos e olhos verdes ao lado de um garoto da minha idade que tinha os mesmos olhos verdes.
Soltei um gemido, afundando meu rosto no meu travesseiro, esperando que talvez aquilo me matasse e me livrasse do castigo que seria olhar pra cara de Junpei depois de tudo que aquele cretino fez comigo por simoelsmente achar incrível enganar garotas que caem no seu papo de merda.
─ Esteja lá embaixo em quinze minutos e é uma ordem, Maisha.─ Ela disse, por fim. Revirei os olhos, bufando irritadiça.
Ótimo, já não bastava estar com a porra do nariz entupido, agora tenho que aturar um babaca cretino e sua mãezinha!
Meu Deus, eu tinha esquecido o quanto odiava gente rica! Me encolhi no sofá, depois de me enfiar em um suéter vermelho que não deixava meu nariz se passar como despercebido e sim, tinha completa noção dos olhares da minha mãe. Ela claramente não tinha gostado nem um pouco das minhas roupas que consistiam naquele suéter horroroso que usei em um Natal muito distante e uma calça legging preta, além das meias brancas com chamas costuradas. Tá legal, eu tava ridícula, mas estava frio e não tinha a porra da obrigação de ficar bonita pra gente que eu não gosto.
Junpei tinha aquele sorriso de cobra que já me fazia querer meter a mão na minha cara só por ter considerado aquele sorriso bonito em algum momento. Caralho, minha eu de quinze anos era uma puta imbecil.
─ Meu Deus, Maisha! Você está enorme! Faz tanto tempo que eu não a vejo!─ Soltou Han, gentil e mentirosa. Ela sempre me via saindo de casa e só voltando quando o outro dia já estava chegando, ainda tinha a audácia de me chamar de puta toda vez que passo por sua casa.
Até posso ser puta, mas pelo menos eu assumia isso ao contrário dela e do filho bastardo que agora me fitava como se eu fosse a porra de um pedaço de carne.
Cretino babaca, ele tem sorte que nunca nos encontramos pelas ruas, porque eu já teria arrebentado dele!
Minha mãe tossiu, chamando minha atenção e me trazendo de volta pra realidade. Pisquei os olhos, abrindo um sorriso que era o reflexo daquela piranha siliconizada.
─ Obrigado, Senhora Han. Creio que a última vez que a vi foi quando fez a cirurgia.
─ Que cirurgia?─ Perguntou minha mãe, virando-se para mim. Continuei a sorrir quando inclinei o queixo na direção dos seios da mulher.
─ Imagino que seu marido tenha gostado.
Ela me olhou com tanto ódio que eu pude apenas balançar os ombros de forma completamente inocente enquanto minha mãe começava a pressionar para saber mais sobre a colocação dos silicones. Aproveitei a chance para sair daquela palhaçada e ir roubar os restos do café-da-manhã que Sakura fez. Me sentei no corredor perto da cozinha, mordendo um pão cheio de queijo enquanto tirava meu celular do único bolso que havia no meu suéter.
Não haviam muitas mensagens. Só Bul-bul...
"E aí, o que rolou? Deu certo com o cara do gel?"
"BORA MAI SUA PUTA"
"APAREÇA SUA VACA EU QUERO SABER O QUE ROLOU"
"MAAAAAAAAAAAAAAAAAAISHAAAAA"
"FALE LOGO ANTES QUE EU MORRA!"
Soltei uma risada. Tá legal, acho que Bulma me conhecia bem demais pra saber que eu não ia levar uma criança até em casa de graça, apesar que ter feito a mesma coisa com Keisuke e Draken enquanto ela levava Pah-chin e Mitsuya no seu carro para suas respectivas casas.
"Para de ser assim e a puta aqui é você >:'("
"E sim rolou tudo nos conformes"
"o gelzinho beija bem pra caralho! mas tipo KKKKKKKKKKKKKK foi o primeiro beijo do tadinho"
Não demorou muito para Bulma mandar uma mensagem em resposta, o que me fez estranhar, afinal ela costumava virar a noite só escutando música no quarto dela e pintando as unhas de inúmeras cores.
"PORRA ISSO É SERIO??????"
"meu deus maisha vofe acabou com a inofencia de uma criança!!!!"
"ele ainda nem viu nada ;)"
─ Você continua a mesma vadia.
Reprimi minha vontade de soltar um grito quando ouvi a voz tão próxima de seu ouvido e não pensei duas vezes em meter um socão na cara do babaca do Junpei. Soltei uma risada, me afastando e me levantando bem longe daquele otário. O idiota tinha uma mão no nariz, tentando conter o sangramento.
Soltei uma risada.
─ É, continuo sendo uma vadia, mas pelo menos, você não fode mais essa vadia.
Ele riu, me lançando um olhar repleto de ódio.
─ Você vai se arrepender disso, vadia.
Ops, talvez estava na hora de fazer meu apelido ser ouvido mais uma vez pelas ruas.
Passei um braço pelos ombros de Baji, andando pelas ruas com passos firmes e pisoteando poças d'água enquanto os céus acima de nós apenas ficavam cada vez mais dominados por nuvens que só aguardavam o momento certo pra despejar toda sua fúria em nós. Gatinha Marie parecia meio confuso e eu não o julgava, não era todo dia que ele ia me ver sem minha jaqueta dos Black Goshawk e vestindo um suéter ridículo vermelho mas é o que todo mundo ia ter de mim hoje e o resto que lidasse com isso.
─ O que vamo fazer?─ Soltou o garoto quando finalmente paramos em frente a uma casa bonita para um caralho com um belo carro estacionado.
─ Você sabia que eu já tive um namorado?─ Perguntei, começando a andar em direção do automóvel, me agachando ao lado do retrovisor para analisar minha aparência. Tá legal, eu não estava tão péssima agora.─ Tinha uns quinze anos quando conheci ele e ele era tão perfeito, porra. Dois anos mais velho, educado pra porra e lindo pra caralho. Não sei como mas quando vi, eu tava namorando com ele, tão apaixonada. Mas, aí as coisas mudaram.
─ Mudaram?─ O pirralho perguntou. E eu balancei a cabeça, confirmando.
─ Ele começou a me tratar como se eu fosse uma cadela. Se a porra do dia amanhecesse chovendo, a culpa era minha. O babaca tava de saco cheio de mim e eu nem sabia o porquê. Mas eu descobri.
─ Ele tava te traindo?─ Perguntou Baji. Sorri.
─ Não, ele é quem tava traindo a esposa comigo.─ Falei, soltando uma pequena risada.─ Hoje, ele veio soltar umas gracinhas para mim e eu não gostei.
─ A gente vai meter porrada nele?─ Perguntou Baji, eu sabia que aquela era a maior vontade dele mas, ah, meter porrada no babaca não seria tão legal quanto aquilo que estávamos prestes a fazer.
─ Não...─ Murmurei, talvez um pouco breve demais enquanto enfiava uma mão dentro do bolso do meu suéter e tirava uma isqueiro de lá.
Baji não precisou que eu dissesse mais nada quando gesticulei, mandando ele se aproximar. O pequeno cretino nem esperou um sinal antes de meter o cotovelo na janela do carro, quebrando-a quase que instaneamente. O alarme soou e não me incomodei em desligá-lo, eu queria que aquele porra visse.
A porta da casa bonitinha se abriu. E Junpei saltou para fora, claramente desesperado e tudo piorou quando ele me viu. Sorri, jogando o isqueiro já aceso dentro do carro. Não demorou muito para o automóvel estar em chamas.
─ Me chama de vadia denovo e o próximo é a sua casa.
Baji riu, começando a correr e eu o segui, ignorando os gritos de Junpei. Ele que fosse pra puta que pariu! Pra bem longe de mim!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro