* ˚ ✦ CAPÍTULO 11
OBRIGADO BASILISCO
PENELOPE CLEARWATER, MADAME Nora, Justin Finch-Fletchley, Nick Quase Sem Cabeça, Colin Creevey, Dahlia Diggory, Hermione Granger... todos haviam se tornado vítimas do monstro da Câmara Secreta, seus corpos petrificados como estátuas frias e silenciosas, presas em um momento de terror. O pânico crescia por Hogwarts como uma sombra sufocante, os corredores que antes ressoavam com risos agora envoltos em sussurros inquietos e olhares apreensivos. Cada novo ataque deixava a escola mais tensa, e a lista de vítimas só fazia aumentar o medo.
Neville Longbottom vivia em um estado de terror constante. Ele mal conseguia dormir, acordando a cada barulho estranho no dormitório, a cada rangido nas tábuas do chão. Seus amuletos de proteção, antes uma fonte de conforto, agora pareciam insignificantes, como se fossem apenas bijuterias sem poder algum. Ele havia enchido os bolsos com dentes de alho e ervas de proteção, mas nada era capaz de acalmar o turbilhão de ansiedade que se acumulava dentro dele. Nem mesmo os professores ou os amigos conseguiam convencê-lo de que ele estava seguro. O próprio fantasma da Grifinória, Nick Quase Sem Cabeça, estava petrificado, uma visão assombrosa que abalava qualquer sensação de segurança. Se até um fantasma, alguém que já estava morto, podia ser afetado, o que diria dele, um garoto desajeitado que sempre parecia estar no lugar errado na hora errada?
Neville sentia seu coração bater forte no peito todas as vezes que passava pela Ala Hospitalar, onde as vítimas estavam dispostas em fileiras, imóveis e pálidas. Ele passava os olhos por cada rosto petrificado, procurando sinais de vida, qualquer coisa que mostrasse que estavam apenas dormindo, mas só encontrava expressões de pavor congeladas para sempre. E como Nick Quase Sem Cabeça seria curado? O fantasma não poderia tomar a poção de mandrágora como os outros, e isso era algo que ninguém sabia como resolver.
Cedrico Diggory, por sua vez, estava sendo consumido pela preocupação. O peso de ver sua irmã mais nova, Dahlia, deitada ali, inerte, era uma tortura constante. Ele a visitava todos os dias, sentando-se ao lado de sua cama e segurando sua mão gelada, desejando que, de alguma forma, ela pudesse sentir sua presença e saber que ele estava ali. Ele se lembrava de como ela corria pelos corredores, cheia de energia e risos, sempre pronta para uma aventura. Agora, ela era apenas uma sombra do que fora, seus olhos vidrados e sem vida, e Cedrico sentia que cada respiração sua era um esforço doloroso, como se o ar estivesse preso em seus pulmões.
A ansiedade o corroía dia após dia. Ele passava os intervalos vagando pelos corredores, evitando os olhares preocupados de seus colegas e professores. Cada vez que via o banco vazio de Dahlia no Salão Principal, sentia uma pontada de dor, um lembrete cruel de que ela não estava ali. Ele queria que o ano terminasse logo, que tudo isso fosse apenas um pesadelo distante. Cedrico não se importava com as provas, com os campeonatos de Quadribol, nem mesmo com as advertências dos professores. Seu único desejo era que Dahlia acordasse, que seus olhos voltassem a brilhar com aquela alegria travessa, e que ele pudesse, enfim, respirar aliviado, sem o medo constante de perder sua irmã para sempre.
A atmosfera em Hogwarts estava mais tensa e sombria do que nunca, e o peso dos acontecimentos recentes tornava cada dia mais insuportável. A ausência de Dahlia Diggory era um lembrete doloroso de que algo terrível estava acontecendo. A escola, que antes vibrava com sua energia e suas travessuras constantes, agora parecia sufocada pelo silêncio. Sem os risos e brincadeiras de Dahlia, os corredores estavam vazios de alegria, e até as aulas pareciam mais pesadas e difíceis de suportar.
O afastamento de Dumbledore pelo conselho de educação foi o golpe final para muitos alunos, que viam nele a única esperança de proteção contra os ataques. Sem o diretor para guiá-los, o pânico se espalhava como um incêndio incontrolável. E, como se as coisas não pudessem piorar, Hagrid, o guardião das chaves e amigo leal, foi injustamente enviado para Azkaban, acusado de ter aberto a Câmara Secreta anos atrás. Para muitos, especialmente aqueles que o conheciam bem, a ideia de que Hagrid poderia ser responsável por todo aquele caos era absurda, mas a ausência dele só servia para aumentar o medo e a sensação de abandono.
Enquanto Neville vivia cada dia com o coração na garganta, temendo ser o próximo a ser atacado, dois alunos destemidos decidiram que era hora de acabar com aquele pesadelo. Harry Potter e Rony Weasley, movidos por uma coragem quase inconsequente, assumiram a responsabilidade de resolver os mistérios da Câmara Secreta. A escola inteira os via como loucos por se arriscarem, mas Harry e Rony sabiam que não poderiam simplesmente esperar e torcer para que o próximo ataque não fosse contra alguém que amavam.
Os dois entraram na Câmara Secreta com uma coragem que poucos poderiam entender. No fundo do sombrio e úmido salão subterrâneo, eles se depararam com a verdade aterradora: a responsável por todos os ataques não era um aluno sinistro, mas Gina Weasley, a irmã mais nova de Rony. A garota estava sob a influência maligna de um diário encantado, um artefato que pertencia a ninguém menos que Tom Marvolo Riddle, o jovem Voldemort. As revelações foram um choque não apenas para Rony, que nunca poderia imaginar que sua irmãzinha estivesse envolvida, mas também para Harry, que viu o rosto de Voldemort jovem se formar na sua frente, trazendo à tona lembranças terríveis do passado.
Apesar de todos os riscos e perigos, Harry conseguiu destruir o diário e, com isso, libertar Gina da influência sombria que a dominava. Ainda que ela quase tivesse causado tragédias irreversíveis, inclusive colocando a vida de seu primo e irmão em perigo, a vitória sobre o basilisco trouxe um alívio imenso. No meio de tanto caos, algo bom saiu da Câmara Secreta. O herói autoproclamado, o Professor Gilderoy Lockhart, que tanto alardeava suas supostas façanhas, tentou roubar a glória de Harry e Rony e apagar suas memórias para que não houvesse testemunhas de sua covardia. Mas o plano deu terrivelmente errado quando ele usou a varinha quebrada de Rony. O feitiço ricocheteou e acertou o próprio Lockhart, apagando suas memórias e deixando-o completamente desnorteado.
Transformado em uma versão ainda mais confusa e desorientada de si mesmo, Lockhart foi levado à Ala Hospitalar, onde murmurava histórias que nem ele parecia acreditar. Sem suas memórias, ele se tornou uma figura tragicômica, um lembrete de que a vaidade e a mentira têm um preço alto. Para Harry e Rony, o incidente foi mais uma prova de que a verdadeira coragem não está nas histórias que contamos sobre nós mesmos, mas nos atos que realizamos, especialmente quando ninguém está olhando.
Com o monstro finalmente derrotado, Dumbledore foi reintegrado à escola, e Hagrid, para a alegria de muitos, foi libertado de Azkaban.
A poção de mandrágora foi administrada e a primeira a acordar foi Dahlia, sentindo seus músculos enrijecidos voltarem ao normal.
A poção de mandrágora finalmente havia sido administrada e, um a um, os alunos petrificados começaram a acordar, seus corpos lentamente voltando à vida como se tivessem despertado de um longo e estranho pesadelo. Dahlia Diggory foi a primeira a abrir os olhos, sentindo seus músculos antes rígidos e frios começarem a responder novamente. A sensação era estranha, como se cada parte de seu corpo estivesse se lembrando de como se mover.
━ Puxa, finalmente livre! ━ a menina exclamou com um misto de alívio e excitação. ━ Finalmente livre da minha cabeça oca.
Ela olhou ao redor, piscando contra as luzes da enfermaria, enquanto Madame Pomfrey, sempre atenciosa, lhe oferecia um copo de água para aliviar a garganta seca e rouca.
━ Bem-vinda de volta, senhorita Diggory. ━ disse Madame Pomfrey, com um sorriso de ternura que raramente se via.
━ Obrigada, Papoula... é bom estar de volta. ━ respondeu Dahlia, com um sorriso cansado.
Ela olhou ao redor e viu outros alunos despertando lentamente, ainda se ajustando ao fato de que o pesadelo havia acabado. Foi então que avistou Hermione Granger, sentada em sua cama, parecendo ligeiramente atordoada. A loira franziu a testa ao ver a amiga e, com alguma dificuldade, levantou-se da cama e mancou até a garota de cabelos espessos e encaracolados.
━ Mione! ━ exclamou Dahlia, estendendo os braços e puxando Hermione para um abraço apertado.
━ Dahlia! Você está bem? Sentimos muito a sua falta. ━ disse Hermione, com a voz embargada pela emoção, abraçando-a com força.
━ Estou melhor, mas preciso aprender a andar de novo. ━ respondeu Dahlia, soltando uma risada nervosa, embora a expressão de saudade nos olhos das duas fosse inconfundível.
As duas amigas se encararam, e por um breve momento, o mundo ao redor desapareceu. Seus sorrisos eram doces e sinceros, transbordando a alegria de estarem juntas novamente. No entanto, o momento foi interrompido por passos firmes e conhecidos. Dahlia se virou e seu coração deu um salto ao ver a figura imponente de seu professor preferido ━ e talvez seu maior desafio ━ Severus Snape, parado na porta, com a costumeira expressão severa no rosto.
━ Olá, professor Snape. Sentiu minha falta? ━ provocou Dahlia, com aquele brilho travesso nos olhos que só ela conseguia.
Snape permaneceu em silêncio, sua expressão de sempre, dura e impassível. Mas Dahlia conhecia aquele homem bem demais para se deixar abater pela máscara de indiferença.
━ Ah, vamos lá, morcegão... admita que sentiu minha falta, pelo menos só um pouquinho? ━ insistiu ela, aproximando-se um pouco mais.
Snape arqueou uma sobrancelha, os lábios se curvando em uma linha tênue, sem trair nenhuma emoção aparente.
━ Nunca tive tanto silêncio na sala de poções quanto na sua ausência. ━ respondeu ele finalmente, a voz grave e carregada de sarcasmo.
Dahlia soltou uma gargalhada, algo raro naquele ambiente que ainda se recuperava de tantas emoções.
━ Bom, era muito silenciosa, mas nada emocionante sem sua aluna preferida. ━ retrucou ela, cruzando os braços de maneira desafiadora.
━ Não houve tantas detenções. ━ disse Snape, desviando o olhar como se aquilo fosse um alívio imensurável.
━ E qual a graça nisso? ━ replicou Dahlia, com um sorriso divertido.
Snape continuou a encará-la, mas algo em seu olhar parecia suavizar por um breve instante, quase imperceptível para qualquer um que não o conhecesse como ela. Dahlia sabia que, mesmo que ele nunca admitisse, sua presença trazia uma certa cor aos dias sombrios do mestre das poções.
━ Bem, eu também senti sua falta, Severus. ━ disse ela, sua voz inesperadamente suave e sincera.
Snape, como de costume, não respondeu. Mas em algum lugar por trás da fachada fria e dos olhares calculados, algo no olhar do professor parecia se aquecer, mesmo que apenas por um segundo. E isso foi o suficiente para Dahlia saber que, no fundo, sua presença fazia a diferença, até mesmo para o homem que se orgulhava de nunca demonstrar afeto.
Contrariando as ordens de Madame Pomfrey, Dahlia Diggory saiu da enfermaria sem olhar para trás. Suas pernas ainda estavam bambas, mas ela não se importava. Precisava sentir o ar do castelo, precisava ver os corredores movimentados, ouvir as conversas e risadas que tanto sentira falta.
Enquanto se apressava pelos corredores, quase tropeçando nos próprios pés pela excitação de estar de volta, Dahlia virou uma esquina apressada e colidiu de frente com seus dois primos favoritos: Fred e George Weasley.
━ Dahlia!? ━ George exclamou, surpreso, quase derrubando o que segurava.
Ela sorriu de orelha a orelha e fez uma reverência exagerada, no estilo dramático que os gêmeos tanto apreciavam.
━ Ao seu dispor, senhorito. ━ respondeu com um tom divertido, fazendo os gêmeos caírem na risada.
━ Veja bem, nossa pirralha finalmente acordou! ━ Fred exclamou, sem esconder a felicidade. Ele rapidamente a puxou para um abraço apertado e, em segundos, George se juntou a eles, envolvendo a prima entre eles.
━ Achei que você tinha decidido tirar uma longa soneca só para fugir dos deveres de casa. ━ brincou George, apertando os ombros de Dahlia.
━ É, sabe como é, dormir por meses pareceu uma boa desculpa para evitar a última prova de Poções. ━ respondeu Dahlia, rindo e se afastando deles.
━ Estamos tão felizes que você voltou, Dahlia. O castelo estava muito chato sem você. ━ disse Fred, piscando. ━ E mais silencioso do que gostaríamos, sem suas artimanhas para rivalizar com as nossas.
━ Falando em travessuras, esperamos que tenha trazido boas ideias de volta do seu longo cochilo. ━ George acrescentou, batendo levemente no ombro dela.
Dahlia soltou uma risada, sentindo-se aquecida pelo carinho dos primos. Eles eram sua família em todos os sentidos, e nada a fazia sentir-se mais em casa do que estar com eles. No entanto, algo ainda a incomodava, uma sensação de urgência que não conseguia ignorar.
━ Vocês sabem que sempre estou pronta para uma boa confusão, mas agora... preciso encontrar alguém. ━ disse ela, sua expressão tornando-se um pouco mais séria.
Fred arqueou uma sobrancelha, curioso.
━ Alguém? E quem poderia ser mais importante do que seus primos geniais? ━ perguntou, fingindo-se ofendido.
━ Não vá nos dizer que se apaixonou enquanto estava petrificada, isso é dramático até para você! ━ George acrescentou, com um sorriso maroto.
━ Não se preocupem, vocês ainda são meus favoritos. ━ Dahlia deu um sorriso travesso, mas havia um brilho nos olhos dela, uma determinação que os gêmeos reconheceram imediatamente.
Fred e George trocaram olhares rápidos, captando a seriedade na voz da prima, mesmo quando ela tentava disfarçar com seu humor habitual.
━ Quem é a pobre alma que você precisa encontrar? ━ perguntou Fred, mais interessado agora, inclinando a cabeça.
━ Vamos apenas dizer que é alguém que eu preciso ver. Alguém que também fez falta. ━ respondeu Dahlia, evitando dar nomes, mas os gêmeos sabiam que, quando ela colocava algo na cabeça, nada a fazia mudar de ideia.
George deu de ombros, ainda sorrindo.
━ Então vá logo, pirralha. E se precisar de ajuda para qualquer coisa, você sabe onde nos encontrar. ━ disse ele, dando um tapinha amistoso na cabeça de Dahlia.
━ Só não se meta em mais confusão antes de nos avisar, ok? A diversão é melhor quando estamos juntos. ━ Fred completou, piscando.
Dahlia sorriu, grata pelo apoio, e se despediu dos gêmeos com um aceno rápido. Os dois ficaram observando enquanto ela se afastava, já tramando o próximo encontro, onde certamente estariam metidos em alguma travessura novamente. Mas naquele momento, Dahlia tinha um destino em mente e, pela primeira vez desde que acordara, sentiu que finalmente estava voltando ao seu lugar no mundo.
Dahlia seguiu seu coração, guiada pela conexão que sempre teve com ele, e subiu os degraus da Torre de Astronomia. Cada passo ecoava pelo corredor vazio, seu coração batendo mais rápido a cada passo. Quando chegou ao topo, o ar frio da noite envolveu-a, mas a visão à sua frente fez tudo valer a pena. Lá estava ele, com seu suéter azul favorito, as bochechas rosadas pelo frio e os cabelos castanhos bagunçados pelo vento. Ele estava apoiado na amurada, olhando para o céu, perdido em pensamentos.
━ Cedrico! ━ gritou Dahlia, a voz embargada de emoção. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto enquanto corria em direção ao irmão.
Cedrico virou-se, surpreso, seus olhos se arregalando ao ver a irmã. Por um momento, ele ficou paralisado, como se não acreditasse no que via. Mas então, um sorriso genuíno e cheio de alívio tomou conta de seu rosto, iluminando-o de um jeito que não acontecia há muito tempo.
━ Dahlia... ━ ele murmurou, a voz falhando enquanto abria os braços para ela. ━ Você… você está bem!
Dahlia não hesitou. Ela correu para os braços de Cedrico, e ele a envolveu em um abraço apertado, como se precisasse se certificar de que ela era real. O toque do irmão trouxe uma sensação de segurança que Dahlia nem sabia que sentia tanta falta. Cedrico a segurava com força, como se pudesse protegê-la de tudo o que havia acontecido, como se pudesse apagar os dias de angústia que vivera sem ela.
━ Eu achei que nunca mais ia ver você abrir esses olhos de novo. ━ disse Cedrico, com a voz embargada. Ele se afastou apenas o suficiente para olhar para o rosto de Dahlia, enxugando as lágrimas dela com as pontas dos dedos, ainda incapaz de acreditar que ela estava ali, viva e bem.
━ Eu estou aqui, Ced. Eu estou aqui agora. ━ respondeu Dahlia, sorrindo em meio às lágrimas, enquanto segurava as mãos dele. ━ Senti tanto a sua falta... não tem ideia de como.
━ Dahlia, eu... eu pensei que te perderia. ━ Cedrico disse, sua voz trêmula enquanto ele olhava nos olhos da irmã. ━ Eu ficava pensando no que poderia ter feito para te proteger, no que poderia ter feito diferente...
━ Ei, você não tem culpa de nada. Você estava lá, mesmo quando eu não estava. ━ Dahlia o interrompeu, apertando as mãos dele. ━ Você sempre esteve comigo, Ced. Sempre.
Cedrico respirou fundo, segurando o rosto da irmã entre as mãos, tentando guardar aquele momento. Ele queria dizer tantas coisas, mas as palavras simplesmente não pareciam suficientes.
━ Eu ficava aqui todas as noites. Pensava que, se olhasse para as estrelas, talvez estivesse mais perto de você, onde quer que estivesse. ━ confessou ele, apontando para o céu.
Dahlia sorriu, tocando o peito do irmão com delicadeza.
━ Eu sentia você, Cedrico. Mesmo petrificada, sentia que você estava comigo. Você nunca me deixou sozinha. ━ disse ela, e a sinceridade em sua voz fez os olhos de Cedrico brilharem de emoção.
Cedrico a puxou para mais um abraço, apertando-a como se temesse que ela pudesse desaparecer novamente.
━ Nunca mais me assusta assim, tá legal? ━ disse ele, a voz um sussurro, com um toque de um pedido desesperado.
━ Prometo. ━ respondeu Dahlia, sorrindo contra o ombro do irmão. ━ Mas, Ced, preciso que prometa também: nada de me proteger do mundo. Vamos enfrentar tudo juntos, como sempre fizemos.
Cedrico assentiu, ainda segurando-a firme.
━ Juntos, sempre. ━ ele respondeu, e, naquele momento, a Torre de Astronomia parecia o lugar mais seguro do mundo.
Eles permaneceram ali por um tempo, em silêncio, simplesmente aproveitando a presença um do outro, com as estrelas como testemunhas do reencontro que tanto haviam esperado. Não importava o que viria a seguir, porque eles estavam juntos novamente, e isso era tudo o que precisavam.
DAHLIA ESTAVA FELIZ O SUFICIENTE por estar de volta, cercada pelos amigos que tanto amava. O retorno à rotina de Hogwarts, mesmo depois de tudo o que acontecera, parecia um sonho bom do qual ela não queria acordar. Seus amigos a receberam de braços abertos, ansiosos para contar tudo o que ela havia perdido durante o tempo em que estava petrificada. Entre sorrisos, abraços e histórias, Dahlia sentiu que, apesar dos momentos difíceis, estar de volta era como voltar para casa.
Os dias passaram, e cada reencontro era um alívio. Ela se maravilhou com as histórias das travessuras que Fred e George tinham feito na sua ausência, riu das fofocas que Luna contava com sua peculiaridade encantadora, e se divertiu com as piadas de Lee Jordan. A vida em Hogwarts continuava, e para Dahlia, isso era tudo o que importava.
Então, um dia, durante um dos jantares no Salão Principal, o som de garfos e conversas foi interrompido por um tilintar de copo. Dumbledore se levantou, com seus olhos cintilando debaixo dos óculos meia-lua, e chamou a atenção de todos.
━ Tenho uma notícia que certamente trará grande alívio a alguns de vocês... e talvez desespero a outros. ━ começou ele, sua voz ressoando calmamente pelo salão.
Os alunos se entreolharam, curiosos.
━ Devido aos recentes eventos que todos nós enfrentamos com tanta coragem, e levando em conta o tempo que muitos de nossos colegas passaram longe de suas atividades, os exames finais deste ano estão oficialmente cancelados.
O Salão explodiu em um coro de comemoração, e Dahlia, que estava sentada entre Fred e George, pulou da cadeira com um grito de alegria, jogando os braços para o alto.
━ Isso sim é um milagre! ━ exclamou ela, batendo palmas, e até Fred e George, que raramente se importavam com exames, riram da animação da prima.
━ Obrigado, basilisco! ━ Fred brincou, piscando para Dahlia.
━ É, essa merece até um brinde com suco de abóbora. ━ George completou, erguendo o copo.
No entanto, enquanto muitos vibravam com a notícia, Hermione Granger, sentada do outro lado da mesa, não compartilhava da mesma empolgação. Ela cruzou os braços e franziu a testa, visivelmente contrariada.
━ Isso é um absurdo! Como vamos aprender se não podemos ser avaliados? ━ reclamou Hermione, claramente frustrada.
Dahlia não pôde deixar de rir ao ver a expressão de desapontamento da amiga. Levantou-se e foi até ela, abraçando-a de lado.
━ Ah, Mione, nem todo mundo é tão obcecado por exames quanto você. ━ brincou Dahlia, mas sua voz era carinhosa.
Hermione suspirou, ainda não convencida, mas não pôde deixar de sorrir ao ver a felicidade estampada no rosto de Dahlia.
━ Eu só queria que tivéssemos mais uma chance de provar o que aprendemos. ━ Hermione insistiu, embora seu tom fosse mais suave agora.
━ Confia na gente, Mione. ━ disse Dahlia, dando uma piscadela. ━ Temos o próximo ano inteirinho para provar que somos brilhantes. Por enquanto, vamos apenas comemorar o fato de que estamos todos juntos novamente.
Hermione bufou, mas não pôde deixar de concordar, mesmo que relutantemente. No fundo, ela sabia que Dahlia estava certa. E ali, no meio do caos, das comemorações e dos abraços, Hogwarts parecia finalmente em paz, pronta para recomeçar.
Depois do anúncio de Dumbledore e da alegria que tomou conta do Salão Principal, os alunos começaram a se dispersar, ainda rindo e comentando sobre os exames cancelados. Dahlia, radiante, decidiu dar uma volta no pátio para se afastar um pouco do barulho e do caos. O ar fresco da noite era um alívio bem-vindo, e ela se encostou na mureta de pedra, olhando para o céu estrelado, contente por estar de volta.
Harry a observou de longe, ainda sentado à mesa da Grifinória. Ele havia passado muito tempo pensando nela durante aquele ano, e agora que ela estava de volta, algo dentro dele parecia diferente. Era como uma mistura estranha de alívio e nervosismo que ele não conseguia explicar. Ele se levantou e, impulsivamente, decidiu ir até ela.
Dahlia sorriu quando o viu se aproximar.
━ Harry! ━ chamou ela, alegremente. ━ Achei que estava no meio da festa.
Harry enfiou as mãos nos bolsos, tentando esconder o nervosismo que sentia sempre que estava perto dela ultimamente. Ele não sabia ao certo o que era, mas a presença de Dahlia o deixava... inquieto, de um jeito bom e confuso ao mesmo tempo.
━ Eu precisava de um pouco de ar. ━ respondeu ele, sorrindo meio sem jeito. ━ Além disso, você sumiu tão rápido que eu quis ver se estava tudo bem.
Dahlia deu de ombros, apoiando-se na mureta com um suspiro satisfeito.
━ Está tudo bem, só queria um momento para pensar... sabe, é muita coisa para processar. ━ disse ela, os olhos vagando pelas estrelas. ━ Eu perdi tanta coisa, mas ao mesmo tempo, parece que nada mudou. É estranho.
Harry assentiu, entendendo o que ela queria dizer. Ele se aproximou e se encostou na mureta ao lado dela, o coração batendo mais rápido do que o normal.
━ Você faz muita falta quando não está por perto, Dahlia. ━ confessou ele, sem olhar diretamente para ela. Ele sentia as bochechas ficarem quentes, uma sensação esquisita que ele não entendia muito bem.
Dahlia riu suavemente, dando-lhe um empurrãozinho de brincadeira.
━ Ah, Harry, você sempre diz isso. Mas eu que o diga! Eu perdi todas as aventuras deste ano... parece que vocês sempre acabam salvando o dia sem mim. ━ disse ela, com uma pontinha de orgulho e uma leve provocação.
Harry sorriu, mas seu olhar permaneceu pensativo. Ele queria responder que as aventuras não tinham a mesma graça sem ela, que ele pensava nela o tempo todo enquanto enfrentavam os perigos, mas não sabia como expressar tudo o que sentia. Era uma confusão de emoções que ele nunca havia experimentado antes.
━ Acho que... é diferente quando você está. ━ ele disse, depois de um tempo, tentando achar as palavras certas. ━ Eu nem sei explicar. Eu só sei que sinto falta de você.
Dahlia olhou para ele, sem perceber a profundidade daquelas palavras. Para ela, Harry era um dos melhores amigos que tinha, e ela valorizava isso mais do que tudo.
━ Eu também senti falta, Harry. ━ respondeu ela, genuína. ━ Mas estamos aqui agora, e isso é o que importa. Mais um ano acabado, e ainda inteiros, de algum jeito.
Harry assentiu, tentando se concentrar nas estrelas para não parecer tão perdido em seus pensamentos. Ele ainda era muito jovem para entender completamente o que estava sentindo, mas sabia que estar perto de Dahlia o fazia se sentir diferente, como se uma peça importante do quebra-cabeça estivesse finalmente no lugar.
━ É... acho que sim. ━ murmurou ele, sorrindo de leve, sem saber que aquele sentimento que o incomodava não era algo ruim, apenas algo novo e complicado, como quase tudo na vida aos doze anos.
O silêncio entre eles era tranquilo, cheio de possibilidades e sem necessidade de explicações. Era apenas um momento simples entre dois amigos que, sem perceber, estavam começando a descobrir um mundo novo de sentimentos e confusões.
Dahlia deu um último olhar para Harry antes de se virar para o castelo, feliz por estar onde deveria estar. Harry ficou ali por mais alguns segundos, olhando para as estrelas, com a sensação de que, mesmo sem entender direito, algo especial estava surgindo.
E assim, com a luz das estrelas iluminando o pátio e o som distante das risadas dos amigos, o segundo ano de Dahlia e Harry chegou ao fim, deixando para trás aventuras, mistérios e um sentimento novo e ainda desconhecido, pronto para ser descoberto nos próximos capítulos de suas vidas.
A bela Adormecida finalmente acordou para a alegria de vocês
Dahlia e Harry são tão fofos 🥰😍💕
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