Domingo à Noite
Um novo dia havia se iniciado, as coisas que aconteceram na festa Red Cup obviamente ficaram para trás pra algumas pessoas enquanto para outras aquela noite ficou marcada em suas vidas de uma forma como se não pudessem escolher quando parar de pensar, Alice teve pesadelos horríveis com o ocorrido, acordou gritando no meio da noite três vezes, nem ela sabe como conseguiu dormir com tudo aquilo, Rebecca se estressou e quase foi ajudar Alice a dormir mas decidiu ficar quieta e suportar os gritos dela durante toda a noite, aquele domingo obviamente estava sendo muito ruim para as duas, mas e para as outras pessoas?
Rebecca se levanta da cama e abre a janela do quarto para entrar um ar enquanto Alice saia do banho naquele instante, o clima estava tenso, as duas não se falavam e não iriam se falar nem tão cedo mas alguém tinha que falar alguma coisa.
– por quê estava na escada ontem? – perguntou Alice escolhendo a roupa.
– ...
Nada foi dito da parte de Rebecca que agora olhava pela janela talvez esperando um milagre, Alice fecha o guarda-roupa com força fazendo Rebecca olhar pra ela no mesmo instante.
– tá louca? – diz Rebecca indo pra cama.
– estou falando com você!
– nem nos gostamos garota...
– por isso mesmo estou falando com você!
– como? – disse Rebecca tirando os olhos do celular e se concentrando em Alice.
– pra deixar o clima aqui menos tenso sabe...
– não tô vendo tensão nenhuma.
– sério Rebecca?
– eu... só não quero falar ok?
– tudo bem... – falou Alice.
O quarto novamente ficou um silêncio, Alice agora se vestia ainda coberta na toalha, um vestido azul escuro casual, Rebecca ainda mantinha os olhos no celular, na cabeça dela as coisas naquele quarto nunca iriam melhorar, Alice sem pensar duas vezes sai do quarto sem dizer mais nada.
Rebecca se levanta e volta novamente para a janela, era de manhã mas já haviam pessoas no campus mais do que na noite passada, alunos chegavam na faculdade para mais um ano letivo, por fim seu celular toca, ela fecha a janela e corre para atender a vídeo chamada do seu irmão Tommy.
– oi! – disse Rebecca sorrindo.
– como foi a festa? – perguntou Tommy que estava sentado na cadeira da cozinha.
– foi bem... quer dizer, teve seus altos e baixos mas eu estou bem.
– não acredito que sua chegada na faculdade foi tão ruim assim!
– como eu disse teve seus altos e baixos.
– tô com saudades Becca...
– final de semana já estou por aí, desculpa por ter que vir mais cedo, não estava aguentando real a mamãe.
– tudo bem, eu entendo... ela é meio complicada as vezes...
– por falar nela, onde ela está? – perguntou Rebecca agora voltando para a janela sem muitos lugares para ir naquele quarto.
– saiu, foi pra casa de alguma amiga dela pelo que eu entendi.
– e o papai?
– está por aqui em algum lugar da casa.
– espero que você aguente a barra por aí até eu voltar.
– vou tentar... – ele respira fundo e olha para o chão.
– o que foi Tommy?
– não sei se posso aguentar isso Becca...
– claro que pode! – disse ela tirando o cabelo do rosto.
– eu... acho que estou apaixonado!
– sério? que maravilha!
– sério? Por quem filho? – disse uma voz no fundo mas Rebecca acabou percebendo que era a voz do seu pai.
Tudo que ela ouviu foi apenas isso até a ligação ser desligada provavelmente pelo Tommy, Rebecca leva seu dedo até a boca e morde ele com um pressentimento meio ruim, ela volta pra sua cama agora desmotivada a querer se levantar.
– que merda!
Laura acorda de bom humor depois de um bom tempo, sua mãe sempre acordava antes dela e de sua irmã pra fazer as coisas dentro da casa, o café, almoço e deixar a casa limpa, as vezes as meninas ajudavam mas era raro.
Laura assim que se acorda vai até o quarto da irmã e a vê dormindo então decide deixar ela em seu lugar, logo depois desce lentamente as escadas e vai pra cozinha quando encontra sua mãe lavando a louça, Laura pega uma cadeira da mesa e se senta enquanto cortava o pão.
– bom dia...
– bom dia filha! – respondeu Aleida sem tirar os olhos da louça.
– tá tudo bem?
– sim... por que não estaria?
– mãe... já conversamos sobre isso.
– isso o que?
– eu e a Sasha já estamos a par dessa situação que nos encontramos, qualquer coisa pode falar com a gente... – dizia Laura agora cortando o queijo.
– o seu pai ligou...
– jura? – perguntou Laura surpresa.
– sim, por que essa surpresa?
– achei que ele estava com medo da gente...
– seu pai? – ela solta uma risada. – seu pai não tem medo de nada filha...
– tem que ter alguma coisa que o deixe mexido mãe...
– não que eu saiba...
– sim... e por qual motivo ele ligou?
– ele vai vir aqui. – disse Aleida agora se virando para a filha.
– quando?
– na sexta...
– mas...
– sim, você vai estar na faculdade e é onde deveria estar, já perdeu a festa de início do ano...
– não deve ter acontecido nada demais nessa festa, já devíamos ter contado a polícia sobre nosso caso! – dizia Laura com raiva.
– seu pai é um homem forte e bastante conhecido, tenho medo que ele tenha comprado os profissionais dessa cidade.
– tá... ele pode ser rico mas pra comprar todos os policiais de Nova Iorque?
– exagerei um pouco...
As duas ficam em silêncio por um tempo, Laura agora terminava de comer seu pão enquanto sua mãe fazia o café, a manhã estava realmente linda, conseguia ouvir os pássaros cantando e estava ensolarado como nunca esteve antes ou talvez seria apenas a imaginação de Laura falando mais alto que a realidade.
– sua mala já está pronta?
– já sim, amanhã bem cedo eu vou pra faculdade...
– você poderia ir hoje a noite.
– tá querendo se livrar de mim? – pergunta Laura sorrindo.
– jamais, é pra você conhecer as coisas por lá, suas colegas de quarto...
– teremos um ano todo dividindo aquele quarto então... acho que podemos nos conhecer nesse tempo, além do mais que hoje a noite vamos jantar juntas lembra?
– ah... tinha me esquecido... – disse Aleida.
– por que esse som de desânimo na voz?
– não estou com dinheiro filha...
– não se preocupa, eu convidei, eu vou pagar... tenho dinheiro guardado do trabalho que fiz durante as férias de verão...
– você é tão especial pra mim... vocês duas!
– assim como você é pra gente!
As duas estavam agora abraçadas no meio da cozinha, uma relação de mãe e filha que cresceu novamente devido ao perigo que as duas sofriam, tudo em um piscar de olhos pode simplesmente mudar, desde uma simples semente no solo, até uma grande árvore com vários frutos, tudo só precisa de tempo...
Alice agora estava sentada na área de lazer dos estudantes da faculdade mexendo no twitter, vendo fofocas e coisas do tipo, de longe ela consegue perceber que Eduardo estava bem de pé no degrau da escada olhando para cima, talvez pensando se deveria subir ou ficar por ali mesmo, Alice deixa o celular de lado e quando ia chamar consegue ver Amber descendo as escadas e segurando na mão dele, os dois caminham até a saída da faculdade sabe-se lá pra onde esses dois foram, mas que ela queria saber... óbvio que ela queria, afinal aquela faculdade andava muito monótona.
Ela então põe o celular em seus seios e os segue, onde eles iriam em plena nove horas da manhã?
Assim que ela sai da faculdade não consegue mais vê-los, agora estava cheio de jovens no meio do campus que se divertiam, falavam com seus amigos e tudo voltou na cabeça dela, o ano passado onde ela tinha amigas verdadeiras que foram transferidas e agora ela estava simplesmente sozinha...
– meio bizarro né? – disse Milena chegando ao seu lado.
– bom... me faz lembrar dos velhos tempos.
– então você gostaria que tudo fosse como antes?
– talvez...
– é... eu também, algumas vezes gostaria de saber o que há de errado comigo, eu nunca consigo manter uma amizade pra sempre.
– mas muitas das vezes quem erra não é você.
– por isso mesmo!
– não tô entendendo... – disse Alice que agora descia os degraus lentamente acompanhando Milena.
– eu deveria errar mais!
– aí não, cancela essa conversa!
– acha que devemos apenas viver sabendo que perdemos a amizade de alguém querido por um erro que não foi nosso?
– eu tô realmente confusa... – dizia Alice olhando para o gramado.
– não quero te encher com meus problemas...
– não tem problema, sou uma ótima ouvinte!
– vamos nos sentar ali... – falou Milena.
As duas seguiram para uma das poucas mesas de piquenique vazias no meio do campus, várias pessoas se abraçando, rindo, conversando enquanto o tempo passava.
– tá afim de sair hoje a noite? – falou Milena rapidamente.
– do nada?
– geralmente os rolês aleatórios são os que mais dão certo...
– e pra onde nós iríamos? – perguntou Alice respirando fundo.
– algum bar...
– beber pra amanhã estudar?
– não imaginei que você era desse tipo... – falou Milena.
– que tipo?
– do tipo certinha.
– eu aparento ser? – pergunta Alice mexendo no cabelo.
– as vezes, quem não te conhece pode até deduzir isso...
Alice olhava agora para os lados e para as árvores vendo se tinha alguém olhando pra ela mas não obteve sucesso...
– eu vou...
– de que horas passo no seu quarto?
– sete... ou oito horas, você decide o horário melhor.
– certo...
As duas agora conversavam sobre a vida assim como qualquer outra pessoa daquele campus sem perceber o horário passar, criticando os pais, decidindo seu próprio futuro, mas talvez seja uma coisa tão fútil planejar algo que esteja tão longe, afinal... eles tinham que aproveitar a vida.
A noite havia chegado, chegou tão rápido que nem deu pra perceber, Alice havia passado a tarde e o restante da manhã com Milena andando pelo campus e etc...
Entrando no quarto tudo estava escuro exceto pela luz do celular da Rebecca que ainda estava deitada na cama.
– garota você não tem vida? – exclamou Alice.
– me deixa... – falou Rebecca cobrindo o rosto.
Alice vai até o guarda-roupa e pega sua toalha e escolhe sua roupa, uma calça preta colada que parecia látex com uma blusa manga longa também preta com brilhos e um salto alto preto, os brincos também eram brilhosos, ela segue para o banheiro e vai se banhar...
O tempo havia se passado e já eram sete horas e meia, Alice era o tipo de pessoa que demorava horas no banheiro então alguém bate na porta, Rebecca tira o cobertor do rosto e se levanta, Alice abre a porta do banheiro ainda enrolada na toalha, Rebecca por fim abre a porta e da de cara com a Milena.
– Milena? – disse Rebecca franzindo a testa.
– oi...
– o que está fazendo aqui?
– se está pensando que eu vim me desculpar está enganada....
– oi Milena! – gritou Alice enquanto se vestia. – já estou indo!
– tudo bem... – falou Milena.
– é sério isso Milena? – disse Rebecca.
– sério o que?
– você é podre e egoísta!
– eu sou podre e egoísta Rebecca? quantas vezes no caralho da minha vida eu me arrisquei por você?
Rebecca não disse nada apenas ficou calada enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas mais uma vez.
– foi o que pensei! – falou Milena.
– entra Milena, já estou terminando... – gritou Alice novamente.
Milena passa lentamente pelo lado de Rebecca que agora apertava a maçaneta da porta com o tanto de raiva que ela estava naquele instante e assim acaba fechando a porta com força, o que provavelmente poderia acontecer dentro daquele quarto com as três juntas? um lindo massacre? tapas no rosto? tudo isso podia acontecer afinal a noite estava apenas começando...
Laura já estava pronta na porta enquanto esperava por sua mãe e sua irmã, o jantar iria realmente acontecer e as três nem acreditavam nisso, um dia de paz finalmente para as três iria começar.
– vamos mãe! – gritava Laura. – Sasha vamos!
– estou indo! – gritou Sasha de volta.
Dentro de minutos as duas já desceram, estavam totalmente deslumbrantes, por fim saíram da casa, Aleida tranca a porta e põe as chaves em sua bolsa enquanto caminhavam em direção ao Uber que já estava parado em frente a casa delas, Sasha entrou primeiro sentando-se atrás do motorista, Laura foi na frente do lado dele e Aleida foi atrás dela, tudo estava certo para ser uma noite inesquecível e seria verdadeiramente inesquecível, o motorista deu a partida.
– aceita a vista senhor? – perguntou Laura.
– aceito...
No momento em que ele falou Aleida olhou para ele e percebeu que era o Peter o capanga do seu ex marido.
– Peter para esse carro agora! – gritou Aleida.
– o que? – perguntou Sasha confusa.
– meu Deus! – exclamou Laura.
– olhe o motorista antes de entrar em qualquer carro, e principalmente a placa... – disse Peter.
– Peter por favor, são minhas filhas... – Aleida continuava a falar.
– mãe? – falava Sasha indo abraçar sua mãe.
– o que? – perguntou Aleida.
– ele já está esperando vocês... naquele restaurante novo que abriu não é? – dizia Peter.
– meu Deus... – falou Laura agora com o coração totalmente acelerado olhando para sua mãe preocupada.
Peter não parou em nenhum instante, apenas seguiu pois finalmente haveria um acerto de contas ou melhor... uma reunião em família!
🌼 Continua 🌼
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro