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Two Sides Of The Same Coin

Ajeitando o casaco, Lucrécia percorreu a rua deserta com uma inquietante e desconfortável sensação de estar sendo seguida, como se existisse algo oculto, praticamente imperceptível ao seus olhos despreparados e aterrorizados, embrenhando-se nos becos sombrios, aguardando um descuido para atacá-la ferozmente. Tento distrair-se dessa impressão com pensamentos diversos sobre seus estudos e organizando seus trabalhos, algo que funcionou para absolvê-la do medo, mas não totalmente da desconfiança.

Apertou o passo, atravessando um poste de luz parca e oscilante que emitia ruídos metálicos com a influência do vento frio. De súbito, sua mente traidora evocou a cena do que aconteceu há um bom tempo, antes da partida de Diva: aquele olhar doente e faminto, o brilho da lâmina da faca e sentir a dor lacerante de ser atingida pela arma, sem qualquer chance de defesa. Não soube explicar como, minutos após o incidente, acordou bem e com o maníaco em pedaços – uma visão traumática que não esqueceria tão cedo – e intacta, como se nada tivesse, de fato, ocorrido. Acreditou ter alucinado, com o estresse dos últimos meses acumulados, seu cérebro arquitetou o evento todo, contudo... Havia uma coisa, em seu âmago, que lhe sussurrava inconfidências e que dizia que aquilo era real.

O grito sufocado e suas opções nulas e frustradas. Seu captor, sorrindo como uma besta voraz pronto para cravar os dentes em sua presa indefesa, bloqueou todas as possíveis passagens para escapar. Arfou, ansiosa e febril, buscando uma arma ou objeto aleatório para defender-se, mas ele foi mais rápido atirando-a rudemente no chão, derrubando suas sacolas. Choramingou com o sofrimento de seu irmão em perder a única família que lhe restou. As mãos sujas e trêmulas rasgaram um pouco sua roupa e, como um animal, inalou seu cheiro, como se pudesse distinguir o aroma do terror que ele exercia sobre a vítima. Apontou a faca visando como escopo seu coração e, sem hesitar, desferiu o golpe...

Saiu da estranha memória, a custo tentando trazer-se para a realidade.

Olhou pelos arredores, convencendo-se de que esses fantasmas que fantasiava que a perseguiam, nada mais seriam que fruto do seu psicológico deturpado. Rindo da própria e ingênua imaginação, continuou seu percurso pensando em como Diva estaria e como ela lidaria com a situação com seu típico humor sarcástico e sua coragem desbravadora. Tomando-a como inspiração, afugentou o medo e checou o relógio em seu pulso, sem notar que, nesse intervalo rápido de segundos, chocou-se contra pessoa cujo o impacto a desequilibrou.

– Desculpe-me, eu não te vi! – gesticulou desajeitada. – Espero não ter lhe machucado ou algo do tipo... – sua voz foi minguando até sumir com a percepção de que o homem disposto a sua frente não era normal. – Eu... Tenho que ir...

– Finalmente despertou – o reverberar do tom grave fez um calafrio percorrer sua espinha, acelerando seu coração contraído de angústia. – Por que ainda se juntou aos outros?

Do que ele está falando?

– Você deve estar me confundindo... – arfou, sentindo cada minúscula parte de si travar sob seus comandos.

O que está acontecendo?

– Deveria ter se livrado da garota antes.

Se livrado?

– Tudo há seu tempo – seus lábios moveram-se para articular a frase, porém sem seu consentimento. Uma força poderosa, ocupando um invasivo espaço da sua mente, empurrou-a para o recanto mais afastado, atordoando-a. O desespero a embebedou, afogando-a em um pânico incontrolável, ao se dar conta do que significava esse estranho momento. Não tinha mais nenhum controle de seu corpo e alguém usurpou-o, utilizando-o sem sua autorização, uma verdade terrível e incontestável.

– E então...? – os cabelos ficaram maiores, as curvas mais acentuadas, os músculos mais firmes e a postura mais altiva. 

Não! Socorro!, gritou desamparada sem ninguém para salvá-la desse destino.

Através de um impulso selvagem, quebrou a dominação contida e correu de volta para casa.

×××

Escaneei com olhar crítico e exigente o resultado de extensivas horas de trabalho árduo e tedioso: o vestido negro que comportava com perfeição as minhas medidas, realçando minhas curvas e exalando sofisticação. Uma obra que Nilin e seu talento com costura pôde criar. Nenhum adjetivo que empregasse para descrevê-lo corresponderia a beleza daquela peça.

Vislumbrando-o, eufórica, diante do espelho, veio à mente firmamento estrelado, mais do que era capaz de contar e que se adequaria a ele. O tecido cintilava sob a iluminação como milhares de pedras preciosas incrustadas por toda sua extensão. Os enfeites afixados no meu cabelo faziam jus à graça do vestido, dando a sutil impressão de que eram feitos de diamantes. Ambos se complementavam harmonicamente.

Era impossível não sentir-me deslumbrante, ainda mais com todas as atenções voltadas pra mim. Geralmente ficaria muito desconfortável com tantos espectadores ao meu redor — Nina, Nilin, Eryna e Maya —, mas estava em uma espécie de fascinação delirante com a minha aparência e, sobretudo, animada. Duvidei que aquela mulher refletida no espelho que encarava-me com surpresa de fato fosse eu, até compreender que mesmo ignorando essa particularidade que, por muitas ocasiões esquecia ou acreditava ser irrelevante, eu realmente era uma garota bonita.

Agora tinha mais consciência. Com a ponta das unhas tracejei os lábios com um tom de vermelho que atribuía mais sensualidade a mim de um jeito que reavivou minha confiança.

Maya sorriu ao aproximar-se de mim, parecendo tão em polvorosa quanto eu em seu vestido de cetim vinho. Por um momento, com nossa aura de expectativa e excitação, comparei a situação como se fosse um baile de graduação. Em uma circunstância normal, não estaria disposta a participar de eventos sociais, não somente pela minha deficiência de tato, também pela falta de vontade. Raras vezes saia com Lyana para fora dos limites da minha rotina, um tanto monótono devo acrescentar.

Com os atuais problemas, minha expectativa de relação com o restante das pessoas eram delimitados. Foi um pouco estranho reacostumar com o convívio e a agitação.

Aos risos e de braços dados, encaminhamo-nos para a sala onde nossos parceiros aguardavam. Dante e Vergil não concordaram em ir, na verdade, nem se voluntariaram para nos acompanhar — frisando o mais velho. Dante estava com um pouco mais de paciência para colaborar, ao contrário do irmão, que não gostou de ter sido incluído em algo que considerava uma bobagem sem sentido e uma distração supérflua. Para todos os efeitos, Vergil sempre fez o gênero solitário e nunca foi um adepto de conviver em ambiente cercado de pessoas, optando estrategicamente permanecer com elas por mera necessidade. Havia duas pessoas que ele, com seu temperamento forte e calado, permitia livre acesso ao seu espaço, eu e Dante – como as provocações do caçador que provaram esse fato. Ninguém tinha coragem para invadir essa restrição quando se tratava de Vergil — exceto crianças, singularmente ele não lida muito bem elas.

Fui direto para meu par que, com elegância natural, ofereceu seu braço para mim. Maya caminhou para perto de Dante, ela pareceu incrivelmente pequena ao lado dele. Nilin deu um ajuste final, alcançando a echarpe e cuidadosamente ajudou-me arrumá-lo. Nina nos rodeou empolgada, afirmando que queria ir e com um vestido tão bonito quanto o nosso. Nilin teve que convencê-la de que não podia ir ainda por ser muito jovem, após a negativa continuou agitada, porém sem a intenção de ir conosco como antes. Eryna acenou com um sorriso enigmático.

Maya entregou para cada um, máscaras para emergir no clima do lugar, mais como uma maneira de se encaixar em um ambiente novo. Estar escondida tornava tudo mais intenso, de certo modo. Durante todo trajeto de carro mantivemos a corrente constante de gracejos, rindo de coisas bobas e dos comentários ácidos de Dante. Música fluiu pelo auditório que escolheram para realizar a festa, fazendo com que o frio se acentuasse em meu estômago. O temor inexplicável que não controlava e que vinha em ondas ininterruptas. Não era um nervosismo de saber que a lentidão dos últimos dias engrenasse, mas um na qual existisse alguma coisa que chamava por mim em meio a multidão. Uma força impossível de ignorar. A medida que todos saíam do carro, uma débil curiosidade passou por mim: o que teria causado essa súbita sensação? Disso uma certeza estranha ocorreu-me enquanto olhava para dentro, o jogo de luzes coloridas e os corpos dançando sob elas, que algo aconteceria.

A suavidade e frieza da mão de Vergil em meu braço desnudo enviaram descargas pelo meu corpo, estilhaçando meu devaneio e trazendo-me de volta a realidade. A que estávamos juntos e que, naquela noite, seremos somente duas pessoas que irão desfrutar da presença uma da outra sem interferências. Mergulhar nos olhos cerúleos dele apagou qualquer rastro de medo que ousou perfundir em meu corpo. Vergil não possuía a facilidade — talvez uma qualidade — descarada de Dante para flertar — também era um ponto que o descaracterizava completamente —, mas ele não precisava. Sua postura aristocrática e charme lhe concediam um poder quase hipnótico, atrativo e sedutor sem esforço de sua parte, o que aumentava sua popularidade no círculo de pessoas que estavam na pista.

Go on tell me things that I've done

Vá em frente, me diga as coisas que eu fiz

And all the trouble that I've run from

E todas as confusões que eu fugi

Cause you're the only one that I want

Porque você é a única que eu quero

So let me make this clear

Então me deixe esclarecer

— Você não quer...? — ia, juntando audácia, convidá-lo pra dançar.

— Você está linda — cortou, gentilmente. 

Recuei, feliz pelo elogio e desconsertada.

When I woke up with you next to me

Quando eu acordei com você ao meu lado

The light would dance upon you softly

A luz dançava em cima de você suavemente

The shape the sun made on your body

A forma que o sol fez em seu corpo

Was the only thing I see

Era a única coisa que eu via

Tudo pareceu um caleidoscópio de cores e atividade, então, com o girar febril e estonteante de corpo, esbarrei em Dante. Ele poderia muito bem ter esquivado para que isso não tivesse acontecido, e evitado o acidente, mas nada do que fazia ou agia era jogado ao acaso. Dante queria essa aproximação, o contato que desestabilizava e tirava o fôlego. Com um sorriso caprichoso, estendeu a mão para mim, convidando-me para dançar. Não tive tempo para pensar ou para formular uma recusa, seu braço circulou minha cintura, unindo-nos em uma dança lenta. Minha mente desarmou-se, rendendo-se ao lampejo de calor que envolvia-nos como um mundo próprio. Nossos movimentos sintonizados em um ritmo que pertencia a nós, perdemos a noção de tudo, concentrados um no outro.

I know when your heart's aching

Eu sei que quando seu coração dói

It's like you're in a glass breaking

É como se você estivesse em um vidro quebrando

And I just want to look at you

E eu só quero olhar para você

The way I did on the night we met

Como olhei na noite em que nos conhecemos

— Tenho que concordar com meu irmão; você está linda — sussurrou sem tirar um minuto sequer os olhos de mim. Registrando minuciosamente cada detalhe que compunha minha roupa.

— Obrigada — sorri, certa do meu poder.

— Foi em uma noite como essa que você confessou que me amava.

I want to run to you

Eu quero correr para você

But there's no road left

Mas não há mais nenhum caminho

I got to give a set

Eu tenho que tomar uma decisão

But I'm out of breath

Mas estou sem ar

I wanna kiss your lips like I did back then

Eu quero beijar seus lábios como eu fiz naquela vez

So take me back to the night we met

Então me leve de volta para a noite que nos conhecemos

Meu coração palpitou.

— Por que se lembrar disso agora?

— Seria um bom ponto pra recomeçar. Talvez com isso você relembre o quanto me ama – riu bem humorado.

Seus olhos capturavam os meus, por mais que eu os evitasse, sempre retornava. A intensidade e a chama neles deram a repentina impressão que ele puxaria-me para si e beijaria-me duramente, sem dizer nada. Diferente do que previ, Dante debruçou-se sobre mim sem pressa e vagamente consciente, ergui o rosto para que o desejo de ambos fosse consumado. Meu coração batia tão acelerado contra meu peito que estremeci tonta pelo sentimento que reacendeu e esperançosa pelo desfecho. Contudo, como se toda a magia se desfizesse e a lucidez tomasse posse, virei o rosto, chocada.

Vergil estava ali, não seria certo fazer aquilo.

I want to mend your heart if it's not too late

Quero consertar seu coração se não for tarde demais

I'm gonna say the things that I couldn't say

Eu vou dizer as coisas que não consegui dizer

And if I die tomorrow with nothing left

E se eu morrer amanhã sem nada

The best thing I ever had was the night we met

A melhor coisa que eu já tive foi a noite em que nos conhecemos

Ele suspirou, olhando de soslaio para o irmão.

— Quando você me deixará te beijar de verdade? Ao menos tentar? — perguntou com uma pontada de decepção. — É por que ele está aqui, não é?

Dante segurou-me com mais firmeza.

— Não sou suficiente pra você? — seu olhar escureceu o azul tomado pelo preto, até seu timbre gentil e magoado foi substituído por um possesso e violento, totalmente fora do seu caráter. — Ou você gosta de brincar com os dois?

Esse não soava como ele...

When we laid there in the darkness

Quando nos deitamos no escuro

The kitchen light peeked through your dress

A luz da cozinha iluminando pelo seu vestido

That's a memory that I won't forget

Essa é uma memória que não vou esquecer

And I'm begging you for more

E eu estou te implorando por mais

I know when you're just faking

Eu sei quando você está fingindo

It's practically life-taking

É praticamente como se tirasse a vida

And I just want to look at you

E eu só quero olhar para você

The way I did on the night we met

Como olhei na noite em que nos conhecemos

Engoli em seco. Sua mudança de comportamento deixou-me aterrorizada. Como se o azul escuro daqueles olhos falassem, alertassem, o instinto primitivo mais antigo que a própria humanidade, o de auto preservação para eu fugir. Para longe de seu alcance. E ainda assim, a mesma força abrasadora que me assustava, prendia-me ali, em seus braços. No seu calor.

I want to run to you

Eu quero correr para você

But there's no road left

Mas não há mais nenhum caminho

I got to give a set

Eu tenho que tomar uma decisão

But I'm out of breath

Mas estou sem ar

I wanna kiss your lips like I did back then

Eu quero beijar seus lábios como eu fiz naquela vez

So take me back to the night we met

Então me leve de volta para a noite que nos conhecemos

I want to mend your heart if it's not too late

Quero consertar seu coração se não for tarde demais

I'm gonna say the things that I couldn't say

Eu vou dizer as coisas que não consegui dizer

And if I die tomorrow with nothing left

E se eu morrer amanhã sem nada

The best thing I ever had was the night we met

A melhor coisa que eu já tive foi a noite em que nos conhecemos

— Não estou brincando com vocês, Dante. As coisas estão confusas ainda. — ele viu sinceridade em minhas palavras e, cruelmente, largou-me na pista sob olhares piedosos. Dante emanava uma obscuridade semelhante à de um... Abissal.

So I'll hold on for a while

Então, eu vou segurar por um tempo

I've watched you from this tower

Eu assisti-lo de esta torre

And maybe you'll turn around

E talvez você vai virar

Abissal?

O que aquilo significava?

Dante...

A passos apressados, distanciei-me dos casais dançando e direcionei-me para o canto mais isolado para acalmar meu coração. Olhei para a outra extremidade do auditório, percebendo a agitação de um grupo. Eles se reuniam ao redor de uma nova garota. Não podia vê-la no mar de corpos com exatidão, apenas vislumbres do vestido vermelho com uma fenda provocante.

Ela provavelmente vai ter uma noite melhor que a minha, ponderei amargamente.

Bufei.

Minha noite mal começou e a estraguei. Caminhei para um corredor deserto a procura do banheiro, o que não foi difícil de achar.

Tirei a máscara, irritada e abalada. Lavei as mãos para tentar aliviar minha ansiedade com a água gelada, em seguida, joguei um pouco no rosto.

— Parece que está tendo uma noite ruim, menina — me aprumei, encontrando a minha imagem no espelho; abismada e com as feições retorcidas em puro horror.

— Rainha morta, rainha posta. — Arya sorriu diabolicamente.

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