Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

The Truth Is Inside

Dedicando as últimas horas em rondas, Nero se acomodou no sofá de assento acolchoado com a tensão incrustada em sua musculatura – largando todo peso de si no móvel. Por mais resiliente que fosse, sua incessante e incansável busca lhe drenava lentamente. Tinha consciência que, em algum momento, sua exaustão o desligaria de suas funções por tamanha negligência em não atender a necessidade mais básica. Tentou não pensar muito nisso, ainda que seu corpo exigisse – protestando com o mais significativo esforço – por descanso adequado e revigorante, permitindo-se vagar a atenção até as duas mulheres que entretinham-se em uma conversa estranhamente animadora como amigas de longa data.

Nico deleitava-se com a curiosidade pueril de Arya: que, a princípio, mostrava-se sempre maravilhada com todos os apetrechos tecnológicos além de sua época. Para ele era uma verdadeira nuance de comportamento, uma oposição a sua outrora rispidez, Arya agia como uma mulher normal em muitos sentidos – não somente isso, ela tinha a graça de uma aristocrata geralmente comum em filmes e retratados tão soberbamente em livros. Seu timbre denotava serenidade, seus movimentos e gestos eram tranquilos e pouco afetados e a atmosfera que ressoava ao seu redor beirava a sutil amenidade – sem aberturas, no entanto. Esteve acostumado com Diva durante um curto período, reconhecia na renascida mulher o resplendor da imagem da amiga, mas, apesar da sobrenatural semelhança, havia um abismo de diferença: Diva era uma forte chuva de verão, Arya, no entanto, vinha a ser a personificação de uma tempestade devastadora. Distintas características e a mesma face. A risada de Arya rompeu seu devaneio ocioso, lhe trazendo bruscamente a realidade – na qual sua resistência quase cedia a fadiga.

– E esse aqui é Sweet Surrender – Nico depositou o braço mecânico de cor branca e material macio sob o balcão, atiçando a curiosidade da guerreira. – Essa maravilha aqui tem uma funcionalidade bem específica. Uma obra prima pra ninguém botar defeito.

Nero revirou os olhos diante da amostra, da nem um pouco discreta, presunção.

– Com esse nome, creio que deva ser agradável – Arya comentou, arrancando uma ruidosa risada suspeita e maliciosa da armeira.

– Com certeza, gracinha. – Nero arqueou a sobrancelha, desconfiado com o rumo que as coisas tomavam. – Ele vibra. Você ia adorar. Peça pro Nero usar em você um dia.

Pela primeira vez em muito tempo, Nero corou. O calor intenso que convertia a palidez de seu rosto em um rosado tímido e, inacreditavelmente, surgiu com a simples e eficiente provocação – que Nico fazia questão de alfinetar. Ele acreditou ter perdido o hábito, antigamente, sobretudo na época que fazia parte da Ordem da Espada, costumava ruborizar quando estava na presença de Kyrie ou em situações embaraçosas, até mesmo com Diva – sua então melhor amiga. Ignorou a súbita vergonha, fingindo não ter percebido o teor da conversa e concentrando-se em exclusivamente relaxar. Quanto menos tivesse evidências de que as brincadeiras caprichosas de Nico surtiam efeito em si, mais chances teria de não ter que ser condenado.

– Nero é duro, saca? – apagou o cigarro no cinzeiro, rindo. – Ele não tem mão pra tratar uma mulher, ainda mais com uma massagem. Então essa belezinha aqui vai resolver o problema, entende?

– Interessante – Arya anuiu, avaliando a qualidade e a composição da prótese, impressionada em como o mundo atual avançou em termos de mecânica. – Você desenvolveu ferramentas poderosas. É algo que não consigo descrever. Na minha época, as coisas eram, digamos, mais primitivas. Ferreiros construíam as armas.

– Owo, não é um tempo que eu gostaria de viver – brincou, debruçando-se sobre a superfície gasta do balcão.

– Mas considerando seu talento, se fosse uma ferreira, seria a mais genial do ramo – Nero observou Nico tentar disfarçar a vergonha com o elogio de Arya, lutando contra o rubor que tingia-lhe as bochechas. Sorriu discretamente, pensando naquilo como uma vingança pela audácia de minutos atrás.

O caçador compreendeu, por fim, a razão de mesmo não conhecendo-a tão bem, sentir que a respeitava e que confiava no julgamento de Arya. Ela era uma mulher naturalmente charmosa e carismática, qualquer um que estivesse próximo atraia-se com sua personalidade marcante e amigável. Recuperando a compostura com um pigarreio, Nico continuou sua clara demonstração de vaidade, oferecendo aos olhos despreparados e meticulosos de Arya as suas mais variadas criações e explicando como trabalhava e a funcionalidade delas. Nico apreciava quem gostava de suas artes, inflando seu ego e, principalmente, tendo alguém pra compartilhar suas afinidades e qualificações.

– E aí, Arya – guardou os Devil Breakers em exposição e fitou a guerreira. – Qual é a sua história?

– Minha história? – repetiu, incerta.

– Sim, sabe... Temos um deus maligno tentando foder com o mundo todo, aparentemente você e sua sósia são a única esperança – Nero aprumou-se mais atento ao assunto.

– Sósia?

– Sim, a Diva. A paixão de Nero – o mestiço crispou os lábios, irritadiço.

– Não tenho muito o que dizer – inclinou a cabeça, virando em direção a janela embaçada pela chuva.

– O Nero está atrás dele pelo que houve com a namorada Kyrie – Arya suspirou com a verdade que recaiu como uma bomba sobre seu mundo seguro.

– Entendo. Não é muito diferente no meu caso, mas quem morreu fui eu... – mais composta, Arya repousou os olhos claros e compassivos no caçador. – Sinto muito pela sua perda, Nero.

Havia tanta dor e sofrimento na troca de olhares que era como se Arya visse todos os males do mundo que não poderia modificar ou evitar que ocorressem, restando unicamente acompanhar tudo como mera espectadora impossibilitada de interferir.

– Sebastian é meu irmão e sou responsável pelo que ele fizer – escovou os cabelos com o dedos em uma ação instintiva. Levantou-se de onde sentara e caminhou pelo curto espaço disposto, seus pensamentos a guiavam para um perigoso mar de emoções e memórias na qual lhe amarguraram. – Ele destruiu meu clã e declarou guerra ao mundo humano há séculos. Não tive escolha a não ser aprisioná-lo.

– Não teria sido melhor, talvez... Matá-lo? – Nico inquiriu, aprofundando-se mais em sombras infindáveis e pisando num terreno frágil e restrito. – Sem julgamentos, é claro.

Arya permaneceu quieta, absorvendo a dúvida de Nico como se aquilo se chocasse com seus ideais, gerando um conflito interno.

– É mais complicado do que parece – abriu um sorriso desolado e lampejos de dissabor. – Teria coragem de matar o único membro que restou da sua família?

Nico se calou, mergulhando em seu próprio pesadelo particular. Ela perdera o pai e o detestava pelo abandono que sofrera, embora sua real definição de berço familiar tenha sido nos braços dos Goldstein que tanto adorava.

– Eu não pude e esse, talvez, tenha sido meu erro. – com um suspiro profundo, Arya retirou-se da van.

– Francamente Nico – Nero repreendeu, rigidamente.

– A única coisa que sustenta esse corpo é o ódio – o caçador ouviu assim que optou por segui-la. – Seja de Sebastian ou de mim mesma. Não tenho uma alma e vivo de restos de outros seres. – arfou, sorrindo melancolicamente. 

Era bom poder novamente sentir a chuva cair sobre si, pensou. Chuva lava toda sujeira. Até mesmo de sua vil consciência. 

Nero não ousou se aproximar de Arya ao testemunhar a realização do ritual de neutralização de energia – não iria se opor aos métodos dela para aquisição de vitalidade para conservar sua vida. Eles tinham selado uma espécie de pacto de fidelidade firmado na ideia de ambos possuírem o mesmo propósito, mas havia algo nela nas circunstâncias presentes que o deixava inquieto de uma maneira estranha.

– E é isso tudo que sou. Aquilo que já foi puro pode se corromper em algum momento, ninguém está livre disso. – ganiu com a dor lancinante que penetrou em sua carne, queimando-a, ativando o processo de regeneração celular que demorou para cicatrizar o corte, a profanação estampada em sua pele em uma linha perpendicular, que iniciava-se centímetros abaixo dos seios, na curvatura do esquerdo na localização exata do coração, seguindo para o ventre. Ela se refez em uma lesão imprecisa, uma marca rosada saliente e de aspecto grosseiro, em contraste com a tez alva. Encostou os dedos trêmulos pelo local, engolindo a náusea – ela não passava de um cadáver vivo interagindo no mundo na qual não pertence mais. Soava como uma infâmia tal afirmação, um terrível erro na ordem natural das coisas. Vida e morte não podem coexiste no mesmo plano, essa era a regra desde sempre.

– Não sou a melhor pessoa pra dar uma de conselheiro, mas independente do modo que voltou a esse mundo, você faz parte dele. – coçou a nuca, sentindo como se voltasse a ter seus dezoito anos. – Merece viver também, sabe.

Convencida da confiança exprimida pelas palavras do mestiço, Arya não negou o sentimento que a confortou. Estava genuinamente certa de que sua mera existência causaria infortúnios e, ainda assim, desejava desfrutar mais do novo recomeço. Agradecida, acenou para Nero em uma forma de afeição e aceitação. Admitiu quanta sorte sua reencarnação tivera ao se relacionar com pessoas que a acolhiam sem ressentimentos. 

Forjada no calor da batalha, não confiava em qualquer pessoa e ter poucos com quem podia contar era um luxo para quem sobrevivia as margens da guerra.

Outros tempos, contudo.

Reabastecida, a vitalidade alocando-se por toda extensão de seu corpo e dissolvendo-se em suas células, Arya encurtou a distância que a separava de Nero com o intuito de agradecê-lo, porém, uma pressão energética muito poderosa a congelou no lugar – aterrorizando-a. Assimilando o que conseguia limitadamente absorver, identificou o epicentro de tal oscilação – tudo que encontrava-se sobre a crosta terrestre, recebeu uma intensa rajada de energia que percorreu, deixando para trás um rastro de destruição e desalento, as estruturas mais duras e as fez estremecer com a simples liberação.

– Oh, não. Não! Não! Não!

×××

Lyana ofereceu um copo de café expresso que comprou minutos antes da viagem ao meio-demônio esperando que ele recusasse, mas ao contrário do que considerou em primeira instância, Dante aceitou de bom grado a educada oferta e tomou o conteúdo sem nenhum traço de desgosto. Ele parecia mais sóbrio, tanto de ideias quanto de consciência, não transparecia mais tristeza e seu humor mordaz retornou em dosagens altas – tipicamente infame. Tratando-se de ocultar suas fraquezas e vulnerabilidades, o filho mais novo de Sparda seria um verdadeiro especialista, qualquer um que não o conhecesse a fundo enganaria-se com a fachada de fortaleza inabalável e sorriso indomável. Não tinha brechas em suas feições gentis e agradáveis aos olhos, para Lyana, entretanto, era fácil decifrar as emoções legítimas por trás da muralha porque ela mesma passou por algo parecido.

Dante estacionou o carro após algumas horas em um longo percurso, descartando o copo de café em uma lixeira. Lyana visualizou novamente a mensagem enviada por Maya pelo celular, pensando em todas as opções de urgência que surgiriam para que fossem convocados tão repentinamente. Não acreditou ser um demônio, levando em conta o atual inimigo que teriam que enfrentar, nem um Imperador do Submundo seria páreo. A brisa fria pinicou sua pele desprotegida, obrigando-a a ajustar a gola da blusa.

Maya os recepcionou esbanjando alegria, que logo fora substituída pela decepção ao constatar que Diva não viera exatamente como Eryna previu – com sua habilidade de previsão tão afiada e certeira como sempre.

– Você está diferente, feioso – a adolescente inspecionou todo semblante do mestiço, tentando descobrir o que havia mudado nele. – Seu cabelo está longo e sua barba também. Isso te faz parecer um tiozão.

– É bom te ver também, pirralha. – gracejou em resposta. – Você cresceu. Quantos anos?

– Ah! – Maya corou, exultante. – Vou fazer quinze em breve! Logo deixarei de ser aprendiz, pra me tornar oficialmente uma feiticeira!

– Que interessante pro seu currículo. Onde está sua irmã?

– Na sala – os olhos da jovem aprendiz reluziram ao ver Lyana. – Lya!

– Olá, Lolita – riu com a nítida euforia da mais nova. – Sabe o que sua irmã quer tratar conosco?

– Não totalmente. Mas... Andam acontecendo coisas bem estranhas – apertou o passo, sinalizando para que ambos a seguissem.

Lyana gritou de imediato ao adentrar o cômodo quando um livro desenfreado flutuou em sua direção, abaixando-se com tanta rapidez que nem o Devil Hunter entendeu o ato, sendo ele que levou o impacto. Sem conter a vontade, Maya e Lyana se uniram num coro de risadas, fazendo Eryna sair do transe na qual encontrava-se enquanto diversos outros livros e pergaminhos que, em círculos, voavam pelo salão sob encantamento projetado pela bruxa de alto escalão.

– Eu gosto de ler, mas não sou do tipo que devora livros – Dante removeu o livro do rosto, jogando-o displicentemente na prateleira. – E então, Eryna, pra quê nos chamou?

– Vou direto ao ponto – anunciou sem rodeios. – Vocês já ouviram falar de anjos?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro