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Confused Heart

Aconchegada confortavelmente em uma pantera demoníaca sonolenta, continuei folheando o caderno sem preocupar-me em ler seu conteúdo – visualizando as páginas com visível distração. Minha mente estava dispersa, fervilhando com inúmeras situações inimagináveis que justificassem o desaparecimento de Vergil, e nenhuma delas amenizava a sensação de que tinha algo errado e tampouco assegurava que o mestiço voltaria vivo e inteiro – gerando uma nova série de paranoias em mim. Mordisquei o chocolate apreensiva, guerreando contra minha imaginação fértil e forçando-me a focar na atividade que exercia com tanta apatia e contragosto.

Shadow remexeu-se em seu sono felino, ronronando preguiçosamente. Fechei o caderno, olhando para as nuvens que passeavam pelo céu tingido de laranja e uma mistura de amarelo vibrante e tons tímidos de rosa, livres para seguirem seu próprio fluxo. As vezes esquecia a graça de apreciar as pequenas coisas que o mundo tem a nos oferecer generosamente, a beleza simples de detalhes que escapam aos olhos e de experiências únicas e renovadoras. Tudo em completo equilíbrio e sincronia, cumprindo o propósito de presentear as formas de vida que existem e estão pra nascer.

Se Sebastian reivindicar o controle – vencer a guerra –, não haverá mais dias onde o sol preencherá os campos verdejantes e nem noites com a lua iluminando o encontro de dois amantes. Aquela verdade dura impulsionava-me a prosseguir – o peso constante da responsabilidade –, mesmo abandonando pessoas e descartando sentimentos pelo árduo e bárbaro percurso. Era justo sacrificar desejos egoístas em prol de um bem maior, mas enquanto não tivesse certeza de que estou, de fato, fazendo o correto, permanecerei na incógnita e duvidosa de minhas escolhas.

Mordi com força a barra de chocolate, despejando minhas frustrações na sobremesa.

Griffon emitiu um ruído estranho que até o próprio V surpreendeu-se, ele parecia focado e curioso: seus olhos predatórios fixos no chocolate que ostentava. Nunca imaginei que o familiar mais metido a piadista sarcástico desperdiçasse seu gosto refinado com doces mundanos – poderia usufruir da informação para provocá-lo futuramente. Caminhei até a águia soberba e ofereci metade da barra, partilhando a outra com V que demonstrou inicialmente relutância com a gentileza, pegando apenas ao certificar que estava tudo bem pra mim em dividir meu pequeno luxo com eles.

– Sintam-se a vontade para degustação – brinquei, sorrindo.

Griffon comeu em uma bocada – não necessariamente definiria o bico dele como um pelo aspecto estranho –, satisfeito com a aquisição. V, por outro lado, experimentou mais cortês e retraído em suas ações como se aquele fosse o primeiro contato.

– Nunca comeu chocolate, V? – questionei, curiosa.

– Creio que não. O sabor é agradável e a textura suave – nomeou o que mais lhe despertou desejo ao provar. – Agradeço, Diva. 

– Não agradeça, V. É um prazer. – fitei Griffon que mexeu as asas num gesto típico de aves normais. – Gostou, Griffon?

– Isso é melhor que restos de demônios – afirmou, esticando-se inquisidoramente em minha direção. – Tem mais?

– Tem, só que comerá mais tarde. Não queremos um demônio viciado em chocolate, não é?

V abriu um sorriso com minha postura mais maternal. Um clima mais descontraído surtiu efeitos promissores em mim, afastando pensamentos negativos e desanuviando a razão.

Vergil chegou, taciturno – quase não emitindo ruídos ou anunciado sua presença. Sem esboçar traço algum de amenidade, exalando tensão que quase escorria pelos poros. Quando seus olhos azuis intensos pousaram em mim, havia uma linha tênue de hesitação, como se negasse a si mesmo que eu estava ali.

– Podemos conversar, Diva? – a voz impávida e imponente de Vergil ecoou pelo recinto, não deixando espaço para negativas.

– Tudo bem – o acompanhei até a varanda.

– Eu vou deixá-los as sós – V, educadamente, informou, levando consigo Shadow e Griffon que esvaneceram feito aquarela negra que moldou-se no rapaz, adotando as antigas formas das tatuagens sob a pele pálida.

– E o que quer falar comigo, Vergil? Espero que esteja bem, porque você saiu tão apres... – antes que tivesse chance para completar a frase, Vergil, indo contra todo e qualquer código de conduta pessoal característico dele, simplesmente abraçou-me – do nada, o que assustou-me bastante. Não era nem um pouco parecido aos que recebi inúmeras vezes de diversas pessoas, principalmente de Dante com a tendência maior de externar sua afeição. Sua tentativa de demonstrar carinho me abalou um pouco, tanto por ser algo fora do comum, mas também pela maneira que o fazia.

O abraço em si era desajeitado e estranho, ficando claro o esforço: uma de suas mãos afagava minha cabeça, mantendo-me pressionada cuidadosa e protetoramente contra seu peito. Com a proximidade, escutando o coração do meio-demônio bater vigorosamente, acabei entregando-me ao conforto do contato, o calor acolhedor e o perfume que vinha dele, sem, no entanto, retribuir o gesto. No fundo, entendia que aquilo, toda situação, tinha um objetivo, não para mim e sim Vergil.

– Obrigado, Diva – arfei, ainda mais surpresa. – Agradeço pela sua luz ter me tirado das trevas.

– Vergil, eu...

– Minhas asas existem porque você existe – sussurrou em tom aveludado e encantador, identifiquei que havia também, por trás da amabilidade – velado entre a doçura e a impassibilidade –, uma frieza cortante.

– Vergil, o que está... – grunhi com o golpe inesperado, sentindo o corpo perder o equilíbrio e a visão escurecer como consequência.

Entorpecida, apoiando-me desesperadamente no mestiromperiam verdade estampada em seu rosto endurecido. 

– Eu partirei sozinho, dessa vez vou resolver esse assunto... Durma em paz, Diva.

×××

O questionamento abrupto de Eryna decretou um silêncio sepulcral que perdurou por segundos intermináveis – abalando a atmosfera serena construída com a interação prévia e substituindo-a por uma névoa de mistério que não estava certo de embarcar. Dante arqueou as sobrancelhas transparecendo sua usual expressão neutra com indícios de descaso acentuados em seus traços bem esculpidos, seus lábios torceram-se em uma linha fina irrestrito de receber as novas descobertas da versada bruxa.

Os livros que os circundavam em um vórtice sob a poderosa influência mística dela, deslocaram-se um por um e alinharam-se metodicamente organizados em seus respectivos lugares nas prateleiras. Eryna, envolta por uma aura esverdeada reluzente que influía de seu corpo esguio, levitando poucos centímetros do assoalho, assentou-se no centro da sala. Seus cabelos claros e extremamente longos tremulavam como ouro derretido, formando uma imagem quase surreal de entidade além desse plano – assumindo um aspecto vagamente angelical. Ela gesticulou com leveza para que se acomodassem mais confortavelmente, aguardando que todos estivessem a postos e prontos para revelar o que tinha em mente.

– Anjos? – Lyana se pronunciou, insegura de que sua iniciativa fosse vista com maus olhos. – Eles não existem até onde sei... Quero dizer, ninguém nunca viu um, se existissem mesmo seríamos capaz de vê-los, não? Bem... Demônios agem livremente nesse mundo.

– Isso de céu, paraíso e outras bobagens... Nunca ouvi nada a respeito – Dante esclareceu com firmeza, acessando seus vagos conhecimentos sobrenaturais. Nunca fora muito de agregar estudos de teologia e outras bases, sua afinidade restringia-se as batalhas que travava enquanto Trish e Lady tinham mais paciência para a parte teórica. No entanto, compensava essa falha com a longa experiência de muitos anos de missões e lidando com todo tipo de criatura originária do mais sombrio imaginário humano que lhe concedia a compreensão mais abrangente dos fatos. – O mundo de luz não é o que os humanos vivem? 

– Não – rematou emanando convicção inabalável e inquestionável. – Existe tanto o Submundo quanto o Paraíso. O mundo humano é conhecido originalmente como o Caos, sendo o intermediário tanto dos demônios como emissários dos anjos.

– Saber disso não muda basicamente nada – a mestiça afirmou, dando de ombros.

– O Paraíso é um elo perdido – Eryna expôs com graça e severidade equilibrados. – Os seres celestiais foram aprisionados em seu próprio lar. Sentenciados a permanecerem longe e não interferir diretamente nos eventos no decorrer da história da humanidade.

– Em outras palavras: anjos existem e estão todos presos – a ruiva resumiu, pensativa. – Se é o caso, por que não se libertaram ainda? Acho que seres com um nível de poder superior facilmente romperiam o selo.

– Não podem. Pelo menos não sozinhos. A porta só pode ser aberta desse lado.

Dante levantou-se, sua postura descompromissada e irreverente de sempre, mas com as feições mais interessadas.

– Você nos chamou aqui pra que façamos o trabalho? – perguntou.

– Sim, eles seriam uma boa opção de aliados e ajuda ao Séquito da Luz para a guerra vindoura. Então encontrar uma maneira de libertá-los é uma prioridade.

Lyana e Dante se entreolharam em acordo.

– Vamos ver o que podemos fazer a respeito.

Pouco tempo após transcorrer a conversa, Dante recolheu-se em outra parte do casarão – isolado. Ele não portava nenhum vinco ou semblante perdido que sugerisse tristeza. O meio-demônio escondia bem seus sentimentos mais frágeis, então quem não o conhecesse a fundo nunca saberia como ou quando ele estivesse ferido. Lyana admirava essa segurança e bravura e, ao mesmo tempo, nutria um forte pesar pelo que ele guardava. Em comunhão com sua intuição, partiu atrás do mestiço, deparando-se com o caçador relativamente quieto, imerso em seu mundo particular. Em passos cautelosos, encurtou a distância que os separava, sentando-se próxima a ele. Não trocaram palavra alguma nesse curto período, permitindo que aquele momento solene fosse prolongado pra que seus pensamentos e lembranças embaralhados tivessem paz em meio ao caótico turbilhão que os engolia. Lyana tocou o braço do mestiço em sinal de compreensão, abrindo um sorriso singelo.

– Podemos não ser os melhores amigos do mundo, mas, sabe, você pode desabafar comigo – ofertou afetuosamente.

– Eu agradeço o apoio, ruiva.

– Amigos são pra isso – concluiu, esperançosa. – Quer conversar sobre... Isso?

Dante pareceu relutante a princípio, deixando perceptível sua insegurança em trazer o assunto a tona. O delicado aperto em seu braço foi a motivação que ele necessitava para sair da redoma impenetrável.

– Estava pensando em tudo que houve – mirou a fita azul, ora melancólico, ora furioso. – Nas coisas. Nas pessoas.

– Tem algo lhe incomodando mais? – engoliu em seco, ciente de que revirar os maus acontecimentos poderia também desenterrar emoções dolorosas. – Sobre a Diva?

Dante sorriu. Não era o mesmo que ele sempre esboçava – era um carregado de angústia que lhe comoveu.

– Eu tenho medo dela não precisar mais de mim – a confissão pegou Lyana de surpresa. Não conseguia sequer acreditar no que ele dissera, pois, pra ela, Dante e medo não tinham sentido na mesma sentença. O arrogante, mordaz e bem humorado caçador agora transbordava consternação, com lembranças longínquas revividas e renascendo em sua essência quebrantada. – Sei da força que ela tem, de quão independente é. Fico tranquilo que saiba se cuidar. Diva não precisa de mim sempre tenho plena consciência disso, mas, ainda assim, tinha algum papel na vida dela.

– Dante... – murmurou aturdida.

– Eu a amo, Lyana. E tudo que posso fazer por ela é cercá-la com meu amor enquanto tudo que construímos desmorona... 

Lyana finalmente se deu conta do que Dante queria dizer – absolutamente tudo –, quando a verdade a atingiu, suas impressões superficiais sobre ele caíram, destruindo a imagem irreal de despreocupado que o qualificou. Não era o garoto cheio de marra, o cara provocador e infame, cujo ego não comportava nem nele mesmo. Na sua frente, estava o Dante humano, o homem forte e com bom e nobre coração capaz de superar qualquer desafio pra proteger quem ama, sua vulnerabilidade e inseguranças a mostra somente para que ela visse a sinceridade exprimida: sem muros e o orgulho, sem farsas ou ocultações.

– Sei como se sente – garantiu, por fim. – Fico feliz que goste da Diva com tanta intensidade. Talvez isso não seja suficiente pra lhe consolar – fechou os olhos, meditativa. – Diva precisa de você. Não como seu salvador e sim como aliado, uma pessoa que ela confie e que lute ao lado dela para juntos defenderem um ideal. Você cumpriu seu propósito em protegê-la até aqui, agora precisa ser... – sorriu, encarando Dante com determinação inabalável. – A espada. Nada mais, nada menos que isso.

– A espada, huh – Dante repetiu, gostando de como a analogia se encaixava com sua condição atual.

– Com uma possível guerra, que todos podem acabar perecendo, devemos nos unir como um só. Não existe você e a Diva ou ela e seu irmão, somos a mesma unidade com um único intuito: proteger o mundo que nos conhecemos.

– Você está certa, ruiva – relaxou o corpo, sentindo-se como se retirassem um grande peso de suas costas.

– E Dante... Diva ama você. Não duvide disso – deu uma piscadela, cúmplice. – Só tenha um pouco mais de calma com ela, sim? 

– Eu terei, pode ter certeza.

Lyana pigarreou.

– E quanto ao que Eryna disse, devemos ajudar os nossos "inimigos naturais"? – cruzou os braços, intrigada.

– Não sabemos como será daqui pra frente e, como Eryna disse, quanto mais aliados, melhor – pôs o braço nos ombros da mestiça em um ato informal e amistoso. – Temos um serviço a fazer, ruiva.

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