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Capítulo 47 - Laços nunca rompidos (FINAL)

Emily Broussard

O casamento de Camila, sem dúvidas, seria um dos momentos mais importantes da minha vida. Ela estava lá, feliz como nunca havia visto antes. Seu sorriso era apenas a prova de que finais felizes existiam e ela merecia um depois de tudo o que passou.

Fiquei ao seu lado a todo momento, fazendo companhia, lembrando de todas as situações cômicas que ela passou durante o namoro com Alex e como tudo foi importante até eles chegarem ali.

Vê-la vestida de noiva me emocionou. Nunca havia visto brilho mais lindo no olhar do que o dela.

No entanto ainda havia aquela velha inquietude comigo. Hoje eu encontraria Alisha e Ethan novamente. Ethan teria maior contato, éramos melhores amigos dos noivos, afinal. Desde a minha volta não havíamos conversado de verdade, mas muita coisa precisava ser dita, e ambos sabíamos disso. Dei de cara com ele na fila dos padrinhos para entrar. Dessa vez eu iria com Nate, namorado de Tati ― amiga essa que mantive desde minha saída da faculdade ― e amigo de Alex. Tive medo por achar que eles poderiam cogitar que Ethan e eu entrássemos juntos.

Alisha chegou depois, acompanhada de Jacob, irmão de Alex, e nós nos olhamos rapidamente, sem esboçar nenhuma emoção. Depois meu olhar voltou para Ethan que já estava me olhando.

Se esses olhares pudessem colocar tudo pra fora...

A nossa tensão foi temporariamente quebrada quando a música para nossa entrada começou a tocar.

Foi uma cerimônia linda, emocionante, e por algum tempo eu estava focada apenas neles, feliz por ver minha amiga feliz. Quando eles foram declarados oficialmente como casados, fomos celebrar a união no salão de festas da mansão. Tudo estava lindo e perfeitamente decorado ― até sentia vontade de casar ao ver aquilo. Foi bom rever velhos amigos, aproveitar realmente como costumava fazer quando mais nova, até chegar os momentos das fotos, as quais tive que me aproximar de Ethan principalmente, de partir o bolo, do jantar, então os discursos.

Depois dos pais de Camila e Alice, eu fui praticamente obrigada a subir no palco. Apesar de ser modelo, falar em público era algo que eu realmente não gostava.

Segurei o microfone com a mão trêmula, mas logo então dei um sorriso, vendo que todos estavam olhando para mim.

― Oi, gente. Chegou o momento tão esperado. ― Pigarreei nervosa. Minha amiga, no entanto, riu e escondeu o rosto no pescoço do marido.  ― Camila, eu estou tão, tão, tão feliz de estar aqui hoje, no seu casamento. Eu só queria dizer que sempre falei que um dia você engoliria seu próprio veneno por dizer que nunca acreditaria no amor. E esse dia chegou. Você está amando desesperadamente. E, sinceramente, amiga, você merece isso.

Vi seus olhos marejarem e ela sussurrar um "obrigada".

― Eu vi tudo. ― Falei, depois das palmas cessarem. ― Vi você, Hayes, pagar pela própria língua e se apaixonar por um dos maiores idiotas da época. Ele está melhor agora, mas ainda é um idiota. ― Alex negou com a cabeça e riu. ― Achava que isso te faria muito mal, até porque nunca tive boas referências para o amor, mas passar por todo esse processo junto com você, sentindo as mesmas coisas, mudou tudo. Nos apaixonamos juntas, sofremos, nos reerguemos e hoje... ― Respirei fundo. ― Hoje você finalmente tem o seu final feliz.

Camila juntou as sobrancelhas, me analisando. Eu desviei o olhar dela e então vi Alisha, em pé, perto da mesa de buffet, assistindo tudo. E perto da mesa dos noivos, Ethan, também me olhando com curiosidade.

Quando voltei a olhar para minha amiga, decidi em rápidos segundos que aquele não era o tipo de discurso que ela merecia em seu casamento. Aquilo não era sobre mim.

Então mudei o tom, comecei a lembrar de bons momentos, os mais engraçados, e logo os dois estavam rindo alegremente. Quando terminei o discurso e desci do palco, Camila correu até mim e me abraçou com força.

― Eu te amo tanto, Emily. Não tem ideia do quanto sou feliz por ter você em minha vida. ― Sussurrou. Então me deu um beijo na bochecha e me olhou nos olhos em seguida, dizendo: ― Você também merece um final feliz.

Senti algo molhar minha bochecha. Uma lágrima. Nem senti que o choro estava vindo. Ela enxugou, então assentiu, como quem dissesse, sem usar palavras, que eu sabia bem o que deveria fazer.

Fui para a mesa em que estava sentada antes, com minha mãe, o namorado e minha avó. Fiquei paralisada, olhando para o nada, nem sequer ouvindo ou vendo a movimentação em cima do palco.

― Você está bem, Em? ― Minha mãe perguntou, tocando meu braço, me acordando do devaneio.

― Sim. Sim, estou bem. ― Falei, arfante.

Quando voltei a olhar para o palco, senti meu corpo inteiro gelar, como se estivesse na sala mais fria de todo o universo. Tudo isso porque Ethan estava lá, prestes a discursar para os noivos, mas com os olhos em mim.

O contato logo foi quebrado quando um breve silêncio pairou, partindo das pessoas que esperavam por suas palavras.

― Boa noite, pessoal. ― Ele então sorriu como se nada estivesse acontecendo. ― Não sei se todos me conhecem, mas saibam que se Alex Lawson é quem é hoje, foi por causa de uma grande inspiração em sua vida: eu. ― As pessoas riram. ― Acho que não consigo imaginar uma vida sem esse cara. Nossas famílias já se conheciam antes de nascermos, algo estrutural, não sei. Não sei bem como aconteceu, mas sou feliz que eles tenham se encontrado, assim eu pude crescer junto ao meu melhor amigo, o irmão que nunca tive. Perco as contas quantas vezes nos ajudamos, quantas vezes nos divertimos, nos apoiamos, brigamos... e sempre estivemos lá um para o outro. Você não sabe, Lawson, mas no fundo sempre quis que encontrasse uma boa garota, que se apaixonasse e pagasse por toda merda que já fez. Bem, acho que conseguiu. ― Mais risadas. Eu continuava petrificada, sequer piscava, e já sentia meus olhos arderem.

Então os olhos de Ethan encontraram os meus.

― Tenho uma filha.

Senti uma fisgada em meu peito.

― Não sei se todos sabem, nunca foi segredo, mas eu tenho uma. Ela não está mais entre nós, mas ainda é a minha filha. Nossa filha. ― Disse diretamente para mim. As lágrimas caíam de meus olhos sem meu controle. ― Quando ela... quando ela morreu, eu quase morri também. Foram meses na merda, usando tudo de ruim que possam imaginar, e esse cara ― Olhou para Alex. ― Foi uma das pessoas que me ajudou a me manter vivo. Dia após dia, Alex estava lá, me ajudando na desintoxicação, me visitando na clínica, sempre dizendo que um dia as coisas seriam diferentes. Por isso que digo, irmão, que não consigo imaginar uma vida sem você. Obrigado por tudo, palavras nunca serão o suficiente para expressar minha gratidão e amor. Estou muito feliz, mais do que feliz, em ver você se casar com o grande amor da sua vida. Camila, sei que fará esse homem o mais feliz do mundo, apenas reforço porque sou um amigo idiota. ― Eles riram.

Eu peguei um lenço e passei no rosto, tentando disfarçar a emoção na frente das pessoas.

Quando achei que aquele fosse o fim, quando as palmas cessaram, Ethan não faz menção de devolver o microfone, então parte para uma outra parte do discurso. Agora olhando diretamente para mim, sem sequer desviar.

Acabei sustentando o olhar. Não sei como, mas apenas sustentei.

[Deem play: Everything Works Out In The End ― Kodaline]

― Gostaria de ser um grande leitor, de poder citar belas frase sobre amor ― Começou. Meu coração acelerava tanto que eu jurava que sairia do meu peito. ― A única que sei foi dita por Shakespeare, quando li no ensino médio, em que ele afirma que amor e ódio andam juntos. Se me amar, estarei sempre em seu coração, se me odiar, estarei sempre em sua mente, então ambas estarão ao meu favor, essa era a frase. Me apaixonei muito antes de Alex, mas nunca contei a ele. Vivi esse sentimento sozinho, apenas admirando a garota mais linda que já havia visto na vida, e quando tivemos nosso primeiro contato e ela demonstrou não gostar de mim, achei que estava no caminho certo. ― Ele riu. ― Não demorou muito para o sentimento se tornar oposto e ela se apaixonar por mim. Fui muito feliz os anos em que passamos juntos, de uma forma que por muito tempo achei que não poderia ocorrer novamente. O tempo foi cruel comigo, com nós dois. Se pudesse voltar, claro que faria as coisas serem diferentes ― Ele franziu a testa, pensativo. ― Mas como isso não é possível, apenas aceito meu destino. Talvez as coisas precisassem ser como são. Demorei a perceber isso, me culpei por muito tempo, mas hoje sei que o amor foi meu maior aliado e meu maior inimigo. Que em meu coração, bem lá no fundo, fiz o que fiz por não saber como lidar com esse sentimento. E sei que também fez a mesma coisa.

Suspirei, tentando não soluçar e chamar atenção das pessoas.

― Depois de todos esses anos, depois de uma quase morte, sei que não existe nada mais valioso do que esse sentimento. Que no fim do dia, teremos apenas o amor, seja da nossa família ou daqueles que chamamos de família. Demorei muito tempo para entender isso, tempo suficiente para perder o que era o meu maior tesouro, e não sei se ainda existe tempo de reverter algo, mas se existir, eu gostaria de lutar por isso. E permito que outras pessoas também lutem.

Olhei para trás, acompanhando o olhar de Ethan, e lá estava Alisha, ainda de pé, com lágrimas nos olhos.

― Dizem que no amor vale tudo, mas discordo. No amor vale tudo se você estiver disposto a arriscar, a entregar-se e assumir os seus erros. Se souber os seus limites e os limites dos outros, se souber desistir quando for preciso... e se souber quando esse amor não é mais para você. É normal. Casais terminam e começam, mas isso não significa que o amor simplesmente acaba. Existe laços que nunca podem ser rompidos, e esse é um deles. ― Ele voltou a me olhar. ― Por isso digo a você e a todos que estão nesse salão, que se ainda precisam lutar por algum amor, por algo que acham que vale a pena, que precisam pelo menos de uma conversa para seguir em frente, então vão. Lutem, falem, gritem. Não sabemos por quanto tempo estaremos aqui e perder tempo por medo é pura burrice. Pode ter demorado anos, mas ainda vale a pena. ― Estamos com os olhos presos um ao outro. ― Você merece ser feliz.

Fez-se um breve silêncio, daqueles que deveriam dilacerar o coração, mas apenas me fizeram bem. Estranhamente bem.

Dei um sorriso leve para Ethan que retribuiu, depois o assisti descer do palco e abraçar os noivos. Olhei para trás, procurando por Alisha, mas ela já não estava mais lá.

Não pensei duas vezes senão me levantar e ir atrás dela.

A encontrei na parte de trás da mansão, bem perto do cercado de flores, que separava a mansão da praia, lá estava Alisha, vendo o sol se pôr. Eu reconheceria aquele vislumbre de longe.

Me aproximei lentamente, sem medo, e parei ao lado dela, olhando também para o mar.

― Acabei de perceber que passei mais tempo na minha vida te amando do que vivendo.

Franzi a testa a olhei.

― Não, isso não é verdade.

― É sim. ― Ela me olhou. ― Nem todo mundo sabe. Na verdade, creio que ninguém sabe. Desde que te vi, tudo foi sobre você, Emily. Minha vida, meus pensamentos, o desejo que te ter um dia para mim. Eu fingia viver, mas a verdade é que só pensava em você. Só penso em você.

― Isso não é vida.

― Exato. ― Suspirou. ― Não é. Mas não exista nada mais no mundo que eu queira do que estar com você.

Toquei seu braço, me aproximando. Lágrimas escorriam por seu rosto, silenciosas e dolorosas.

― Então, por que... por que não...

― Emily, pare. ― Ela disse, firme. ― Nós fomos feitas para ser, para acontecer, mas não parar sempre.

― O que quer dizer?

― Eu sempre achei que quando tivesse você, que se acontecesse, ficaríamos para sempre juntas. Vivi com essa esperança durante anos. Na verdade, não vivi, apenas esperei.

― Mas você tem uma carreira, viveu bem durante esse tempo...

― Pensando em você! ― Exclamou, chorando. ― Meu Deus, tudo sempre foi sobre você!

Franzi a testa, triste.

― Desculpa, não quis que as coisas fossem assim. Se tivesse apenas deixado o destino agir, talvez não fôssemos para ser.

― O que quer dizer?

Não, não queria que ela dissesse.

― Quero dizer que preciso saber como é minha vida sem você. E acho que você sabe o que fazer.

Queria falar tantas coisas.

Queria mentir e pedir para ela ficar. Mas a quem eu ajudaria naquela história se fizesse isso?

Então apenas corri até ela e a abracei com força, enterrando meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro. Ela me apertou contra si, aumentando mais o nosso contato. A amava tanto que chegava a doer, e creio que ninguém seria capaz de apagar aquilo.

Existiam laços que não podiam ser rompidos.

― Fique bem. ― Falei, com a testa encostada na sua.

― Eu vou. Você vai ficar também.

Quando nos afastamos, nos olhamos por algum tempo. Ela sorriu leve, mas impedi ela de falar.

― Não se atreva a dizer adeus.

Ela então riu, enxugando o rosto.

― Nem cogitei.

Vi Alisha dar as costas e voltar para a mansão. Ela não olhou para trás, o que significava que realmente sua escolha tinha sido feita.

Afinal, quem deveria escolher no meio de tudo isso?

...

Caminhei pelos corredores da Fayron, melancólica com tudo. Olhei os armários, parando perto daquele que foi meu por tanto tempo. Dei risada ao lembrar de todas as coisas que aconteciam naquele lugar, o quanto fomos inconsequentes.

― Emily.

Olhei para o lado e vi a Sra. Hernandez. Ela estava mais velha, tinha alguns cabelos brancos, mas ainda tinha aquele sorriso doce. Nunca fui de ter intimidade com professores, mas não pensei duas vezes senão abraça-la. Ela riu e devolveu o abraço.

― Meu Deus! Como você cresceu. ― Disse, me olhando dos pés à cabeça. ― Mas ainda tem a mesma cara de menina levada.

― Ainda sou uma bomba, pode apostar.

― E uma grande modelo. Fico feliz em ver no que se tornou.

Sorri, agradecida.

― Todos os alunos estão em sala? ― Ela assentiu. ― A nova diretora realmente está fazendo a diferença.

― Dizem mesmo. Sou prova. ― Rimos. ― Vem, vamos andar um pouco.

Ela me abraçou, então fomos andando lado a lado. Cada passo naquele corredor rendia uma história diferente.

― Quando a diretora Harper se aposentou e me disse que eu seria a mais ideal para o cargo, achei que ela estava ficando louca. Nunca me vi em um papel como esses, tão alto. Acho que me subestimei. Me dediquei por anos a essa escola, vendo o potencial de cada aluno, querendo o melhor para todos, mal sabia eu que esse era o cargo certo para mim. ― Disse. ― Às vezes temos as escolhas certas na nossa frente e ignoramos.

Ela parou, olhando para a foto da nossa turma de dez anos atrás.

― Vocês fizeram história aqui.

― Por que ficamos famosos pelo mundo?

― Porque fizeram história aqui, de verdade.

Sorri ao observar os detalhes da foto. Eu estava ao lado de Camila, sorridente, e do outro lado, Ethan. Éramos todos tão jovens, cheios de vida e sonhos.

Andamos mais um pouco até chegarmos perto da saída de trás que dava para o campo de futebol.

― Está procurando pelo Sr. Johnson? ― Uma menina baixinha, de cabelos pretos, perguntou.

― Srta. Thomas! Você não deveria estar em sala? ― A diretora ao meu lado gritou.

― Eu estou indo agora, desculpa. É só que não pude evitar. Vi Emily Broussard e... a senhora sabe.

― Não, não sei. Já para a sala.

― Sim, estou procurando pelo Sr. Johnson. Ele é treinador aqui, não é?

― Sim! E o melhor de todos!

― Emily, essa é Mikaela Thomas...

― Mika. Mika Thomas.

― Isso, Mika, como a conhecem. Ela está no terceiro ano. Confesso que essa turma também veio dando um certo trabalho. Sem Meghan, não teria dado conta.

Ergui as sobrancelhas, assentindo.

― É, fiquei sabendo da história. ― Sorri para a garota.

― Então o escolheu? Vão terminar juntos? ― Mika perguntou.

― Srta. Thomas, se não for para a sala agora juro que você e seu grupinho inteiro vão mais uma vez para a detenção.

― Ok, estou indo, Sra. Hernandez. Foi bom conhece-la, Emily.

― Foi bom te conhecer também, Mika. Espero que tenham carregado bem o legado dessa escola depois que saímos.

― Acho que quase conseguimos. ― Ela disse, então saiu, direto para a sala.

― Esses jovens... em outra hora posso lhe contar o que esse grupinho aprontou, especialmente Aaliyah Green. ― Arregalei os olhos, lembrando daquele nome. ― Outra hora. Acredito que veio aqui para outro compromisso.

― Sim, vim.

Ela sorriu, assentindo.

― Ele está no campo, treinando os garotos. Acredito que ― Olhou para o relógio. ― O treino já está no fim.

― Obrigada, Sra. Hernandez.

― Bom tê-la de volta em casa.

Nos abraçamos em despedida, então eu fui para o campo de futebol. Fiquei nervosa ao ver os garotos saindo, vindo em minha direção, sabendo que ele estaria sozinho agora. Alguns deles me lançaram olhares de confusão e curiosidade, como se me conhecessem bem. Eu acenei para os que acenaram e sorri para os que sorriam.

Ethan estava bem no centro do campo, dando instruções para o assistente retirar algumas coisas de lá. Eu fui caminhando, caminhando, caminhando... até parar a alguns metros, bem na hora que ele me olhou.

― Emily?

― Oi. ― Respondi, descruzando os braços e acenando. ― Me disseram que estaria aqui.

― Sim. O treino acabou agora.

― Soube.

Ficamos em silêncio durante alguns segundos, que pareceram durar horas, então me aproximei mais, receosa.

― Acho que esse cargo foi feito para você.

― Estou pegando o jeito.

― Você sempre foi bom em jogar, Ethan. Ensinar como se joga então... ― Ele sorriu leve. ― Mas acima de tudo também foi um bom pai. Nunca disse isso a você, demorei um tempo para perceber, mas você foi sim um bom pai.

Estávamos próximos o suficiente para eu ver sua feição. Ele estava emocionado.

― Obrigado, Em. Você também foi... é uma boa mãe.

― Quero me desculpar. Você fez muita merda, sim, mas não conseguia ver tudo o que acontecia, o que se passava com você. E peço desculpas também por... ― Engoli em seco, sentindo as lágrimas molharem minhas bochechas. ― Por ter te culpado pela morte de Emerald. Não foi. Foi um acaso, um desastre, mas não foi sua culpa. Ela tinha um defeito cardíaco congênito, o que gerou toda a... parada cardiorrespiratória. Infelizmente não foi visto durante os exames. Faz anos que soube, mas mesmo antes disso, dentro de mim, sei que fui injusta ao culpa-lo. Nada vai sarar nossa dor, mas o tempo pode ajudar a aliviar, como ajudou até aqui. Você não foi o culpado pela morte da nossa filha. Era isso que eu precisava dizer. E também que... eu te amo com todo o meu coração.

Falei as últimas palavras apressadas, mas ele entendeu bem. Sua feição foi ficando tranquila, ele respirava lentamente, com certa dificuldade, então assentiu, se aproximando.

― Obrigado, eu realmente precisava ouvir isso. Não há nada pelo que se desculpar, Emily. Ninguém teve culpa, ninguém. E obrigado por dizer do problema cardíaco dela, talvez as coisas tivessem sido diferentes, talvez não, é um eterno efeito borboleta. ― Disse. ― As coisas não foram muito justas, mas serviu para fazer ser quem somos hoje.

Ele então ficou em silêncio, apenas me olhando, como se tivesse terminado de falar. Eu fiquei calada, pronta para dar as costas e ir embora, até que ele me puxou e me deu um beijo de tirar o fôlego. Eu me assustei com o contato, mas então devolvi o beijo, sem acreditar que aquilo realmente estava acontecendo.

Depois de tanto tempo, beijar Ethan ainda parecia algo de outro mundo, como se tivéssemos sido perfeitamente planejados um para o outro. Quando nossas línguas se tocaram eu arfei, e quando suas mãos tocaram meu corpo, ainda que por cima da roupa, eu arrepiei. Apenas parecia... certo.

Paramos quando o nosso fôlego acabou. Encostamos as testas uma na outra, e sorrimos.

― Por favor, me diga que não vai dar as costas e ir embora.

Eu ri.

― Não vou.

― De verdade?

― A não ser que você queira.

Ele afastou o rosto do meu, apenas para me olhar. Eu dei risada.

― Nunca mais.

― Parece que tudo eu fiz, tudo o que eu passei desde que nos separamos, apenas me trouxe até aqui, a esse momento. É como se tudo estivesse alinhado.

― Não existe nada mal resolvido?

Neguei com a cabeça.

― Parece que ficou para trás. É como uma permissão para poder viver de verdade.

― Me sinto da mesma forma. Dois dias atrás, quando fiz aquele discurso, apenas soube que o que quer o destino reservasse para nós, ficaríamos bem.

― Então o tempo foi generoso com a gente?

― Pode se dizer que sim.

Eu ri, negando com a cabeça.

― Deus, é tão bom te ver sorrindo.

― Espero passar muito tempo assim, sorridente.

― Se depender de mim, sim, irá.

Íamos nos beijar novamente, mas paramos ao ouvir gritos e palmas. Olhamos para o lado e lá estavam todos os jogadores nas arquibancadas, assistindo à cena como se fosse um espetáculo.

― Isso, treinador!

― A garota é sua!

Eles gritavam.

Ethan e eu rimos, olhando para aquela cena. Haviam até algumas garotas no meio, incluindo a que havia encontrado minutos atrás.

― Para eles, não existe Ethan Johnson sem Emily Broussard. Já disseram que sou um homem mais fraco.

Olhei para ele, desacreditada, e ele apenas assentiu. Eu enrosquei meus braços em seu pescoço, ouvindo os gritos e palmas.

― Realmente, não existe Ethan Johnson sem Emily Broussard. E também não existe Emily Broussard sem Ethan Johnson.

― A calmaria para o furacão, como você costumava dizer, não é? ― Ele lembrou e eu ri, assentindo.

― Bem isso.

― Bem-vinda ao final feliz, Em.

Sorri, sentindo meus olhos marejarem novamente.

― Mal posso esperar para vive-lo.

Então nos beijamos de novo, com o fundo sonoro de palmas e gritos de pessoas felizes por verem aquela cena acontecer. Eu estava feliz também, como nunca estive em tantos anos, segura de que havia feito a escolha certa. E com o coração aquecido por sentir que alguém lá em cima nos guardava e amava.

FIM

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