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Capítulo 46 - This is life

*O CAPÍTULO NÃO PASSOU POR REVISÃO. ERROS DEVEM SER IGNORADOS."

Ethan Johnson

Quando Emily foi embora, eu também fui. Não sabia se ela voltaria ou não ― queria eu que sim ―, mas não fazia sentido continuar em Miami sem ela lá.

Então decidi voltar para Jacksonville. Sabia que lá encontraria meus pais, que Eloise estava pela cidade, que Emily poderia estar também... tinha um universo de possibilidades e nenhuma parecia animadora. Assim que retornei, indo para a casa dos meus pais, fui recebido com animação por minha mãe em uma noite de sexta.

― Como foi lá? Falou com Emily? ― Perguntou, enquanto me servia café na cozinha.

Impressionantemente ela havia sido a pessoa que mais me apoiara na minha ida para Miami. Era a busca pelo amor da minha vida, assim ela disse. Meu pai, ao contrário dela, foi indiferente, assim como era em muitas coisas relacionadas a mim, mas sempre com um comentário babaca.

― Ela foi embora.

― O que? Como assim?

Dei de ombros e beberiquei o café, cansado.

― Foi embora.

― Ouvi algo sobre o pai dela estar internado em uma clínica de reabilitação. Talvez ela esteja aqui. Por que não a visita?

― Não sei se ela vai querer me ver, mas posso tentar. Estou aqui de qualquer jeito, não estou?

Ela sorriu, então me deu um abraço. Estranhei quando ela ficou tempo demais pregada em mim, então percebi que estava chorando.

― Mãe, o que houve? ― A afastei, tocando seus ombros. Ela enxugou o rosto e me olhou, triste.

― Eu realmente queria que toda essa situação fosse diferente, Ethan. Se pudesse voltar no tempo, as coisas não teriam sido assim.

Não consegui reagir muito, sabia bem o que significava. Aquela era a reação que esperei por anos, dela, de meu pai, de todos aqueles que não conseguiam entender Emily e eu, que atrapalharam nossa vida de todas as formas. A verdade é que me culpava por ter permitido que nos invadissem tanto. Por isso não havia muito o que dizer.

― Eu também, mãe. Eu também.

Então ela se jogou novamente em meus braços, chorando, desejando que tudo desse certo para mim.

Esperei alguns dias para ir até a casa de Emily. Na verdade, mais de uma semana... quase três. Era medo, vergonha, humilhação, não sabia o que ela podia fazer. Fiquei parado dentro do carro por alguns minutos, esperando a coragem me invadir. Só saí quando coloquei na cabeça que seria muito pior se ela saísse e me visse ali parado como um stalker.

Toquei a campainha apenas uma vez e esperei, com as mãos tremendo e suando. O nervosismo apenas aumentou quando Martha abriu a porta no lugar de Emily e me olhou como se tivesse visto um fantasma.

― Ethan? ― Quando ela disse meu nome, quis correr. Mas alguma coisa me segurou ali, então apenas dei um sorriso sem graça.

― Boa tarde, Martha. Como vai?

Ela cruzou os braços e ficou entre a porta, impedindo-a de fechar.

― O que faz aqui? Faz anos que não dá as caras, deve ter um grande motivo.

Ela sabia das minhas tentativas. Puta merda.

― Eu entendo.

Ficamos calados por alguns segundos, apenas nos olhando, até que ela disse a frase que acabou com qualquer expectativa que tinha:

― Ela não está aqui.

― O que? ― Perguntei, desesperado, sem me importar de esconder isso.

― Foi embora para resolver... coisas de trabalho.

― Coisas de trabalho? Mas ela nem trabalha.

― Não trabalhava, agora sim.

― Aonde ela foi?

Ela semicerrou os olhos e negou com a cabeça.

― Não vou te dizer, Ethan. A única coisa que posso te dizer e oferecer é uma xícara de café.

Dei uma risada sem humor pelo seu deboche, porém ela continuou séria.

― Você realmente quis dizer isso? ― Ela assentiu. ― Não sei, talvez...

― Entre, Ethan. Não mordo.

Ela foi na frente e eu entrei logo em seguida, fechando a porta. Ela pediu que eu ficasse na sala. Lá me aproximei da estante e vi algumas fotos de Emily. Haviam de várias fases da sua vida: bebê com Martha e a avó, criança por volta dos sete anos, adolescente ― exatamente quando me apaixonei ― e grávida. Havia uma foto de Emily grávida de Emerald, na casa de Martha, sorrindo da vida enquanto via algo da janela. Sua silhueta destacava perfeitamente sua barriga, e ficava ainda mais linda com o vestido brando de renda que usava. Eu sabia bem cada detalhe da foto, porque eu quem havia tirado.

― Ela estava na melhor fase. ― Martha disse surgindo atrás de mim. Quando me virei ela entregou a caneca com café.

― Obrigado.

― Vamos lá para fora.

O alpendre da frente dava vista para a rua tranquila. Sempre gostei daquele lugar, desde o começo do namoro com Emily. Ser bem acolhido por Martha, estar em um ambiente simples, com pessoas que valorizavam momentos em família era sempre o que eu priorizava e me sentia bem lá, como nunca me senti na minha própria casa.

Sentei ao lado dela em uma cadeira de madeira com estofado, bem confortável. Ficamos em silencio por alguns segundos, até ela, novamente, quebrar o silêncio.

― As coisas tinham que ser assim, Ethan. O melhor a se fazer é saber que, por mais doa, certas coisas precisam chegar ao fim. ― A olhei. ― Sim, eu sei de tudo, que foi atrás dela, desse problema com Alisha... ela não queria me contar, mas sou mãe, preciso saber.

― O que queria que eu fizesse? Simplesmente deixa-la escapar das minhas mãos?

― Ela não escapou de você, nunca escapou. Vocês precisaram se separar.

― Penso que poderíamos enfrentar tudo juntos.

― Não, Ethan, as coisas não funcionam assim. Vocês não podem ficar juntos enquanto não resolver as pendencias com sua família, não podem enquanto Emily não se encontrar. Se fizerem isso, tudo de ruim irá apenas se repetir.

― Por que diz isso? Sério, Martha, por que me odeia se sabe que sou uma vítima tanto quanto Emily?

Ela negou com a cabeça várias vezes e colocou o copo no chão, virando-se para mim.

― Eu nunca te odiei, Ethan. Me culpo por ter te culpado no começo pela morte de Emmie, mas sempre soube que era apenas um jovem sem cabeça, manipulável. Estava doendo, era uma avó que havia acabado de perder uma neta, e precisava de uma forma de descontar a dor. ― Ela tocou minha mão e eu senti uma lágrima escorrer por minha bochecha. ― Você não é culpado pela morte da sua filha, Ethan. Todos erraram, mas não com Emmie.

Precisei tanto ouvir aquilo. Por anos e anos esperei que me dissessem daquela forma, olhando nos meus olhos. Ouvir de Martha era como se parte de minha alma já pudesse descansar em paz, mas precisava mesmo era ouvir de Emily.

― E então te pergunto: você quer ela ou quer o perdão dela?

Franzi a testa. O que ela queria dizer?

Afastei minha mão da sua não gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.

― Eu quero ela. Ainda a amo.

― Ethan, isso não pode acontecer enquanto não resolver sua vida. Além do mais, Emily foi embora, de novo, e acho que quando voltar a rever você será com outra mentalidade. Espero que também esteja maduro.

― Realmente quero saber aonde ela está.

― Não vou te contar, garoto. ― Disse, firme. Eu me calei. ― Eu quero o seu bem, Ethan. Peço desculpas pelas grosserias desses anos, mas a verdade é que também me magoei porque amava você, você era como um filho para mim, a única pessoa a quem eu confiava Emily. Quando ela estava com você, eu conseguia descansar em paz.

― Não sabia que se sentia assim.

Ela se virou e sorriu leve.

― Tenho algo para você.

Fiquei sentado sozinho, esperando, até ela trazer algo nas mãos enrolado em um pequeno pano branco. Ela me entregou e eu recebi, nervoso. Engasguei ao abrir e ver um par de meias minúsculas.

― Isso é...?

Ela assentiu, sorrindo emocionada.

― Sim. São as meias que Emmie usou na maternidade. Foi bem rápido. Você não sabe, mas nós a vestimos por um tempo, Emily a segurou vestida, achei que fosse aliviar, mas não foi assim. Foram as únicas coisas que não foram doadas.

Eu estava com o rosto ensopado, provavelmente vermelho. Odiava, simplesmente odiava chorar na frente de alguém, mas lembrar de Emmie era tocar em uma ferida terrível.

― É seu.

A olhei, desacreditado.

― Sério? Não, não posso. Emily vai...

― Você é o pai de Emmie. Sei que a amou. É seu direito ter algo que lembre ela.

Levei as meias até o nariz e senti o cheiro doce de bebê. Podia ser fantasioso, algo apenas da minha cabeça, mas era como se o cheiro da minha filha realmente estivesse ali. Me perguntava diversas vezes como minha vida ― nossa vida ― estaria se ela não tivesse partido.

Quando acordei do devaneio, me levantei da cadeira e a puxei para um abraço. Ela devolveu, me apertando de volta, e aquilo me fez chorar mais ainda. Era um acordo de paz selado depois de anos de sofrimento e remorso. Era o abraço de uma avó e pai que haviam perdido a coisa mais importante de suas vidas.

Não sabia que, antes de tudo, precisava me reconciliar com Martha Broussard para dar início a mais uma parte da minha reconstrução.

Naquela mesma noite eu voltei para casa sabendo exatamente o que fazer. Meu pai estava no escritório, trabalhando, mas nem me importei, apenas entrei e falei:

― Eu sei que não gosta de mim, que finge que essa porra de patriarcado é a coisa mais importante da sua vida. Sinto muito não corresponder as suas expectativas, mas sinceramente, Ralph? Foda-se. Não me importa nada. Estou me desligando total da família, das suas obrigações, e vou viver a minha vida. Se algum dia quiser conversar, saber realmente como as coisas são, estarei aberto, caso contrário, me esqueça. E ainda espero que me peça perdão, por mim, por Emily e por minha filha.

Ele assentiu, me encarando.

― Talvez um dia eu queira conversar. Você é uma decepção, Ethan. Apenas saia.

Olhei para ele por alguns segundos, então fui embora. Minha mãe tentou me fazer ficar, no entanto Eloise me apoiou e me levou para o seu apartamento, comprado com seu dinheiro, e me deixou ficar lá enquanto fosse preciso.

Reconstruí minha vida. Comecei a trabalhar com esportes, graças a indicação do namorado de Eloise. Dei aula de natação para crianças, futebol americano, até um dia ser chamado pelo Sr. Collins, o meu antigo treinador da Fayron, para assumir seu lugar.

― Por que eu? ― Perguntei, confuso.

― Porque sei que está precisando de emprego, sei do seu potencial como jogador e realmente irei me aposentar. Quero que você seja o novo treinador do Furious.

― Não sei, treinador.

― Ethan, é a oportunidade da sua vida. Não se sabe, mas os olheiros também observam os treinadores. Quem sabe um dia poderá treinar grandes times.

― Essas coisas são para Alex, não para mim.

― Eu não te criei para ser um merda que se diminui, moleque. Aceite essa proposta, pelo menos pense sobre.

Conversei com Eloise, quem havia se tornado minha melhor amiga, conversei com Alex, minha mãe, então aceitei. Pouco tempo depois eu era oficialmente professor-treinador da Fayron. E pouco tempo depois, meu pai teve um AVC.

Foi em uma tarde de trabalho, depois de sair de uma reunião, em sua sala. Eu havia acabado de terminar de treinar um time quando cheguei em casa e vi minha mãe derrubar o telefone no chão, em choque. A agarrei, desesperado, e ela não conseguiu falar. Soube ao ligar para a empresa.

Ele perdeu os movimentos de um lado inteiro, parou de falar, as mãos eram praticamente inutilizáveis e seu único contato era pelo olhar. Ficou meses e meses no hospital até ser liberado para ir para a casa onde passou a viver em cima da cama, com lágrimas caindo dos olhos ― eu sabia que era de ódio, de tristeza. Minha mãe quem esteve ao seu lado em todos os momentos. A mulher que ele humilhou e rebaixou, agora era quem cuidava dele e assumia o papel de chefe da casa. Eloise também estava lá, acabou se mudando, e eu me preparando para ir embora morar em meu próprio apartamento.

― O karma o atingiu com força. ― Foi o que minha irmã disse em uma tarde quando eu e ela resolvemos conversar sobre.

Não quis concordar em voz alta, mas sabia que era verdade. Nenhum de nós saía desta terra sem pagar pelo que já foi feito. Jamais desejaria mal ao meu pai, mas estaria mentindo se dissesse que ele não foi um dos piores seres humanos que já conheci.

Com cinco meses de meu pai naquela situação, com pouquíssima evolução e zero fala, o contador da empresa foi até nós e falou que se alguém não assumisse o lugar dele, seria necessário vender as ações, pois tudo havia praticamente despencado. Minha mãe cogitou vender, disse a mim e Eloise, mas eu não permiti.

― Você quem deve fazer isso acontecer. Você é a melhor para assumir isso, mãe.

― Não, Ethan. Seu pai mal me deixava controlar nada. Eu era apenas a esposa.

― Ele tem razão. ― Eloise disse. ― Você quem deve ser a nova chefe. Nem Ethan e nem eu queremos comandar isso.

― Não consigo fazer sozinha. Preciso de vocês nisso. Sei que não querem essa vida, mas pelo menos me apoiem, vamos fazer isso juntos.

Eloise e eu nos olhamos, sabendo que somente nós poderíamos fazê-la aceitar isso, então concordamos. Seria algo temporário, para que ela fosse pegando o ritmo, então seguiríamos cada um com sua carreira.

Minha mãe passou a assumir a empresa com pouco tempo, e logo não pode mais cuidar de meu pai que foi acompanhado por diversas enfermeiras. Com os treinos e problemas na escola, com o time, e ajudando minha mãe na empresa em alguns dias da semana, eu mal o via. A verdade é que também evitava porque sabia que aquele encontro seria pesado para mim.

No dia em que me mudei, tomei coragem para visita-lo. Ele estava sentado na cama, sendo alimentado pela enfermeira ― consumia apenas líquido ―, quando entrei. Seus olhos caíram sobre mim, sem vida alguma, e eu me arrependi na hora de ter ido até ali. A enfermeira nos deu licença e eu me aproximei, sentando na cadeira ao lado da cama na qual ela estava antes.

Olhei para sua deplorável situação, tentando entender como podia estar naquele ponto, se aquilo realmente era alguma intervenção da justiça divina ou uma grande fatalidade. Ele piscou várias vezes, como se tentasse falar, então, com a mão tremula, apontou para a mesa de canto. Esses movimentos eram raros e, pelo que a enfermeira havia dito, doíam como o inferno para ele.

Abri a gaveta, tentando entender, então vi um envelope com o meu nome.

― O que é? ― Perguntei e ele piscou várias vezes. Abri o envelope e vi os dizeres "De Ralph para seu amado filho".

Olhei para ele novamente e ele piscou. Eu sabia que ele queria que eu lesse, e por mais que não quisesse, fiz.

"Querido Ethan,

Escrevo essa carta apenas com o piscar dos olhos, porque as batidas do coração já nem servem mais para contar meus sentimentos. Janine, a enfermeira, me ajudou com o mecanismo do computador feito para pessoas na minha situação. Lamento tanto pela minha situação, por ser novamente um fardo para vocês. Quis conversar com você antes, muito tempo, mas o orgulho e o medo me impediram. Você não sabe, mas foi extremamente amado e desejado por sua mãe e, principalmente, por mim. Amei Eloise primeiro, depois te amei. Achei que estava criando uma nova versão minha, uma máquina, mas sentindo um profundo amor. Amor esse mal demonstrado e doentio. Queria ter sido um pai melhor, queria ouvir suas histórias, seus anseios e sonhos, seus problemas e o ajudado a resolve-los, queria ter assistido seus jogos e, acima de tudo, ter sido avô. O luto também me atingiu e me deixou ainda mais carrasco e nojento. Espero que essas palavras sirvam de acalento para o tormento que carrega em seu peito, espero que saiba que você não tem culpa de nada e espero mais ainda que um dia seja um melhor pai do que eu fui, do que meu pai foi para mim. Aproveite a vida, siga os seus sonhos, ame a todos que são importantes para você e não se culpe pelas falhas do destino. Peço perdão por tudo que fiz com você, com sua irmã, sua mãe e Emily. Peço perdão por Emerald. Se eu a encontrar, pedirei eu mesmo. Tenha uma boa vida, Ethan. Espero que me perdoe e que se lembre de mim com carinho.

Com amor eterno,

Seu pai."

Terminei de ler com o rosto completamente molhado, inchado e sabendo que aquela carta era uma despedida. Ele estava indo embora. Neguei com a cabeça várias vezes, sem querer aceitar aquilo.

― Por favor, pai. Não faça isso, por favor.

Ele piscou uma vez, que significava sim, então arrastou sua mão até o canto da cama, pedindo o toque. Eu toquei, sentindo sua pele gelada.

― Você vai ficar bem.

Piscou duas vezes, dizendo não.

― Vai sim. ― Solucei. ― Eu perdoo, ok? Foi tudo uma merda, todos sofremos, mas eu te perdoo. Você realmente quer ir... embora?

Uma vez. Sim.

― Puta merda. ― Chorei, apertando sua mão. ― Se despeça de Eloise e mamãe pelo menos.

Sim.

― Em outra vida, quem sabe, podemos ter uma relação melhor. ― Ele sorriu do lado que não estava paralisado. ― Se encontrar minha filha, se estiverem no mesmo lugar, pode dizer que a amo e sinto muito?

Ele soltou minha mão e apontou para a carta que eu ainda segurava. Virei ela e na parte de trás havia mais uma coisa que me fez chorar feito louco.

"P.S.: quando fecho os olhos, Emmie quem me chama sem dizer uma palavra, mas apenas deixando claro que é a minha hora. Não sei se estarei em um bom lugar, mas a encontrarei pelo menos uma vez, isso eu sei."

Me levantei e o abracei, quase deitando na cama, chorando como nunca. Ele não conseguia devolver o abraço, mas eu sabia que lamentava por tudo aquilo.

Ele se despediu de Eloise, de minha mãe, então faleceu dias depois. A causa da morte foi parada cardiorrespiratória, segundo os médicos. Não houve muito alarde por parte dos conhecidos, ele não era muito amado, mas foi lamentado por todos nós. Nós três nos preparamos para aquele momento. Ele foi cremado e juntos jogamos as cinzas no St. Johns, rio que atravessava a cidade.

No testamento, minha mãe se tornou a responsável pela empresa majoritariamente, ficou com a casa, com apartamentos em Miami e NY, e o direito de comandar algumas das vinícolas. Eloise e eu ficamos com parte da empresa, algumas casas, eu com a das montanhas que tanto gostava, e dinheiro o suficiente para nunca mais precisar trabalhar. No entanto continuaria, aquilo não significava nada.

...

Anos depois, com uma vida estabilizada, prestes a me tornar treinador do Miami Dolphins, graças a indicação de Alex, eu era reconhecido como treinador, vivia uma vida tranquila em Jacksonville, preparando-me para me despedir da Fayron (outra vez). Tinha um ótimo relacionamento com minha mãe, que agora era uma empresária de sucesso e que havia colocado a Johnson's Wine no topo como nunca, havia me tornado tio do pequeno Mason, filho de Eloise com o marido ― sim, ela havia casado ― e estava extremamente bem com minha família. E pude ver as duas mulheres da minha vida serem felizes: Ellie com Zian e minha mãe com Jude, sua secretária e agora namorada.

Sim, as coisas haviam mudado de verdade.

Eu era o tio solteiro, literalmente, mas vivia feliz. Sempre nos reuníamos, falávamos sobre a empresa, a vida, e ainda lembrávamos com carinho de Ralph apesar dos pesares. Eu tentei seguir em frente, engatar novos relacionamentos, mas nada parecia funcionar. Não sabia bem o que faltava, se era Emily, outra coisa... mas fiquei extremamente confuso ao vê-la na festa de casamento de Alice.

Era um sinal? Era com ela que eu deveria ficar? Quis acreditar que sim.

No entanto Alisha estava lá também. Ela queria Emily, tinha confusões tanto quanto eu, mas não poderia deixar aquela oportunidade escapar. Merecia ser feliz. Todos nós merecíamos.

Depois que a encontrei em uma das lojas de vinho, deixei claro minhas intenções sobre Emily. Queria aquilo ou não queria, não sabia bem, mas precisava esclarecer tudo.

Curti a despedida de solteiro de Alex, me dedicando ao máximo ao meu amigo, feliz por saber que ele se casaria com o amor da sua vida. Como eu disse, todos nós merecíamos ser felizes. Quando a festa terminou fui a supermercado comprar algo para comer ao chegar em casa, e dei de cara com Alina na seção de congelados, alguém que jamais esperei reencontrar.

― Alina? ― A chamei. Sua expressão relaxada se tornou de completo susto ao me ver, depois ela sorriu.

― Ethan!

Ela deixou as coisas de lado e correu para me abraçar. Fiquei confuso, mas a apertei, sem acreditar que ela estava ali.

Saímos caminhando pelas ruas desertas da cidade, em plena madrugada, e conversamos sobre tudo: nossas vidas, seu processo de reabilitação, a morte de meu pai, como estávamos hoje e no fim o dia já começava a amanhecer, mas nem demos importância. Paramos perto do St. Johns River, vendo as águas passarem tranquilas, com a sensação de que havíamos nos visto ontem.

― É bom ver você bem. ― Ela disse, me olhando.

― Sim, é bom te ver também. Não houveram mais recaídas?

Ela negou com a cabeça.

― E você?

― Não. Estou limpo faz anos.

Ficamos nos olhando, querendo dizer várias coisas. Eu via em seus olhos o que ela queria, sabia bem, mas simplesmente não podia tentar algo sem saber o que se passava comigo.

― Eu lembro. ― Falei, sabendo exatamente o que aquilo significava. ― Lembro do que me disse da última vez.

Ela sorriu de lado.

― Tem um mas.

― Tem. Ainda preciso resolver coisas. Não posso te dar respostas.

― Eu sei. Sei muito bem.

― Como sabe?

Alina se aproximou e deu um beijo na minha bochecha.

― Tenho paciência. ― Disse, sussurrando em meu ouvido. Então saiu, me deixando anestesiado.

O casamento de Alex.

Sim, seria a última chance e hora de acertar as contas.

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