Capítulo 43 - Uma boa filha...
*O CAPÍTULO A SEGUIR NÃO PASSOU POR REVISÃO*
(erros devem ser ignorados)
Emily Broussard
― Ok, Emily, agora um pouco mais pro lado. ― Ele disse, apontando a câmera, e eu rapidamente obedeci. ― Perfeito, agora mostre o produto. Coloque assim perto do rosto. Ótimo!
Repetimos e fizemos novas poses durante uma hora entre troca de roupas e maquiagens. Dei uma risada leve enquanto tinha o blush retocado, lembrando de anos atrás quando isso tudo não passava de um grande estresse para mim.
― Onde está minha garota favorita? ― Escutei Amber falar ao entrar no estúdio.
Sorri quando ela se aproximou da cadeira por trás e me deu um beijo na bochecha.
― Jonah me mostrou algumas fotos, a Gucci vai ficar feliz pela fortuna que te pagou.
― Sabe que pouco me importa a marca.
― Você e seu papinho de humildade. Ok, não precisa se importar, deixe que seu bolso se importe.
Revirei os olhos e dei risada. Atrás de nós, algumas pessoas falavam em italiano, gritando.
― Acho que nunca vou me acostumar com a forma que eles falam alto.
― Em, querida, faz cinco meses que está aqui, já deveria estar familiarizada.
― Vivi em vários lugares, sabe como a adaptação demora.
― Milão é a sua casa agora, ok? Pelo menos até você querer voltar para a América. Sabe que lá tem grandes trabalhos para você também.
― Eu sei. ― Encarei-a pelo reflexo do espelho, ainda sendo maquiada. ― Mas não quero pensar nisso agora.
Meu celular sobre a penteadeira iluminada começou a tocar, estampando o nome de Alice e uma selfie linda de nós duas. Peguei rapidamente, desconfiada. Ela não era de ligar.
― Parece que vai ter que pensar antes do que espera. Vou esperar ali. ― Minha agente disse e saiu.
Atendi o celular rapidamente, em um misto de curiosidade e preocupação.
― Ei, gostosa Alice. O que manda?
Ela deu risada do outro lado da linha. Pelo menos não era nada de preocupante.
― Você não muda, né, Emily?
― Com você? Nunca. Então, que milagre é esse em me ligar?
― Eu não sei se lembra, mas estou noiva...
― Infelizmente lembro disso.
― Pare! Olha, já tenho a data marcada. Será daqui um mês.
― Mas já? ― Me ergui na cadeira, fazendo os maquiadores pararem de me maquiar na mesma hora. ― Você não noivou faz tipo uns dois meses?
― Faz um ano, Emily!
― O tempo para mim passa diferente, ok?
― Quero que você venha. Jordan e eu decidimos a data e quis que você fosse a primeira a saber.
― Nem Camila sabe?
― Nem ela. Por favor, saber que você poderá vir fará uma grande diferença. Além do mais, quero que seja uma das minhas madrinhas. E sim, você é a primeira que estou convidando.
― Sabia que você sempre foi apaixonada por mim. O que vai vir depois? Já sei, no verso do convite estará dizendo que vai se casar com Jordan, mas eu sou o grande amor da sua vida. ― Ela deu risada. Era tão bom ouvi-la. ― Estarei lá, Alice, sabe disso. Eu estaria trabalhando, claro, mas tirarei férias antecipadas.
― Você e seu trabalho que nunca termina.
― É o que me mantém viva.
― Só quero que saiba que convidarei Ethan. Convidarei Alisha também. Se isso for um problema para você, quero que me diga.
Era um problema. Não havia os visto desde o dia em que saí do apartamento de Ethan e fui embora, há cinco anos. Passei um tempo em Jacksonville com minha mãe, acompanhei a recuperação de meu pai, e então refiz minha vida. E todo esse processo começou quando liguei para Amber. Comecei com trabalhos pequenos, e hoje era uma das modelos mais bem pagas do país.
De angel de Victoria's Secrets a modelo de grandes marcas, minha carreira havia dado um giro de 180 graus e crescido de forma tão rápida que já havia sido até estudada. Como uma garota de Jacksonville que nunca havia tido experiências como modelo havia se tornado uma das maiores da atualidade?
A única coisa que eles não sabiam sobre a supermodelo é que ela havia deixado muitas coisas mal resolvidas no passado ― e que evitava resolver a todo custo.
Mas eu não podia fazer isso com Alice.
― Não tem problema. Será o seu dia, não precisa se preocupar comigo.
― Claro que preciso, Emily. A última coisa que eu quero é que não vá ao meu casamento por causa deles.
― Vou de qualquer forma, ok? Você é minha irmã.
Ela suspirou do outro lado, não sabia se de alívio ou triste por ter dado a notícia.
― Eu te amo, Em.
― Também te amo, Ali. Te vejo no altar, estarei de branco.
Ela deu risada.
― Em outra realidade, talvez.
Quando ela desligou eu então fiquei séria, pensando em como as coisas seriam. Diversas vezes voltei a Jacksonville, fui a Miami, mas tive a sorte de nunca vê-los novamente. Agora não teria como fugir.
...
― Deveria ficar logo para o casamento de Camila. ― Minha mãe disso, servindo café para mim.
E como imaginei, o tempo passou voando. Adiei e adiantei trabalhos para estar aqui em Jacksonville, tudo para participar de um dos momentos mais importantes da vida de Alice.
Fazia apenas alguns dias e eu já havia descoberto que ela estava grávida, ido para sua festa de solteira, provado diversos vestidos e discutido quem seria meu par. Essa cidade era movimentada e tanto.
― Quem sabe. ― Falei, bebericando o café.
― Falou com seu pai?
― Sim, logo hoje cedo.
Meu pai havia se recuperado totalmente durante esses anos e conseguido se reerguer. Nossa relação também havia melhorado, me fazendo ter, oficialmente, um pai presente. Não tão presente assim por conta da distância, mas a medida do possível.
― E Richard?
Ela revirou os olhos, tentando não sorrir.
Depois de anos e mais anos solteira, traumatizada com o amor, minha mãe havia oficialmente encontrado um namorado. Ele era um dos médicos do hospital e, segundo o mesmo, se encantou por minha mãe no momento em que a viu.
Era bom vê-la feliz, não tão sozinha e com uma companhia. Me preocupava com seu bem-estar estando longe e saber que ela tinha alguém que a amasse verdadeiramente e cuidasse dela era o que me tranquilizava ― mesmo sabendo que ela não precisava.
― Está de plantão, mas prometeu que chega a tempo do jantar, quer te ver.
― Que ótimo.
― Ele estava planejando uma viagem, mas não sei.
― Mãe, isso é maravilhoso. Pelo menos você tira um pouco a cabeça do trabalho. Na verdade, daqui a pouco estará aposentada, então comece a pensar o que fazer no seu tempo livre.
― Estarei aposentada, mas não invalida!
Dei risada. Ela odiava quando eu lembrava desse detalhe.
― Claro que não, só significa que vai ter mais tempo para descansar.
― Tá, chega dessa papo. São apenas planos, não sei de nada ainda. O que eu sei é que vou pegar meu vestido para o casamento de Alice amanhã bem cedo.
― Não se atrase, ok?
― Não irei.
― E a vovó?
― Está no bingo com Brian pra variar. ― Disse, pegando as xícaras e levando para a cozinha.
Sim, Brian era o seu namorado.
Apenas Emily Broussard não tinha a vida amorosa movimentada, pelo menos era isso o que gostavam de postar sobre mim. Mantive meus casos em segredos durante todos os anos que ganhei fama, não comentava sobre meu passado ou com quem estava no momento. Não por vergonha, mas porque não conseguia mais suportar pessoas se intrometendo nos meus relacionamentos.
Passei os anos cuidando de mim, dos meus traumas, indo para terapeutas e psiquiatras, mas ainda tinham coisas que só melhorariam quando eu enfrentasse, algo que nunca faria.
Porém tentei viver. Conheci pessoas incríveis nesse meio, assim como pessoas horrendas, fiz amigos, inimigos, ganhei milhões de fãs e haters também, saí com pessoas da indústria, saí com pessoas fora da indústria, mas sempre guardei tudo para mim. Especulavam, claro, sabiam da minha sexualidade, eu era desejada por homens e, principalmente, mulheres.
E depois de tanta merda, soube que era melhor assim de caso em caso. Eu não servia para ter algo sério.
No dia seguinte bem cedo comecei a me preparar para o casamento. Amber foi para o meu apartamento no centro da cidade, com uma equipe inteira para me preparar, e conversou um pouco comigo. Ela era a única dessa minha nova fase que sabia minha história toda. Nos tornamos confidentes, a amiga que levava comigo para todo lugar, e querendo ou não eu precisava de alguém que me conhecesse a fundo. Amber era essa pessoa.
― Está divina, Emily. ― Ela disse me olhando pelo reflexo do espelho.
― Obrigada, amor.
― Não precisa se preocupar. Em breve estaremos de volta a Milão, ok?
Assenti, concordando, e me senti um pouco mais confortável quando ela me abraçou por trás, bem forte.
Cheguei na igreja já nervosa, sentindo minhas mãos suarem, e fui atrás de Camila. Claro que ela estava com Alex, os dois flertando um com o outro como se fossem dois adolescentes.
― Argh, vocês ainda são desses que se beijam em todos os lugares? ― Provoquei, chamando atenção dos dois.
― Ainda somos dois adolescentes apaixonados, amiga.
Alex a abraçou por trás, o que os deixou ainda mais fofos. Sim, no fundo eu os achava fofo, mas jamais confessaria isso para eles.
― Nojento. ― Brinquei, fazendo careta. ― Parabéns pelo noivado. Fico feliz em saber que pelo menos um casal da Fayron deu certo.
Camila se afastou de Alex e veio até mim, preocupada, já conseguia imaginar o que era.
― Você sabe que Ethan veio, não é? Se sente bem com isso?
― Estou bem. Não precisa se preocupar.
Fiquei alguns minutos nessa ladainha, dizendo várias vezes que estava bem, cansada de pensarem que eu era do tipo que não conseguiria aguentar vê-los.
Por sorte fui salva por Max Coleman, meu acompanhante, escolhido especialmente por Alice. Ele era amigo de Jordan, padrinho de Margie, e segundo ela, era o cara certo para mim. Mas no minuto em que o olhei, soube que não era boa peça... e que seu coração era de outra pessoa.
― Não sei por que, mas algo me diz que você já esteve metido com a polícia. ― Comentei quando fomos indo para a fila dos padrinhos.
― Ah, nem te conto. ― Ele disse, sorrindo de lado.
Era bonito, de fato. Tinha cabelos pretos, olhos azuis, algumas tatuagens no pescoço e um daqueles sorrisos que te derretiam. Mas eu conhecia caras como ele.
― Não precisa ficar se sentindo pressionado por Alice. Não estou interessada.
Ele fez careta e colocou a mão no peito.
― Isso machucou meus sentimentos, Emily Broussard. Uma supermodelo não vai me querer, droga.
― Então me conhece.
― E quem não?
― Bobagem. Mas sério, sem preocupação. Você me parece enrolado demais para pensar em qualquer coisa. Deixa eu ver: polícia ou uma paixão?
― Pode parar? ― Pediu, rindo. ― Eu quem consigo ler as pessoas.
Dei risada também, mas que logo morreu ao ver Ethan, parando do meu lado, fazendo par com uma das amigas de Alice. Ele não havia me visto até então, mas seu olhar foi atraído para mim como um ímã.
Quis correr, quis chorar, quis tudo e ao mesmo tempo não quis nada. Parecia um sonho, daqueles distantes, o qual você consegue sentir absolutamente cada emoção. Ethan era distante, era a realidade que excluí de minha vida e estar ali ao lado dele era apenas o que estava premeditado.
Não podia se controlar tudo.
Nossos olhares se quebraram no momento em que a música soou e fomos obrigados a entrar, mas pareceram ter se passado horas. Dei alguns passos, tentando disfarçar meu desconforto, mas parecia impossível.
― Está tudo bem? ― Max perguntou. Eu o encarei e assenti, dando um sorriso.
Seguimos até o local onde os padrinhos ficariam, perto do altar, e tentei a todo custo ignorar Ethan, evitando sequer de me virar para a direção em que ele estava.
Então vi ela.
Alisha estava em uma das primeiras filas, com os olhos marejados, como se estivesse visto um fantasma. Eu congelei, agarrando o pequeno buquê de flores com força, tentando a todo custo não sair correndo dali. Não podia fazer isso com Alice.
Deus, eu estava tão ferrada.
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