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ㅤㅤ 003. 𝑻𝒉𝒆 𝒍𝒂𝒌𝒆

AS MÃOS DO PACIFICADOR empurram a Abernathy para dentro da sala no prédio da prefeitura. As mãos dela tremem. O mundo parecia girar forte demais, rápido demais, ela não conseguia acompanhar de forma nenhuma. Aquilo realmente restava acontecendo?

As portas se abrem e seu pai entra, ele está em estado de choque, tão perdido como ela. Haymitch é novamente levado as memórias de seu próprio jogos vorazes.

—— Pai...  — ela não reconhece a própria voz.

—— Você vai vencer, você irá odiar cada segundo, vai querer morrer mas você não vai, não sei viver sem você e eu não quero viver sem você. A gente lida com tudo quando acabar, mas você vai sair daquela arena como vencedora, me entendeu?

—— Eu não consi...

—— Filha, me escuta! você consegue, eu vou fazer de tudo para que você volte para mim, nem que eu tenha que colocar aquela merda toda a baixo.

—— Eu tô com medo. — ela sussurra.

Haymitch abraça a garota contra seu corpo, sem conter seus próprios medos e a angústia que o consumia por completo. Pacificadores entram na sala e puxam Haymitch, separando pai e filha. Maysilee se vê novamente sozinha naquela sala que parece tão pequena que a sufoca, até que a porta se abre e por ela passam Katniss e Prim, com a mesma linha de pavor estampada nos rostos.

—— Você sabe caçar. — Katniss quebra o silêncio.

—— Animais. — a Abernathy devolve.

—— Lá, todos eles serão a mesma coisa. — Katniss diz morbidamente e aquilo estranhamente se parecia com algo que Gale diria e ao perceber isso, seu estômago se revira, Maysilee não sabe se por medo ou ciúmes.

Prim caminha até ela e estende as mãos, revelando um broche dourado era um pássaro, mais especificamente um tordo.

—— Por favor, Katniss me deu isso e eu quero ele de volta, promete que vai me trazer e me entregar-lo pessoalmente?

Sem tempo de resposta, os pacificadores entram novamente no cômodo, alertando que o tempo havia acabado. Segundos que pareciam horas depois, Gale entra pela porta.

—— Cuida da Katniss e da Prim, meu pai pode ajudar vocês quando voltar da capital, quando esse pesadelo acabar. Por favor não deixa ele se afogar em bebidas de novo, Gale.

—— Eu prometo! — Gale a puxa para um abraço desajeitado e a pressão apita em seu ouvidos, ela não controla as batidas frenéticas de seu coração e as voltas em seu estômago.

Aquela seria a última oportunidade de dizer o que sentia para o garoto a sua frente, mas não importava, não mais, eles não teriam tempo, tudo havia acabado sem ao menos começar.

—— Eu..

Maysilee engole as palavras. Ela não tinha o direito de o perturbar estando prestes a ter uma morte brutal televisionada para todos, inclusive para ele. O garoto por quem secretamente nutria certa paixão, boba, incerta e sem dúvidas, unilateral, merecia mais do que aquilo, merecia uma vida estável com Katniss ao seu lado, sem o fantasma da amiga os rondando.

Em segundos, ela se vê novamente sozinha. Os pacificadores entram e a guiam até o carro que os levariam até a estação de trem. Effie está lá, assim como seu pai e seu colega de massacre, Peeta Mellark. Haymitch ainda parecia perdido e raivoso, enquanto Effie ostentava um sorriso mínimo e Peeta não escondia o rosto vermelho e os olhos de quem havia acabado de chorar. Ela não sabia como estava a sua própria aparência, provavelmente uma criança assustada era o que as pessoas viam quando olhavam em sua direção, "mais uma que irá morrer no primeiro segundo dos jogos."  Era o que os olhares lançados em sua direção queriam dizer, todos pensavam a mesma coisa, só não possuíam coragem o suficiente para dizer, nem a ela e nem a Haymitch.

Seu pai a abraça assim que ela entra no carro, Maysilee conseguia perceber os neurônios da cabeça do mais velho disparando, todos arquitetando um modo de a tirar daquela situação. A garota sorri fracamente, abraçando o pai com força. Os olhos de Peeta se viram em sua direção.

Maysilee é levada de volta a quando possuía sete anos de idade, quando conheceu o filho do padeiro, ela é levada ao dia em que Peeta Mellark havia a salvado da morte, quando o garotinho, não muito mais velho que ela, pulou, sem pensar duas vezes, dentro de um lago no meio na floresta. Se não fosse por ele, ela teria morrido afogada. Era irônico os dois estarem mais uma vez de cara com a morte, mas daquela vez, Peeta não iria a salvar, talvez ele próprio fosse a pessoa que a daria o golpe final.

Ela se perguntava o que Peeta estaria fazendo na floresta aquele dia. Ele não deveria estar ali, nem ela na verdade. Aquela casa que havia encontrado no meio da floresta era um dos mistérios que ela gostava de tentar resolver quando estava entediada, mas a brincadeira havia saído do controle naquela tarde em que caiu no lago que ficava no fundo da propriedade abandonada. Talvez Peeta conhecesse o lugar ou até mesmo seus pais fossem os donos, embora ela nunca mais tenha o visto indo para aquela direção em particular da floresta, ou até mesmo em qualquer outro lugar que não dentro da cerca do distrito doze. A verdade era que Maysilee nunca perguntou o motivo do garoto ter a salvado naquele dia, nem o motivo de estar por perto quando ela precisou de ajuda, mas ela era imensamente grata por ele ter a ajudado no lago, ela teria que dizer aquilo, uma hora ou outra.

—— Vamos querido, você irá adorar, tudo é de última geração, você já conhece tudo por aqui não é Maysi querida? — Effie tagarelava sem parar enquanto mostrava o trem.

Infelizmente ela já o conhecia bem e muito provavelmente, seria a sua ultima viagem naquele lugar. Seu pai está sentado suas mãos tremem levemente enquanto segura o estofado da poltrona.

—— Tô' indo para o meu quarto. — Maysilee anuncia, vendo a mulher da capital acenar em confirmação, ainda falando e mostrando a Peeta tudo de melhor que a capital possuía em comparação aos distritos.

Seu estômago ainda estava embrulhado quando ela cai de joelhos encostada na porta do quarto.


᳝ ʿ🍂ꜝꜞ ᳝ Peço perdão desde já por qualquer erro ortográfico, eu tento ao máximo revisar, mas sempre escapa um ou outro, caso achem, me avisem para que eu possa arrumar. Não se esqueçam de deixarem suas opiniões sobre o capítulo. Eu amo ler os comentários. Beijos da Thay ♡

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